Girafas importadas ilegalmente da África do Sul vivem em condições precárias em resort no Rio
0exclusivo. Você vai ver agora imagens inéditas das 14 girafas sobreviventes trazidas da África do Sul. Há quase 4 anos, esses animais estão num resort no Rio de Janeiro, depois que a importação delas foi considerada ilegal pelas autoridades. Quatro já morreram desde a chegada ao Brasil, no maior caso de tráfico de animais da história. Elas ainda estão lá. Você vê que o terreno é de chão batido, o enriquecimento ambiental é absolutamente precário. Não há uma pessoa insuspeita no IBAMA para qualquer fiscalização lá. Neste flagrante exclusivo registrado pelo helicóptero da Record, as imagens mais recentes das girafas importadas da África do Sul pelo Bioparque do Rio. As organizações de proteção e Defesa Animal nunca conseguiram ter acesso a essas girafas desde o início do processo. O Domingo Espetacular ouviu autoridades e ativistas da causa animal para atualizar os desdobramentos do caso, classificado pela Polícia Federal como o maior tráfico de animais da história do país. é o equivalente a você pegar uma pessoa, colocar ela dentro de um quarto esvaziado de qualquer estímulo eh mental, de algum estímulo sensorial e dizer: “Vocês vão ficar aí por muito tempo”. A pergunta é: quê? Há quase 4 anos, o Biarque do Rio de Janeiro trouxe ao Brasil 18 girafas numa negociação de R$ 6 milhões deais. O plano inicial era mantê-las em quarentena em um resort em Mangaratiba. Mas irregularidades na importação vieram à tona e os animais nunca mais saíram de lá. Três morreram por miopatia de captura, uma condição que ocorre após o animal ser submetido a forte estresse depois de uma tentativa de fuga. Na época, os alojamentos que as girafas ficavam eram espaços pequenos. e muitas se machucavam só em tentar se mexer. Em julho de 2023, mais uma morte. Outras cinco girafas também ficaram doentes. Uma equipe de reportagem do Domingo Espetacular teve acesso às instalações das girafas ve meses após a chegada delas no Rio. De lá para cá, nunca mais somos autorizados. O resorte fica aqui em Mangaratiba, a cerca de 2 horas da capital fluminense. As girafas estão lá dentro, em espaços confinados, bem distante da entrada. Nós solicitamos autorização para ter acesso ao local, mas mais uma vez o pedido foi negado e sem justificativas. Esse é o local mais próximo que a gente consegue chegar. Há um ano, o IBAMA retirou a Guarda Legal do Bioparque. O Instituto ainda finaliza um laudo técnico para dar destinação às girafas. Prioritariamente nós vamos destinar para os zoológicos públicos, mas principalmente locais onde tem recintos apropriados, uma equipe qualificada de veterinários que precisam ter para que recepcionem e façam manejo. Uma decisão que não agrada aos protetores animais. 90% não tem condições de oferecer uma ambiência saudável para esses animais. Já não oferecem para animais menores. O que dirá para esses? Esses animais não podem ser encaminhados para zoológico de forma alguma, né? Uma vez que elas estarão expostas à visitação, expostas à exploração comercial. E esse era o objetivo inicial quando esses esses animais foram trazidos pro Brasil. Para a diretora de uso sustentável de biodiversidade e florestas do IBAMA, a possibilidade de um santuário é remota. Nós não podemos manter as girafas em determinado lugar esperando que alguém construa alguma coisa. Agora, quando esses animais forem encaminhados para esses novos destinos, eles vão poder então ser explorados comercialmente, digamos assim, com ingresso de parque e tudo. E não temos zoológicos públicos suficientes para recepcionar todas essas 14 girapas. Então, realmente vão precisar ir para locais privados e locais e locais públicos. A repatriação para o continente africano foi uma hipótese analisada pelo IBAMA. Angola mostrou o interesse em receber as girafas, mas o projeto foi desencorajado por técnicos porque os animais estão grandes demais para o transporte. Quanto a levar para Angola, sem um é um sonho. Eu acho que é um sonho praticamente impossível. A definição de novos endereços para as girafas deve ocorrer em três meses. Já a etapa do transporte ainda não tem data definida. Enquanto isso, permanecem no recinto de tapumes do resorte. Nessas imagens exclusivas, uma girafa morde parte da estrutura. Na natureza não existem quinas, não existem bordas em eh recintos quadriculados como esses, quadriláteros. A natureza é curvilínea. Então o ambiente desse em nada, absolutamente nada, simula algo parecido com o ambiente natural desses animais. Ninguém tem informação de lá dentro, só o IBAMA. Nossa equipe também teve acesso às imagens das últimas fiscalizações do IBAMA que ocorreram entre os meses de junho e julho. Um dos animais parece ter um ferimento nas costas e não é possível identificar as 14 girafas. Nas nossas imagens aéreas também só visualizamos nove. Os outros animais que não estão presentes estão machucados? Alguma das fêmeas está gestante? Será que eles manifestam conflitos eh muito fortes entre eles e por isso estão separados? As 14 estão vivas. É porque muitas vezes a visita técnica ela evita ter um contato muito próximo com o animal. Nessas imagens de outra vistoria realizada este ano, um servidor do IBAMA aparece em contato bem próximo com alguns deles. É Hélio Bustamante, um dos quatro réus denunciados pelos crimes de descaminho e maus tratos no caso das girafas. Nós perguntamos ao IBAMA por alguém diretamente ligado às denúncias continua envolvido no caso. Em nota, o instituto informou que o servidor participou exclusivamente como condutor da viatura, sem envolvimento na avaliação técnica ou na coordenação da fiscalização, e que ele ainda não foi condenado pelo poder judiciário, permanecendo, portanto, desimpedido de exercer funções administrativas. O processo está à disposição para a sentença e o julgamento deve acontecer nas próximas semanas. Ainda segundo o IBAMA, o Bioparque já foi multado em R$ 4.11.600 R no processo administrativo. A multa não foi paga até o momento. Atualmente, a sede do zoológico do Rio está fechada temporariamente após a morte de aves contaminadas por gripe aviária. Em nota, o Bioparque do Rio informou que aguarda a definição do órgão federal sobre o destino das 14 girafas e que todas seguem em bom estado de saúde. sobre a situação que enfrentam, alegou que as ações seguem alinhadas aos mais rigorosos protocolos internacionais de biossegurança e que a reabertura será definida em conjunto com as autoridades. Estamos há mais de 3 anos sem ter responsabilização, sem saber porque esses animais vieram e várias outras perguntas que estão sem resposta. Então, a primeira coisa, o final feliz é transparência, esclarecimento. O segundo seria o remanejamento desses animais por um local que respeitasse a biologia e comportamento deles. Eu espero de que elas possam ter uma vida com dignidade, né? uma vida com liberdade, uma vida longe do contato humano, uma vida longe da exploração. E eu acredito que isso seja o desejo de milhares de brasileiros que vem acompanhando esses tristes episódios envolvendo esses seres que só queriam viver.