Maravilhas da Escócia | Os Lugares mais Incríveis da Escócia | Guia de Viagem 4K
0Escócia.
Terra de ilhas nebulosas, terra de costas recortadas,
terra de castelos antigos e tradições. Uma chuva fina molha vales antigos.
Um som de gaitas de fole, ecoa pelas ruas. As águas escuras dos lochs
refletem céus infinitos. Bem-vindos à Escócia.
Bem-vindos, à terra do whisky. Conhecida por suas paisagens únicas, este é
um lugar onde o tempo flui no ritmo das marés atlânticas, onde mais de setecentas e noventa
ilhas pontilham águas de cor azul profundo, e onde o gaélico ainda ressoa como um canto antigo.
Mas vamos começar do início. A Escócia se estende como um mosaico geológico
acima da Inglaterra, dividida em três regiões distintas, que narram a história da própria Terra.
As Highlands setentrionais guardam rochas antigas de três bilhões de anos,
testemunhas de um planeta primordial, enquanto o “Central Belt” revela os tesouros do
subsolo com seus depósitos de carvão e ferro, que forjaram o destino industrial da nação.
Ao sul, as Southern Uplands, por sua vez, erguem-se como suaves colinas sedimentares,
numa paisagem que parece pintada com pinceladas de verde esmeralda.
Nesta terra, a natureza esculpiu duas costas completamente diferentes.
A oriental, doce e acolhedora com suas praias arenosas que se estendem em direção ao Mar
do Norte, e a ocidental, selvagem e recortada, onde fiordes profundos escavados por glaciares
antigos mordem a terra como cicatrizes divinas. Aqui, o próprio clima reflete
essa dualidade geográfica. Enquanto o oeste, acariciado pela corrente
atlântica, envolve as ilhas num abraço úmido e chuvoso, o leste presenteia jornadas
mais secas e ensolaradas, como se duas almas diferentes convivessem sob o mesmo céu.
Nesta paisagem extraordinária, além disso, a população é de cinco milhões
e quinhentos mil habitantes, e se concentra principalmente no Central
Belt, entre Edimburgo e Glasgow, deixando que as vastas Highlands, que aliás representam
cerca de dois terços do território escocês, mantenham a densidade populacional mais
baixa da Europa, criando um silêncio que amplifica a voz do vento e das tradições.
Esta baixa densidade populacional é confirmada também pelas mais de setecentas e noventa
ilhas que pontilham as águas escocesas, das quais apenas cerca de noventa são habitadas,
mas cada uma guarda uma cultura local distinta. Skye, Mull, Arran, as Orkney e as Hébridas
Externas são mundos à parte; lugares onde as tradições vivem ainda no cotidiano, onde o gaélico
escocês ainda ressoa, mantendo viva uma parte fundamental da identidade cultural escocesa.
Continuando, esta nação guarda noventa por cento das águas doces do Reino
Unido, graças aos seus mais de trinta mil lagos, chamados “lochs”, e que frequentemente refletem
céus tempestuosos e montanhas majestosas. Loch Lomond, por exemplo, é o lago maior
em superfície, enquanto Loch Ness esconde em suas profundezas não apenas lendas antigas,
mas também o maior volume de água doce da nação. E depois existem os clãs escoceses, que
ainda existem e têm chefes reconhecidos. Cada clã tem seu próprio tartan, ou seja,
aquele motivo distintivo da saia tradicional chamada “kilt”, que originalmente nasceu como
vestimenta prática para os pastores das Highlands. Era uma espécie de cobertor
envolvente, que permitia liberdade de movimento entre as charnecas,
e podia transformar-se em abrigo noturno. Hoje, justamente os motivos na saia ainda
contam histórias de pertencimento e honra, enquanto muitos castelos permanecem ainda
habitados pelas famílias originárias. Por fim, o uísque escocês, que é o precioso
Scotch, não é simplesmente uma bebida, mas uma verdadeira arte cultural, que se expressa
através de diferentes regiões produtoras, cada uma com seu próprio caráter distintivo, das
notas turfosas das Ilhas Hébridas aos sabores delicados das Lowlands.
A Escócia, portanto, é muito mais que uma simples nação.
É um mundo inteiro; um lugar que continua a contar sua história antiquíssima a quem quer
que a visite ou tenha vontade de descobri-la. Mas agora, vamos à descoberta dos
lugares mais incríveis desta terra. Edimburgo
A capital escocesa é uma cidade que impressiona à primeira vista.
Edimburgo ergue-se sobre sete colinas vulcânicas, e cada canto conta séculos de história.
O centro se divide em duas partes completamente diferentes: a Old Town medieval,
com o Castelo que domina do alto de sua rocha, e a New Town do século dezoito, com ruas retas
e elegantes que parecem desenhadas com régua. A Royal Mile é a rua mais famosa.
Liga o Castelo, que parece emergir diretamente da rocha, até o palácio de Holyroodhouse através
de um quilômetro de paralelepípedos e história. A arquitetura de Edimburgo
conta duas épocas diferentes. Na Old Town os palácios se elevam até quatorze
andares, verdadeiros arranha-céus do Medievo, construídos em pedra escura.
Na New Town, ao contrário, dominam as casas georgianas de arenito dourado, com suas fachadas simétricas e as portas
coloridas, que criam vistas de cartão-postal. Mas para compreender verdadeiramente
Edimburgo é preciso subir no Arthur’s Seat, o vulcão antigo de duzentos e cinquenta e
um metros de altura que vigia a capital. Do seu cume se vê toda a cidade estendida embaixo,
com o Mar do Norte que brilha no horizonte. É talvez esta, a vista mais bela da Escócia. Ilha de Skye Onde a Escócia encontra o Atlântico, ergue-se
uma ilha que parece saída de um sonho céltico. Skye, a maior das Hébridas Internas, é um mundo
à parte, feito de montanhas que desafiam o céu, e costas que se fragmentam em
mil pedaços contra as ondas. O vento parece sussurrar histórias antigas
enquanto se dirige para Neist Point, o promontório mais ocidental da ilha.
Aqui, a terra mergulha no oceano com uma dramaticidade de tirar o fôlego.
O farol branco, solitário desde mil novecentos e nove, vigia penhascos vertiginosos,
onde nidificam os papagaios-do-mar e as gaivotas. Há também o Old Man of Storr, que se ergue com
seus pináculos rochosos que parecem dedos de gigantes apontados para o céu, enquanto nas Fairy
Pools cascatas cristalinas correm entre as rochas, criando piscinas naturais onde segundo a
lenda, ainda se banham as fadas das Highlands. Cada vale esconde castelos em ruínas e lagos,
onde se espelha um céu em perene transformação. Skye não é apenas um lugar, é uma emoção
que se grava na memória, para sempre. Loch Ness Nas profundezas deste lago de trinta e sete
quilômetros de comprimento, alguma coisa se move. Ou pelo menos assim querem acreditar
milhões de pessoas que há décadas escrutinam suas águas escuras, esperando entrever
Nessie, o monstro mais famoso do mundo. Mas além do mito, este lago glacial nas
Highlands esconde uma beleza selvagem, que não precisa de criaturas
lendárias para encantar. Suas margens são abraçadas
por florestas de pinheiros, onde ressoam os chamados dos cervos vermelhos, enquanto castelos antigos como o de Urquhart
emergem da neblina matinal, quase como fantasmas. O lago, além disso, contém mais água que
todos os lagos ingleses e galeses juntos, e é justamente esta vastidão, talvez,
que torna crível qualquer mistério. As águas, de fato, atingem os duzentos e
trinta metros de profundidade, criando um mundo submarino ainda amplamente inexplorado.
Mas acredite-se ou não no monstro “Nessie”, uma coisa é certa: aqui, a natureza criou
um espetáculo que supera qualquer fantasia; aqui, cada ondulação da água pode acender a
imaginação e nos fazer voltar a ser crianças. Stirling
Sobre uma rocha vulcânica que domina a planície, ergue-se o castelo onde nasceu e viveu Maria
Stuart, que foi a rainha mais trágica da Escócia. Stirling foi definida “a chave da Escócia”,
porque quem controlava esta cidade controlava a passagem entre as Lowlands e as Highlands.
Das muralhas do castelo, o olhar abraça o campo de batalha de Bannockburn, onde em mil
trezentos e quatorze foram derrotados os ingleses, conquistando a independência escocesa.
A pouca distância, a antiga Church of the Holy Rude testemunha séculos de
história com suas muralhas góticas, enquanto o cemitério circundante guarda os túmulos
de gerações de escoceses que serviram a coroa. Mas é outra figura que domina o horizonte, ou seja, a torre de sessenta e sete metros do
Wallace Monument, dedicada a William Wallace, o herói nacional que liderou a resistência
escocesa contra a invasão inglesa no século treze. Do cume, além disso, o panorama se estende
até as primeiras montanhas das Highlands. Stirling portanto não é apenas história,
é o símbolo da alma indomável da Escócia, onde cada pedra grita liberdade, mas
com o sotaque de gerações de patriotas. Glencoe
Imaginem um vale, onde o tempo parece ter parado no século treze.
Glencoe se abre diante de vocês como uma ferida na terra, escavada pelas geleiras
e banhada pelo sangue da história. Aqui, em mil seiscentos e noventa e dois,
aconteceu um dos massacres mais infames da Escócia: os Campbell trucidaram por traição os
MacDonald que os haviam hospedado, violando as sagradas leis da hospitalidade das Highlands.
Mas Glencoe é muito mais que uma tragédia. Suas montanhas se erguem como guardiões,
com as Three Sisters, que são três enormes picos rochosos, que dominam o vale.
Cada curva da estrada revela panoramas de tirar o fôlego, com cascatas que despencam das paredes
verticais, charnecas que se tingem de violeta no verão, e lagos que refletem um céu sempre mutável.
E então, quando a neblina desce dos cumes e envolve o vale, compreende-se por que
este lugar inspirou lendas e pesadelos. Glencoe não é apenas um
destino, mas uma experiência, que nos deixa com a consciência de
ter caminhado na própria história. Saint Andrews O perfume salgado do oceano, aqui se
mistura com o incenso das ruínas góticas. Saint Andrews não é apenas uma
pitoresca cidadezinha universitária debruçada sobre o Mar do Norte, mas
é o coração espiritual da Escócia, onde cristianismo e tradição
acadêmica se entrelaçam há séculos. As ruínas da catedral, outrora a maior
da Escócia, erguem-se contra o céu. Foi destruída em mil quinhentos e cinquenta
e nove pelos reformadores protestantes, mas suas muralhas continuam a contar
histórias de peregrinações e fé. A poucos passos, a University of
St Andrews, que é a mais antiga da Escócia desde mil quatrocentos e treze, hospeda
estudantes que caminham sobre os paralelepípedos vestindo as tradicionais togas vermelhas.
Mas Saint Andrews esconde outro segredo. Aqui, de fato, nasceu o golfe.
O Old Course, com seus fairways modelados pelo vento marinho, é o
campo de golfe mais famoso do mundo. Todo golfista sonha em jogar aqui,
onde tudo começou no século quinze. William e Kate, por exemplo,
se conheceram justamente aqui, acrescentando um toque de conto de
fadas moderno a esta cidade sem tempo. Fort William Aos pés do gigante das Highlands
britânicas, que é Ben Nevis, Fort William os acolhe como base
para aventuras que roçam o céu. O gigante Nevis, com seus mil trezentos
e quarenta e cinco metros, é a montanha mais alta do Reino Unido; um colosso que
pode passar de clima mediterrâneo na base, ao clima ártico no cume, mesmo em pleno verão.
A subida requer seis a oito horas e uma boa dose de respeito, para uma
montanha que já ceifou vítimas. Mas quem alcança o cume é
recompensado com panoramas que se estendem até as ilhas do Atlântico.
Em gaélico se chama montanha venenosa, mas é um nome que trai o respeito ancestral
dos highlanders por este cume caprichoso. A poucos quilômetros, além disso, as cascatas de
Steall se lançam por cento e vinte metros num vale que parece saído diretamente do Senhor dos Anéis.
Fort William, portanto, não é apenas uma cidade, mas a porta de entrada para a
última fronteira selvagem da Europa. Glasgow Esqueçam a imagem cinza e industrial de Glasgow, porque hoje pulsa de energia criativa,
como poucas cidades no mundo. Em suas ruas ressoam os acordes
de bandas que fizeram a história, enquanto murais coloridos transformam cada canto
da cidade numa galeria de arte a céu aberto. A majestosa Catedral gótica de St. Mungo
domina a cidade há quase oitocentos anos, enquanto pouco distante a Necrópole Vitoriana
se ergue sobre uma colina como uma espécie de “cidade dos mortos”, com mausoléus e monumentos
que contam a glória dos comerciantes da época. Mas é no West End que Glasgow mostra seu
rosto mais autêntico, com mercadinhos vintage, pubs históricos e a gótica University
of Glasgow, onde estudou Adam Smith. Por fim há também o rio Clyde, outrora artéria
da indústria naval que construiu o Titanic, e que hoje reflete as arquiteturas futurísticas. Glasgow é uma cidade que soube se reinventar,
sem perder sua alma working-class. Castelo de Eilean Donan
Sobre uma ilhota rochosa, onde três lochs se encontram, ergue-se
o castelo mais fotografado da Escócia. Eilean Donan parece flutuar sobre a água,
ligado à terra firme por uma ponte de pedra, que aparece e desaparece com as marés.
Construído no século treze para defender-se das incursões vikings, este castelo
viveu cercos, traições e destruições. Em mil setecentos e dezenove foi arrasado
depois de ter hospedado soldados espanhóis em revolta contra o governo britânico, e por
dois séculos permaneceu em ruínas, até quando um tenente-coronel da família MacRae o reconstruiu
pedra por pedra, seguindo os projetos originais. O resultado é uma joia arquitetônica, que
serviu de cenário para diversos filmes, embora nenhum diretor possa competir com os
espetáculos naturais que aqui se sucedem. De fato há auroras boreais visíveis das
torres, neblinas que envolvem o castelo como mantos encantados, e pores do sol que
incendeiam o loch transformando-o em ouro. Eilean Donan é a verdadeira
Escócia, que se torna poesia. Parque Nacional dos Cairngorms
Imaginem uma área selvagem grande quanto Luxemburgo, onde se pode caminhar
por dias, sem encontrar alma viva. Os Cairngorms são o último baluarte
da Escócia selvagem, um planalto sub-ártico onde vivem ainda criaturas que
em outros lugares são apenas lembranças, como linces, gatos selvagens e águias-do-mar. Quatro das cinco montanhas mais
altas da Escócia se encontram aqui, incluindo o Cairn Gorm, que dá nome ao parque.
Estes cumes, modelados por glaciações milenares, escondem circos glaciais onde
a neve resiste até o verão. Há também os antigos pinheiros da Caledônia,
que são os sobreviventes da floresta escocesa original, e criam habitats naturais
habitados por esquilos vermelhos e cervos. E é justamente a fauna que torna único este lugar.
As renas, reintroduzidas nos anos cinquenta, pastam hoje nos planaltos como
nos tempos da Era Glacial. Nas noites sem lua, além disso, diz-se que ainda se pode ouvir o uivo dos
lobos fantasmas, extintos já há séculos, mas nunca esquecidos por estas montanhas
que guardam os segredos da antiga Escócia. Viaduto de Glenfinnan Vinte e um arcos de pedra se curvam
por trezentos e oitenta metros, através de um vale de tirar o fôlego.
O viaduto de Glenfinnan é a joia da West Highland Line, uma das ferrovias mais
espetaculares do mundo, que se insinua por duzentos e sessenta e quatro quilômetros
através das Highlands escocesas mais selvagens. Esta linha ferroviária, completada em mil novecentos e um, representa um
milagre da engenharia vitoriana, que transformou um território impraticável
num corredor de beleza único no mundo. Seus construtores tiveram que enfrentar turfeiras,
montanhas e lagos, usando apenas cimento, areia e pedras locais para criar uma estrutura
que se funde perfeitamente com a paisagem. A zona de Glenfinnan, além disso, é famosa
pelo viaduto tornado célebre por Harry Potter, onde passa o Expresso de Hogwarts cinematográfico, o qual oferece aos passageiros um espetáculo
maravilhoso que une história e natureza. De fato, sob os arcos, o Loch Shiel se estende
em direção ao horizonte, enquanto ao redor as Highlands desenham perfis majestosos, que
se perdem na neblina dos cumes distantes. Ilhas Hébridas Externas Aqui, termina a Europa e começa o infinito.
As Hébridas Externas são uma cadeia de ilhas que flutuam no Atlântico, como
pedras esquecidas por um gigante. Lewis, Harris e Uist; são nomes
que sabem a vento e sal marinho. Estas ilhas ainda falam gaélico,
de fato nos pequenos vilajeros, as placas de trânsito são escritas primeiro
nesta antiga língua céltica, depois em inglês. Nestas ilhas, além disso, no domingo tudo para,
porque é o dia do Senhor nestas comunidades presbiterianas entre as mais devotas da Europa.
E depois há as praias, que não parecem escocesas. Luskentyre, na ilha de Harris, exibe areia branca
e água turquesa que faria inveja ao Caribe. A diferença está apenas na temperatura
da água, que os lembrará rapidamente onde vocês realmente estão.
Mas é em Callanish, em Lewis, que se compreende verdadeiramente a alma
destas terras, com círculos de pedra que emergem da charneca, mais antigos que
Stonehenge e igualmente misteriosos. Aqui, entre fé cristã e memória pagã, as
Hébridas mostram sua verdadeira natureza: ilhas onde o passado nunca morre, mas continua
a viver no vento, que nunca para de soprar. Loch Lomond Um espelho d’água, que fez apaixonar
gerações de escoceses e viajantes. Loch Lomond é o lago maior da Grã-Bretanha em
superfície, com setenta e um quilômetros quadrados de água doce engastada entre colinas
suaves e montanhas dramáticas. Mas sua verdadeira magia está nas
trinta e oito ilhas, espalhadas como confetes sobre sua superfície.
Inchmurrin, a ilha maior, hospeda ruínas de castelos e cervos
que nadam de uma margem à outra, enquanto nas águas vivem salmões e
trutas que sempre atraem pescadores. A margem oriental é suave e acessível,
perfeita para piqueniques e caminhadas, enquanto a ocidental se torna selvagem, com
montanhas que mergulham diretamente na água. O lago marca a fronteira entre
as Lowlands e as Highlands, portanto passar por aqui significa entrar numa
outra Escócia, aquela das lendas e dos clãs. Não por acaso os escoceses dizem que quem
não viu Loch Lomond, não viu a Escócia. Inverness
Bem-vindos, à capital das Highlands. Inverness é a cidade onde os escoceses do
norte vêm fazer compras, onde os turistas fazem base para explorar os mistérios
de Loch Ness, e onde história antiga e vida moderna se misturam sem esforço.
O rio Ness atravessa o centro da cidade, criando uma atmosfera quase continental.
Ao longo de suas margens se passeia, entre restaurantes gourmet e lojas de artesãos.
O castelo de Inverness, além disso, construído sobre uma colina que domina a
cidade, é relativamente jovem, de fato remonta a mil oitocentos e trinta e
seis, mas se ergue sobre o sítio de uma fortaleza que viu passar séculos de história escocesa.
Daqui partem todas as estradas que levam às ilhas, ou aos castelos perdidos, ou aos campos de
batalha onde se decidiu o destino da Escócia. Inverness na realidade não é um
destino, mas um ponto de partida. Mas é sem dúvida também um lugar onde parar, para respirar o ar das Highlands e compreender o
que significa ser escocês no século vinte e um. Ilha de Mull Mull acolhe com o perfume de
algas, e o grito das gaivotas. Esta ilha das Hébridas Internas é
um concentrado de Escócia selvagem, a apenas quarenta minutos de balsa da terra firme.
Suas costas recortadas escondem baías secretas, onde focas cinzas tomam sol sobre os rochedos.
No interior, por sua vez, águias-do-mar de asas enormes planam sobre os lochs
glaciais, em busca de salmões. Tobermory, o porto principal, exibe
casas coloridas que se espelham na água, e este espetáculo inspirou até
mesmo uma série para crianças. Mas Mull guarda um tesouro ainda mais precioso,
sendo a porta de acesso à ilha de Iona, onde em quinhentos e sessenta e três depois
de Cristo São Columba fundou um mosteiro, que se tornou o centro do cristianismo céltico. Aqui, estão sepultados quarenta
e oito reis da Escócia. Mas o verdadeiro lado selvagem da ilha o
encontramos em suas montanhas, onde vivem cervos vermelhos, gatos selvagens e martas, por isso
para os amantes da natureza, Mull é um paraíso. Castelo de Dunnottar Sobre uma rocha que desafia o oceano de
cinquenta metros de altura, ergue-se um dos castelos mais espetaculares do mundo.
Dunnottar parece crescer do próprio penhasco, como se a natureza e o homem tivessem
colaborado, para criar algo impossível. Para alcançá-lo é preciso descer uma trilha
íngreme, que serpenteia ao longo da costa. Cada passo leva mais perto de mil e
quatrocentos anos de história escocesa, onde se esconderam as joias da coroa escocesa
durante a invasão de Cromwell, ou onde William Wallace conquistou uma de suas primeiras vitórias.
O castelo agora é uma ruína, mas que ruína! Suas muralhas se fundem com a rocha,
criando um perfil de tirar o fôlego. Por fim, nos dias de tempestade,
as ondas do Atlântico se quebram contra a base do penhasco, mandando
borrifos até as torres mais altas. Parque Nacional dos Trossachs
Onde a região das Lowlands encontra a das Highlands, abre-se um mundo
encantado, feito de lagos e florestas, que parecem saídos de um conto de fadas céltico.
Os Trossachs são a Escócia em miniatura, tudo o que sonham ver na Escócia, mas
concentrado numa área grande como Roma. Aqui, se sucedem diversas joias d’água,
entre as quais está o Loch Lomond, que é o maior e mais celebrado, todos contornados
por bosques que esperam apenas ser descobertos. Além disso, as montanhas não são
altíssimas, mas têm personalidade. Ben Venue por exemplo, significa
“montanha pequena” em gaélico, mas a vista de seu cume abraça um mosaico de lagos
e vales, que faz esquecer o cansaço da subida. Nos Trossachs, portanto, cada trilha conta
uma história, cada loch esconde uma lenda. Portree O porto mais belo das Highlands,
os espera na ilha de Skye, com suas casas coloridas que se debruçam
sobre uma baía protegida pelas montanhas. Portree, que em gaélico significa “porto do rei”, deve o nome a uma visita de Jaime
Quinto em mil quinhentos e quarenta. As casas da orla marítima parecem
saídas de um livro de contos de fadas, com cores rosa, amarelas, azuis, verdes.
Cada uma tem uma história, cada uma hospeda famílias que vivem aqui há gerações.
O porto por sua vez fervilha de barcos de pesca, que trazem lagostas e caranguejos frescos
diretamente aos pratos dos restaurantes locais. Daqui partem também as excursões em direção às
maravilhas de Skye: como o Old Man of Storr, que é uma agulha de rocha de cinquenta metros de altura
que desafia a gravidade; ou o Quiraing, que é uma paisagem lunar criada por deslizamentos antigos;
ou ainda as Fairy Pools, que são laguinhos turquesa onde se diz que fazem banho as fadas.
Mas Portree tem um encanto todo seu. Justamente à noite, quando as luzes
se acendem e se refletem na água, esta pequena capital das Hébridas Internas,
se torna o lugar mais romântico da Escócia. Ilha de Arran “A Escócia em miniatura”, assim
chamam esta ilha, e não é exagero! Em apenas quatrocentos e trinta quilômetros
quadrados, esta ilha do “Firth of Clyde” encerra tudo o que torna única a Escócia:
castelos, destilarias, montanhas, praias, e uma natureza selvagem que os fará esquecer
de estar a apenas uma hora de Glasgow. O norte da ilha é em estilo Highland
puro, com montanhas pontiagudas, glens selvagens e o castelo de Lochranza
que emerge das neblinas matinais, como um fantasma de pedra.
O sul é por sua vez mais doce, com colinas verdes onde pastam as
ovelhas de longas madeixas avermelhadas. Aqui, a destilaria de Lochranza produz um dos
uísques mais apreciados da Escócia, enquanto os queijos são famosos em todo o Reino Unido.
Mas a verdadeira riqueza da ilha são seus habitantes… cerca de cinco mil pessoas,
que mantêm vivas tradições antiquíssimas. Ilhas Órcades
Setenta ilhas espalhadas no oceano ao norte da Escócia, onde
o tempo parece ter parado cinco mil anos atrás. As Órcades guardam os sítios neolíticos
mais bem conservados da Europa. Skara Brae, por exemplo, que é um vilajeros
de pedra mais antigo que Stonehenge onde se pode caminhar entre casas com
camas e lareiras ainda intactas; ou há o Ring of Brodgar, um círculo de pedras
monumentais que se ergue misterioso na charneca, testemunha de rituais antigos.
É incrível pensar que estas estruturas tenham resistido a cinquenta
séculos de tempestades atlânticas. Mas as Órcades são importantes também por suas
águas, que são um paraíso para a fauna marinha, com focas, baleias, orcas e milhões de aves
marinhas que nidificam em seus penhascos. O vento sopra sempre nestas ilhas, e os
habitantes o transformaram em energia limpa, produzindo mais eletricidade do que consomem,
exportando o excesso para a Escócia continental. Bealach Na Ba (Applecross)
Esta, é a estrada mais espetacular das Highlands britânicas. Bealach Na Ba, que em gaélico significa “passo
dos bovinos”, é uma fita de asfalto que se arrasta por seiscentos e vinte e seis metros de altitude,
com curvas fechadas de tirar o fôlego e panoramas que os farão esquecer o medo.
Esta estrada, construída em mil oitocentos e vinte e dois, era a única via
para alcançar o remoto vilajeros de Applecross na costa ocidental, com inclinações até vinte
por cento e curvas em cotovelo impossíveis. Justamente por isso, se tornou uma
peregrinação para motociclistas e automobilistas, de todo o mundo.
Do passo, a vista abraça as ilhas de Skye e Raasay, enquanto embaixo
se estende um vale selvagem. Do outro lado, por sua vez, há Applecross… um pequeno paraíso debruçado sobre o
oceano, onde o tempo flui devagar, e onde o “Applecross Inn” serve fish and
chips com vista para as Hébridas Internas. Depois de uma estrada tão desafiadora, aquele
prato de peixe frito tem gosto de vitória! Castelo de Doune
Este castelo de pedra dourada tem um segredo: é um dos mais
famosos do cinema, sem que muitos percebam. Suas muralhas maciças e torres imponentes, serviram de cenário para filmes e
séries de TV que conquistaram o mundo. O castelo ergue-se sobre uma colina que domina um
rio e um vale verde, e foi construído seiscentos anos atrás como uma verdadeira fortaleza,
com muralhas de dois metros de espessura, torres altíssimas, e uma entrada que
parece uma armadilha para inimigos. Quem o construiu, certamente
sabia bem como se defender. Hoje, por sua vez, se tornou famoso por
dois motivos completamente diferentes. Primeiro apareceu numa comédia
britânica, depois se tornou a casa de uma família escocesa numa série de TV romântica.
Assim uma fortaleza medieval se tornou uma estrela de Hollywood, demonstrando que até as pedras
mais antigas podem conquistar corações modernos. Ullapool Um pequeno porto de pescadores, debruçado
sobre um fiorde que parece norueguês. Ullapool é a joia das Highlands ocidentais,
onde os barcos coloridos balançam num porto protegido pelas montanhas, e o perfume de
peixe fresco se mistura com o da água do mar. Fundada em mil setecentos e oitenta e oito para
desenvolver a indústria da pesca de arenques, Ullapool mantém ainda o aspecto de
um vilajeros georgiano perfeitamente conservado, com casas brancas que
se refletem na água do Loch Broom, criando cartões-postais que parecem
bons demais para serem verdadeiros. Daqui partem também as balsas para as
Hébridas Externas, mas a cidade merece uma parada prolongada, também graças aos seus
restaurantes que servem frutos do mar frescos, enquanto os pubs locais ressoam de
música tradicional nas noites de verão. E depois há também um museu, que conta a história
desta comunidade, ou se pode tranquilamente passear ao longo do porto no pôr do sol de
Ullapool, quando as montanhas se tingem de rosa. Pedras de Callanish Mais antigas que Stonehenge, mais
misteriosas que as pirâmides. As pedras de Callanish, na ilha de Lewis,
são um enigma de granito que desafia arqueólogos e visitantes há cinco mil anos.
Treze monólitos, dispostos em cruz céltica, com um círculo central que guarda uma tumba neolítica.
Mas por que nossos ancestrais transportaram estas pedras enormes até aqui?
Para observar as estrelas? Para rituais religiosos? Para marcar o território?
Ninguém sabe com certeza. O que sabemos é que a cada dezoito anos e meio, a
lua cheia parece “caminhar” ao longo do horizonte sul, tocando as colinas que circundam o sítio.
Os construtores de Callanish conheciam certamente este fenômeno astronômico,
e orientaram as pedras para capturá-lo. Além disso, o nome deste sítio gaélico significa
“promontório duro”, e aqui o vento atlântico sopra sempre, trazendo neblinas que envolvem os
megálitos, e criando atmosferas sobrenaturais. Dundee
É a cidade dos três J: jute, jam e journalism – ou
seja, juta, geleia e jornalismo. Dundee foi por décadas uma cidade industrial,
debruçada sobre o estuário do Tay, famosa por ter inventado a geleia, e produzido
a lona de juta para todo o Império Britânico. Hoje se reinventou como capital
escocesa do design e da tecnologia. O novo Victoria & Albert Museum,
transformou o waterfront da cidade numa destinação cultural de nível mundial, mas
Dundee mantém seu caráter de classe operária. Em seus pubs, de fato, ainda
se bebe a cerveja local, e se contam histórias de quando as fábricas
de juta empregavam milhares de operários. Há também o Discovery, que é o navio com o
qual o capitão Scott explorou a Antártida, e está ancorado no porto, tendo
se tornado um museu flutuante. Aberdeen
A cidade de granito debruçada sobre o Mar do Norte, tem
um porto que conta duas Escócias diferentes. De um lado os barcos de pesca que ainda
trazem bacalhau e hadoque frescos, do outro os navios de apoio, que servem as
plataformas petrolíferas do Mar do Norte. Aberdeen é a capital europeia do petróleo
offshore, mas mantém sua alma marinheira, de fato o velho porto de pescadores, com suas casas de granito cinza convive com as
estruturas modernas da indústria petrolífera. Ao longo da Union Street, por sua vez,
que é a avenida principal, ainda há lojas de pesca ao lado de boutiques de luxo.
A própria cidade é uma joia de arquitetura granítica, onde palácios oitocentistas e
igrejas góticas criam uma paisagem urbana única, que resplandece com mil nuances de cinza
quando os raios do sol atingem a pedra local. Aberdeen é uma cidade que trabalha, que
produz, que nunca para, e seu porto é o coração pulsante de uma economia, que olha
para o futuro sem esquecer suas raízes. Ilha de Islay
Bem-vindos à Meca do uísque escocês. Islay é uma ilha das Hébridas Internas,
que hospeda nove destilarias em apenas seiscentos e vinte quilômetros quadrados.
Aqui, o uísque tem um sabor que divide o mundo, entre quem o ama e quem o odeia, e
justamente por isso as destilarias da ilha produzem alguns dos uísques
mais característicos em absoluto. Seu segredo é a turfa, aquele combustível
fóssil que é queimado para secar a cevada maltada, conferindo ao destilado
notas defumadas inconfundíveis. Além disso, as costas hospedam vinte mil gansos
selvagens que chegam do Ártico todo inverno, criando um espetáculo natural extraordinário.
Continuando, a ilha tem uma população de apenas três mil habitantes, mas durante o
festival anual do uísque, chegam milhares de apaixonados de todo o mundo, e por uma semana
se torna incrivelmente animada e ensurdecedora. Plockton Acomodado nas margens de um fiorde
escocês, este pequeno vilajeros das Highlands é um canto de paraíso inesperado.
Conhecido como o “Vilajeros das Palmeiras”, graças ao seu microclima ameno que
permite a estas plantas tropicais crescer em latitudes improváveis, Plockton
parece pintado por um artista romântico. Suas casinhas coloridas se espelham
nas águas tranquilas do Loch Carron, enquanto ao fundo, as montanhas
escocesas criam uma moldura dramática. Aqui, o tempo flui devagar no ritmo das marés.
Os pescadores retornam com sua pescaria, alimentando os restaurantes locais
com frutos do mar fresquíssimos. As excursões de barco para avistar as
focas, ou as caminhadas ao longo da costa, oferecem um contato íntimo com
uma natureza selvagem e intocada, presenteando os visitantes com uma
experiência de paz e beleza sem par. Concluindo esta viagem visual através da
Escócia, nos deslocamos do fascínio de suas Highlands nebulosas e castelos medievais,
às cidades históricas e paisagens selvagens, explorando juntos não apenas lugares, mas também
tradições que tornam cada canto desta terra único. Esperamos que as imagens e as histórias
contadas tenham enriquecido seu conhecimento e estimulado o desejo de explorar pessoalmente
a extraordinária beleza deste fascinante país.