Fim do GPS no Brasil? O que pode acontecer? – Entenda o caso!
0Nos últimos dias, Brasil e Estados Unidos vem protagonizando o princípio de uma guerra comercial. O presidente Donald Trump ameaçou o Brasil com tarifas de importação de 50%. Já Marco Rúbio, secretário de Estado dos Estados Unidos, revogou o visto dos ministros do STF, alegando que eles estariam desrespeitando a democracia e que o ex-presidente Jair Bolsonaro estaria sendo vítima de uma caça às bruxas. Mas esse pode ser apenas o início de uma briga ainda maior, sendo que mais sanções norte-americanas podem estar por vir. Uma dessas sanções, que vem sendo discutida nos últimos dias está na possibilidade dos Estados Unidos cortarem todos os sinais de GPS do Brasil, nos deixando praticamente no escuro. Mas será que isso realmente pode ver acontecer? Os Estados Unidos podem bloquear o nosso sinal de GPS? E mais importante, caso isso realmente aconteça, quais seriam os impactos para os brasileiros? Neste vídeo, você encontrará as respostas para estas e várias outras perguntas. E que bom estarmos juntos novamente. Espero que esteja tudo bem com você. É importante começarmos o vídeo dizendo que não há quaisquer confirmações de que os Estados Unidos queiram de fato cortar o sinal de GPS no Brasil. O que existe são boatos, além de tweets circulando pelo ex que falam sobre isso. Além do corte do GPS, os boatos também dizem que as tarifas impostas podem aumentar de 50 para 100% e que até mesmo a OTAN poderia aplicar punições ao Brasil. até o presente momento. Não há falas do presidente Donald Trump sobre isso. Contudo, não passando de boatos e especulações. Bem, mas e se por acaso os boatos se tornarem realidade, André, quais seriam os impactos? Primeiramente, temos de entender como funciona o sistema de GPS. Vamos lá. GPS, cuja sigla significa sistema de posicionamento global, é uma invenção 100% norte-americana. Inicialmente, lá no início dos anos 70, ela foi desenvolvida com fins militares. O objetivo era fazer algo que ajudasse a direcionar os mísseis até os seus alvos, a localizar as tropas e ajudar a realizar manobras táticas com mais precisão. Foi somente ao final dos anos 90 e após muita pesquisa envolvida que o GPS começou a ser utilizado para o uso civil. Para que ele funcione. Atualmente há mais de 30 satélites em órbita ao redor do mundo, sendo que o objetivo é que, independentemente de onde você esteja, ao menos quatro deles sempre irão te encontrar. Este é o mínimo necessário para que o sistema de GPS funcione. Todos os satélites estão o tempo todo transmitindo sinais de rádio com informações relativas sobre a sua posição atual, além do horário exato. O GPS do seu celular, por exemplo, escuta, vamos dizer assim, esses sinais e então mede o tempo que o sinal levou para sair do satélite até chegar a você. E com isso ele é capaz de medir a distância até cada satélite. É necessário sempre, no mínimo, quatro satélites, pois assim ele pode calcular a sua posição exata, com latitude, longitude, altitude, além do seu horário exato. Se esse mesmo cálculo for feito com apenas um ou dois satélites, ele será muito menos preciso. Uma curiosidade interessante sobre o uso do GPS é que até o ano 2000 eles tinham uma função chamada SA selective availability, que era uma espécie de contenção para propositalmente reduzir a precisão do GPS. A ideia era que, como esse era um sistema criado pelos Estados Unidos, o SA poderia ser ativado a qualquer momento para evitar que os inimigos do país utilizassem o GPS. Ele não desativava o GPS, mas influenciava consideravelmente a precisão de quem quer que utilizasse. Mas então isso significa que os Estados Unidos podem ativar esse recurso e afetar diretamente o uso do GPS aqui no Brasil? Não, não. Ele não existe mais. Isso é um sistema que já foi desativado. Em maio de 2000, o presidente Bill Clinton ordenou que o SA fosse desligado permanentemente. Isso fez com que a precisão do GPS aumentasse consideravelmente. E a partir deste ponto ele começou a se popularizar pelo mundo todo. Carros, celulares e serviços do mundo todo passaram a utilizar o sistema. Além disso, em 2007, a nova geração conhecida como GPS3 foi lançada e agora com mais precisão, sinais mais fortes e sem a capacidade de ativar o sistema SA, o que tornou permanente a decisão de nunca mais utilizar essa função, tendo em vista que ela não está mais disponível. Mesmo sem essa função ativa, ainda é possível que o GPS seja desligado? Bom, teoricamente sim, causando danos não apenas para o Brasil, mas para vários outros países. Caso os Estados Unidos realmente queiram cortar o GPS do Brasil, isso não afetaria apenas a nós, mas vários outros países vizinhos. Eduardo Tudi, engenheiro especialista em redes ópticas, explica que esses satélites ficam transmitindo continuamente um sinal para todo mundo e o dispositivo que temos em terra pega o sinal desses satélites e calcula a sua posição. É muito difícil bloquear isso para um país apenas porque o sistema transmite para todo mundo, para quem quiser pegar aquele sinal. Ele ainda chega a comparar a transmissão do GPS com a TV aberta e a TV por assinatura. Quando você assina um pacote de TV, você recebe um código específico paraa sua casa, né? E sendo que é possível bloquear o sinal específico desse código. Mas a TV aberta não possui esse código, tornando impossível bloqueá-la em apenas uma casa em específico, entende? Ou seja, não é possível que os Estados Unidos cortem o nosso sinal sem com isso afetar vários outros países e até mesmo a eles próprios. Esta seria uma ação brusca demais para eles tomarem. E justamente por isso essa alegação não passa de boatos. Claro, existem sim meios trabalhosos de que eles consigam fazer isso apenas com o Brasil, por exemplo, através de um bloqueador de sinal. Essa técnica é conhecida como jaming e é bastante utilizada em zona de guerra. Para isso, é necessário instalar um receptor de sinais na área que você deseja bloquear para que ela aquela região não receba sinais de GPS. Para que isso fosse feito, os Estados Unidos precisariam não apenas de um bloqueador forte o suficiente para todo o território brasileiro, com todo o nosso tamanho, né? como deveriam estar aqui na hora que o instalassem. Ou seja, seria literalmente um ato de sabotagem, complexo demais para se justificar. Mas vamos supor que o pior cenário aconteça, OK? Os Estados Unidos de fato consigam bloquear o sinal do GPS em todo o território brasileiro. Neste cenário hipotético, o que aconteceria? O caos estaria instalado e todo o Brasil iria parar? Em poucas palavras, não. O impacto não seria tão grande assim. Isso porque, apesar dos Estados Unidos terem desenvolvido o sistema GPS, atualmente ele não é mais o único que existe. A Rússia possui o sistema Glonas, a China possui o Beidu, na União Europeia há o Galileu, no Japão, o QZS. E até mesmo a Índia tem o Nave IC ou nave IC. Se o GPS fosse desligado, setores da agricultura, mineração e demais áreas ainda continuariam operando, mesmo com uma certa redução. Já para quem usa serviços como Google Maps, Uber, iFood e demais, o seu sistema de localização ainda continuaria ativo, mesmo que com uma possível perda de precisão. Sobre isso, Ana Apleia, de astrofísica da Universidade de São Paulo, afirma que o Brasil e o mundo não ficariam completamente no escuro. Há outros sistemas disponíveis e a maioria dos celulares, aviões, navios e equipamentos modernos já são compatíveis com múltiplas constelações de satélites. Ou seja, GPS não é mais o único sistema disponível. Ah, e para quem estiver se perguntando, o Brasil ainda não possui o seu próprio sistema de navegação. Para conseguir algo assim, seria necessário investimento de bilhões com satélites em órbita. Ao menos por enquanto, esta ainda não é uma realidade para nós. Até o momento, a guerra comercial entre Brasil e Estados Unidos permanece e apesar de algumas sanções norte-americanas serem reais, outras ainda não passam de boatos alarmistas. O bloqueio do GPS no Brasil passa não apenas de um boato. E e mesmo que tecnicamente existam meios para que isso seja feito, simplesmente não vale a pena. Todos os profissionais envolvidos concordam que trata-se de um cenário extremamente improvável. Ao contrário do que alguns possam imaginar, não é apenas apertar um botão e desligar tudo. Seria uma decisão com impacto global e bem longe de acontecer. Mas e quanto a você, acredita que ainda sim os Estados Unidos vão levar isso adiante? Você acha que nós conseguiríamos nos virar apenas com os outros serviços de localização? Deixe os seus comentários. Se você tem outras informações complementares também, nós agradecemos a sua companhia, sempre muito especial. A gente se vê num próximo vídeo.