GENERAL SANTOS CRUZ | SÓ VALE A VERDADE – 18/07/2025
0[Música] Só vale a verdade. Olá, hoje nós estamos começando nosso só Vale a verdade com um personagem importante da vida política brasileira, um militar, mas tem uma importância na vida política dos últimos anos, eh tratando e foi inclusive ministro de Estado, mas também além das questões militares, analisando a conjuntura política brasileira e tem uma história no mundo militar importante, inclusive no caso da ONU, com a na em missões muito difíceis, ou no Haiti ou no Congo e assim por diante. Mas nós vamos tratar também, claro, das questões bem contemporâneas que nós estamos vivendo nesses últimos dias. Hoje aqui no Só Vale a verdade estamos com general Santos Cruz. General, muito obrigado, senhor ter aceito o convite, como nós sempre falamos no início do nosso programa, a partir de agora só vale a verdade. Eh, general, eu pergunto pro senhor, eh, os últimos dias, na verdade, mais do que isso, os últimos meses, nós temos assistido uma a um momento em que o exército, que é principal das Forças Armadas, eh tá sendo muito questionado por ter uma relação com a política, teve recentemente, como nunca em em longevidade tão forte na história republicana. e momentos muito difíceis, como 8 de janeiro de 2023 e que deu origem a uma série de processos e mais recentemente, inclusive e envolvendo a cúpula do governo até o final de 2022. O então presidente da República, Jair Bolsonaro, boa parte dos seus auxiliares políticos, parte deles inclusive são réus e o julgamento, alguns imaginam deve concluir em setembro, inclusive do ex-presidente Jair Bolsonaro. Senhor acha que houve uma mistura indevida de exército e política? Não houve essa mistura de exército com política. A política fez parecer que o exército tava envolvido e o exército não tava. algumas pessoas meio que se perderam nessa, né, eh, nesse ambiente, mas eh isso aí foi bem visível desde o início do governo. tava lá e os pessoal da reserva que nem eu, que foi que foi chamado ali, foi convidado, participou, mas durante o período de governo foi uma em eu lembro que em julho de 2020 eu fiz um primeiro artigo para pro estado de São Paulo, no jornal Estado de São Paulo, falando do absurdo que era a a a o empurrão que o que o presidente da República estava dando para empurrar o exército pra política, para dar uma ideia pra população de que o de que era de que o exército estava comprometido com o governo, né? Quando houve aquele chamando todo o tempo de comandante, sou comandante em chefe, o meu exército teve até um discurso em cima de um carro num fim de semana na frente do quartel general do exército. Então, transmitindo à população essa imagem aí. Isso aí mais tarde veio a se refletir quando perdeu a eleição e criaram uma figura absurda de que o exército tinha que que desautorizar a a eleição que aconteceu, que o exército tinha que fazer uma intervenção para não deixar assumir num clima. o seguinte: se o meu candidato ganhar, valeu. Se o meu não ganhar, não valeu. Isso aí trouxe um prejuízo imenso pro exército, ao que talvez nunca houve na história do Brasil. Ah, trouxe um prejuízo imenso para essas pessoas aí de 8 de janeiro, que a maioria foi foi cooptado ali por demagogia, por gente que foi empurrada para aquela situação, né? E e essa consequência aí que que vários militares e pessoas que tam uma carreira, inclusive uma carreira bastante destacada hoje estão com problema por causa disso. Eu pergunto ao senhor eh general Santos Curos, o senhor eh participou eh se eu tiver errado, senhor, por favor, me corrija da campanha de 2018, então candidato Jair Bolsonaro e depois o senhor fez parte do, vamos chamar, do governo de transição, né? E inicialmente, creio que 5 se meses aproximadamente em 2019 do governo Bolsonaro. Eu pergunto ao senhor, hoje à distância em 2025 o senhor analisa que foi correta a sua participação? O senhor teve alguma ilusão em relação ao então candidato Jair Bolsonaro e teve uma desilusão quando o viu como presidente no senhor tava lá no Palácio do Planalto? Como é que o senhor avalia a participação do senhor? Olha, eu eu como cidadão ali em 201 2018, né, foi a eleição. Eh, era um momento que o Brasil tava cansado de 10 anos de inquérito de corrupção, de mensalão. E foi, foram 10 anos mais ou menos de de muito desgaste com o assunto corrupção no Brasil. Então, Bolsonaro, ele ele não era um deputado com grandes realizações de vida. no na vida legislativa nada. ele não tinha nenhuma realização, mas teve a percepção de aproveitar o momento, eh, deu um tiro e acertou, foi eleito. Teve uma grande oportunidade de mudar, porque existia uma expectativa grande de mudança. Quando eu fui convidado, eu aceitei e aí perguntou sobre ilusão. Não que tivesse ilusão, mas eu aceitei porque eu achei que era uma oportunidade de fazer política decente, de reforçar a a o combate à corrupção, de tratar bem todo mundo, de todos os partidos. Não interessa se o deputado, se a pessoa, o prefeito, é, seja lá quem for, né? as organizações, diversas organizações, instituições brasileiras, fazer fazer política decente e não coisa partidária, coisa de fanfarrão, coisa de de eh populismo, mas eu vi de imediato ali, eu vi que tinha coisas que não iam numa boa direção. Então, já minha posição foi sempre a mesma. saí, não me arrependo de ter participado. Eh, não, não, não tenho desilusão nenhuma. Acho que que simplesmente foi uma perda de oportunidade do ex-presidente, né? e podia ter, ele tinha todas as condições para fazer várias modificações e e não aproveitou por despreparo, por falta de conhecimento, por falta de por falta de de de condições de exercer a função que exerceu. O senhor falou despreparo falta de conhecimento. Eu me lembro que em 2016 eu tive alguma vez, não vou evidentemente falar com quem, mas com oficiais generais, eh, e batendo papo, conversando aqui em São Paulo ou em Brasília. E e todos eles, o que era curioso, eh não tinha uma boa visão do Jair Bolsonaro, deputado federal, e do ex capitão da eh reforma, né? Foi reformado, tal. Bem, inclusive chamavam ele de líder sindical pelos problemas que ele teve durante a sua vida profissional e depois quando saiu eh como eh vereador 2 anos e depois como deputado federal e fazendo ataques constantes a à direção do comando do exército e e nas formaturas da crime militar de agulhas negras comparecendo e colocando altofalante, atacando as autoridades, tal, e chamavam inciso em líder sindical. em certo momento, não sei se começo de 2018 isso mudou, né? A eleição, só para lembrar quem nos acompanha foi no mês de outubro, eles começaram a entender que esse poderia ser um candidato eh eh saudável para a política brasileira, não candidato da instituição exército, mas que seria bom paraa política brasileira. Bem, eu tô fazendo essa introdução para colocar pro senhor o contato do senhor com o Jair Bolsonaro antes da campanha, qual era? O senhor já o conhecia? O senhor tinha esse sentimento também que ele não tinha preparo? Porque todos me falavam que ele não tinha preparo e todos falavam mal dos seus filhos, que não liam os livros que alguns generais entregavam, emprestavam. Então, havia um despreparo, um desconhecimento. Como é que e esse senhor despreparado, segundo eles, sem conhecimento, chegou à presidência da República, apoiado inclusive e pessoalmente, não pela instituição, por muitos militares. A minha amizade com ele vem da da época, a gente era jovem 20 e poucos anos, eu era primeiro tenente, capitão, ele era tenente e fazíamos parte da mesma equipe desportiva. Então foi no esporte que nós nos conhecemos. Aonde foi isso? Esse foi em São Paulo. São Paulo. E então, e ali ficou uma amizade daquele período. Depois a gente fomos, moramos muito próximo no Rio de Janeiro, eh, sempre em contato. Eh, mais tarde, inclusive mais tarde, como general, eu tava no Haiti, ele foi lá como como parlamentar, né, fazer uma uma visita de de inspeção na missão da ONU, que o Brasil era o era o tinha o comando e tinha um batalhão lá. Eh, então, em algumas oportunidades assim, eu a gente se encontrava e aí ele ele me convidou, quando ele foi eleito, ele me convidou para ser ministro e eu aceitei, né? Eh, o que que acontece? Eh, a característica dele é essa aí. Ele sempre foi um uma um sujeito brincalhão, com dificuldade às vezes de se manter atento em num num assunto específico, focado numa coisa específica, sempre eh muito muito eh fazendo coisas espetaculares. A própria saída dele do exército é de uma coisa espetacular, de uma foi um conselho de justificação, aonde ele aonde aquele problema da Veja com um esqueminha de bomba, tudo numa lá na no serviço de abastecimento de água do Rio de Janeiro, que não teria problema nenhum também, porque aquilo lá em termos técnicos, se tiver uma explosão, você fecha os registros, conserta, amanhã tá funcionando de novo. mas fez uma coisa espetacular, disse que não fez e ficou naquilo. O conselho de justificação eh que ele respondeu, optou por porque ele tinha que ele tinha que sair do exército, mas ele ganhou no no Supremo Tribunal. Ele ele ganhou e foi afastado e começou a a vida política. Aí se aposentou legalmente pela absolvição lá no no Superior Tribunal Militar. Eh, e depois como como deputado também pode verificar que foram sempre coisas espetaculares ou uma briga com com João Willes ou com uma outra deputada, etc. Então, sempre foi assim mais de coisas espetaculares. E ele continuou fazendo isso. O problema é que ele não evoluiu. Ele podia ter aprendido muita coisa na vida parlamentar, podia ter eh eh atingido um pouco mais de equilíbrio, né? Mas não, aí quando começa a presidência, ele ele começa de novo com continua com as ações espetaculares, como aqueles discursos, aquelas tiradas na durante a pandemia que aquilo prejudicou ele muito, né? Então ele ele não ele não teve uma evolução, ele continuou a mesma pessoa com com fazendo coisas mais espetaculares. E no momento em que o populismo toma corpo no mundo, não é só no Brasil, ele ele deslanchou e ganhou. Ele teve percepção naquele momento ali e ganhou. E ele tem um público, um público forte que talvez aí 15, 20% que gosta desse tipo. Não é só no Brasil isso. A gente vê em outros países aí, né, países importantes do mundo, que esse mesmo estilo fanfarrão, esse mesmo estilo de de e esse esse mesmo estilo de populista e eh tem um público bastante forte hoje. O senhor saiu do governo por causa de Carlos Bolsonaro? Não, eu saí do governo porque eh o meu modo de pensar começou a conflitar com pessoas que tinham outros interesses, né? Eh, eu fui para um governo para ajudar a fazer política decente. Não interessa se o se prefeito, se o governador, se o deputado é do partido tal do n todos os partidos, pode ser partido comunista, pode ser, seja lá o que for, ele representa uma parcela da população. São partidos legalizados e as pessoas são eleitas, tem que dar mesma atenção para todos. Eh, tem que ver se as solicitações são são válidas. Aquilo que não é, a gente tem a a a honestidade de dizer que não pode que não pode fazer certas coisas e aquilo que dá para fazer tem que fazer em prol de todos, né? Não interessa de que partido que é. Então, fazer política decente, né? E sempre, eu sempre fui respeitado por todos os parlamentares de todos os partidos. Bom, aí você eh existia um problema que começou a a ter uma grupos de os grupos mais fanáticos também entraram em festa. Esse que é o problema. Quando o quando o presidente ele não segura essa esse pessoal que trabalha no paralelo, esse pessoal se inflama. E aí começou eh vários eh eh vários eram seguidores do já falecido professor Olávio de Carvalho, né, que que tinha um estilo também de mais de dizer palavrão do que ensinar qualquer outra outro conceito. Então, e naquele ambiente ali, eu me posicionei na na parte de recursos da Secretaria de Comunicação que estava comigo, na presidência, eu procurei manter aquilo ali com um controle muito bom. Tive que perder muito tempo estudando aquilo para entender, não é um negócio muito fácil. Eh, tive uma uma solicitação de de uma nomeação para de um nível bem alto de DAS para um parente da família Bolsonaro, que foi um rapaz chamado eh Leonardo Índio, né, que é sobrinho dele, se não me engano. É sobrinho, acho da primeira do primeiro casamento. conhecido como Léo Índio pela cunha de Léo acho que parente do primeiro casamento do do ex-presidente. Ele foi para lá, foi nomeado. Não, eu não podia nomear uma pessoa que não tem habilitação técnica, que não tem não tem curso superior e por nível DS5 é obrigatório o curso superior. Então, e aí eu me posiciono de maneira de maneira clara. A gente tem que dar atenção para qualquer pedido do presidente, presidente do da família do presidente, tem que se dar atenção, mas não se pode transgredir. Agora, se gostou, se não gostou, se foi isso ou não foi isso, não sei, mas eu não nunca assinaria um uma nomeação desse nível sem Ele era muito íntimo do Carlos Bolsonaro, né? Era isso. É, parece que que ele que ele tem uma uma ele mora na mesma residência ou dividiram residência no Rio de Janeiro. Eles têm uma amizade muito grande. Sim. Sim. E então se foi isso que desgostou ou não, não sei. Também não perguntei, não dou chance também para que me falem nada. Mas fui muito atacado em rede social. Tiroteio de rede social não me emociona. Eu já passei, já tive muito tiroteiro real na minha vida. Tiroteio de rede social. não me emociona, né? E e não sei se foi isso. Depois fizeram um uma coisa era tão tão medíocre que algumas pessoas fizeram um uma coisa de giná de de de colegial de pegar uma tela de de celular, fazer um um diálogo, um diálogo com simular um diálogo com alguém falando mal do presidente, da família do presidente. Eu copio a parte de cima, eu colo, faço aquilo ali num PowerPoint, né? E e aí, ah, falando mal do presidente. Medíocre, ridículo isso, né? Então, dessa turminha que depois a imprensa chamou de gabinete do ódio, um bando de gente medíocre que não tinha estrutura nenhuma para participar de vida no nível presidencial. E eu acredito que acredito que foi ali, né, que foi feito. Sem dúvida nenhuma. Eles forjaram, portanto, um suposto diálogo que nunca ocorreu o gabinete do para eh criar uma intriga no interior do governo. O senhor e o presidente da República. O presidente da República tem todo o direito e tem que ter o direito de dispensar e de escolher os seus ministros. Não tem problema nenhum. Pode ser eu, pode ser qualquer outro. Mas ele tem que ter coragem. Com a mesma tranquilidade que ele convidou, ele tem que ter a mesma tranquilidade para dizer: “Olha, eu não posso mais segurar você porque você não tá no problemas partidários, familiares, né? Eh, por qualquer razão, o presidente tem esse direito e tem que ter. Nenhum governo no mundo começa com a mesma equipe e termina com a mesma equipe, sempre substitui ministros e tudo. Não existe nada de errado do presidente dispensar um ministro. Agora tem que ser uma coisa dentro de uma de um mínimo de ética, sem covardia, né? sem mandar filho eh atacar ministro em internet, em rede social, não sei. O problema o problema não não é de de dispensa, po, tem muita gente, eu não sou um sujeito emocionado com título e nem com muito menos de ministro, mas a o presidente tem que ter uma essa essa coragem, né? A a a a mediocridade máxima que eu já vi com um mês que as coisas iam num caminho que não era bom, foi quando o Bebiano foi afastado numa briga entre um filho do presidente e um ministro do pública em em WhatsApp, em Twitter, né? Não, não é assim. chama o ministro, não quer ficar com ele e fala: “Olha, não precisa, ele não precisa nem dizer as razões, né? É claro que se fala as razões, porque tem um um mínimo de decência no diálogo, mas a não pode encomendar ataques e coisas desse tipo, né? Então, as coisas que eu já percebi que não eram uma boa direção, mas eu mantive a minha linha e depois eu fui fui dispensado. É, o senhor fez referência aquele dia que ele foi naquela caminhonete, o então presidente Jair Bolsonaro enfrenteu o QG do exército apelidado Forte Apach em Brasília e fez aquele discurso eh atacando a constituição e implicitamente propondo um golpe de estado, né? Era ali que tava explícito. Eh, nem implícito, era explícito. Qualquer pessoa consegue entender o ataque às instituições. Foi gravíssimo ah aquele acontecimento, mas teve acontecimentos mais graves. O 7 de setembro de 2021 em Brasília e à tarde aqui em São Paulo. É. A a o o presidente da República para mim ele tem qualquer presidente ele tem uma função muito importante que é a paz social. Exato. Não é acertar todas as medidas. Não se pode exigir do atual presidente ou do ex-presidente Bolsonaro que que ele acerte todas as medidas. Ele acerta umas e erra outras. Isso é normal em qualquer governo. Mas ele, a paz social é é a principal função dele para criar um ambiente aonde o empresariado, aonde as instituições funcionam com tranquilidade. É isso que ele precisa fazer, né? E lógico, tem o combate corrupção, que é um problema sério nosso, e um outro problema sério nosso é a desigualdade social, que é uma vergonha. Mas então ele tem que atuar nessas áreas, sempre com pai social. E naquele 7 de setembro, ele veio aqui e um presidente da República não pode dizer de público que não que não obedece mais ordens do do ministro tal. Ele não pode dizer isso porque ele tá dando uma um exemplo de desrespeito. Mesmo que o ministro tal não seja uma pessoa admirada, mesmo que o ministro tal seja polêmico, mesmo que o ministro tal tome decisões que que uma parte da sociedade não não aprecia, mas ele não, o presidente não pode dizer isso, senão ele gera uma um uma cascata de desrespeito na sociedade. Não, ele não pode dizer que xingar de palavrão um um ministro, não. Ele pode pegar, solicitar aquele pesso ir no outro min, na na outra entidade, fechar a porta, discutirud, mas não pode fazer publicamente ataques com palavrões, com desrespeito, porque ele foi o pior legado que nós tivemos, foi o legado do desrespeito. Aí, aproveitando, caminhando, nós estamos em 2021, aí tivemos o processo eleitoral de 22 e as consequências, né, já no mês de novembro, especialmente em dezembro, teve o 12 de dezembro que houve o num eh uma situação gravíssima ah no momento da da diplomação do do presidente eleito, do vice-presidente eleito. Depois, o dia 24 de dezembro, um atentado terrorista ao aeroporto de Brasília, né, senhor concorda, né? E aí depois tivemos o 8 de janeiro, portanto, uma sucessão de acontecimentos claramente violando a lei. É isso aí. Isso aí vem numa, isso aí foi consequência para mim, inclusive erro, erro da justiça do Congresso. Quando o presidente ah começa, o ex-presidente começa com a com a a com a conversa de de que a o sistema eleitoral era fraudulento e que as eleições passadas tinham sido fraudulentas, inclusive que ele venceu. É, é numa numa democracia. É o seguinte, eh, pra gente falar uma coisa dessa, a gente tem que ter prova, senão tumultua a vida. É por isso que a lei exige que se tenha prova de certas coisas. Às vezes a gente pode até saber de certas coisas, não tem prova, fica quieto. Exato. Isso é a lei da vida. Então, quando começou ali aqueles ataques ali ao sistema eleitoral, então prova ou começa a responder um um inquérito agora. É é é assim que tem que funcionar a sociedade, né? Mas não começou. Então foi consolidando aquilo, consolidando. E aí vem uma eleição. Se eu acho que o sistema é fraudulento, eu não posso nem concorrer. Eu tenho que acusar de fraudulento e não vou concorrer. Porque para que que eu vou concorrer num sistema que eu que eu que eu tenho certeza que é fraudo lento que eu tô divulgando que eu tô certo disso. Mas não, eu concorro. Bom, se eu ganhar valeu. Se eu não ganhar não valeu. Esse que foi o pronto da eleição de 2022, né? Bom, perdeu. Ele tinha todas as condições de ganhar aquela eleição. Eu acredito que aquele monte de besteira que durante a pandemia, aquelas observações que como é que uma pessoa vai ser presidente num país se ela diz que eu não sou coveiro numa hora em que a sociedade tá sofrendo com centenas de mortos e coisas assim descabidas. Perdeu. Perdeu por pouco, mas perdeu. Quando perdeu, agora eu vou fazer uma fazer uma aqui uma projeção. Tinha obrigação de de reconhecer a derrota. Lógico, perdeu. Perdeu. Quando a gente entra numa eleição, a gente entra para ganhar ou para perder. às vezes ganha, às vezes perde. Não perdeu. Bom, perdemos a eleição. Por pouquinho organiza uma uma boa oposição, que uma boa oposição é fundamental paraa democracia também. Às vezes uma boa oposição colabora, colabora mais do que um governo. Lidera a oposição, reconhece a derrota, lidera a oposição e tenta ganhar a próxima. E a próxima ano que vem, se fizesse isso tava elegível, podia brigar para ganhar a próxima. O país não tinha passado por todas aquelas cenas ridículas entre o segundo turno e o início do atual governo. Não tinha eh um monte de assessores bolando coisas para alterar o para alterar o curso normal. Um monte de inquérito que tá por aí. Minuta do golpe, tinha nada. Operação do punhal amarelo, verde amarelo, não tinha nada. Não teria nada. Eh, não teria eh não teria 8 de janeiro, não teria acampamento em frente de quartel, não tinha nada, tinha vida em paz, eleição que vem aí no próximo ano e ele mesmo poderia disputar. Agora foi uma surpresa pro senhor eh agora nos inquéritos e depois na ação penal que nós estamos assistindo é limpo de transparente. Todo mundo eh tá assistindo, acompanhando pela televisão, portanto nada foi feito de forma clandestina, portanto é um processo absolutamente legal, né? Hã, uma surpresa que tudo aquilo que apareceu muitas vezes envolvendo oficiais do exército. Daí que eu pergunto ao senhor até um general, ah, operação punhal amarelo tentar assassinar o presidente eleito de então, o vice-presidente eleito e o ministro Alexandre de Moraes, eh, em que a operação, segundo a troca de WhatsApp e esses novos documentos são processuais, né? foi abortada que eles estavam para pronto para assassinar o ministro Alexandre Moraes com participação inclusive de membros do exército, um general. Ah, o senhor não ficou, eu fiquei assustado. Eu digo isso porque eu conheço a história do Brasil, já vi coisas tenebrosas, mas a esse ponto não. Depois a questão de minuta do golpe, a demora de reconhecer o a derrota eleitoral, questão que o senhor levantou há minutos, minuto atrás, demorou dias. A forma como reconheceu era reconhecer não reconhecendo, porque não ficou claro, foi 1 minuto e meio o reconhecimento. Eu vejo todos os dados, eu sou historiador e eu faço questão de colocar as datas e os fatos, né? Tudo isso não não causou, não vou dizer estranheza, mas um sentimento de que, meu Deus, que país é esse? Lembrando o Francelino Pereira. Não, eu não, eu não fico surpreso não. Não, talvez mais característico de personalidade minha, né, de não ficar surpreso quando perdeu a eleição naquele dia. Eu até fiz um Twitter na época dizendo: “Esse governo tem que ser um governo de união de união nacional”. mas também não se comportou do jeito que eu esperava o atual governo, porque eh assim como pro Bolsonaro seria facíimo de ele ter uma liderança boa e fazer bastante realizações durante o governo dele e não fez, o atual governo pegar depois do Bolsonaro era uma facilidade imensa de liderança, né? Depois de uma pessoa mal educada, eu eu eu trabalho com educação. Pronto, eu já tenho 50% de caminho andado em liderança, mas o presidente vinha machucado também por um por várias questões pessoais, como foi a prisão dele, tal, uma pessoa já na cidade, tudo isso. Então, eu acho que não aproveitou da da melhor maneira. Já estamos no terceiro ano de governo, mas o ali quando ele ganha começou um aquilo foi um show, uma depressão, um estado de depressão do presidente Bolsonaro. É, do presidente do ex-presidente Bolsonaro. Uma depressão por questões eleitorais. não perdeu a eleição. Só isso. Não precisa ficar em depressão nenhuma. Aquele um show meio esquisito ali, aparecia ali na grama do tal. E aí, e aí vem uma coisa que eu acho errado também, que foi a quem foi responsável, tinha que ter sido feito um estudo muito mais aprofundado, quem foram os responsáveis por empurrar aquelas pessoas pra frente dos quartéis. os chamados, entre aspas, intervencionistas, né, que chamavam. Então o exército não tinha nada que ver com isso. O exército tem, já teve uma eleição, já tem o resultado. Aí começou aqueles acampamentos na frente dos quartéis, em tudo que é lugar do Brasil. No final ficou só aqui na frente do quart aqui não, que eu moro em Brasília ser aqui, mas lá na frente do quartel general em Brasília, aquele tal do acampamento. Acampamento que era um negócio esquisito ali, gente falando o tempo todo, assunto de religião, cantando canção do exército, marchando, né? O exército nunca se emociona por isso, mas eu eu acredito que a dificuldade do comandante do exército era era dizer para aquele pessoal: “Olha, volta para casa que o exército não vai se meter nisso.” Por quê? Porque existia mesmo em silêncio um um apoio da presidência. Então, comandante deserto você ter que passar por cima. Então ficou aquela situação ali daqueles acampamentos nesse naquele período ali. Agora a gente vê que tinha gente que não queria que que as coisas seguisse o curso normal. Agora, se algum militar se, né, se entusiasmou por isso, foi pessoal e não institucional. Não institucional. Tanto que o comandante do exército aí, conforme diz nesses inquéritos aí, comandante do exército no dia que levantaram lá a conversa de de GLO, não sei, uma bobagem, um negócio besta que não tem cavimento bolar, eu não sei se era se era não era estádio de sítio, acho que era, tinha o estado de defesa, estádio de defesa, estádio de sítio, tal, essas discussões aí comandante do exército falou: “Olha, estou fora de negócio”. Mas isso aí, esse assunto aí não tem gabimento. O exército não vai se responsabilizar por esse tipo de coisa, né? E e aquele pessoal que tava ali naquela expectativa, aí vem o grande erro. Presidente da República tem que dizer: “Minha gente, volte-me para casa. Ele é responsável pela paz social”. Essa é a grande é a grande obrigação de um presidente. O empresariado toca paraa frente, a economia, os ministros, todo mundo, tá? O povo trabalha, não tem problema nenhum. Ele tem que manter a paz social. E aquilo ali era uma expectativa de tumulto. Ele tinha que ter se manifestado e não fez, né? Não fez. Não sei se por achar que bom, se o pessoal fizer alguma coisa, ele seria o beneficiado e não teria responsabilidade nenhuma. Aí aquele pessoal ali ficou, então até hoje eu não tenho dúvida nenhuma que aquela massa de gente ali a maioria é o chamado boi de piranha. Gente que empurrado no entusiasmo, gente que que paga uma passagem para vir paraa Brasília. Tinha ônibus ali assim, tinha, eu moro lá, tinha uns 30 ônibus ali, ônibus, ônibus de turismo bons que vinham do Mato Grosso, do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina, de outros locais, alguém pagando aqueles ônibus e aquelas pessoas recrutadas às vezes que vem na vem na onda. Então, a a seria muito mais importante saber quem é que fez essa mobilização, responsabilizar e fazer o e não só aqueles executantes ali. Tem executante que quebrou tudo, tem que ser responsabilizado. Vai fazer o quê? Quebrar tudo e não vai ser responsabilizado? Não dá. Mas tem muita gente que que entrou na que entrou na na onda. Então, eh, e no meio militar, infelizmente, algumas pessoas parece que também se perderam um pouco nessa expectativa de mudar o curso natural. O curso natural é tem uma eleição, tem um presidente, goste ou não goste dele, ele tem que assumir 4 anos depois, se você não gosta, vota noutro. E mudar o curso natural é golpe de estado. É, é, não tem como, né? eh mal feito, até difícil às vezes de caracterizar de tão mal feito, né? Eh, então não é tirando as os extremos, qualquer análise da gente hoje tem que tirar os extremos, porque a turmaenamente, essa turma extrema aqui acha que não foi, a outra turma extrema acha que foi. Então vamos raciocinar com o pessoal que ainda tem algum equilíbrio, que a massa da sociedade tem equilíbrio, massa da sociedade trabalha, tem equilíbrio, né? A a a justiça, ela teve um ela passou a ter um protagonismo nos últimos anos aí, seis, 8 anos mais ou menos. um protagonismo que não que não é bom pra justiça, não é bom pro país, um protagonismo político. E as decisões da justiça, elas passaram às vezes a não a não dar a sensação pro cidadão comum de que aquilo é justo. né? O cidadão comum que nem eu, por não sou especialista em direito, estudei só fundamentos do direito, né, na na academia militar, só não sou não sou advogado. Agora, pro cidadão comum, as decisões da justiça elas têm que transmitir a sensação de justiça. E por esse protagonismo político, às vezes não fica parecendo que é só uma decisão política, que, né, o o combate a corrupção, a mesma coisa. Às vezes o processo não foi bem feito, mas quando eu anulo, eh, eh, a sociedade também não reconhece aquilo. Eh, por pelo volume, pelo sistema nosso, tem um volume de trabalho no no nos tribunais superiores, todos eles. É um negócio inimaginável, né? até definição de quem foi campeão de time de futebol vai pro vai pro tribunal superior. Então aí tem que dividir em turma, tem que ter decisão monocrática. Aí começa a ter problema, a própria justiça se desprestigia por causa disso disso. Daí ele tem que fazer uma reforma no funcionamento do judiciário. Perfeito. Deixa eu colocar uma questão pro senhor, mesmo de historiador, mas e ao senhor como alguém eh do exército que passou grande parte da sua vida no exército, maior parte da sua vida no exército. Eh, o exército sempre teve marcado na história brasileira pelo nacionalismo. E durante um período, no início da República, começando aqui, vamos dizer o século XX já, é as pessoas mais pobres, os filhos iam para onde que queriam estudar. Eu ia pra igreja para virar padre e havia a oportunidade de especialmente pro exército. Na época ainda não tinha força aérea que já é do estado novo, era a marinha que era mais complicado e ia pro exército. E a partir dali o exército foi construindo uma oficiais e uma visão de mundo marcado pela necessidade de mudar o Brasil. E o movimento tenentista, acho que simboliza isso nos anos 1920, a revolta de 1922, 1924, a coluna press e a revolução de 30, né? A forte presença dos tenentistas. Depois em movimentos nacionalistas como a criação do Conselho Nacional de Petróleo, 1938. Depois a Petrobras 1953, que é um fato histórico do 3 de outubro de 53, uma data importantíssima. Ah, e sempre essa presença do nacionalismo mesmo. Vamos discutir o regime militar. E um tive um colega, um que tem eh ficou 10 anos trabalhando junto, professor Carlos Fico, que é um grande estudioso do regime militar. A tese doutorado dele é sobre o otimismo do regime militar. E o coronel Otávio Costa, é um dos símbolos disso, que fazia os discursos, tal. Mas mesmo a gente analisando o regime militar e é claro o nacionalismo ali, até nas palavras de ordem era ninguém segura esse país. Brasil ama, eu deixo integrar para não entregar, etc, etc. Eu não tô eh importante sempre no Brasil ho já é complicado, general precisa sempre explicar o que fala. Eu não tô concordando explicitamente com o regime militar. Eu tô explicando que havia uma visão de mundo nacionalista. Tá muito claro, especialmente mini Ernesto Gais ali tá claro, né? com o acordo nuclear com o Brasil, Alemanha ocidental, com estabelecimento de relações com a República Popular da China, o fim do acordo militar com os Estados Unidos e etc. Bem, então esse nacionalismo que nos marcou, mas o século XX e fatos recentes agora temos visto o inverso. Inclusive eu vi agora a proposta de invasão do Brasil pelos Estados Unidos, defendido por brasileiros. É algo, senhor, me desculpe, não sei o que, eu quero ouvi-lo, que eu nunca vi na minha vida, né? Foi uma coisa que eu fiquei atônito. Eu apósto só as pessoas podem criticar governo, criticar instituições, tudo bem. Agora, defender a invasão do Brasil pelos Estados Unidos, que que a senhora acha que tá acontecendo? O que que que aconteceu? Eu não consigo entender o o esse esse ambiente de fanatismo político que nós estamos vivendo, de polarização, ele trouxe um vou, né? você você bem bem rasteiro agora no comentário, no primeiro comentário, ele trouxe a constatação real do tal do do complexo de Viralata. Primeira coisa, eh nós temos nós temos um ex-presidente, um governador do maior estado do Brasil, estado mais rico. Se fosse sozinho no mundo, era um dos 10 maiores países do mundo, talvez. Deputados federais usando o gorrinho, make America great again. Isso é inadmissível para um governador, para um para um ex-presidente, para um deputado. E e tem um pessoal que idolatra os Estados Unidos. Tem uma idolatria pelos Estados Unidos. Eu morei nos Estados Unidos, tem uma idolatria pelos Estados Unidos de muita gente, eh, pelo por um histórico cultural. Hollywood é responsável por isso. Quem eram os heróis na sua adolescência? John Wayne, Randolf Scott, né? Eh, eh, então, a a os grandes artistas, né? Eu gostava do, eu achava bacana o Doc Holiday, né? Amigo dos amigos e era rápido no gatilho, né? Nunca, né? Era um um jogador inverterado. Eu não sou jogador, nunca joguei. E ele era um bêbado inverterado, também não sou, não bêbo. Mas ele era o tipo do herói, W Jerp, né? Então essa cultura americana, realmente os Estados Unidos ele teve um protagonismo fantástico na depois da Segunda Guerra Mundial, aquela avalanche de filme de guerra na na na década de 60, 70. Então, ah, os Estados Unidos é um grande país. Eu morei lá, tudo isso. Então, as crianças, as famílias passam a ter o o sonho de ir na Disneylândia, né? A a Nova York, eu vi, eu morei ali perto de Nova York, uma vez passei um Natal lá e aquele clima horrível, porque Nova York tem um clima ruim nessa época do ano, vento danado ali que é muito aberto na ali na fo e frio tal, mas aquilo de turista que não dá nem para se mexer, porque tem o glamor, tá em Nova York, mas tá em Nova York, tá com frio, tá caindo neve, tá em Nova York. Então, os Estados Unidos têm essa atração e muita gente e muita gente é o um verdadeiro American eh Brazilian American, né? O cara se sente um americano. O sonho dele é ir pros Estados Unidos, tem o sonho americano, existe ainda. E e aí nessa nessa onda, nesse ambiente cultural me aparece agora o pessoal, inclusive político de alto nível usando gorrinho make America Great again. Aí o que eu posso explicar dessa falta de nacionalismo é a mediocridade. A mediocridade nos levou até esse ponto. E por quem? pelo pelo pelo fanatismo político, talvez pela pela não tivemos tivemos declaração de um ex-presidente dizendo que agora o o minister Donald Trump vai ganhar a eleição nos Estados Unidos e nós vamos ter mais chance de de de ter democracia no Brasil. Se eu tenho muitas críticas a governo, não é só o governo anterior que eu participei, não, é esse governo. Os outros também que eu tive, eu votei, eu votei no caçador de Marajá, eu era capitão. Eu acreditei que aquele cara bem falante, um cara boa pinta que vinha do Nordeste, era o caçador de Marajá, votei nele, né? Depois se revelou o que se revelou. Então, eh, o cidadão, né, assim como eu tô dando meu exemplo, ele vota, ele vota errado, às vezes ele vota certo, né? Ele outra, outras vezes ele se desilude, espera a próxima. Então, mas o que que aconteceu? Muita gente eh passou a a nesse fanatismo, muita gente passou e o nosso fanatismo aqui é uma cópia do fanatismo de lá. é uma cópia. Se for ver as atitudes, as atitudes dos dos do ex-presidente nosso aqui, a atitude do atual presidente lá e tudo, são muito semelhantes as atitudes, as coisas populistas, a essa essa de vez em quando umas tiradas assim meio de meio de arrogância e tal. E tem o público gosta, uma parte do público gosta. É o mesmo público que, que às vezes num campo de futebol eh gosta de, ele vai no campo para xingar a mãe do juiz, ele não vai nem para ver o jogo. E aí tem gente que gosta, né, aquele cara agressivo, né? Então é tem esse essa cultura assim pró-americana de alguns que vem nos Estados Unidos, um o dos Estados Unidos sempre teve um forte discurso moral moralista, né? Eh, e aí a polarização política também voltou à disputa democracia, comunismo. Senhor, veja, regenera, eu admiro também muitos historiadores americanos, sociólogos, antropólogos, aprendi muito com eles, com os diretores de cinema e o cinema marca a minha geração, marcou a minha vida. eh, os dramaturgos, romancistas. Eu tenho profunda admiração pela cultura americana e pela contracultura americana. Mas isso é uma coisa. Outra coisa, eh, general, e aí eu queria ouvi-lo, é são os bipatriotas, como diz o um amigo, não é possível ser bipatriota. Você não pode estar com a bandeira brasileira aqui, com a bandeira americana aqui. Ou você é brasileiro ou você é americano. Ser brasileiro, americano e não dá. E defender a invasão do dos Estados Unidos, absurdo. Um absurdo, né? Isso é absurdo. Eu eu, como eu falei, eu tenho muitas restrições, várias coisas. O Brasil tem defeito. Claro, o Brasil tem defeito. Ah, o judiciário nosso eh sempre funcionou mal e tem defeito, né? As nossas instituições têm defeito, o exército tem defeito, todo mundo tem defeito, né? Nossa mídia tem defeito. Vamos brigar, vamos eh criticar. Vamos criticar se se a pessoa tem um poder político, é um deputado, é um senador e é contra decisões de governo, contra decisões de judiciário, vai contra, tem a lei para isso. Ele é protegido pela legislação, tem dinheiro público para facilitar a a a o trabalho dele de oposição, tem tudo, faz a briga, arregimenta partido, regimenta parlamentar, arregimenta público, faz tudo, mas não vai no outro país buscar interferência no seu. Eu não sou contra, não. quer criticar o governo, seja que governo for, eh, quer criticar política econômica, faça o que quiser, né? Quer bolar a greve, quer fazer reunião de de convocação geral de público na rua, faça o que bem entender, mas não vai noutro país buscar interferência, né? Se fizer isso em qualquer país do mundo, eu acredito que concorre a talvez a crime, né, pela legislação. E nós temos legislação sobre isso, né? É, eu não eu não sou especialista nessa área, mas eu acredito que seja. Eu não imagino um deputado americano, um senador americano, um cidadão americano, por exemplo, indo pra China ou indo pra Rússia ou indo para pra França, seja lá onde for, para conseguir interferência no país dele. Eu acho que ele vai responder pela justiça. Isso. Senhor não fica chocado em ver isso? Ou senhor se acostumou com a irracionalidade do Brasil, do fanatismo que o senhor disse? É, eu acho que o o fanatismo deformou tanto, mas tanto, que o fanatismo ele a e aí o fenômeno das redes sociais também, né? Ele tem um efeito psicológico muito forte que destruiu amizade dentro de famílias, amizade em grupo de de turmas, de faculdade, de ambiente de trabalho, de de de grupo de WhatsApp de de bairro, tá? Então, eh, o fanatismo ele ele ele destruiu muito as relações sociais de de vários grup, etc. Então eu vejo eu vejo que esse fenômeno aí ele ele levou alguns a a cometerem essas barbaridades aí de de um um sentimento completamente antinacionalista. no exército não. Eu não vejo isso no exército, institucionalmente, mas eventualmente sem um ou outro, não é? Pessoalmente o sujeito pode ter um ou outro pode se contaminar, mas a mas nas Forças Armadas eu eu fiquei 47 anos no serviço ativo. Eu nunca percebi isso internamente, apesar de que nesses últimos anos eu já não tô mais lá, mas acredito que Força Armada continua com com o mesmo padrão, né? um ou outro eh talvez tenha confundido a liberdade de de opção política dele como eleitor com as obrigações institucionais. Aí, deixa eu perguntar, aproveitar um gancho pro senhor de história, porque afinal sem a história a gente não interpreta o presente. Me lembrei do começo da República, do Benjamim Constão, nosso, Botelho de Magalhães, não francês. Eh, e aí a doutrina do soldado cidadão. Bem, ah, é bom lembrar que na constituinte de 1890, 91, 1/3 dos constituintes eram militares. Ah, e a partir dali teve uma participação muito grande militares na política brasileira. Não tinha no império eles tinham via partido General Osório, Duque de Caxias, tal, era mais um no Partido Liberal, outro no partido conservador, mas pelo partido, não? A uma participação quase que institucional em certo momento e os conflitos no governo de Eudório Fonseca e Florando Peixoto que foram muito graves até a pacificação com o Prudente de Moraes. O senhor falou em Passo Social que vem com o primeiro presente civil. Eu pergunto isso ao senhor agora para trazendo aqui para o para o presente, para o que nós estamos vivendo nessa tensão enorme e dos últimos dias, inclusive. Situações, claro que criam constrangimento. Um ex-presidente da República, um tornozeleiro eletrônico, claro que cria constrangimento. Ninguém fica alegre, satisfeito, só só se tá no fanatismo, né? Porque tem os fanatismos de um lado e tem o fanatismo do outro, né? Como o senhor bem lembrou. Ah, não, ninguém fica. É triste isso. Todos esses episódios que acabam, e o pior que a comprou, ninguém está imputando a um terceiro que ele fez alguma coisa que não fez, vamos dizer, numa linguagem mais vulgar. Não, mas tem todos os documentos, tem provas. E a gente fica realmente triste de saber que nós chegamos num momento na história do Brasil. E para mim o nacionalismo ele é muito importante. Não nacionalismo xenofobista não, não, né? Não é isso, né? Que tento ficar não, mas é de defender os nossos todos os países têm os seus interesses nacionais. Ah, o Argentina tem os seus, nós nós temos os nossos. Os Estados Unidos tem o deles e assim segue a vida. Então, é muito triste quando as pessoas perdem essa esse esse essa marca que é nossa, muito forte, especialmente acho que é a partir da República e mais a partir dos anos 1930, que é a defesa dos interesses nacionais, saber que há uma contraposição entre nós e os outros, não no sentido da gente querer guerra, oprimir os outros, mas defender os nossos interesses, né? Exatamente. A a a é um esse o que tá acontecendo hoje de um ex-presidente com torno eletrônica, uma série de restrições aí, quase uma quase uma prisão domiciliar, né? Várias restrições ali impostas. Isso aí é isso aí é triste. Por o que que se o que que se espera de um ex-presidente? O ex-presidente é uma pessoa que foi, queira ou não queira, goste ou não goste, foi importante. Se era bom, se era ruim, se era covarde, se não era, não interessa nada. foi uma pessoa importante. Quando ele perde uma eleição, ele tem que ter um comportamento, ele pode liderar uma oposição bem de boa, de boa qualidade, tudo isso, mas mas não foi isso que aconteceu. O comportamento foi tão tão tumultuoso, tão tumultuado, tão tumultuante que que desagou no que nós estamos tendo hoje. uma situação, eu fico muito triste, eu tenho vários militares aí que estão em situação difícil, com denúncia da da procuradoria geral, eh, gente que da melhor qualidade no período em que serviu nas Forças Armadas, né? E e que por um por essa deformação de que nós estamos vivendo nos últimos anos agora estão numa situação situação triste para mim, né? Porque eu conheço as pessoas, você sei como é que foi o trabalho profissional. Eh, e o presidente nessa situação, como é que nós chegamos nisso aí? Como é, né? Nós chegamos nisso daí por uma, por várias razões. Eu vejo que que o pessoal se perdeu, se perdeu num numa briga ideológica. se perdeu em briga ideológica e as brigas ideológicas sempre trouxeram prejuízo em todos os países do mundo. Eu morei na Rússia, uma Rússia, um país que teve uma revolução terrível em 1917, é basicamente ideológica e dentro daquela daquilo depois do período estalinista também ideológica dentro do do mesmo ambiente, né? Então o pessoal se perde na ideologia, falta cultura pra gente também. falta cultura pra gente para entender o que que o que que o que que é o que que é política, o que que é ideologia, né? E e aí a pessoa é manipulada, é muito. E eu tô falando de cultura, não tô falando da cultura do pessoal que não tem escolaridade, não. Tô falando de de de concepção cultural das pessoas que tm bom nível. Nós estamos vendo absurdos aí por pessoas que têm bom nível. O senhor falou da da do absurdo aí de gente eh de gente eh quase feliz porque existe a possibilidade dos Estados Unidos entrar em conflito com o Brasil, né? Não são pessoas de baixo nível, não são pessoas de bom nível. Então, nós temos um defeito cultural eh muito grande. Eh, isso aí é uma coisa que tem que ser tem que que rever na nossa na formação, seja na formação do militar, na formação do pessoal civil, na formação de todo mundo para entender realmente o que que é nacionalismo. Vamos defender os nossos interesses, vamos brigar entre nós aqui, mas vamos mas vamos eh defender os nossos interesses e e isso aí não tá acontecendo. Vamos ver. Precisa de liderança para isso também. É verdade. Onde estão os estadistas? Precisa de liderança para mobilizar, né? Nós estamos agora agora nós estamos num caso pequeno, não é um caso complicado, não. Isso aí eu acho que é coisa que vai se resolver. Mas nós tivemos uma uma agora uma situação aonde um presidente de um outro país faz um não é faz uma guerra comercial. Guerra comercial é sempre teve na na história. Sim. Ah, quer botar 150%, coloca, depois a gente põe mais 150, discute tal, chega nos 30, perde um pouco aqui, ganha um pouquinho ali, não perde de pouco, né? Não vamos ganhar, não vamos nem empatar esse jogo, mas dá para perder de pouco. Mas, mas tem o outro aspecto que é um aspecto de de chantagem. Eu não posso pegar e dizer: “Olha, ou você faz isso ou eu não, eu quero 150 de taxa porque eu acho que eu mereço. Acho que a minha importância econômica é maior que a sua e eu vou botar taxa de 150. Tudo bem, vamos discutir, né? Agora, quando eu digo: “Não, você faz isso, isso, isso que eu quero, ou eu faço 150 de taxa, não. Aí, aí nós estamos aí, já é uma chantagem, aí já é outra coisa, é outra área. E não pode brasileiros apoiar os chantagos. Pode e não pode apoiar essa parte. Essa parte não pode ser apoiada de jeito nenhum. E não pode ser chamar de patriota quem apoia a chantag. Não, isso não pode. Então vamos se unir todo mundo. Vamos vamos se unir todo mundo contra isso. Nós não podemos aceitar, seja lá quem for, não seja lá quem for, fazer esse tipo de exigência, se o nosso judiciário tá certo, se tá errado, não sei que não pode um outro governo querer que que um poder judiciário de um outro país e tome uma decisão que ele quer. Isso não existe. Então tem que mobilizar o nosso pessoal. Tem tem que usar esse tipo de coisa para para dizer pro brasileiro, olha, vamos discutir entre nós, tem que melhorar o judiciário, se tá certo ou se tá errado agora. Não é não, isso é outra discussão. Essa aqui é questão de nacionalismo. Essa aqui é questão de vergonha na cara. Essa aqui nós não podemos aceitar um fanfarrão, não podemos aceitar eh esse tipo de de de esse tipo de imposição. Então, separar as coisas. Mas aí o líder tem que orientar também essa essa separação. O líder tem que Perfeito. tem que orientar essa essa postura. E infelizmente nós estamos com pouca gente nessa, né? Eh, é, eu queria justamente aproveitar essa questão que general eh coloca no final. Nós já estamos indo pro final no do nosso Só Vale a verdade, mas que é uma questão muito importante, a questão de liderança, né? Nós precisamos buscar onde estão os líderes. Nós tivemos em grandes momentos a história do Brasil líderes. Não, eles estão em algum lugar aqui escondidos, mas nós temos de descobrir porque sem lideranças é difícil a gente mudar a situação que vive. Então, eu queria agradecer muito mesmo o general ah Santos Cruz, a entrevista, o bate-papo, tenho certeza que você nos acompanha e teve um outro ponto de vista do que normalmente se fala por aí, mas esclarecedor do ponto de vista racional, colocou questões da institucionais, né, e discutiu questão que eu me parece hoje central, que é o nacionalismo. O que é ser nacionalista no Brasil em 2025? Queria agradecer muitos a vocês que nos acompanharam no Sol Vale é verdade e convidá-los na próxima semana, nesse mesmo horário, às 22 horas. Até lá. A opinião dos nossos comentaristas não reflete necessariamente a opinião do grupo Jovem Pan de Comunicação. Realização Jovem Pan. Sabe aquelas conversas que só acontecem nos bastidores? aquelas opiniõ.