Fui Julgado Ao Usar o Transporte Público
0recentemente o meu carro quebrou e eu tive que entrar na realidade de muitos brasileiros e usar o transporte público pela primeira vez então lá fui eu no ponto de ônibus quando eu cheguei lá eu fui tomado por um sentimento de Puro horror lá estavam elas aquelas pessoas todas amontoadas né como se fosse gado aguardando pacientemente por um ônibus pacientemente como é que alguém consegue aguardar pacientemente só quem tem tempo aquele lugar aquela Estação ela parecia uma exposição de vulgaridade né as pessoas usavam roupas amassadas roupa tudo falsificada aqueles sapatos courino horroroso sapato desgastado né E eu lá com o meu terno de casimir inglesa o meu risca de giz absolutamente deslocado aí eu fiquei lá no ponto de ônibus né todo mundo olhando quando finalmente o ônibus chegou soltando aquela fumaça fedorenta né de diesel poluindo tudo e aí o meu coração ele disparou aquele veículo ele era extremamente desgastado né todas as peças gastas ele era imundo pneus lisos pneus sem ranhuras né parecia que eles nunca lavaram Aquele ônibus aquilo Parecia um lembrete ambulante do descaso do governo com a estética e o conforto daquelas pessoas porque conforto não havia né mas contra minha vontade eu fui obrigado a entrar naquele veículo a humilhação de validar um bilhete único é um gesto tão indigno né tão mecânico era um movimento que eu nunca tinha feito na vida eu eu nem sei replicar eu nem consigo replicar aquele movimento e o som daquela máquina fria aquele som ele que causou um arrepio eu fiquei todo com os pelos eriçados aquele som ele não era nem afinado e e também não tinha nota nenhuma Ali era um ruído Branco aí dentro do ônibus eu fui recebido por um aroma inclassificável era uma mistura de suor fritura e talvez desesperança não havia lugar para sentar é claro que não eu tive que me agarrar naquela barra metálica ensebada encardida e compartilhada por centenas de mãos desconhecidas e gordurosas que imagem pavorosa os meus dedos acostumados com o toque suave dos teclados de marfim agora estavam em contato com aquela secreção gosmenta que estava grudada naquela barra de metal inanimada e o solavancos o motorista ele evidentemente ele não sabia o significado da palavra delicadeza a cada curva eu era arremessado de um lado pro outro assim como se eu fosse um boneco de pano daqueles bem vagabundos de artesanato daquelas feirinha rip aí eu pensei por um instante a minha coluna vertebral ela não vai resistir eu vou me machucar e eu vou parar no hospital e aqui só tem hospital vagabundo mas isso logo passou e eu comecei a reparar nas pessoas o pior eram as pessoas sim as pessoas era a pleb eu estava junto da pleb eu estava compartilhando o mesmo assento da pleb aquelas pessoas elas conversavam com um volume intolerável elas falavam muito alto com sotaques dos piores possíveis eu ouvi os piores sotaques da minha vida eu ouvi quando eu entrei dentro desse ônibus o português delas era tudo errado elas não falavam uma frase com o português correto né Elas não usavam a gramática adequada aí tinha criança chorando tinha tinha gente ouvindo música brasileira el estavam ouvindo funk sem fone de ouvido e eu ouvi eu tenho medo do meu q diminuir Quando eu escuto essas coisas porque o q ele diminui o q cai quando você escuta música brasileira onde estava a minha música clássica onde estava o meu vivalde que eu ouvia no meu carro onde estava o meu quarteto de cordas do Mozart e a pior parte os olhares eram era como se todos soubessem que eu não pertencia aquele lugar parecia que eu era um pavão exótico preso numa gaiola de Galinhas caipira eu me senti sendo analisado eu fui julgado eu fui julgado sim as pessoas estavam me julgando elas estavam julgando a minha aparência o meu relógio suíço ele brilhava como se fosse um F denunciando a minha presença entre a pleb é como se fosse um pináculo aí durante aquela viagem interminável finalmente a minha parada chegou mas ao descer o último degrau do ônibus eu fui tomado ainda por um último golpe a calçada aquela calçada toda esburacada com aquela enxurrada cheia de coliformes suja e úmida como se a prefeitura ela não desse a mínima pros buracos da cidade era como se a própria cidade de São Paulo estivesse zombando de mim reforçando o fato de que por um dia eu fui arrastado para esse Abismo social agora ao recobrar meu lugar de direito em meu carro com ar condicionado meu carro silencioso e a minha playlist Barroca Eu Prometo nunca mais permitir que isso aconteça São Paulo com o seu transporte público ele é um lembrete Cruel de como o mundo pode ser inóspito para as almas refinadas como a minha que tristeza é essa vida para quem não tem escolha Esse é o canal do príncipe da burguesia e se você quiser que eu fale de algum tema aqui se você quiser que eu comente alguma notícia poste nos comentários ficamos a por aqui não se esqueça de se inscrever tá aqui no príncipe da burguesia tchau a