Mar Negro, o Mar Mais Misterioso do Mundo
0Será que o Mar Negro realmente esconde algum segredo? Ele é um mar quase totalmente cercado por terra, conectado ao mar de Mármara pelo estreito de Bósforo e mais adiante ao mar Mediterrâneo, através do estreito de Darnadelos. Durante milênios, as pessoas cruzaram essas águas em veleiros, depois em navios a vapor, balças, cruzeiros luciosos e até submarinos, explorando cada canto do Mar Negro. Por isso, à primeira vista, parece difícil imaginar que ainda haja algum mistério escondido por ali. Olá, pessoal. Mas já pararam para pensar porque o Mar Negro é frequentemente associado ao dilúvio descrito na Bíblia? O mais impressionante é que essa ligação entre o Mar Negro e o dilúvio é real. Pesquisas científicas recentes confirmaram essa conexão com base em evidências sólidas e praticamente incontestáveis. Claro que, como sempre acontece na ciência, ainda existem estudiosos que contestam essa ideia. Seja bem-vindo ao nosso canal. Esse é o Pipa e eu sou Delca. E agora vamos juntos desvendar esse mistério. A teoria do dilúvio do Mar Negro. Essa hipótese foi apresentada pela primeira vez em 1998 pelos geólogos da Universidade de Colúmbia, William Ryan e Walter Pittman. Segundo os cálculos deles, cerca de 7600 anos atrás, o fim da última era do gelo provocou o derretimento da geleiras, o que fez com que o nível dos oceanos e do mar Mediterrâneo subisse repentinamente. A água do Mediterrâneo, agora em elevação, primeiro rompeu o íntimo rochoso, que o separava do mar de Mármara, criando estreito de darnadelos. Em seguida, a água transbordou do mar de mármara e rompeu a barreira que a separava do Mar Negro, formando estreito de bósforo. Por esse novo canal, uma enorme quantidade de água salgada do Mediterrâneo começou a invadir o Mar Negro. Naquela época, o nível do mar global era cerca de 100 m mais alto do que o do Mar Negro, o que tornou o evento uma catástrofe de proporções colossais. A quantidade de água que fluía diariamente para o Mar Negro chegava a cerca de 42 km cic, o que equivale a 200 vezes o volume de água que hoje passa pelas cataratas do Niagara. É difícil até imaginar uma cena tão grandiosa como essa. Segundo os geólogos americanos, essa verdadeira cascata apocalíptica teria durado pelo menos 300 dias consecutivos. Claro, ninguém propor uma hipótese tão ousada se não houvesse provas concretas para sustentá-la. Ryan Pittman, os criadores da teoria, publicaram um livro reunindo todos esses dados e evidências. O título do livro é justamente Noas Flood, ou seja, o dilúvio de Noé. O ponto de partida de todas as teorias que tentam explicar as particularidades do Mar Negro é um fato innegável. Há 8.000 1 anos. Ele era um grande lago de água doce e o nível desse lago era muito mais baixo do que é hoje. Uma das hipóteses sugere que no fim da era do gelo, a água do Mediterrâneo invadiu esse lago devido à elevação do nível do mar e também a um intenso movimento tectônico que teria aberto o caminho pelo estreito de Bósforo. O mais curioso é que esse processo de salenização do Mar Negro continua até hoje. A camada superior, mais próxima da água doce, ainda ecoa pelo estreito de bósforo em direção ao Mediterrâneo. Mas nas camadas mais profundas ocorre exatamente o contrário. A água salgada e mais densa do Mar de Mármara penetra o Mar Negro e se acumula em suas regiões mais profundas. Dessa forma, duas correntes se cruzam dentro do estreito de bósforo, cada uma indo em direção oposta. No entanto, a corrente da superfície é bem mais forte do que a que vem de baixo. Isso acontece porque vários rios despejam grandes volumes de água doce no Mar Negro. Embora esses rios tragam mais água do que aquela que evapora da superfície, ainda não é o suficiente para equilibrar toda a perda de água doce. Como resultado, a água salgada continua entrando pelas profundezas e empurrando a água doce para fora, tornando o Mar Negro cada vez mais salgado. O grande dilúvio de Noé. Mas afinal, por que o dilúvio entra nessa história? Segundo Ryan Pitman, o grande dilúvio teria origem nesse gigantesco alagamento do Mar Negro. E é bem provável que o enorme fluxo de água que criou o estreito de bósforo tenha dado origem a diversos relatos e mitos. Isso porque as margens do lago, que existia onde hoje é o Mar Negro, havia todas as condições ideais para os primeiros homo sapiens e até para neandertais antes deles se estabelecerem. A fertilidade dessas terras era compatível a de regiões como a Mesopotâmia e o Egito, onde surgiram as primeiras civilizações. Os assentamentos antigos encontrados nas margens do Mar Negro mostram que nossos ancestrais viviam ali de forma próspera durante o início do neolítico, pouco antes do que seria o tal dilúvio. Em outras palavras, enquanto grande parte da Europa ainda estava coberta por gelo, as regiões ao norte do Mar Negro já ofereciam condições de vida surpreendentemente agradáveis para a época. Um dos achados mais notáveis desse período é um túmulo de um jovem casal neolítico. A jovem enterrada ali teria sido uma espécie de sacerdotisa. Isso porque seu osso do dedo mínimo havia sido removido, algo que provavelmente tinha um significado ritual. E o mais marcante é que esse enterro aconteceu pouco antes do grande dilúvio. De acordo com o livro de geólogos americanos, a água avançava a uma velocidade impressionante, cerca de 400 m por dia. Era o equivalente a 200 cataratas no Niaágara despejando água pelo estreito de Bósforo, fazendo o nível do Mar Negro subir em média 35 cm por dia. Como resultado, o litoral do Mar Negro avançou quase 100 km ao norte e a antiga linha costeira foi completamente engolida pelas águas. Um dos indícios dessa antiga costa são fósseis deas fluviais ramificados, formados pelos rios que desembocavam no antigo lago. Em 1998, uma equipe de exploração liderada por Jiles Licolis, com apoio de William Ryan, analisou 4500 km do fundo do Mar Negro para tentar identificar os traços dessa costa submersa. Usando sonares multifixe e sensores sísmicos, eles conseguiram localizar o antigo litoral e os sedimentos encontrados confirmaram a transição abrupta entre uma camada típica de água doce, com materiais de cerca de 7 a 8.000 1 anos e uma camada de origem marinha contendo moluscos de água salgada, o que reforça a teoria de Ryan Pitman sobre o dilúvio. É claro que um evento tão extremo ficou gravado na memória coletiva, primeiro transmitido oralmente e depois por escrito, sendo passado de geração em geração até chegar a nós como grande dilúvio. No entanto, os estudos mais recentes mostram que o evento teria ocorrido cerca de 1000 anos antes do que se pensava. Em amostras colhidas entre 15 e 2.200 m de profundidade, foram encontrados depósitos de lago, contendo grandes quantidades de conchas de molculos do gênero monodána, típico de água doce, datadas de 7500 anos atrás. Também foi identificado que entre esses moluscos e os organismos marinhos atuais houve um período de transição com espécies intermediárias. Com base nesses dados, pesquisadores franceses concluíram que o dilúvio teria acontecido h cerca de 8500 anos. A teoria da elevação gradual do nível do mar. Apesar de existirem evidências aparentemente muito convincentes de que ocorreu uma inundação catastrófica, também há uma teoria segundo a qual o nível do Mar Negro subiu de forma gradual e ela também é sustentada por fatos bastante plausíveis. Essa teoria está relacionada ao derretimento das geleiras no fim da última era glacial, processo que teria começado há cerca de 2000 anos e continuado com alguns retrocessos até os dias de hoje. A água resultante do degelo fluiu para todos os grandes corpos da água do planeta e entre esses o maior da região do Mar Negro era e ainda é o Mar Cáspio, com uma área de cerca de 370.000 km². Por isso, quando as geleiras e o permafroste das várias planícies ao redor do cáspio começaram a derreter, o nível desse mar subiu cerca de 45 m, ultrapassando o nível do mar. Só para comparar, atualmente o Mar Caspe está 28 m abaixo do nível do mar. E quando as águas do Caspio alcançaram o nível do rio Manique, que liga o mar CP ao mar de Azov, elas transbordaram em direção ao Mar Negro. Essa água doce passou por um estreito chamado estreito de Cavalinski, formado na época, e foi desaguar no Mar Negro. No entanto, segundo essa hipótese, o nível do Mar Negro parou de subir ou atingir o nível do estreito de Bósforo. Isso porque a água excedente passou a escoar pelo estreito de Bósforo em direção ao Mar Mediterrâneo. Há também evidências diretas de que as águas do Mar Negro chegaram até o Mar de Mármara. Moluscos e microorganismos típicos da Baia do Mar Negro foram encontrados nos sedimentos marinhos no Mar de Mármara. A introdução dessa segunda hipótese com o Mar Cpio como protagonista deu origem a um acalorado debate entre os pesquisadores. Inclusive, uma editora de Nova York publicou uma coletânea de artigos científicos intitulada A questão da inundação do Mar Negro, onde diferentes especialistas defendem pontos de vista bastante variados. Mas o que ainda não está claro é como o Mar Negro se tornou salgado após a entrada em massa da água doce do Mar Cáspio. Porém, se lembrarmos que o fundo do Mar Negro passou a receber águas salgadas pelo estreito de Bósforo e que esse processo dura pelo menos 7500 anos, a salenização gradual do mar começa a fazer mais sentido. Diante desse impasse entre a teoria da inundação abrupta e da elevação progressiva do nível de água, é possível que a verdade esteja justamente no meio do caminho. Talvez o que aconteceu foi uma combinação dos dois fatores principais, o fluxo repentino de água que formou o estreito de bósforo e o fluxo mais lento das águas do CP pela planície do rio Manique. Ainda assim, parece que a teoria da inundação do Mar Negro continua tendo um pouco mais de peso no debate científico. Mas então, por que será que quase não existem vestígios de assentamentos neolíticos naquela faixa fértil da Terra com mais de 100 km de largura entre o litoral atual e o litoral anterior do oloceno? Se essa região foi subitamente submersa, deveríamos encontrar muitos traços da presença de homo sapiens ou de até neandertais por ali. No entanto, esses vestígios simplesmente não aparecem. Segundo alguns especialistas, a explicação pode ser o fato de que esses assentamentos estão submersos e soterrados por camadas espessas de sedimento. Claro que seria possível tentar localizá-los por meio de perfurações, mas como escolher o ponto exato para perfurar? Seria como tentar encontrar uma agulha num palheiro. Só nos resta torcer para que algum dia alguém encontre uma solução para esse dilema. E se você curtiu o nosso vídeo de hoje, não esqueça de deixar seu like e compartilhar em suas redes sociais. Muito obrigado por assistir. Um forte abraço e até a próxima, pessoal. Tchau. Tchau.