Há péssimas notícias sobre a lua Titã
0[Música] O sistema de luas de Saturno é o maior do sistema solar em número. Até o dia da publicação deste vídeo, 274 luas foram descobertas rodeando Saturno, ultrapassando até o gigante Júpiter. Nesse sistema imenso, Titã é a lua que ganha destaque por ser o único satélite natural a sustentar uma atmosfera espessa no sistema solar. Essa lua tem clima próprio, onde chove, sustenta lagos líquidos na sua superfície e possui um verdadeiro sistema dinâmico de clima. No entanto, apesar do seu ambiente parecer propício à vida, analisando o ambiente por lá, acabamos tendo péssimas notícias. No vídeo de hoje, vamos entender o inóspito ambiente de Titã. [Música] Estamos falando de uma lua, mas com cara de planeta. Titã, o maior satélite natural de Saturno, é maior do que Mercúrio, o planeta mais próximo do Sol. Mesmo assim, por orbitar um gigante gasoso, carrega o título de lua, embora esteja longe de ser um satélite natural comum, seu tamanho e massa permitem que ela mantenha uma atmosfera densa, algo raro entre as luas. E não é qualquer atmosfera. Ela sustenta um ciclo climático ativo, com ventos, estações, nuvens e até chuvas. É como um espelho distante e distorcido da Terra, onde o clima também molda a paisagem. Titã está a cerca de 1,5 bilhão de quilômetros do Sol, recebendo apenas 1% da luz solar que atinge a Terra. Isso faz com que sua temperatura na superfície seja congelante, chegando a incríveis -183ºC. E o que chove por lá não é água, mas hidrocarbonetos líquidos como etano e metano. A atmosfera composta principalmente por nitrogênio e metano é sufocante para nós. Ainda assim é tão densa que a pressão ao nível do solo chega a ser uma vez e meia a da Terra. Isso significa que um ser humano em sua superfície, usando uma proteção térmica e algo para respirar, poderia andar por lá sem um trage espacial. Isso é algo que não se repete em nenhum outro satélite natural. Mas além de tudo isso, Titã ainda guarda mares de metano líquido em sua superfície. Essa complexidade geológica e climática tem chamado a atenção dos cientistas que já sonham com missões futuras, incluindo a ideia ousada de enviar um submarino para explorar as águas exóticas de Titã. Águas aqui, entre aspas, claro. Sem dúvidas, Titã é um dos destinos mais fascinantes do sistema solar e merece um lugar especial nos próximos capítulos da exploração espacial. Titã é realmente um lugar extraordinário, mas o que torna tão especial não é apenas o seu tamanho e aparência planetária. O verdadeiro protagonista aqui é o seu clima ativo e complexo. Sem ele, Titã seria mais uma bola congelada vagando ao redor de um dos maiores planetas do sistema solar. A missão Cassini Hilgens, lançada em 1997, inserida na órbita de Saturno em 2004, foi essencial para desvendar esses mistérios. Embora seja amplamente conhecida como somente a missão Cassini, muita gente não sabe que ela levava também um módulo de pouso chamado de Huigens, batizado em homenagem ao astrônomo que descobriu Titan. E foi esse pequeno underer que fez história. Depois da lua, Titã foi o único satélite natural a receber uma sonda que pousou com sucesso em sua superfície, capturando a única imagem direta já feita do solo de uma lua que não seja a nossa. O pouso foi um marco, mas Rigens operou por pouco tempo e não teve a chance de registrar mudanças ao longo do tempo. Coube ao orbitador Cassine continuar a missão, permanecendo ativo até 2017 e nos enviando um enchurrado de dados sobre esse mundo gelado e exótico. Entre suas descobertas estão os lagos e mares de metano líquido que se estendem pela superfície de titã como verdadeiros corpos líquidos alienígenas. Um deles chamou bastante atenção, o mar de Kraken, batizado em homenagem a uma criatura místicas dos mares, com cerca de 170 km de extensão, seu tamanho equivale à distância entre Salvador e o Rio de Janeiro. A primeira vista, isso tudo parece ser muito favorável para a existência de vida, nem que seja uma vida exótica baseada em metano. Mas quimicamente falando, talvez esse ambiente seja hostil tanto para a vida, como conhecemos na Terra, quanto para uma possível vida bastante exótica. Vamos entender. A temperatura média da superfície gira em torno de -183ºC, o que faz com que a água seja completamente congelada, comportando-se como uma rocha sólida. Isso, por si só, já elimina qualquer possibilidade de vida baseada em água líquida, como a conhecemos na Terra. Em Titã, os lagos e mares são compostos por metano e etanolíquidos, substâncias altamente voláteis e inflamáveis em nosso planeta, mas que ali, devido às baixíssimas temperaturas, se comportam como líquidos estáveis. E embora isso pareça promissor do ponto de vista químico, na prática é uma situação extremamente desafiadora. Alguns cientistas especulam que se existir vida em Titã, ela poderia ser baseado no metano ao invés de água. Seria uma bioquímica completamente diferente da terrestre. uma vida alienígena em todos os sentidos, que usaria metano como solvente e reagiria com compostos disponíveis na superfície congelada. No entanto, imaginar a vida se desenvolvendo em metano líquido é como imaginar organismos surgindo e sobrevivendo em gasolina gelada. A densidade energética das reações químicas em metano é muito mais baixa e a temperatura reduz drasticamente a velocidade das reações bioquímicas. Além disso, o metano e o etano são solventes extremamente fracos. Eles não favorecem a formação de membranas celulares estáveis, nem um transporte eficiente de nutrientes. Dois elementos fundamentais para a biologia, como a conhecemos. A própria estrutura molecular das possíveis células que surgissem nesse ambiente seria frágil e instável. Isso não significa que seja impossível, apenas que é imensamente improvável que a vida tenha surgido espontaneamente em tais condições, mesmo com milhões de anos à disposição. Outro fator complicador é a ausência de energia em abundância. A luz solar que atinge titã é cerca de 100 vezes mais fraca do que a recebida na Terra. Isso praticamente descarta a possibilidade de processos como fotossíntese. Qualquer vida hipotética precisaria encontrar fontes alternativas de energia, como reações químicas muito lentas envolvendo hidrogênio ou compostos orgânicos presentes na atmosfera, mas mesmo essas reações seriam pouco eficientes em temperaturas tão baixas. A atmosfera de titã também é um desafio. Apesar de ser densa, é composta majoritariamente por nitrogênio e metano, com a presença de compostos tóxicos, como cianeto de hidrogênio. Mesmo se algum tipo de vida conseguisse formar por ali, ela teria que ser incrivelmente resistente à toxicidade e ainda operar com uma química que está muito além da nossa compreensão atual. Aqui a vida é alimentada por um planeta dinâmico, com placas tectônicas, vulcanismos, intemperismos e trocas constantes entre a atmosfera, o solo e os oceanos. Em Titã, tudo é lentamente congelado no tempo, com processos geológicos e atmosféricos que ocorrem em escalas muito mais lentas. Isso tudo limita muito a possibilidade do surgimento de vida complexa por ali. Por isso, Titã, apesar de ter toda uma dinâmica climática em sua atmosfera, é um lugar que provavelmente a vida seja um tanto improvável. Por isso, apesar de Titã ter uma dinâmica incrível em sua atmosfera, a vida provavelmente é algo extremamente improvável por lá. Pessoal, se vocês gostaram deste vídeo, não se esqueçam de deixar o like aqui, que é muito importante. 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