Influenciador Hytalo Santos é preso em São Paulo

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E depois do vídeo do youtuber Felka, o tema da adultização de crianças ganhou muita repercussão. O influenciador denunciado por ele foi preso hoje. Segundo a justiça da Paraíba, ele tentava obstruir as investigações. Além disso, a polícia tinha informação de uma possível fuga. Enquanto isso, em Brasília, o governo prepara um projeto de lei para regular as redes sociais. Vamos agora aos detalhes. [Música] O influenciador Ítalo Santos e o marido dele Israel Vicente foram presos preventivamente nesta sexta-feira em Carapicuíba, na Grande São Paulo. Ítalo investigado pelo Ministério Público da Paraíba e pelo Ministério Público do Trabalho por exploração e exposição de menores de idade através de conteúdos publicados nas redes sociais. A investigação do MP começou ainda em 2024. O juiz Antônio Rudci Firmino de Souza da Paraíba, afirmou na decisão que há fortes indícios de tráfico de pessoas, exploração sexual e trabalho infantil, artístico irregular, além de outros crimes. Ainda, segundo o magistrado, a prisão tem o intuito de impedir novos atos de destruição, ocultação de provas e evitar intimidação de testemunhas. Ele argumenta que essas situações já vinham ocorrendo desde que os investigados tiveram conhecimento das apurações. A defesa de Itítalo Santos de Israel Vicente diz que tomará todas as medidas judiciais cabíveis para resguardar os direitos deles. Os advogados também argumentam que eles são inocentes e que sempre se colocaram à disposição das autoridades. O caso ganhou repercussão após as denúncias do youtuber Felka sobre casos de adultização de crianças e adolescentes na internet. O tema, inclusive ganhou força em Brasília. Segundo o jornal Folha de São Paulo, o projeto de lei do governo federal para a regulação das bigtecs prevê a proibição de acesso às redes sociais antes dos 12 anos de idade e exige que adolescentes de até 16 anos tenham contas vinculadas às de adultos responsáveis. A regulamentação das plataformas digitais é um foco do Planalto desde o começo do mandato do presidente Lula, mas recebeu mais atenção depois do vídeo de Fel. Pela proposta, as redes também seriam obrigadas a verificar a idade dos usuários. Ainda de acordo com o texto, as BigTechs não poderiam direcionar propagandas para crianças e adolescentes a partir dos dados de uso. Em caso de descumprimento sucessivo de regras para detecção e remoção de conteúdos ilícitos, as redes estariam sujeitas às sanções que vão, desde advertências, à suspensão temporária. Ainda segundo a Folha, o governo vai apoiar o projeto de lei sobre o assunto mais avançado no Congresso e enviar essa outra proposta de forma complementar, possivelmente na semana que vem. [Música] E para repercutir esse assunto, vamos ter uma participação extra do Dr. Álvaro Machado Dias, que é professor da UNIFESP, neurocientista, futurista e colunista aqui do Olhar Digital. Vamos receber o Dr. Álvaro aqui hoje nessa sexta-feira. Olá, Dr. Álvaro Machado Dias, seja muito bem-vindo para encerrar aqui a nossa semana com Olhar Digital News. Olá, Marisa. É um grande prazer táar aqui pela segunda vez essa semana. Vamos nessa. Vamos lá, Dr. Álvaro. Bom, vamos começar falando quais são os pontos, os principais pontos das propostas do governo na sua avaliação sobre essa questão da regulamentação das redes sociais nesse caso, principalmente depois desse caso do vídeo do Felca. Sim. É que coragem do Felca, né? trabalho bem feito, sério. E olha só, existe, eu quero, eu quero começar por uma coisa que a gente já falou aqui, mas que às vezes ela passa batido da discussão eh que tá acontecendo na grande mídia. Existe um projeto de lei, o 2628 de 2022 de defesa das crianças no meio digital, que já foi aprovado no Senado e tava parado numa comissão na Câmara. Então, eh, com essa mobilização toda que o viral trouxe, esse projeto tá sendo acelerado agora, literalmente desengavetado. Eh, a ideia do governo, ainda que seja de um projeto novo do ponto de vista da aparência, no fundo no fundo, né, um projeto próprio, no fundo no fundo, eh, quer muito mais criar um complemento, tá? uma uma uma um adendo ao 2628, ou seja, a este projeto que já está tramitando. Por quê? Porque a ideia é aprovar o quanto antes um conjunto de regras que já é consensual. E é em cima desse conjunto que está entrando o governo federal com alguns pontos a mais. Principal ponto, o texto quer que seja proibida a conta de criança, que é a conta com para usuários com menos de 12 anos e quer que a conta dos que dos adolescentes entre 12 e 16 anos de idade, ela seja tutelada, associada a uma conta de adulto. Inclusive a ideia é que esse adulto, pai, o responsável tenha controle tanto sobre as métricas de uso, tá bom? Porque existe uma questão que não é de adultização, mas é de abuso no uso, de vício puro e simples, que é transversal. As idades, acontecem crianças, acontecem adolescentes ainda mais do que crianças, acontecem adultos e agora hoje em dia muito em idosos. Então, essas ferramentas de medição parental são importantes, elas limitam o uso, elas permitem eh também que os pais regulem quem se comunica com as crianças e adolescentes. E o ponto mais chave disso, mais nodal, mais sensível, é que naturalmente uma regulação como essa exige um controle cuidadoso da idade dos usuários. Na quarta-feira a gente falou sobre um aspecto disso que que tá no 2628, que é o o controle etário de quem entra em plataformas de vídeos pornográficos. Até porque, lembrando, existe aí uma uma verdadeira epidemia, né, gente que está sofrendo mentalmente em função eh desses vídos. Não quer dizer que não sou moralista e acho que pornografia sempre não, não é nada disso, mas de fato existe existe um problema na sociedade brasileira e mundial causado pela pornografia digital ou mais especificamente pelo acesso fácil. Pois bem, a lógica aqui é parecida para as redes sociais como um todo, porque afinal de contas não vai bastar você clicar no botão e dizer: “Sim, eu sou de eu sou maior de idade”. seria necessário haver um controle mais rigoroso para que esses esses inputs todos pudessem funcionar. Última coisa, eh, a proposta também traz, segundo a Folha de São Paulo, uma proibição em na propaganda de diversos tipos, entre eles de bets nas redes, tá? Cigarro, pornografia, bebidas e e apostas. Então eu acho que nesse sentido ela também tende a trazer um debate grande, porque evidentemente esse é um mercado imenso e tem players que tem um interesse muito forte nele. É, é esse o cenário nesta sexta-feira. Agora, Dr. Álvaro, parece viável aplicar de esse conjunto de medidas se aprovado, ou seja, existe eh como fazer essa fiscalização? Álvaro Machado acho que frisou aqui para mim. Será que caiu a conexão dele? Aparentemente sim. Perdemos a conexão com o Dr. Álvaro. Ele está freeado aqui no estúdio. Que pena, tava tão boa a nossa conversa. Vamos ver se volta aqui o sinal. Deve ser algum probleminha da conexão dele de lá. Vocês estão conseguindo contato com o Dr. Álvaro? Consegui. Eu tô aqui. Acou alguma coisa, peço desculpas. Não faz mal não. Você frisou, ficou aqui congeladinho e eu fiquei esperando para ver se a gente conseguia retomar aqui a nossa conversa. Mas eu escolhi a sua pergunta, tá? Eu posso respondê-la diretamente. Ah, então, por favor. Eu acredito que sim, porque veja, eh, tecnicamente a imposição desse tipo de coisa não é difícil. A grande questão é vontade, vontade política. E a sociedade brasileira está inteiramente mobilizada a favor da redução da sexualização das crianças e da adultização eh nas redes sociais. Isso está acontecendo. É um movimento que junta à direita, à esquerda, junta os conservadores, os liberais nos costumes, todo mundo. É, aliás, é muito raro isso. Eh, o Felk, eu acredito que assim, ele é um sujeito de uma sensibilidade para para temas, para aquilo que está acontecendo na sociedade muito grande. Ele não não acredito que tenha sido de caso pensado, mas aqui ele mais uma vez mostrou essa sensibilidade porque é um tema que assim rapidamente gerou adesão da direita, porque afinal de contas do ponto de vista conservador ninguém quer a vulnerabilidade da família sendo aumentada. Do outro lado, a esquerda tem críticas ao modelo de exploração, de monetização das crianças, eh, do business que isso gera. você tem todo um lado de de órgãos eh que são assim onges e etc, que são assim cientes das questões eh societárias envolvendo crianças envolvidos. Você tem do outro lado órgãos também, ONGs e outros mais ligados à questão da da exploração da sexualidade também envolvidos. Resumindo, está todo mundo nesse barco. Então, eu acredito que eh existe muita chance do projeto com ou não a emenda governamental que tá sendo proposta agora, ele efetivamente se torne viável muito rapidamente e a gente tem um cenário diferente do atual no ano que vem. Agora, Dr. Álvaro, e do lado das bigtecs, caso esse texto, né, e essas propostas avancem, como que ficam as bigtecs nesse contexto? Ah, é claro que que isso vai gerar desconforto, né? Eu diria assim, sobretudo na meta e no e na TikTok, tá? Eu acho que são as, né, as as empresas B danse, as empresas que vão se ficar mais desconfortáveis com isso. Eu não acredito que que o que o problema seja tão grande eh para o o Google através do YouTube. Eu acho que eu sei que não é, ainda que seja também, mas eu vejo essas duas como mais diretamente eh afetadas. Mas eu acredito que o movimento é tão forte nesse momento, pelo menos, que não será uma grande questão do ponto de vista eh da da aprovação da lei, da sua implementação imediata. Então, eu acho que as bigtecs vão levantar alguns pontos hã que são válidos, tá? Eu acho que o principal ponto é que quando você começa a exigir muitos documentos para comprovação etária, você também reduz a privacidade, cria outras formas de vulnerabilidade, né, para óbvio que você aumenta as chances de exploração de vazamento de dados, de crimes digitais, etc. e tal, mas o custo benefício pra sociedade brasileira dessas medidas tende a ser tão positivo que eu acho que elas vão ficar falando sozinhas. Agora, Álvaro, aproveitando a sua presença, eu queria falar do outro lado, não somente o legal, o influenciador que foi denunciado e que foi teve a prisão preventiva hoje, eh, ele tinha milhões de seguidores, não é? o que explica a normalização da exposição que era feita nas páginas dele. Ou seja, tem público, muita gente consumia esses conteúdos e achava normal. Como explicar isso? Isso. O o Ítalo foi foi preso hoje junto com o marido. Eh, e realmente essa é uma pergunta que se faz, né? Porque eram 12 milhões de seguidores na conta que foi suspensa no Instagram ou ou na verdade foi cancelada, não foi suspensa. E eu acho que a gente tem que pensar esses eh eh a a a razão disso em vários planos. Primeira coisa é o seguinte, todo mundo hoje em dia tem rede social, então grandes números são uma prática. 12 milhões é um número absurdo, mas não são 12 milhões de 3 anos atrás, tá? Tem muitas contas com muitos usuários. Então, primeira coisa que é impressionante, né, assim, se tornou é o o a nova a nova águora da sociedade já há alguns anos, rede social, todo mundo tem há uma universalização no acesso a a à internet, aos smartphones, o que é muito positivo e consequentemente eh páginas imensas por aí de todos os tipos. Segundo ponto, a sexualização da adolescência, da pré-adolescência e eventualmente da infância, mas sobretudo sem pensar na adolescência, ela existe na sociedade brasileira de de tempos imemoriais, nos anos basta, quem não lembra do programa da Xuxa, entende? Isso sempre aconteceu. Eu vejo que na verdade existe, é, é tipo o diagnóstico de doença psiquiátrica. a doença tava lá, o diagnóstico que que não estava. E aí a gente tá tendo essa consciência. Então tem um lado positivo nessa história, porque porque basta acompanhar como essas coisas vieram acontecendo nos anos 80, nos anos 90, nos anos 2000, eh a consciência sobre o quanto isso é errado, não só a questão da sexualidade completamente errada, mas a questão da exploração do trabalho infantil também é absolutamente errada. Isso, ela veio crescendo ao longo do tempo. Então, como a gente explica? A gente explica também olhando, falando espa não vamos ser ingênuos. Esse tipo de tendência existe há muito tempo. Outra coisa, a internet ela cria bolhas e ela faz com que as pessoas achem normal e admissível aquilo que é inadmissível e não deveria ser normal porque é imoral. Então, no caso, o sujeito tem 1000 seguidores e o milésimo vai se sentir mal de tá ali no no fundo no fundo compartilhando de uma experiência que tem um um componente eh eu nunca vi nenhum vídeo do do desse ito, tem que tomar cuidado, mas pelo que eu entendo de sexualizar de pedófilo, enfim. Aí daqui a pouco tem 1 milhão de pessoas e esse milhão faz o próximo usuário, ou seja, na margem, como falam os economistas, achar que aquilo tá normal, que tudo bem. Ou seja, o número traz o comportamento do usuário em grande medida. Isso explica também. Então, no final das contas, no mínimo três fatores importantes. E eu diria que o mais importante de todos é o fato de que a essa sexualidade eh de adolescentes sempre foi explorada no Brasil. Ela é explorada em em propagandas, ela sempre foi explorada no carnaval. Ela existe turismo sexual eh ilegal, uma prostituição infantil severa, um problema gravíssimo no país, ele é muito menor hoje em dia, mas há um histórico disso. Então todos esses fatores juntos mostram que a gente tem um problema arraigado e o que a gente tá fazendo agora é perceber o problema e combatê-lo. Isso revela, na sua opinião, um traço, digamos assim, da que as redes sociais eh trouxe, escancarou e mais até eh isso também demonstra a falta de segurança das redes sociais, Dr. Alv, eu acredito que sim. demonstre quanto eh existem, né, cantos eh bastante obscuros nas redes sociais, o que é sabido. Eh, as pessoas não precisam entrar na dark web para viver experiências bizarras. Elas existem eh a luz do sol na em algumas redes sociais ou todas as redes sociais. Então isso, sem dúvida, mostra isso. E eu acredito que as redes sociais eh amplifiquem o problema na medida em que o aquela ideia do do de você ser o o milionésimo primeiro normaliza a experiência, o que no mundo lá fora não acontece da mesma maneira, até porque grupos não t milhões de pessoas. Mas eu volto a insistir no ponto que é contrário ao que tá todo mundo dizendo. Este sempre foi um caso, um fenômeno endógeno na sociedade brasileira, não só brasileira, mas que no Brasil isso acontece há muito tempo e a gente tem como assim, eu diria, como uma das bases, os marcos, os programas de auditório da televisão nas na na década de 80, nas décadas de 80 e 90. Para mim isso é fato. E aí que a gente começa a a enfim a encontrar genealogia do problema contemporâneo. É verdade, Dr. Álvaro. É verdade, Dr. Álvaro Machado Dias, muitíssimo obrigada pela sua participação especial aqui hoje, ajudando a encerrar com chave de ouro a nossa semana aqui. Muito obrigado. Excelente noite e até semana que vem. Eu que agradeço muitíssimo a você, a toda a equipe do Olhar Digital, a todo mundo que nos acompanhou nessa sexta-feira daqui da minha casa tá geladinho e a gente se vê na quarta. Até lá. Até. Boa noite. Tá aí, pessoal. Dr. Álvaro Machado Dias participando aqui conosco nessa edição de sexta-feira com um assunto importante.

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