MAPEAMOS AS 88 F4CÇ03S QUE ATUAM NO BRASIL, E MOSTRAMOS ONDE E COMO ATUAM
0Mais de 23,5 milhões de brasileiros vivem em áreas dominadas por organizações criminosas do país. Mais de 3 milhões de pessoas pagam taxas para grupos armados para garantir a própria segurança e para ter acesso a serviços como gás, luz e água. As organizações criminosas se multiplicam pelo país e espalham terror e morte por onde passam. A população se torna refém de uma guerra por território e poder e enfrenta todos os dias uma violência que parece não ter fim. O levantamento da Secretaria Nacional de Políticas Penais, SENAPEM, identificou 88 organizações criminosas atuando no país. Se considerarmos grupos menores, com um alcance mais regional, a mais de 100. Percorremos esse levantamento do SENAPE e buscamos as origens dessas organizações e as suas áreas de atuações e vamos destrinchá-las aqui para vocês agora. Fala galera, Joel Paviote aqui do canal Econografia da História. Espero que vocês estejam bem. E hoje nós trouxemos aqui para vocês talvez o dos mais detalhado que nós já fizemos aqui no nosso canal. Nós simplesmente mapeamos as 88 facções criminosas que atuam dentro desse país. Obviamente que se a gente contar as que estão nascendo agora e ainda se desenvolvendo, atingindo os critérios acadêmicos para ser considerada a facção, nós chegaremos a mais de 100. Esse talvez seja um dos maiores serviços de utilidade pública que o nosso canal trouxe para vocês até hoje. Espero que vocês acompanhem, gostem e compartilhem esse vídeo, porque ele é muito importante, não só para nós aqui do canal, mas para toda a sociedade brasileira. Esse é o dossiê da iconografia da história, o produto mais completo do nosso canal. Editor, por favor, roda a vinheta. 400 criminosos do comando antigo do Rio de Janeiro e também do Ceará que estavam se escondendo lá, esses traficantes estavam fugindo pelo meio do mato. Diante dessas imagens aí, a polícia tá preparando outras ações para tentar prender esse bando, né? que 400 criminosos é muito bandido. Junto. Bom, pessoal, para começar esse dos, eu gostaria que vocês vissem essas imagens, tá? Elas eram assustadoras no ano de 2006 e hoje, infelizmente, parece que não são tão mais assustadoras assim. Essas são algumas das imagens dos eventos ocorridos em maio de 2006, protagonizados pelo Primeiro Comando daqui de São Paulo. Os ataques que foram ordenados pela organização criminosa que domina os presídios paulistas paralisaram a capital do estado, causando o fechamento do comércio dos prédios públicos e a suspensão de aulas. Veículos de transportes públicos foram incendiados, agentes penitenciários foram vítimas de ataques e muitos civis perderam a vida e ações de grupos de extermínio que se formaram em resposta aos ataques conhecidos como crimes de maio. Esses ataques causaram 564 mortes, 505 civis e 59 agentes públicos. Escolhemos esse episódio para abrir o nosso dossiê e mostrar o poder que a Organização criminosa paulista começava a ganhar quando paralisou São Paulo. Depois desses episódios, muitas outras organizações surgiram e cresceram e o primeiro comando da capital se espalhou pelo Brasil. E o país vê a cada dia esse poder paralelo se expandindo por todas as regiões brasileiras. Pessoal, um relatório da Secretaria Nacional de Políticas Públicas Penais, SENAPEM, órgão do governo federal, vinculado ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, divulgou em dezembro de 2024 o mapeamento e atuação de pelo menos 88 organizações criminosas no país. Mas o que que é uma organização criminosa? De acordo com a lei número 12850 de 2 de agosto de 2013, uma organização criminosa pode ser conceituada como associação de no mínimo quatro pessoas, de forma estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, mesmo que informalmente, objetivando direta ou indiretamente montagem de qualquer natureza e por meio da prática de infrações penais que tenham penas máximas superiores a 4 anos ou possuam com caráter transnacional. Conforme a pesquisadora Aline Gonçalve Gonzales, as facções criminosas são grupos organizados que atuam de forma criminosa, estabelecendo normas e hierarquias e objetivos específicos, de modo a obter poder, controle territorial, benefícios econômicos através das atividades ilícitas. São como empresas ilegais. Essas organizações apresentam uma estrutura hierárquica, regras internas rígidas e uma subcultura própria que estabelecem em um sistema de poder e de controle dentro do contexto criminal. Segundo Vanessa Galvão Herculano, uma grande pesquisadora também, essas organizações elas surgem em ambientes de vulnerabilidade social, se aproveitando da ausência do estado para recrutamento de membros e a sua consolidação em determinado território. Não há surgimento de facção sem o vácuo do estado. Isso é ponto pacífico para todos os pesquisadores. essa autora e específico, o surgimento dessas organizações pode ser impulsionado pela exclusão social, falta de acesso aos serviços básicos, violência urbana e ausências de políticas efetivas de segurança pública, o que no Brasil tem muito. O nosso estado ele peca muito nessas situações. Então, pelo andar da carreagem a gente vai ter um futuro com cada vez mais facções. Esses grupos criminosos buscam controlar cada vez mais territórios como uma forma de expandir as suas atividades legais e firmarem o seu poder. Hoje nós vamos nos debruçar sobre essas organizações, entender como elas atuam em cada região, estado brasileiro e discutir o impacto desses grupos na segurança pública e na vida de todo o país. Para fazer essa análise, nos desbruçamos sobre uma série de documentos e relatórios produzidos pela CENAPEM, a Secretaria Nacional de Políticas Penais, e vários materiais produzidos pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, por um conjunto de artigos de pesquisadores da área de segurança pública, organizado pela IP e uma série de livros e artigos acadêmicos, entre eles Crime Organizado e Organizações Criminosas Mundiais da Ana Luía Almeida Ferro e A Guerra Ascensão PCC e o Mundo. do crime no Brasil, do Bruno Paço e da Camila Nunes Dias, além de uma série de outros artigos que nós pesquisamos durante meses para trazer esse trabalho aqui para vocês. Bom, conforme o relatório da CENAPEN, essas organizações têm o objetivo de alcançar o enriquecimento ilícito e o prestígio e atuam no comércio ilegal de substâncias, contrabando e descaminho, furto e roubo de veículos de cargas e de carros fortes, rouba banco e outras instituições financeiras, comércio ilegal de armas e lavagem de dinheiro. Basicamente estão em quase todas as atividades de listas, hoje inclusive nas fraudes eletrônicas e virtuais. Esses grupos são divididos no relatório iniciais, locais, regionais e nacionais. Os grupos iniciais são o embrião dessas organizações criminosas, não possuindo ainda uma delimitação de áreas territoriais de dominação. São grupos pequenos, a gênese do que pode ser uma organização, uma pequena quadrilha. Os grupos locais são aqueles que atuam em um bairro distrito, ocupando espaço geográfico determinado. Já é um pouco maior e um pouco mais estruturado, mas não tem tanto poder. Os grupos regionais são aqueles que atuam em mais de um estado e agem para se expandir no sistema prisional e aumentar o seu número de membros. Inclusive, o sistema prisional tem servido, né, de chocador dessas facções criminosas há muito tempo. Os grupos nacionais são aqueles que têm uma atuação de longo alcance, sendo considerado o ápice das organizações criminosas, já que eles atuam em diversos estados e são detentores de um amplo poder no mundo do crime. Segundo o relatório também do Senapen, os grupos que atuem em apenas um estado são organizações locais. Os que atuam em mais de um estado são regionais e os que atuam em pelo menos três regiões diferentes dos países que fazem fronteira com o Brasil são considerados nacionais. De acordo com o relatório que utilizamos como ponto de partida para esse vídeo, o Comando de São Paulo e o Comando Vermelho são as duas organizações criminosas de caráter nacional e possui também uma abrangência internacional. 72 grupos atuam apenas localmente e 14 grupos têm abrangência regional. Conforme o relatório, o primeiro comando atua em 24 estados brasileiros e no Distrito Federal, não havendo informações da sua presença apenas no Rio Grande do Sul e no Rio de Janeiro. Já o CV também tem atuação no mesmo número de estados, não estando presente apenas em São Paulo e no Rio Grande do Sul. Segundo os dados levantados pelo relatório, temos 46 organizações criminosas no Nordeste, com destaque paraa Bahia, que possui pelo menos 21 grupos. No Sul, são 24 organizações, sendo os 10 delas do Rio Grande do Sul. No Sudeste, há 18 organizações, em Minas há 11. No norte são 14 organizações criminosas e no Centro-Oeste 10. De acordo com os dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o qual nós sempre usamos aqui, 23,5 milhões de pessoas vivem em áreas com organizações criminosas. Isso significa mais de 10% do país. A partir de 2022, essas organizações movimentaram 146,8 bilhões de reais. Mas como afirma Carlos Amorim, abre aspasças. Nada disso aconteceu da noite para o dia. Muitos anos se passaram até que as quadrilhas adquirissem esse grau de sofisticação e de inserção social nas comunidades pobres. Fecha aspas. E para entender esse processo, vamos olhar para cada região do Brasil, listando para vocês as organizações criminosas que nelas atuam, discutindo como agem esses grupos. Começaremos o nosso percurso pelo Sudeste, já que foi dessa região que saíram as duas maiores organizações do país e que se expandiram nacionalmente ao longo de sua existência. Foi no Rio de Janeiro que surgiu a primeira grande organização criminosa tal qual conhecemos hoje. Vermelha foi criada em 1979 no presídio Cândido Mendes, na Ilha Grande. Do convívio ali entre presos políticos e presos comuns, nasce um grupo chamado Falange Vermelha, que depois se transformou no CV. Com a chegada do pó no Rio de Janeiro, essa organização encontrou seu ponto comercial e se expandiu pelo Rio de Janeiro e aí entra definitivamente na rota do comércio ilegal de substâncias e depois se expande por todo o Brasil. Foi esse vermelho que introduziu o armamento pesado nos morros cariocas e encampou as primeiras guerras por domínio de território com o terceiro comando, organização que também se formou lá dentro da ilha grande e que pertenciam a um grupo menor chamado falange de jacaré ou dissidentes do próprio comando vermelho. Atualmente, além do CV, atuam no Rio de Janeiro a ADA, o TCP, o povo de Israel e as milícias. Nós temos vídeos mais detalhados sobre cada uma dessas organizações e vamos falar apenas brevemente delas aqui, porque o objetivo desse vídeo é só um panorama geral desses grupos, então a gente não pode ficar muito tempo em cada um deles, tá? Atualmente o TCP tem acampado uma guerra ferrenha com o ser vermelho pela conquista de territórios e tem a salda aí espaços para tentar ser uma facção nacional. Ela é considerada segunda a maior organização do Rio de Janeiro e o TCP surgiu em 2002 formado por dissidentes do Terceiro comando, organização que foi extinta depois que seus líderes foram executados durante uma rebelião no presídio de Bangu 1, liderada por Fernandinho Beiramar. Na época de sua formação, a organização passou a ser liderada por Nei da Conceição Cruz, conhecido como Nei Facão, e um outro cara conhecido como Robson André da Silva. Na verdade, o nome dele era Robson da Silva. Ele era conhecido como Robinho Pinga. Quando foi fundado, o TC Puro, era uma organização de pequeno porte, tendo como principal atividade comércio ilegal de substâncias, como tradicionalmente muitas delas. Mas com o passar do tempo, essa organização foi ganhando mais força no complexo da maré e passou a dominar os pontos de venda de substâncias na região oeste em parte significativa da região norte do Rio de Janeiro. O TCP tem acordo com milícias que atuam na região da Maré e recebe valores pelo aluguel de territórios e pela arrecadação que as milícias têm com o comércio ilegal de substâncias nas regiões onde esse grupo faz as suas principais atuações. Eles têm formado também complexos. fundaram uma região chamada Complexo de Israel, um conjunto de favelas formadas pelas comunidades de Parada de Lucas, Cidade Alta e Vigada Geral Picapau e Cinco Bocas. Essa região é comandada por um cara chamado Álvaro Malaquias Santa Rosa até o momento desse vídeo, conhecido como Peixão e é o local alguns pesquisadores já tenham dado o nome de narcopentecostalismo e esse movimento tem tido uma força muito grande na região. Peixão criou o complexo de Israel e se apropriou de símbolos como a bandeira de Israel. estrela de Davi para demarcar território e demonstrar poder. Ao contrário de seu rival, o ser vermelho, o TCP tem uma hierarquia descentralizada. Cada dono de comunidade só responde por ela, sem sofrer necessariamente a interferência de outros líderes da organização criminosa. É por isso, pessoal, que o Peixão tem total liberdade para comandar o seu bonde de Jesus e impor qualquer intolerança religiosa que ele quiser colocar ali. Outra organização que temos no Rio de Janeiro é Amigo dos Amigos, a famosa ADA. Essa organização foi formada a partir da crise que se abateu entre o CV e depois da morte do Orlando jogador. Aproveitando o racha do CV em 1994, Scena da Vila Vent junto com Ornaldo Pinto de Medeiros fundaram essa nova organização que passou a disputar território com o CV e o próprio terceiro com a partir de 1998, com o ganho de força de Hernaldo Pinto de Medeiros, o UE apontado como responsável pela morte de Orlando jogador, a ADA vira aliada do terceiro comando. Mas em 2002, com a rebelião de Bangu e a morte de U, as organizações criminosas do Rio de Janeiro passaram a ter novas reconfigurações e a DA passa a atuar também no roubo de cargas. ADA entrou em declínio após a guerra entre dois famosos chefões da Rocinha. A Rocsinha foi durante muito tempo, pessoal, um território dominado pela ADA e à frente dessa comunidade durante muito tempo e acumulando muito poder, estava o Nem, o Nem da Rocinha. Quando ele foi preso, o controle da região acabou passando para a mão de Rogério 57 e uma guerra estourou entre os dois. Após essa guerra, muita gente saiu da DA e a polícia passou a aprender e a desmantelar líderes dessa organização. Hoje, a quem já considera a DA um grupo quase que extinto, mas ainda atua no Rio de Janeiro. Outra organização que poucas pessoas conhecem é conhecida como PVI ou Povo de Israel. Ela surgiu em 2004 no presídio Ari Franco em Água Santa no norte do Rio de Janeiro. Os presos neutros que não faziam parte de nenhuma organização, se sentiam ameaçados pelos membros das organizações que dominavam os presídios. Os presos do seguro, acusados de abuso, crimes que a massa carcerária acaba não aceitando, pediam transferências para outras unidades prisionárias. Como eles não foram atendidos, deram início a uma rebelião violenta que provocou a perda da vida de oito internos. Durante a rebelião, um dos detetos teria aberto uma Bíblia e lido um versículo dirigido ao povo de Israel. E assim o nome da organização foi definido e os líderes da rebelião passaram a recrutar detentos não vinculados às três grandes organizações de lá. De acordo com a polícia civil, a organização hoje já conta com 18.000 detentos no sistema prisional carioca. e tem se especializado em aplicar golpes de falso sequestro. É uma pouco falada, mas que vocês passaram a conhecer agora muita gente. Um dos principais líderes do povo de Israel é Avelino Gonçalves, conhecido como Alvinho. Ele teria estabelecido vínculos com o comando de São Paulo e as duas organizações teriam negócios conjuntos. Por fim, o Rio de Janeiro ainda temos as milícias, que tem uma dinâmica diferente, um pouco diferente das organizações criminosas que nós apresentamos aqui, mas também tem uma forte atuação nos territórios do Rio de Janeiro, principalmente na zona oeste da cidade. A milícia é um grupo paramilitar armado que controla um território. Geralmente eles começam com uma justificativa de autoproteção, vendendo serviço de segurança, mas depois passam a abusar do poder e a vender serviços obrigatórios, oprimindo a população e cometendo crimes. Atualmente, a milícia tem perdido territórios pro CV e pro TCP, está no meio da guerra e tem marcado o Rio de Janeiro. Saindo do Rio de Janeiro, agora que nós já falamos dessas organizações, a partir da primeira que surgiu ali, a gente vai dar um pulo em São Paulo. Em São Paulo, a hegemonia está nas mãos do comando, do primeiro comando. E essa organização tem atuação em praticamente todos os estados brasileiros e fora do país, mas ela não é a única organização que atua dentro dos presídios paulistas, se engana quem diz isso. Além do comando, atuam nos presídios de São Paulo os grupos como CDL, Comissão Democrática da Liberdade e CRBC, Comando Revolucionário Brasileiro da Criminalidade, ASS, que aceita satânica, a CJVC, Comando Jovem Vermelho da Criminalidade, o Bonde do Cerol fininho e o terceiro comando da capital. Essas organizações têm um poder bem menor, agem de forma bem localizada e são bastante pequenas e diminutas ocupando pouquíssimas cadeias. Basicamente, boa parte da população não ouve falar delas. Nenhuma delas tem força ao mínimo para bater de frente com o comando, que é uma organização hegemônica realmente no estado de São Paulo. Comado de 2009, o bonde do cerol fininho é a organização criminosa que nasceu dentro de um presídio no interior do estado. Ela é fundada por Marcos Paulo da Silva, que tem o singelo apelido de Lúcifer no sistema carcerário. Ela é uma das organizações mais violentas do país e o seu líder é conhecido também por ser um dos presos mais violentos que já passaram pelo sistema penitenciário brasileiro. O comando revolucionário da criminalidade, o CRBC, o CRB, é uma organização conhecida basicamente em Guarulhos, na grande São Paulo. Essa organização foi criada no Natal de 1999 por detentos que não concordavam com a ideologia do comando da capital. O comando revolucionário brasileiro da Criminalidade atua em presídios de Guarulhos. E assim como seu rival tem um estatuto e regras que devem ser seguidas por seus membros, porque foi organizada por dissidentes e opositores. Segundo seus membros, nove presídios paulistas seriam campo favorável para integrantes do CRB, sendo que o principal é o CDP de Guarulhos. O comando democrático pela liberdade, o CDL, surgiu em 1996 na penitenciária de Avaré, no interior de São Paulo. É um grupo bastante violento que adota como práticas surras e facadas para disciplinar os seus membros na prática de extorção de dinheiro e dizem que até eh fazem extorções aí de pessoas que não eram para fazer. Esse grupo foi formado pelo César Augusto Roriz, o Cezinha, após a expulsão dele do primeiro comando. A Centânica é uma das organizações mais antigas dos presídios paulistas. Seu principal líder foi um homem chamado Idelonso José de Souza, que é conhecido entre os membros da seita como o pai fundador. Esse grupo já foi muito temido no sistema carcerário, mas com a criação do primeiro comando, ele foi perdendo bastante do seu espaço e ficando também bastante diminuto. Novamente lembrando, em São Paulo, a hegemonia está amplamente concentrada na mão do comando de São Paulo. E essa organização tem a situação em praticamente todos os estados brasileiros e vários países, tá? Mas ela não é a única organização que atua dentro dos presídios de São Paulo. Para vocês terem uma ideia, atuam dentro desses presídios o CDL, o CRBC, a SS, a CJVC, o bonde do Calfininho e o terceiro comando da capital. As organizações tm um poder bem menor e agem de forma localizada em algumas penitenciárias da capital do interior. Nenhuma delas, como eu disse para vocês, já tem alguma força para bater de frente de verdade com a grande organização que tem aqui. O primeiro comando, ele domina mais de 90% dos presídios paulistas e, obviamente, que tem hegemonia do crime no estado, não apenas dentro, mas fora também. Essa organização domina o estado de São Paulo territorialmente e funciona por meio de suas células. Então, células burocráticas conhecidas como sintonias. Cada uma dessas sintonias é responsável por uma área de atuação. Por exemplo, tem uma sintonia pro comércio ilegal de substâncias, uma sintonia pro comércio internacional de substâncias, uma sintonia pro setor financeiro, uma sintonia pra defesa jurídica e e assim vai. Essa organização nasceu em 1993 dentro da casa de custódia e tratamento de Taubaté. e passou a dominar o cárcere paulista. Vocês podem assistir a história detalhada dessa organização em vários vídeos que nós fizemos aqui no nosso canal. A gente explica amplamente sobre isso. Inicialmente, o comando tinha o objetivo de questionar o modo como os presos eram tratados dentro do sistema carcerário brasileiro. Mas com o passar do tempo, a organização passou a atuar no comércio ilegal de substâncias e a dominar o crime fora das prisões. Em 2006, a organização paulista mostrou toda sua força paralisando a capital de São Paulo e organizando ataques coordenados em unidades prisionais em diversos alvos civis. ano que vem, por exemplo, talvez você esteja assistindo 2026, completa 20 anos desse fato. Atualmente, acredita-se que o comando atue em mais de 10 setores da economia: postos de gasolina, agências de automóveis, imóveis, empresas de construção, casas de câmbio, bancos digitais, fintex, fundos de investimento e participações, criptomoedas, empresas de ônibus do setor de transporte público, igrejas, organizações sociais da saúde pública, coleta de lixo, limpeza urbana, mineração, empresas de apostas, de jogos de azar, empresas ligadas ao futebol e outra ampla gama de atividades. Vamos agora para Minas Gerais. No estado de Minas não há nenhuma organização criminosa genuinamente mineira. As organizações que atuam em Minas Gerais são provenientes de outros estados e foram adentrando em Minas e se estabeleceram no mundo do crime. Não que já não haja pessoas se organizando ali dentro e de repente surja alguma organização tipicamente mineira. Três organizações atuam em território mineiro. São elas: Amigo dos Amigos, Bonde dos 40, Bonde dos Malucos, Cartel do Norte, CV com boio do Cão, CRBC, Guardiões do Estado, IDI, que é o Irmão dos Irmãos, Comando de São Paulo, Primeiro Grupo Catarinense, Terceiro Comando da Capital e Terceiro Comando Puro. Tá? Já deu para perceber que Minas é um território em disputa. A posição geográfica estratégica do estado tem tornado a região um território de constante disputa entre o seu vermelho e o comando de São Paulo, que busca estabelecer domínio sobre áreas chaves para suas operações. Minas é um estado gigantesco com muitos habitantes. O Comando de São Paulo tem cerca de 4.000 1 integrantes em Minas Gerais, sendo estado considerado a segunda casa da organização paulista, especialmente o Triângulo Mineiro. E no sul de Minas, a presença desses membros da organização paulista é bastante forte. O C Vermelho e o TCP também são organizações que têm firmados poder no estado de Minas, estão ampliando suas áreas de atuação nessa região. Para encerrar o nosso percurso pelo Sudeste, vamos para o estado do Espírito Santo. No Espírito Santo temos a presença do Comando de São Paulo, do TCP e do C Vermelho, mas a principal organização do Espírito Santo é capaba mesmo. Dali o primeiro comando de vitória, o PCV. Ele foi criado em 2010 dentro da penitenciária de segurança máxima 2 de Viana, ali no Espírito Santo mesmo. Essa organização criminosa surgiu depois que o Carlos Alberto, furtado, conhecido como Nego Beto, teve contato com os membros do comando de São Paulo dentro de um presídio federal. A partir desse contato, ele decidiu que era hora de organizar os presos de Vitória. Quando foi transferido paraa Viana, criou um estatuto semelhante ao da organização paulista. Apesar de ser inspirado na organização que domina o estado de São Paulo, o comando de Vitória é ligado ao C Vermelho do Rio de Janeiro e também chegou a manter ligações com o TC puro também do Rio. Apesar de ser vermelho e do TCP serem inimigos, a organização de Vitória chegou a adquirir substâncias ilegais, armas e conseguir esconderizos para os seus integrantes das duas organizações. Nos últimos meses, o PCV tem passado por um período de turbulência. Seus líderes fundadores estão todos presos. Lideranças antigas querem sair da organização porque dizem que os novos noves que isso assumiram poder não os respeitam. Esse conflito tem feito com que membros do próprio grupo tenham atacado áreas que pertenceram à organização, gerando uma série de mortes. Segundo o estatuto da organização, só é possível sair do PCV se converter alguma religião ou num caixão. Por isso, estão ocorrendo ataques às áreas de quem manifestou o desejo de sair fora do grupo. Vamos agora pro sul do país. Em Santa Catarina, foi registrada a presença das seguintes organizações. Os Bala na Cara, Comando Leal, CV, Os Manos, Comando de São Paulo, Serpente Negra, País Livre, Primeiro Grupo de oposição, primeiro crime revolucionário catarinense e primeiro grupo catarinense. Santa Catarina é um pequeno estado e tem muita gente, tem muita organização. A maior organização do estado é o primeiro comando catarinense, também conhecido como PGC. PGC foi fundada no dia 3 de março de 2003 na penitenciária de Florianópolis, a capital do estado. Naquele momento, o estado planejava transferir alguns presos para a penitenciária de São Pedro de Alcântara e os detentos se organizaram e fundaram o G, Siglusara, para referir-se ao grupo, nome com o qual passou a ser identificado esses detentos que se articularam dentro da ala de segurança máxima penitenciário de Florianópolis. Essa organização dos detentos não impediu que eles fossem transferidos para São Pedro e foi ali que o PGC se expandiu e transformou essa penitenciária em uma espécie de quartel general onde o grupo se articulou. Os principais líderes formadores desse grupo eram criminosos de alta periculosidade que se uniram e passaram a se organizar e organizar os crimes dentro e fora dos muros da penitenciara. Apesar de ter se consolidado como grupo organizado, o estado só reconheceu a existência do PGC em 2012, quando um agente prisional foi executado na frente da sua casa em São José. O PGC mantém alianças com C Vermelho do Rio de Janeiro e se declara inimigo da organização que comanda os presídios paulistas. Uma das estratégias do PGC é recrutar adolescentes para suas práticas criminosas, contando com esses jovens para ampliar o poder financeiro da organização. Vamos agora dar um pulo lá no Paraná, tá? Nesse estado, pessoal, Paraná, o primeiro estado do Sul, ali vindo do Sudeste, temos a atuação das seguintes organizações: Cartão do Sul, CV, Ferro Velho, Máfia Paranaense, Comando de São Paulo e Primeiro Grupo Catarinense. O Comando de São Paulo é a organização que mais tem membros no estado do Paraná, mantendo cerca de 2.000 integrantes que atuam no complexo penitenciário de Piraquara e em presídios de Cascavel e Londrina. O ser vermelho tem ligações com a máfia paranaense, organização local que tem cerca de 140 membros apenas que atua dentro da casa de custódia de Curitiba. Bom, e no sul do país, o estado que tem mais organizações criminosas é o Rio Grande do Sul, até porque algumas fronteiras ali permitem que eles façam um comércio mais elástico. Lá tem a Alqaida, Antibala, Bala na Cara, Comando Pelo Certo, Conceição, Família 33, Os Abertos, Osmanos, Os Tauras, Os Tauras Pelotas, O PCS, Primeiro Comando do Interior, o Primeiro Comando Santamariense, Unidos pela Paz, V7, Rio Grande do Sul. O CV e o Comando de São Paulo não tem células específicas no Rio Grande do Sul, mas mantém relações com organizações criminosas do estado. As três principais organizações do estado são os bala na cara, os Antibala e os Manos. A principal organização do estado hoje em número de pessoas é o Bala na Cara, fundada em 2000, entre 2000 e 2003, nas ruas de um bairro chamado Bom Jesus em Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul. Ela é extremamente violenta. Esse grupo mantém relações com o comando de São Paulo e opera em ações internacionais de comércio ilegal de substâncias. Os manos, por sua vez, são uma organização criminosa que nasceu nos presídios da região de Porto Alegre nos anos de 1990. O grupo tem investido pesado em armas e munições de grosso calibre e focado sua atuação além do comércio ilegal de substâncias em roubos a bancos e casas de valores no interior daquele estado. Os Antibala é um grupo que nasceu nos anos 2000 a partir da fusão de grupos menores para fazer oposição aos bala na cara. Vamos agora pra região centro-oeste do Brasil. Vamos começar o nosso percurso dessa região, olhando para o Distrito Federal, coração do sistema. Na capital do país, temos a presença, obviamente, do CV e do Comando de São Paulo e de uma organização local chamada Comboio do Cão, também conhecido como CDC. O comboio do cão foi criado entre 2008 e 2009 na penitenciária do Distrito Federal 2, conhecido como PDF2, localizada no complexo penitenciário da Papuda. Conforme essa organização foi ganhando mais membros e os seus integrantes foram conquistando a liberdade, o comboio do cão passou a atuar fora dos muros das penitenciários de Brasília e começou a buscar novos territórios de atuação. Os membros do comboio do cão atuam em diferentes esferas. Eles comercializam substâncias ilegais, roubam carros, comercializam armas ilegais, cobram taxas de garotas de programa e travestis, adulteram os veículos roubados e os levam para o Paraguai, onde são trocados por substâncias, exterminam seus desafetos e fazem uso de extrema violência. Além do CC, outros grupos menores também atuam em Brasília, como o grupo Galba, os irmãos Periquitos, a Faixa de Gasa, os Pepita, os irmãos metralha e a quadra 50. Também tem operações em diferentes localidades do Distrito Federal, esses grupos aí. A rivalidade dentre esses grupos já provocou muitas mortes. Além disso, o cobboio do cão tem agido para eliminar membros do comando de São Paulo que atuam no Distrito Federal em uma guerra. Enfim, vamos agora dar um pulo no Mato Grosso, conforme dados do Atlas da Violência de 2024. Mato Grosso e Mato Grosso do Sul são estados que fazem fronteira com a Bolívia e o Paraguai e se fazem como principais pontos de entrada e passagem do comércio ilegal de substâncias e armas aqui pro nosso país. Autoridades apontam que pelo menos 80% do pó e da erva que entram no país passam obrigatoriamente por esses dois estados. do Mato Grosso não há organização local, mas o CV e o comando de São Paulo travam uma guerra pelo controle do estado que tem deixado uma trilha de corpos em diferentes cidades daquela região. Esse estado é estratégico para as duas organizações, pois faz parte de uma importante rota de comércio ilegal de substâncias. Recentemente surgiu no estado um grupo local conhecido como Tropa do Castelar. Esse grupo teria se originado de membros do S Vermelho e ainda estaria se organizando. Para se manter, a tropa do Castelar teria se unido a membros do comando de São Paulo, estaria junto com a Organização Paulista na disputa por territórios no Mato Grosso. Vamos agora para o Mato Grosso do Sul. Esse estado também é muito importante na rota do comércio ilegal de substâncias e de armas que fornecem o Brasil. Mato Grosso do Sul é a principal porta de entrada para substâncias ilícitas do Brasil. Atuam no Mato Grosso do Sul o bonde do Maluco, o se Vermelho, os Manos, o Comando de São Paulo, o primeiro comando catarinense e o sindicato do crime. A principal disputa nesse estado também se dá entre o C Vermelho e o Comando de São Paulo, já que o Mato Grosso do Sul também é o local estratégico para as duas organizações e não tem uma organização local que entre nessa disputa tão forte quanto esses dois em Goiás. Temos a presença do ser vermelho e do comando de São Paulo e da organização local Amigos do Estado, também conhecida como ADI. Segundo o relatório do Ministério de Segurança Pública, o Ser Vermelho e o Comando de São Paulo tem 1500 integrantes e presídios de Goiás. Esse estado também faz parte da rota disputada pelas duas organizações. A maior parte das substâncias ilícitas distribuídas no Brasil vem do Paraguai e da Bolívia e passam obviamente por esses três estados que acabam virando uma espécie de centro de distribuição, principalmente Goiás. A Amigos do Estado foi criada na cidade de Trindade, estabeleceu uma aliança com o comando de São Paulo, sendo responsável por uma série de execuções que aconteceram no estado nos últimos anos. Vamos agora pra região norte do nosso país. A Amazônia brasileira exerce importante papel para o mercado global de comércio ilegal de substâncias, sobretudo a partir da fronteira com Peru, a Bolívia e a Colômbia. A região é um importante corredor na passagem e fluxo do pó que entra no Brasil. As organizações criminosas do Sudeste, CV e o Comando de São Paulo operam na região, estabeleceram alianças até com cartéis colombianos e organizações do Peru, Bolívia e da Venezuela. A cidade de Tabatinga, por exemplo, que fica no Amazonas, próxima a tríplice fronteira com o Peru e a Colômbia, já foi apontado como segunda maior parte de entrada do pó no país, ficando atrás apenas da chamada rota caipira no Mato Grosso do Sul. No estado do Amazonas, atualmente temos as seguintes organizações: Carta do Norte, CV, Crias da Tríplice, Comando de São Paulo, Revolucionários do Amazonas. A família do norte, também conhecida como FDN, embora seja originária desse estado e tenha tido uma atuação muito intensa ali, viu seus principais líderes sendo presos de 2015 a 2025 e sofreu um forte desmantelamento pela Polícia Federal, sendo considerada uma organização praticamente extinta nesse estado. conflitos internos se tornaram frequentes entre membros que estavam em liberdade e enfraqueceram a FDN que acabou se desmembrando e dando origem ao novo grupo, o Cartel do Norte, também conhecido como CDN. Algum tempo depois, o CDN foi absorvido pelo comando de São Paulo, o que aumentou o poder da organização paulista na região, principalmente no comércio atacadista de pó. Conflitos internos do C Vermelho do Amazonas levaram ao surgimento de um novo grupo, o Revolucionários da Amazonas RDA. Os crias da tríplice, também chamados de comando da tríplice fronteira, surgiram na cidade de Tabatinga, também a partir do dissente da FDN. Eles teriam se aliado ao primeiro comando para confrontar o C Vermelho, principalmente áreas próximas da Cabalocoxa e ao rio Amazonas, no lado pelo ano da fronteira com a Colômbia. O ser Vermelho é a organização que domina a região amazônica, mas o comando de São Paulo também tem vários territórios e segue em guerra para conquistar espaço. E quanto da rota caipira ali na região central, o comando de São Paulo tem mais poder. Nessa rota Solimões aí a rota por meio da água na Amazonas é o comando vermelho que tem mais poder. A rota Solimões é um ponto muito importante para o escoamento de substâncias ilícitas vindas dos países vizinhos. Por isso, desperta tanto interesse. Através dessa rota. Toneladas de posse saem de fazendas colombianas e entram no Brasil através de pequenos aviões escondidos em fundos falsos de barcos ou disfarçados dentro de botijões de gás. Isso falou brasileiro, essas substâncias são transportadas por longas distâncias até chegarem em portos e aeroportos do Brasil, de onde serão levadas pra Europa e vai gerar muito dinheiro. Vamos agora pro Acre. Nesse estado temos a organização local Bonde dos 13. Temos também o CV, o Comando de São Paulo e um grupo menor chamado Ifara, irmandade Força ativa, responsabilidade acreana. O bode dos 13, pessoal, teria surgido no Acre no dia 12 de junho de 2013. Ele foi formado por um grupo de criminosos que estava descontente com as regras impostas pelo comando de São Paulo dentro dos presídios. Foi dentro do presídio estadual chamado Francisco de Oliveira Conde, no pavilhão J. que essa organização nasceu. Para os detentes que formaram esse grupo, não fazia sentido cumprir algumas normas do comando, como, por exemplo, ter que pedir autorização para tirar a vida de alguém. De acordo com os dados do Infopen, o Acre tem a segunda maior taxa de aprisionamento do país de 657 para cada 100.000 habitantes, quase o dobro da média nacional. O campeão é o Mato Grosso do Sul com 697. O Acre também é o estado com maior proporção de presos jovens. 45% tem entre 18 e 24 anos de idade. O Bonde dos 13 está envolvido em assaltos, execuções, comércio ilegal de substâncias e atua em diversos locais do estado, pregando entre seus membros a disciplina, lealdade e respeito. A presença do primeiro comando no Acre foi identificada no ano de 2013 dentro do presídio Francisco de Oliveira Conde, localizado em Rio Branco, na capital do estado. Em 2015 e 2016, foi a vez do ser Vermelho chegar à região. Depois da chegada do Ser Vermelho, o comando de São Paulo acabou se aliando ao bonde dos 13 para combater o grupo carioca. Segundo dados da segurança pública do Acre, nos preídios do estado, há cerca de 900 presos ligados ao ser Vermelho, cerca de 1500 que integram o comando de São Paulo, o bonde dos três ou a IFARA, sendo que esses três grupos disputam territórios com SE Vermelho. Assim como no caso do Amazonas, o principal interesse das organizações criminosas ali na região do Acre é obviamente a fronteira. O Acre faz uma fronteira grande com Peru e a Bolívia. E essa rota interessa organizações criminosas. Vamos agora para o estado do Amapá. De acordo com o anuário brasileiro de segurança pública divulgado em julho de 2024, Santana no Amapá é a cidade mais violenta do Brasil. Conforme esses dados apresentados, a cidade teve 92,9 registros de mortes violentas por cada 100.000 1000 habitantes. Essa cidade fica a 17 km da capital Macapá e é a segunda maior cidade do estado. Santana tem portos que fazem linhas para Belém e outras cidades do Pará e da região norte e por isso é o local que interessa a coberta ilegal de substâncias e de armas. Três organizações criminosas locais atuam no Amapá. A Amigos para Sempre: APS, A Família do Terror do Amapá, FTA e a União Criminosa Amapaense, Aúca. Essas três organizações disputam pontos de comércio ilegal de substâncias e se associaram às organizações do Sudeste. A FTA, por exemplo, mantém vínculo com o comando de São Paulo, estaria recebendo treinamento da Organização Paulista sobre como atuar em seus territórios. A UCA, o UCA e a APS manteriam ligações com o ser vermelho. Esses grupos atuam principalmente na capital do Amapá e são adébitos de extrema violência. amigos para sempre teria montado uma espécie de força tarefa para conseguir novos integrantes e ganhar força na disputa por território. Vamos seguir a nossa jornada pelo norte do país, olhando agora pro Pará. De acordo com os dados do Instituto Mãe Criola em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o Pará é o estado do norte que mais se destaca como rota do comércio internal institucional de substâncias Igais. Conforme esses dados, das 178 localidades amazônicas com atuação de organizações criminosas da Amazonas, 52 delas estão no estado do Pará. De acordo com o pesquisador Aala Colares, o Pará exerce papel fundamental como zona de trânsito das substâncias ilegais rumo aos mercados consumidores do Brasil, da Europa e da África. Desse estado, temos a atuação do C Vermelho, do primeiro comando de São Paulo, do grupo local chamado Comando Classe A e a família do Terror do Amapá. O Comando Classe A também é conhecido como CCA ou 331. Surgiu Altamira e ficou conhecido no cenário nacional depois da rebelião do presídio de Altamira em julho de 2019. Essa rebelião deixou 62 presos sem vida, sendo que 16 deles tiveram suas cabeças arrancadas. As vítimas eram ligadas ao ser vermelho. Assim como nos outros estados da região norte, o CV e o comando travam uma guerra pelo domínio de territórios no Pará. O CV domina 38 municípios no Pará, estando presente nas regiões do Nordeste Paraense, Marajó, Sudoeste, Baixo Amazonas e na região metropolitana de Belém, onde domina a cidade de Barcarena, sede do principal porto do estado. O Comando de São Paulo atua de forma mais localizada, dominando 11 municípios e concentrando-se nas regiões sul e sudeste do Pará. Em Altamira, o levantamento do Instituto Mancriola mostra que a rivalidade se dá entre o ser Vermelho e o CCA, que firmou uma aliança com o primeiro comando. Nas cidades de Chaves e Afuá, a família do terror do Amapá disputa território com o ser Vermelho. De acordo com a Polícia Civil do Pará, a cidade Castel é dominada pelo ser Vermelho no comércio ilegal praticado em seus bairros, mas é o comando quem controla o fornecimento de grandes carregamentos de substâncias ilícitas. Conforme uma importante reportagem publicada por Ismael Machado no site Amazônia Real, Castanhal funciona como um entroncamento logístico que conecta várias rodovias estaduais e federais, já que fica às margens da BR316. Essa localização teria atraído também membros do bonde do maluco da Bahia e dos guardiões do estado no Ceará, que foram presos pela polícia civil na cidade de Castanhal. Vamos seguir o nosso percurso agora dando um pulo em Rondônia. Galera, em Rondônia temos a atuação de três organizações criminosas, o ser Vermelho, o Comando de São Paulo e o primeiro comando do Panda ou PCP. Há também dois grupos menores locais chamados crime popular e amigos leais. A localização geográfica de Rondônia, com sua extensa fronteira com a Bolívia e seus rios navegáveis, facilita o transporte de substâncias ilegais vindos da Bolívia. Outro fator importante em Rondônia é que a extensa fronteira com a Bolívia oferece múltiplos pontos de entrada pro comércio ilegal de substâncias, dificultando a fiscalização e o combate a esse tipo de crime. De acordo com Sérgio William Domingues Teixeira e sua tese de doutorado, abre aspas, muros altos e rios de sangue, o sistema penitenciário federal e a expansão das facções criminosas fecha aspas, o ser vermelho chegou em Rondônia em 2019 com cerca de 1500 membros em todo o estado. Conforme Teixeira, o comando de São Paulo teria chegado em Rondô em 2012, quando membros da organização paulista foram encarcerados ali no estado. Ela contaria com cerca de 900 membros atuando em Rondônia. Segundo o Sérgio Teixeira, o primeiro comando do Panda é uma organização local que surgiu no presídio Edvan Mariano Rosendo, em Rondônia também no ano de 2012. Esse grupo teria sido para se opor às organizações do Sudeste que começavam a dominar os presídios no estado. Inicialmente, surgiu o grupo conhecido como crime popular, que reuniu o conjunto de gangs que não queria se vincular ao ser vermelho ou ao comando. Esse grupo se estruturou e formou o primeiro comando do panda. conta com cerca de 900 membros no sistema carcerário de Porto Velho e já se espalhou para presídios das cidades de Guajaramirim, Nova Mamoré e Ariquemes. Em sua tese, Sérgio Teixeira fala que os detentos do presídio José Mário Alves, conhecido como urso branco, e do presídio Edvan Mariano Rosendo, conhecido como urso Panda, tinham uma rivalidade muito antiga que inclusive culminou em duas rebeliões bem violentas que morreram muita gente 2002 e 2004. A partir daí, houve o racha entre os presos dessas duas unidades prisionais. Assim, os membros do primeiro comando do panda detidos no urso panda, ficaram conhecidos como primeiro comando do panda pardo. E os presos do urso branco ficaram conhecidos como primeiro comando do panda alemão. Olha como que os nomes vão se diversificando cada vez que vai nascendo uma nova organização. Esses dois grupos entravam em confronto sempre que se cruzavam no mesmo presídio. Por isso, o comando geral do PCP emitiu salve, impondo que todos os seus membros tenham uma convivência harmoniosa dentro do cárcere. Vamos seguir aqui a nossa viagem rumo a Roreima, estado que além de conviver com o primeiro comando de São Paulo, com ser vermelho, novamente, tem que lidar com a presença de organizações venezuelanas. A forte presença de venezuelanos e Ranaima trouxe para o estado pelo menos três organizações do país vizinho, o trem de Arágua, o trem de Guiana e o sindicato. De acordo com uma pesquisa feita pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o C vermelho e comando de São Paulo se aproveitaram da estrutura logística para extração de ouro em Roraima e no Pará para comércio ilegal de substância. Então quer dizer que eles estão no garimpo. Conforme o professor pesquisador Rodrigo Pereira Chagas da Universidade Federal de Rorama abre aspas palavras do professor. Aeronaveis pilotos e pistas ilegais de pouso criadas para atender as atividades de garimpo estão sendo aproveitados para o narcotráfico. Essa conexão deu origem a um fenômeno recente conhecido como narcogarimpo. Fecha aspas. Novamente abre aspas. O garimpo se intensificou nos últimos 5 anos na região e a articulação entre essa atividade e o comércio ilegal de substâncias tem causado acerramento nas situações de violência e ameaças ambientais. Fecha aspas. Essas organizações t se infiltrado nos garimpos ilegais de ouro em Roraima e ameaçado terras indígenas do grupo étnico Kuyanomami, por exemplo. O comando de São Paulo se expandiu pelo estado de Roraima e foi responsável pelo massacre de 33 presos na penitenciária agrícola de Monte Cristo. O Ser Vermelho e o Comando de São Paulo tem entrado em disputas territoriais no estado, mas é a organização paulista que tem maior número de membros e territórios dominados na região de Roraima. Para finalizar o nosso percurso pelo norte, nós vamos dar uma passadinha no Tocantins, estado que tem as seguintes organizações do seu território. Primeiro Comando de São Paulo, se vermelho, bonde dos 13, proveniente do Acre, Comando Classe A, proveniente do Pará, Amigos do Estado e Bonde do Cangaço, provenientes de Goiás. A Amigos do Estado teria se aliado à organização paulista e ter travado uma guerra violenta contra o CV. De acordo com o artigo publicado pelos pesquisadoras Gesril Barbosa Silva e Cristiane Dorst Mesaroba abre aspas. Embora o Tocantins não faça fronteira com nenhum país, sua localização no Centro Geográfico do Brasil é um excelente corredor interestadual para o escoamento de substâncias ilícitas, sendo um estado que atrai as organizações criminosas. fecha aspas, como se Tocantins fosse um entreposto, um chão para você colocar os entorpecidos e poder circular eles entre o norte e o nordeste do país. O estado do Tocantins é uma das principais rotas de conexão da Amazônia, Centro-Oeste e Nordeste do Brasil, por meio das rodovias BR153 e BR226, denominada Belém Brasília. Vamos agora pra nossa última região nesse percurso pelas organizações do Brasil. Deixamos o Nordeste por último porque ele tem mais estados e muitas relações entre as organizações pra gente falar. Aliás, é bom deixar registrado aqui que alguns estudos dos que lemos para fazer esse dossiê dizem que o cangaço pode ser considerado o primeiro embrião de organização criminosa que tivemos naquela região. Em seu livro O cangaço, Antônio Carlos Olivieri afirma que a atuação dos cangaceiros se assemelhava em parte à atuação de organizações criminosas atuais, seguindo uma hierarquia, usando táticas de guerrilha e que grupos eram divididos sob o comando dos mais fortes para realizar ataques maiores. É claro que os objetivos dos cangaceiros e a maneira que eles atuavam é bem diferente do que fazem os membros das organizações hoje. Mas diversos autores vem uma aproximação entre o cangás e as origens das organizações. Das 88 organizações criminosas estadas pelo Senapé, 46 estão no Nordeste. Essa região tem sido palco de disputas violentas entre organizações criminosas e também está na rota do comando de São Paulo do C Vermelho e seu projeto de expansão pelo Brasil. Além disso, sete das 10 cidades mais violentas listadas pelo Fórum Brasileiro de Segurança público 2024 também ficam no Nordeste. Seis dessas cidades estão na Bahia, Camaçari, Jequier, Simões Filho, Feira de Santana, Juazeiro, Eonápolis e uma está no Ceará, Maranguape. Além disso, de acordo com os dados do Ministério da Justiça, os três estados com maior número de execuções violentas também estão na região Nordeste, Bahia, Ceará e Pernambuco. Essas execuções estão diretamente associadas a disputas de território encampadas por diferentes organizações que atuam na região Nordeste. Vamos começar então olhar para essas organizações e entender como elas atuam em cada estado da região Nordeste. Vamos começar nossa jornada pelo Maranhão. Nesse estado temos cinco organizações. O Bonde dos 40, o primeiro Comando do Maranhão, conhecido como PCM, o Comando Organização do Maranhão, conhecido como CONOM, o CV e o Comando de São Paulo. De acordo com o professor Luís Eduardo Lopes Silva, grande pesquisador, o primeiro comando do Maranhão foi a primeira organização maranhense. O PCM surgiu no ano de 2003, inspirado dos modos da organização paulista e a partir do contato de detentos maranhenses com detetos do Sudeste. Aí essa organização foi se consolidando na localidade. O comando organizado do Maranhão surgiu a partir de uma crise do próprio PCM. O bonde dos 40 foi criado em São Luís em 2007 a partir do contato de detentos maranhenses com criminosos do Rio de Janeiro e de São Paulo. O grupo já foi aliado do C vermelho e já foi aliado também do comando paulista, mas hoje mantém veículos com o carioca ADA, amigo dos amigos. 2013 e 2014, o bonde dos 40 esteve à frente de rebeliões que marcaram o complexo de pedrinhas e tiveram saldo de 64 pessoas sem vida. Nessa época havia impediras membros de três organizações, o PCM, composto por detetos vindos da capital, os anjos da morte formados por detetos do interior e o bonde dos 40, a organização mais violenta do presídio e organizada por presos da capital São Luís. Ao entrarem no complexo penitenciário, Pedrinhas era um complexo bastante pesado e violento, os novos internos eram obrigados a aderir em algum dos grupos e eram informados de que se eles não obedecessem os líderes dos pavilhões, eles seriam punidos com a morte. Essa atenção e as péssimas condições dentro do presídio produziram uma verdadeira barbárie que resultou em cabeças cortadas e muita muita violência. Vamos seguir agora pro Piauí. As seguintes organizações atuam nesse estado: Bonde do Maluco, Bonde dos 40, C Vermelho, Guardiões do Estado e Comando de São Paulo. Como vocês podem ver, são todas as organizações de outros estados que adentraram o Piauí. Segundo os materiais que consultamos, o Comando de São Paulo é a organização que tem maior domínio de território nesse estado, mas há outras organizações que seguem buscando o seu espaço. Nosso próximo ponto nessa rota do Nordeste é o estado do Ceará, o qual inclusive nós temos no dossiê aqui. Assim como outros estados brasileiros, o Ceará foi alvo de um projeto expansionista de organizações do Sudeste, como ser Vermelho e o Comando de São Paulo. E isso mexeu com a dinâmica do crime local. O vermelho chegou ao Ceará em meados de dos anos de 1980 assaltando joalerias. O comando de São Paulo chegou nos anos de 1990 fazendo assaltos a bancos e transportadores de valores. Algum tempo depois chegou à família do norte vinda do Amazonas. Por volta de 2016 formou sua primeira organização cearense justamente para impor para se impor, né, contra as organizações forasteiras que dominavam o estado. Essa organização é conhecida como os guardiões do estado, que pode ser chamada também de GDE. Ela surgiu para se opor às caixinhas cobradas pela Organização Paulista e passou a dominar bairros estratégicos em Fortaleza e a batizar cada vez mais membros, inclusive menores de idade, o que é expressamente proibido pelo comando de São Paulo. Anos depois, em 2021, surgiu a quarta organização presente solo cearense, a massa carcerária, também conhecida como TDN ou Tudo Neutro. As principais disputas entre organizações do Ceará se dão entre o GDE e o Ser Vermelho, embora a massa e o seu comando também participem de brigas por poder no território. Vamos sair do Ceará e vamos passar agora pro Rio Grande do Norte. Nesse estado temos a presença do comando de São Paulo e da organização local Sindicato do Crime. O sindicato do crime, pessoal, surgiu a partir de dissidentes do primeiro comando de São Paulo. Conforme seu estatuto, ele foi fundado no dia 27 de março de 2013. Essa organização foi criada no pavilhão 2 da penitenciária estadual de Paramirrim, PEP. A nova organização questionava as regras rígidas e a cobrança de mensalidade da organização paulista. Em 2015, o sindicato do crime chegou a firmar uma parceria com a FDN. para fortalecer o combate ao comando de São Paulo. Essa disputa entre o sindicato do crime e o primeiro comando chegou dentro dos presídios do Rio Grande do Norte e fez com que na tarde do dia 14 de janeiro de 2017 e na manhã do dia 15, 26 detentos perdessem a vida na penitenciária estadual de Alcaçus e no pavilhão Rogério Coutinho Madruga na cidade de Nísia Floresta. De acordo com as investigações, a ação foi organizada por seis presos do Comando de São Paulo. Vamos seguir o nosso caminho pelo Nordeste, passando agora pela Paraíba. Da Paraíba, nós temos cinco organizações criminosas atuando por enquanto. O Bonde do cangasso, também conhecido como BDC, o Ser Vermelho, Primeiro Comando, o Nova Caida e os Estados Unidos. Para entender as organizações criminosas da Paraíba, usamos como principal referência a dissertação de mestrado do pesquisador Carlos Eduardo Batista dos Santos, nominado Oqida e Estados Unidos, organizações criminosas, a nova face da criminalidade na cidade de João Pessoa. Nessa pesquisa muito bem feita, inclusive de 2015, o autor fala sobre Alqaida, Estados Unidos, as duas maiores organizações da Paraíba na época. Okaida, posteriormente deu origem à Nova OQAida, a maior organização que atua hoje na Paraíba e comanda o comércio ilegal de substâncias no estado. Não há informações sobre a data precisa de formação dessas organizações, mas os pesquisadores afirmam que a Alqaida surgiu por volta de 2008 e os Estados Unidos vieram pouco depois para fazer frente a essa organização. A própria escolha dos nomes tem relação com essa rivalidade que se instalou desde o surgimento dos dois grupos. Em um primeiro momento, Alcai e os Estados Unidos estabeleceram alianças com o comando de São Paulo, mas depois essa relação foi rompida e os dois grupos romperam com o grupo paulista e agora se consideram inimigos. De acordo com o Carlos Eduardo Santos, os dois grupos se diferenciam pelas tatuagens de seus integrantes. Quem pertence ao Kaida, marca pele com palhaços ou personagem Chunk, o brinquedo assassino, enquanto os membros dos Estados Unidos tatuam a bandeira dos Estados Unidos ou um peixe. Tanto a Nova Kaida quanto os Estados Unidos alam menores e os empregam em suas atividades criminosas. De acordo com o Adriano de Leon, professor de antropologia da Universidade Federal da Paraíba, essas organizações, abre aspas, criam exércitos e nesse exército a zona moral é bem diferente da nossa. Para eles, um combatente não precisa ter idade, basta coragem. Fecha aspas. Além disso, o professor afirma que o comércio ilegal de substâncias paga um salário maior que qualquer trabalho, o que acaba atraindo mais jovens. Atualmente, as organizações paraibanas têm o ser vermelho e o primeiro comando como inimigas. A organização paulista acha que os métodos violentos das organizações paraíbanas não são bons para os negócios, porque atraem a ação repressiva da polícia. O bonde do cangaço, pessoal, é uma organização criminosa menor que atua no sul da Paraíba e teria se originado de um grupo dissidente da organização Estados Unidos. O bode do cangaço tem cometido crimes também em outros estados brasileiros, como Goiás, Tocantins e Pernambuco. E é justamente para Pernambuco que vamos agora. Além da presença do bonde do cangaço, temos em Pernambuco as seguintes organizações: o Bonde dos Cachorros, Trembala, Comando Litoral Sul, Família do Norte, Ocaida, CV, o primeiro comando e o primeiro comando de São Paulo. O comando de São Paulo chegou ao estado por volta dos anos 2000, disputando espaço com organizações do Nordeste. Embora a família do Norte seja considerada uma organização extinta no Amazonas, em Pernambuco, há um grupo que se autodenomina como parte dessa organização. A disputa por territórios entre esses grupos tem trazido muita violência pro estado pernambucano. A cidade de Cabo de Santo Agostinho, localizada na grande Recife, aparece em oitavo lugar entre os municípios com maior taxa de execução por 100.000 habitantes. A organização Trembala, Comando CLS, atua principalmente no litoral sul do estado, inclusive na praia de Porto de Galinhas de ter ligações com o C Vermelho e o Comando de São Paulo. Criado em 2019, essa organização tem tentado dominar também a política de algumas cidades do litoral do estado e impõe terror nos territórios que estão sob seu poder, deixando claro que quem fala com a polícia perde a vida. No Recife, ser Vermelho e o Primeiro Comando disputam territórios, aumentando os índices de violência da capital pernambucano. Vamos seguir agora pro estado de Alagoas. Nesse estado, a disputa por poder se dar entre o Primeiro Comando e o C Vermelho. Essas organizações do Sudeste chegaram em Alagoas por volta de 2010 e passaram a dominar a conversa ilegal de substâncias em Maceió e em cidades do interior do estado. Em 2017, um grupo criminoso que se denomina neutros passou a fazer oposição às duas organizações do Sudeste. Mas apesar de ter promovido uma nova reconfiguração dos presídios alagoanos, que passaram a contar com alas para colocar esse grupo, o comando do comércio ilegal de substâncias no estado está nas mãos, sim das duas organizações do Sudeste. Vamos seguir agora para o estado de Sergipe, o menor estado do Brasil. Nesse estado atuam o bonde do maluco, o ser Vermelho e o comando daqui de São Paulo. Assim como os outros estados sobre os quais já falamos, o Sergipe é palco de um conflito por território. Inicialmente essa guerra se dava entre o ser Vermelho e o comando de São Paulo. A partir de 2015, com a chegada do bonde de um maluco ao estado proveniente da Bahia ali, que faz divisa, né, um novo personagem foi introduzido e aumentou ainda mais o grau de violência. E terminamos a nossa jornada pelos estados brasileiros ali na Bahia. Para informações detalhadas sobre a atuação das organizações criminosas desse estado, vocês podem assistir o nosso dossiê sobre a Bahia, que tá muito detalhado, mas de forma mais geral, nesse estado há pelo menos 21 organizações criminosas atuando e esse é um dos motivos dos elevados índices de violência na região. Atua em território baiano o bonde do Nenguinho Bdn, o bonde do Oito de Ouro, o bonde do Ajeita, o bonde do Antônio F, o bonde do Maluco, o bonde do TG, o comando da Paz, a Catiara, Mercado do Povo Atitude, primeiro comando de Anápolis, primeiro comando de Tabuna, raio B, Real, a tropa do KLV, o MK4, DMP, Campinho, Bonde do Sage, Honda, Primeiro Comando, TCP, e CV. De acordo com o jornalista Bruno Wendel, em matéria publicada no jornal Correia em 24 horas, as primeiras organizações a surgir em território baiano foram a caveira e o comando da paz. Criado em 2007, o presídio de Salvador, o Comando da Paz, também conhecido como CP, foi um dos primeiros grupos a unir comerciantes ilegais e tentar ampliar as suas áreas de atuação. O CP passou por uma série de rachas internos que quase levou à extinção, mas em 2021 os remanescentes desse grupo fizeram aliança com membros do C Vermelho, do Rio de Janeiro e do CP e se tornou uma célula do CV na Bahia. Através das alianças com organizações locais, o CV foi se estabelecendo em baixo como Salvador e posteriormente foi ampliando seus domínios para outras partes da Bahia. Nas organizações baianas, a maior é, sem dúvida alguma, o bonde do Maluco. Há mais de uma versão sobre a origem do bonde do Maluco, mas a mais aceita é que ele tenha surgido no pavilhão 5 do presídio de Salvador, no complexo penitenciário da mata escura na Bahia em 2015. O principal rival do Bode do Maluco no estado é a organização criminosa Catiara, com quem o Bode do Maluco passou a disputar pontos de venda sobre estas listas. Essa disputa provocou várias ações violentas protagonizadas pelas duas organizações, deixando uma trilha de sangue diferente de vários bairros de Salvador. O BDM tem cerca de 15.000 integrantes na Bahia e tem estado à frente de diversos confrontos com outras organizações criminosas. Os criminosos mais cruéis da Bahia foram se filiando ao BDM e eles passaram a fazer uso cada vez maior da força para conquistar os territórios. E aí inclui muita violência. Organizando ataques em grupos chamados de bondes e fazendo uso de redes sociais para espalhar o terror psicológico, o bonde do maluco deixa um caminho de violência por onde passa. A partir desse percurso pelas organizações criminosas que dominam o território brasileiro, fica claro, pessoal, que o Estado brasileiro não está conseguindo enfrentar o crime organizado e ele tem avançado cada vez mais rápido pelos quatro cantos do país. Para o procurador jurídico da Associação Nacional de Advocacia Criminal, o Márcio Bert, as organizações criminosas, abre aspas, ocupam um vazio deixado pela ausência de políticas públicas efetivas. Elas oferecem o que o Estado nega, proteção, renda, pertencimento e justiça. Fecha aspas. Segundo ele, enquanto o poder público continua apostando exclusivamente operações em vez de políticas de base, o mapa das organizações criminosas brasileiras vai continuar aumentando, já que esses grupos oferecem uma identidade de pertencimento, algo que o estado não conseguiu oferecer, principalmente nas periferias. Carlos Amorim, um dos primeiros autores a falar sobre uma organização criminosa do cara que escreveu sobre o surgimento do Comando Vermelho, já falava lá nos anos 80 o seguinte: “Abre aspas, o crime organizado ocupa as lacunas de assistência social que o estado vai deixando para trás ao sabor da crise econômica ou da estabilidade política.” Fecha aspas. Então, o homem que escreveu sobre o surgimento da primeira facção criminosa do Rio de Janeiro, disse nos anos 80 essas palavras que continuam ressoando, reproduzindo e, infelizmente, fazendo sentido até esse exato momento que nós fizemos o nosso vídeo. Espero que vocês tenham gostado desse dossiê. Agradeço muito a nossa equipe, o Fernando e a Adriana. Adriana escreveu esse roteiro aqui praticamente sozinha, tá? De tanto pesquisa que ela fez, de vários meses pesquisando isso daí. e nós corremos atrás de toda a estrutura para conseguir gravar ele de forma diferenciada para vocês todos. Aqui nós somos uma equipe bastante reduzida e se possível vocês podem nos ajudar. O apoia-se é uma forma muito interessante de ajudar o nosso trabalho para além do Google Ads, quando a gente recebe eh fazendo os vídeos por aqui, quando passa a propaganda para vocês pelo apoio a partir de R$ 2, vocês dão uma força pra gente continuar esse tipo de pesquisa, esse tipo de trabalho que é muito difícil de se fazer e muito complexo. Então você pode nos ajudar e toda sexta-feira vocês têm um vídeo diferente como uma recompensa pelo nosso trabalho. Além disso, vocês também podem virar membros do nosso canal por menos de uma lata de refrigerante por mês. Vocês ajudam a gente produzir cada vez mais, cada vez melhor e muito desse trabalho. Um forte abraço a todos. Fui. Valeu. Até uma próxima.