MILEI, TRUMP E FALKLANDS: NOVA ERA NAS RELAÇÕES ENTRE REINO UNIDO E ARGENTINA I Professor HOC

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Oi, gente, quero falar de um conflito que muita gente aqui no canal pergunta, eh, desperta um interesse no Brasil bem grande e que recentemente reacasu de uma forma bastante improvável, diria. Na verdade, esse conflito, né, tô falando do conflito das Malvinas ou Falkland, ele indica que dois adversários eh podem se tornar aliados. Nada mais improvável do que isso. Reino Unido e Argentina podem estar caminhando para um novo capítulo da história desse conflito aqui nesta ilha. Então, vamos lá. A cúpula militar dos Estados Unidos, ela tá preocupada com o Atlântico Sul e a região serve como um ponto de acesso à Antártida, onde a Rússia e a China mantém juntas 15 bases e disputam o controle por recursos naturais. E a região tá ligada ao Pacífico pelo Estreito de Magalhães. A única rota marítima segura entre os dois oceanos, o Pacífico e o Atlântico, além do canal do Panamá. O tráfego pelo estreito, ele tem aumentado, assim como a pesca ilegal chinesa em ambos os lados. Eu já falei desse assunto aqui no canal sobre a pesca ilegal chinesa. Eh, e também já falei eh bastante sobre Antártida e a sua importância geopolítica. Inclusive tem dois vídeos aqui no canal. Bom, mas vamos lá. Os sinais do conflito na região, eles estão aumentando e a China tá impulsionando projetos de infraestrutura por toda parte. E por isso que os generais americanos visitaram o extremo sul da Argentina três vezes nos últimos dois anos. E a primeira vista, os Estados Unidos estão bem posicionados para lidar com eventuais ameaças. O presidente argentino Javier Milei é um grande aliado ideológico do Trump e dos americanos. Além do Milei, o Reino Unido, outro natural aliado americano, mantém caças Taifon e o navio patrulha HMS FTH nas ilhas Falkland ou Malvinas. O grande problema é que as forças armadas argentinas estão em péssimo estado e as forças britânicas estão focadas na defesa das folklands, cuja soberania pertence ao Reino Unido, mas é reivindicada pela Argentina. Pessoal, herança da Guerra das Malvinas, o Reino Unido impôs severas restrições à venda de armas pra Argentina. E essas restrições têm dificultado os esforços argentinos de modernização militar e empurrado o país para compra de aviões e armamentos chineses. Algo que preocupa os Estados Unidos. Mais recentemente, uma combinação de fatores, incluindo a visão pouco convencional do Milei sobre as ilhas e o entusiasmo americano pela modernização militar argentina, abriu espaço para um novo arranjo estratégico no Atlântico Sul. Discretamente, depois de um longo e ato, o diálogo entre os ministérios da Defesa da Argentina e do Reino Unido foram retomados. Eh, a Argentina quer que o Reino Unido flexibilize as restrições, a compra de armamentos. O Reino Unido deseja uma aceitação discreta do seu papel no restante do Atlântico Sul, mesmo que a Argentina mantenha sua reivindicação constitucional sobre as folkls. Os britânicos também querem que a Argentina colabore em questões práticas para melhorar a vida nas ilhas. A reaproximação começou em fevereiro de 2024. Poucos meses depois que o Milei assumiu a presidência e adidos militares britânicos visitaram o Ministério da Defesa da Argentina pela primeira vez em 3 anos. Em setembro daquele ano de 24, os chanceleres dos dois países se reuniram e organizaram uma visita de argentinos aos túmulos de familiares nas ilhas disputadas. E eles também concordaram em compartilhar dados pesqueiros e retomar voos diretos mensais entre a Argentina e as ilhas. O diálogo de defesa se intensificou em seguida. Uma delegação argentina visitou Londres em janeiro e agora espera-se que uma delegação britânica vá a Buenos Aires em breve. Milei quer modernizar as Forças Armadas Argentinas com melhor equipamento compatível com, por exemplo, a OTAN. E embora e esteja promovendo cortes drásticos nos gastos do governo, ele ainda assim planeja levar o orçamento de defesa do país de 0.5% do PIB para 2% do PIB nos próximos 7 anos. Vocês terem ideia quanto que o Milei tá sério sobre isso, no ano passado a Argentina solicitou o status de parceiro da OTAN. Não é membro da OTAN, mas parceiro. O Reino Unido também tem interesse num acordo, embora com cautela, já que o país compartilha das preocupações americanas sobre o Atlântico Sul. Uma aceitação de fato por parte da Argentina, do papel britânico na região, facilitaria uma cooperação mais estreita em áreas que vão da ciência à segurança, não apenas com a Argentina, mas também com os vizinhos como o Chile e o Uruguai. No entanto, embora as famílias argentinas tenham visitado as ilhas em dezembro, a Argentina ainda não compartilhou dados sobre a pesca e nem retomou os voos, etapas, né, entendidas ou vistas como précondições para os avanços na política de armamentos. E há muito tempo, o Reino Unido bloqueia a venda de equipamentos militares com componentes britânicos à Argentina, mesmo quando intermediada por outros países. E dada a presença da indústria bélica britânica, isso tem sido uma limitação significativa. Em 2020, o Reino Unido barrou a venda de caças sulcoreanos por conterem peças britânicas. A política oficial do Reino Unido é bloquear vendas que possam aumentar a capacidade militar argentina. No entanto, existe margem de manobra. O Reino Unido pode permitir vendas que não sejam prejudiciais aos interesses de defesa e segurança do país. Um primeiro passo seria interpretar essa cláusula de uma forma mais flexível. E existem vários motivos para acreditar que um novo acordo é possível. Poucos consideram a Argentina uma ameaça real às Falklands e os próprios argentinos admitem que uma aventura na ilha poderia custar ainda mais caro do que da última vez. O Reino Unido já parece mais disposto a reconsiderar suas restrições caso a Argentina pretenda fazer grandes compras, o que impulsionaria a indústria de defesa britânica. Isso sugeriria que o embargo é mais político do que, no fundo, estratégico e que não se trata apenas de proteger as ilhas. Londres também sabe que suas restrições estão perdendo efeito à medida que mais países produzem seus próprios equipamentos militares. O fato dos Estados Unidos desejarem também um novo arranjo faz a diferença. Em declarações públicas, Washington tem oferecido um apoio firme à modernização das forças armadas argentinas. Em privado, um americano familiarizado com o assunto descreve a Argentina como um parceiro enorme, mas afirma que as suas forças armadas estão em séria necessidade de equipamento e treinamento. No entanto, esse equipamento precisa ser ocidental e não chinês. O embargo britânico atrapalha ou dificulta tudo isso. a persistência nessa postura pode acabar fortalecendo e a oposição num futuro quando o Milen já não tiver no poder, que acredita que o futuro da Argentina, né, depende de armamento e de uma política eh alinhada com a China e não com o Ocidente. A aproximação Argentina com adversários dos Estados Unidos é real. Em 2023, antes do Milei assumir o cargo, uma empresa chinesa tava presta a construir um grande porto perto da entrada argentina no estreito de Magalhães. O projeto foi cancelado diante de intensas objeções internas e externas. Mas a China que já opera uma estação espacial na Patagônia, como eu já comentei aqui com vocês no vídeo, eh, da influência da China na América Latina, vale a pena assistir, ela segue fortemente interessada na região. E sob o governo anterior, a Argentina chegou a ficar muito perto de adquirir os caças chineses. Além disso, em 2021, semanas antes da invasão da Ucrânia, o governo peronista assinou um acordo com o Ministério da Defesa da Rússia, permitindo que oficiais argentinos fossem treinados na Rússia. vocês terem uma ideia de como os Estados Unidos estão realmente preocupados com essa questão, até mesmo o governo do Biden, que não tem a proximidade que o Milei tem com Trump, já incentivou, já pressionou o Reino Unido a permitir que a Argentina pudesse comprar os modernos Caças F16, que tem um assento ejetor fabricado pelo Reino Unido e por isso que não poderia ser vendido. Então, e os Estados Unidos colocaram pressão para que o Reino Unido permitisse que esse caça americano pudesse ser vendido eh paraa Argentina. O Biden já tentou fazer isso. Vocês imaginam então o quanto que isso ganha mais força com a proximidade política do Milei e do Trump? Bom, mas enfim, Londres não topou e uma alternativa foi encontrada. A Argentina comprou os F16 mais antigos da Dinamarca, com os Estados Unidos pagando 40 milhões de dólares para Argentina comprar esses caças. E esses aviões, eles não tinham as peças britânicas e, portanto, eles não exigiam a aprovação do Reino Unido. Ainda assim, os Estados Unidos buscaram explicar e justificar a operação a Londres, que acabou aceitando, o que já era um avanço, já foi um avanço. O governo americano também se interessava em saber se os controles de exportação mais amplos poderiam ser suspensos. Um porta-voz do governo britânico afirmou que não há planos atuais para revisar a política de controle de exportações do Reino Unido paraa Argentina. Mas é fácil a gente imaginar uma mudança nessa posição britânica, né? Como eu disse, a administração Trump é agressiva, ignora ortodoxias e mantém uma proximidade com Milei além do normal, cuja postura também dele, pró ocidente pode ajudar o Reino Unido a acabar flexibilizando essa limitação. O tom conciliador do Milei e a disposição para quebrar os tabus sobre as folklands são cruciais. Um exemplo disso é que ele admira abertamente a Margaret Toucher, que liderou o Reino Unido durante a própria guerra com a Argentina. E ele também reconhece que as ilhas estão nas mãos do Reino Unido e assegura que a Argentina não vai tentar retomá-las pela força. Recentemente chegou até a sugerir que os habitantes das ilhas têm direito à autodeterminação, exatamente a mesma posição dos britânicos. Tudo isso parece perfeito, lindo ou que tá funcionando muito bem, né? Mas óbvio que não adianta os líderes quererem uma coisa se você não tem apoio popular, se as divisões internas ou se o resto do país não concorda com nada disso. E esse é o caso, tanto na Argentina quanto no Reino Unido. Por exemplo, a Argentina nomeou um novo chanceler em outubro e apesar do entusiasmo em outras partes do governo, uma aproximação com o Reino Unido parece ter menor prioridade para ele. Já no Reino Unido, a preocupação é com quem vai vir depois do Mi. Vender armas para uma Argentina liderada por M pode ser aceitável, mas ele vai deixar o poder em 27 ou em 31. Uma tentativa de reaproximação foi feita em 2016 com Macre, mas ela foi desfeita quando os peronistas Fernandes e Cristina voltaram pro poder. Seria um problema e vergonhoso, né, pro Reino Unido ajudar a modernizar as forças armadas argentinas para depois ver elas se voltarem contra a Londres mais adiante. E isso provavelmente poderia acontecer se você não tivesse eh a Argentina governado eh pela direita. Nos dois países também, opositores patrióticos, poderiam pintar qualquer acordo como uma concessão e usar isso para alimentar a indignação pública. No Reino Unido, o partido reformista, né, o Reform UK do Nigel Ferage tá em ascensão nas pesquisas e poderia facilmente pressionar o governo contra qualquer novo arranjo, retratando-o como uma traição aos mortos da guerra. Já na Argentina, os peronistas já criticaram Milei pela sua posição sobre as Falclands. E com as eleições parlamentares marcadas para outubro, ele e a sua equipe talvez prefiram evitar o tema por enquanto. Ainda assim, a lógica dominante da política externa do Milei é o alinhamento total com os Estados Unidos. O Reino Unido segue uma tradição semelhante, embora não tão absoluta, mas ainda assim é um dos maiores aliados dos Estados Unidos. Vale a gente lembrar que o Trump tá tão preocupado com a influência chinesa na América Latina que ele chegou a ameaçar tomar o controle do canal do Panamá e agora sinalizou eh tarifas exorbitantes eh em relação ao Brasil em parte eh ligadas com a proximidade e a existência dos bricks ou o papel da China na América Latina também. Bom, como vocês podem ver, eh, movimentos maiores da geopolítica, a disputa global entre Estados Unidos e China pode estar fazendo essas potências menores ou médias mudarem os seus alinhamentos e as suas brigas internas. Eu tenho mostrado para vocês como conflitos num lugar estão abrindo espaço para vários outros conflitos, mas aqui a gente tem uma situação diferente. Na verdade, esses conflitos maiores estão abrindo espaço para uma pacificação num conflito antigo e uma rivalidade histórica entre Argentina e Reino Unido. Então, a geopolítica é muito dinâmica pra gente simplesmente dizer que as coisas seguirão uma única linha. E essa, esse capítulo da história é relativamente inesperado imaginar que de repente Argentina e Reino Unido façam as pazes, porque o tabuleiro maior de China e Estados Unidos eh pede para que isso aconteça. E claro, tem as questões políticas internas que também permitem isso caminhar nessa direção, como eu mostrei para vocês, senão nada disso eh estaria acontecendo. E essas mesmas divisões ou política interna pode barrar ou brecar que essa aproximação aconteça no futuro. Eu vou continuar prestando atenção nisso. Esse tema é muito interessante. Citei para vocês aqui no vídeo de hoje vários outros vídeos que vale a pena assistir, esse da China na América Latina, principalmente muitas bases, portos, interesses e discussões eh importantes e estratégicas pro pra nossa região, pro Brasil, enfim, e para esse jogo geopolítico maior. Não se esquece de dar like no vídeo, eh, ativa o sininho, segue o canal, né? Segue o canal primeiro, ativa o sininho e compartilha, porque esse é um tema que vocês sempre me perguntam. Ah, folklands e Malvinas.

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