MATÉRIA DE CAPA | A HISTÓRIA CONTADA EM MAPAS | 03/08/2025
0[Música] Além de ferramentas úteis para orientação e planejamento, os mapas podem revelar segredos sobre o passado. Mais do que representações gráficas, são documentos que guardam informações valiosas que podem ser interpretadas para além da sua função geográfica. A cartografia é uma das fontes mais importantes que historiadores usam como respaldo para escrever a história da humanidade. Sem ela, não temos como nos guiar no tempo e no espaço. Nesta edição do Matéria de Capa, vamos conhecer mapas que mudaram a história e o nosso jeito de ver o mundo. [Música] Era o ano de 1654. Depois de 24 anos de ocupação, os holandeses deixavam o Brasil expulsos pelas forças portuguesas. E o fato foi registrado pelo integrante de uma família de cartógrafos. Autoria só recentemente comprovada. [Música] Feita em uma antiga folha de papel, o desenho mostra 16 navios da Companhia Geral de Comércio criada por Portugal avançando pelo mar. A frota completa deixou o país europeu em outubro de 1653 com mais de 60 embarcações. No mapa, fortalezas holandesas aguardam a chegada do inimigo. Elas defendem a cidade Maurícia, antiga área do período do Brasil holandês, que ocupou parte do Recife. adquirido pelo Instituto Flávia Abubakir em 2023. O último desenho sobre a retomada do Recife teve sua autoria confirmada por historiadores brasileiros. O documento foi feito em 1654 por João Teixeira Albernar II, membro de uma ilustre família de cartógrafos portugueses. No século X7, ele produziu uma série de registros e deixou quatro atlas, incluindo mapas do Brasil e da África. Outro mapa identificado recentemente pelo instituto foi produzido em 1624, retrata Salvador e foi feito por um engenheiro holandês em decorrência da invasão à Bahia. Foi o primeiro a retratar a história dos holandeses no Brasil. Dois pintores holandeses documentaram a ocupação de seu país no Brasil no século X7, principalmente em Pernambuco. [Música] Um deles foi France Post, um dos primeiros artistas europeus a relatar as paisagens do continente americano. Ele desembarcou em Pernambuco em 1637. Ele era um entre os mais de 7.000 homens a bordo de 67 navios que invadiram Recife e Olinda sob o comando de Maurício de Nassal. Ao chegar ao estado, o jovem de 24 anos começa a pintar vistas da natureza, elementos urbanos e da população, incluindo escravizados indígenas. Das 18 pinturas feitas no Brasil entre 1637 e 164, ano de seu regresso, apenas sete são conhecidas. Levados para a Europa, seus registros do novo mundo se transformaram na base de mais de uma centena de obras que criou até 1669. Na missão artístico-científica holandesa de Nassal, além de post, também vieram o desenhista e pintor Albert Eut e George Mcgraf, um cartógrafo e naturalista que mapeou a região com desenhos e observações. Cut se concentrou em retratar a fauna, a flora e os tipos humanos brasileiros, como indígenas, negros e mamelucos, como eram chamados os mestiços de branco com indígena. Embora tenham sido produzidas durante a ocupação, suas obras são importantes fontes históricas e artísticas para entender o período e a região. Aqui Ecout produziu cerca de 400 desenhos e esboços a óleo que mais tarde seriam agrupados nos volumes teatrium, Naturalum, Brasiliai e Mcelânia Cleiri. Também criou 26 telas a óleo que foram presenteadas ao rei Frederick I da Dinamarca em 1654. 24 estão hoje conservadas no Departamento de Etnografia do Museu Nacional em Copenhague. A expulsão dos holandeses foi consolidada após a batalha dos Guararapes e a assinatura de acordos entre Portugal e a Holanda, com pagamento de indenização pelos portugueses aos holandeses. [Música] Mapas apresentados na China e na Itália questionam importantes fatos históricos e geográficos. Um deles tenta atribuir a descoberta da América a um navegador chinês. A primeira foi o mapa de Soleto mais antigo sobre uma área do mundo ocidental. Feito por volta de 500 anos antes de Cristo. Foi encontrado por arqueólogos no sul da Itália. O registro mostra a região hoje conhecida como Pulha, o salto da bota da Itália. O desenho foi esculpido num fragmento de vaso de terracota do tamanho de um selo. É a primeira prova concreta de que os antigos gregos desenhavam mapas antes dos romanos. A descoberta mais polêmica questiona um fato histórico. Um mapa do início do século XV reforça uma antiga teoria de que o lendário almirante chinês Jan R teria descoberto a América antes de Cristóão Colombo. O documento encontrado é uma cópia feita em 1763 do original que teria sido produzido em 1418. A peça aponta as supostas façanhas de Zem. um explorador da dinastia Ming, que cruzou os oceanos entre 1405 e 1418. As viagens foram documentadas em um livro publicado na China por volta de 1418. O mapa foi comprado em 2001 por um colecionador chinês. Com medo de que fosse uma falsificação, o comprador pediu ajuda de especialistas em história chinesa antiga, mas não obteve muitos resultados. No final de 2009, ele leu o livro 1421. Nele, o autor afirma que os chineses chegaram à América 70 anos antes de Colombo em navios bem maiores. Após lê-lo, o colecionador ficou convencido de que o mapa era uma relíquia das viagens de Janri. Só havia um problema. O mapa era falso. Segundo o professor Alasterbone da Universidade de Newcastle, na Inglaterra, seria impossível os chineses terem tantas informações sobre o planeta sem que as várias expedições de Janim deixassem rastros. Para ele, a China detém a tradição cartográfica mais extraordinária do mundo. E as gigantescas expedições do Almirante pelo Sudeste Asiático, Península Arábica e o chifre da África trouxeram descobertas que causaram enormes impactos. Segundo o Bonnet, os chineses fizeram importantes descobertas, mas não precisavam inventar coisas, diz ele. Seus méritos se sustentam por si próprios. Apesar das teorias de que navegadores chineses escandinavos já teriam percorrido a América, o novo mundo era desconhecido dos cartógrafos europeus até o final do século XV. Acredita-se que um dos mapas usados por Colombo foi produzido por um alemão. Recentemente, o original foi restaurado com ajuda da tecnologia e revelou segredos históricos. Este mapa de 1491 é o mais bem conservado da época do navegador genovês. Segundo os historiadores, é bem possível que Colombo tenha usado uma cópia dele para planejar sua jornada. Elaborado pelo cartógrafo alemão Henrique Martl. O original era coberto de dezenas de legendas e trechos de texto em latim que esmaeceram ao longo dos séculos. Em 2018, com uma técnica que filtra informações a partir do espectro eletromagnético, pesquisadores da Universidade Americana de Rochester, chefeados por Che Vanuser, conseguiram dar nitidez aos textos e imagens da carta. Após processar as imagens por 10 dias, os cientistas descobriram novas pistas sobre as fontes que Martelos usou para produzir o mapa. É possível notar informações em latim que provavelmente foram usadas por Colombo durante os preparativos para sua viagem em 1492. Segundo a história oficial, o objetivo inicial era encontrar um novo caminho para a Ásia, criando uma nova rota comercial para compra e venda de especiarias indianas. As imagens também reforçam a ideia de que o mapa de martelos teria sido uma fonte para dois outros famosos objetos cartográficos. O mais antigo globo terrestre criado por Martin Behheim em 1492 e o mapa mundial de Martin Vald Zimler de 1507, o primeiro a chamar de América o continente do hemisfério ocidental. [Música] Daqui a pouco os mapas que mudaram nossa visão do mundo e ainda a evolução da cartografia muito antes da era dos satélites. [Música] Agora vamos conhecer alguns mapas curiosos. Eles fazem parte do livro 40 mapas que vão mudar como Você vê o Mundo, organizado pelo professor Alaster Bonet da Universidade de Newcastle do Reino Unido. Ele escolheu aqueles que mais os surpreenderam. A obra traz desde os mapas antigos até outros criados com tecnologias de última geração, tanto do nosso planeta como do espaço. No livro ele apresenta dois mapas astecas. Um é o codice Ketsa Lecatzin de 1593, feito após a chegada dos conquistadores. Um mapa que mistura a escrita azteca com textos em espanhol e no idioma originário, Nawatle, usando alfabeto latino. Segundo bonet, foi criado por uma das famílias astecas mais poderosas da época, os ketzalekatin ou leon em espanhol. Um mapa sobre a importância da água que cobre 2/3 da superfície do planeta. Em vez de usar a projeção típica, os oceanos estão no centro e os continentes nas bordas. A mensagem é de que todos os oceanos formam um único. O mapa mostra água em tons de azul claro e escuro para mostrar diferentes profundidades. Foi criado por uma equipe internacional de especialistas com o objetivo de elaborar uma carta do fundo do oceano de todo o planeta até 2030. O último mapa do livro e um dos favoritos do autor mostra o super aglomerado de Laniquia, que significa céu imenso ou incomensurável no idioma havaiano. Foi elaborado por uma equipe chefeada pelo Instituto de Astronomia da Universidade do Havaí. A imagem mostra as trajetórias migratórias das galáxias impulsionadas pelo Big Bang, formando uma espécie de rio de estrelas. Hoje, em plena era digital, a produção de um mapa é relativamente fácil. Mas e no passado, como eram feitas cartas de países e de continentes sem a ajuda de satélites, fotografia e GPS? [Música] Na antiguidade, mesopotâmios, egípcios e romanos mediam a natureza com réguas, trenas e outros métodos e faziam plantas de terrenos pequenos em placas de argila e papiros. Para áreas maiores, como uma ilha, por exemplo, era preciso dar a volta nela e rabiscar o formato enquanto ela era percorrida. Antes de saber escrever, o homem já desenhava o espaço em que vivia. Os primeiros mapas começaram a ser elaborados a cerca de 4.500 anos. Eram feitos de cerâmica, papel, bronze, cascas de coco, pedra ou com a pele de animais. O mapa mais antigo que se conhece foi feito pelos babilônios em um pedaço de cerâmica entre os séculos e 23. de. Cristo. Com apenas 7 cm, a placa de barro cozida representa o vale de um rio, provavelmente o Eufráus, cercado por montanhas indicadas na forma de escamas. Foi descoberta nas escavações das ruínas da cidade de Gassur, próxima à antiga Babilônia, em território que hoje pertence ao Iraque. A primeira tentativa de descrever o planeta foi feita pelos gregos. Por volta de 500 a de. Cristo, Ecateu de Mileto produziu aquele que é considerado o primeiro livro sobre geografia. Nele há uma representação da Terra como um disco com a Grécia no centro. No entanto, maior legado à posteridade foi dado pelo geógrafo Cláudius Pitolomeu, que escreveu um tratado em oito volumes com uma coleção de 27 mapas chamado de geografia. Um deles representava o mundo conhecido na época, com forma esférica, o mais próximo dos mapas atuais. Os outros 26 detalhavam diferentes regiões. Assim, Ptolomeu foi o autor do primeiro Atlas Universal. Durante a Idade Média, o forte sentimento religioso cristão levou os europeus a conceberem o mundo como um disco. No centro ficava Jerusalém, a Terra Santa. No século X, a confecção de mapas passou por uma evolução. Além da confirmação de que a Terra era redonda, vários fatores contribuíram para o desenvolvimento da cartografia. Em primeiro lugar, as grandes navegações exigiam mapas mais rigorosos e corretos em relação ao contorno das costas. Em segundo, a invenção da prensa e da técnica de gravação permitiu que os mapas pudessem ser reproduzidos em grande número. Baseados nos trabalhos de Petolomeu, aproveitando seus acertos e corrigindo seus erros, os cartógrafos do século X aprimoraram bastante os mapas da época. Nos séculos seguintes, os progressos da agrensura, da astronomia e da geometria ofereceram conhecimentos e técnicas para a formação de uma verdadeira ciência cartográfica baseada em cálculos complexos e rigorosos. Atualmente, a cartografia é uma ciência bastante exata e a representação do espaço é feita com grande precisão. Para identificar corretamente os elementos do espaço, hoje os cartógrafos usam fotografias aéreas tiradas de modernos e bem equipados aviões e imagens obtidas de uma altura ainda maior por meio de satélites colocados em órbita a muitos quilômetros de distância da Terra. [Música] Geógrafo, cartógrafo, teólogo e filósofo. Considerado pai da moderna cartografia, Gerardo Mercator redefiniu a forma de representar nosso mundo em duas dimensões e chegou até a enfrentar acusações de heresia. [Música] Na época em que ele veio ao mundo, o clima era de revolução cultural. Navegadores descobriam novos continentes. Nicolau Copérnico reconhecia que os planetas giravam em torno do sol. Um tio rico decidiu que ele seria sacerdote e pagou os estudos. Seguindo a moda da época, Gerhard adotou a versão latina do sobrenome mercator ou comerciante. Na Universidade de Lven, Gerardos Mercator conheceu matemáticos, cartógrafos e gravadores e aprendeu com eles os fundamentos técnicos para as atividades científicas. Tudo ia bem até que em 1544 foi acusado pela inquisição de heresia. Seus questionamentos críticos sobre a Bíblia e a ideia de que Deus pudesse ter criado o universo a partir do nada, o levaram ao cárcere por um breve período. Mercator completou a obra de sua vida meditações cosmográficas sobre a fabricação do mundo e a figura daquilo que é fabricado pouco antes de morrer. [Música] Daqui a pouco as histórias que os mapas contam. E ainda o maior mapa da idade média feito por um monge que nunca saiu de Veneza. [Música] [Música] Um mapa faz onde você está ou para onde pode ir. Toda carta conta uma história. Vamos conhecer algumas delas. Contextos do historiador Philip Parker. O livro A história do mundo em mapas apresenta documentos de civilizações antigas do período medieval até alguns dos principais eventos do século XX. Um belo exemplo de cartografia cristã. Este é o mapa munde que fica na catedral defort, no Reino Unido. Um tesouro da Idade Média mostra como os estudiosos do século XI interpretavam o mundo em termos espirituais e geográficos. No centro dele, Jerusalém, a única folha de pergaminho apresenta cerca de 500 desenhos, incluindo cidades e vilas, eventos, plantas e animais, além de estranhas feras míticas. Neste a primeira vez em que o nome América foi usado em uma carta intitulado em homenagem ao explorador italiano Américo Vespúcio, o continente aparece em uma parte da atual América do Sul no mapa Mund Valtz Miller de 1507. Os populares guias de horários ferroviários de George Bradschell, revisados e republicados muito depois de sua morte, o tornaram bastante conhecido. Mas ele também era um cartógrafo e seu mapa, de 1852, revela uma densa rede de linhas ferroviárias espalhadas por grande parte do Reino Unido. Considerando que os serviços ferroviários de passageiros eram um fenômeno relativamente recente, a explosão de ramais e linhas principais ao longo de um período de cerca de 20 anos é notável. As partes mais densas da rede eram onde a industrialização estava acontecendo a todo vapor. [Música] Vamos conhecer agora aquele que é considerado o maior mapa medieval do mundo. Seu autor nunca pôs os pés fora de Veneza. Como isso foi possível? A carta tem um diâmetro de 2,5 m e mostra todo o conhecimento geográfico da época com uma precisão surpreendente. O autor é Framauro, um monge do século XV, que nunca pôs os pés fora de Veneza. A cidade era a Nova York da época, um local para onde todos iam, onde se viviam histórias fantásticas e negócios eram fechados. Como os mapas eram fundamentais para o comércio, Veneza virou a capital mundial da cartografia. Hoje o mapa está preservado na biblioteca de São Marcos, em Veneza. mostra cidades, rios e montanhas e 3.000 anotações em vermelho e azul escritas em veneziano. Conta histórias e lendas e apresenta a primeira representação em um mapa ocidental de Sipango ou Japão. Também exibe palácios, pontes, estradas e lugares lendários, como locais de naufrágios, o monte de Adão, no atual Seilão, Sriilanca e a fortaleza do velho da montanha, na Pérsia, atual Irã. É preciso virá-lo de cabeça para baixo, porque a carta está orientada para o sul, como os mapas antigos do mundo árabe. Curiosamente, o jardim do Éden fica em um canto fora da Terra, algo moderno para um monte medieval. Ainda mais impressionante, ele indicou que era possível navegar pela África muito antes dos portugueses dobrarem o cabo da Boa Esperança. Fontes orais e escritas o reconhecem, entre elas as viagens de Marco Polo, um comerciante veneziano que descreveu a Ásia pela primeira vez para leitores europeus. A biblioteca contém várias cópias preciosas de seus relatos de viagem, embora a versão original ainda seja um quebra-cabeça. Embora Frau Mauro, o monge, não tenha dado um passo fora do convento onde vivia, colocou no mapa todos os conhecimentos dos viajantes com quem conversava. O convento ainda existe e hoje fica na ilha de São Miguel, perto de Murano, em Veneza. Poucas décadas depois, Cristóão Colombo zarparia pelo oceano. O mapa Munde de Framauro é a última representação de um mundo que estava prestes a mudar para sempre. O futuro dos mapas está ligado ao avanço de duas tecnologias. A primeira é a realidade aumentada, que já é usada em vários aplicativos e permite a visualização de informações sobre locais e rotas sobrepostos ao ambiente real. Por meio de smartphones ou óculos especiais, ela pode ser usada em áreas como navegação, turismo e educação. A segunda é a holografia, que projeta mapas em 3D no espaço, oferecendo uma experiência mais natural e realista do ambiente. Criação de dispositivos com boa qualidade e baixo custo ainda é um desafio. Mas a combinação dessas duas tecnologias promete transformar a forma como interagimos com o mundo, por meio de experiências imersivas que podem impactar várias áreas, do uso pessoal até aplicações industriais. O matéria de capa fica por aqui. Voltamos na próxima semana, nesse mesmo horário. Até lá. [Música]
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