Navio funerário Viking é encontrado… Com Tesouros e Ossadas!
0Durante séculos, os mares do norte foram dominados por uma civilização tão temida quanto fascinante. Os vikings, de 793 a 1066 depo de. Cristo, eles deixaram sua marca em todo o continente europeu como guerreiros, mercadores, exploradores e também como mestres e construtores de navios. A chamada era Viking começa oficialmente com o ataque ao mosteiro de Lindsfarn na costa da Inglaterra em 793. Mas a história real é muito mais rica do que as lendas sangrentas sugerem. É dela que vamos falar hoje. Que bom estarmos juntos novamente. Espero que esteja tudo bem com você. De suas bases na Escandinávia, os vikings cruzaram o Atlântico Norte, colonizaram a Islândia, chegaram a Groenlândia e até a América do Norte, muito antes de Colombo. No leste seguiram os grandes rios russos até Bizâncio. Eram tão habilidosos na guerra quanto no comércio e na diplomacia. Mas o que acontecia quando um grande guerreiro morria? Os vikings acreditavam que, assim como em vida, a jornada após a morte deveria ser feita por mar. Os navios vikings não eram apenas instrumentos de guerra e exploração, eram símbolos espirituais que ligavam o mundo dos vivos aos deuses. Em muitos casos, líderes importantes eram enterrados com seu próprio barco, como se eles estivessem prontos para navegar até volalá. Em 2018, arqueólogos na Noruega fizeram uma descoberta que modificou o que o mundo conhecia sobre eles através da arqueologia nórdica, um radar de penetração no solo revelou os contornos de um navio enterrado sob um campo de uma fazenda comum em Yellestad, no sudeste da Noruega. Foi a primeira vez em mais de 100 anos que um grande navio viking foi encontrado na Noruega. e ele não estava sozinho. Tumbas, vestígios de estruturas e objetos cerimoniais estavam ao seu redor, indicando que poderia ser um antigo cemitério real. A descoberta do navio Viking em Yellestad foi apenas o começo. Com o radar de penetração revelando claramente a silhueta de um barco de grandes proporções, os arqueólogos sabiam que o tempo era um inimigo silencioso, pois a deterioração causada por fungos e drenagens agrícolas ameaçava consumir o achado antes mesmo de ser estudado. A solução foi uma das escavações vikings mais ambiciosas da história recente. Pela primeira vez em mais de um século, a Noruega autorizou a escavação completa de um navio funerário viking. A estrutura do navio estava bastante comprometida. Grande parte da madeira havia sido consumida pelo tempo, mas os pregos de ferro permaneciam no lugar, traçando o contorno original da embarcação. A análise confirmou que o navio foi construído por volta do século ou 10. E apesar de no navio maior não haver ossada, ao seu redor foi encontrado um barco menor com restos de túmulos menores com uma quantidade de ossadas impressionantes. Também foram encontrados sinais de pilhagem antiga, talvez durante a cristianização da Escandinávia, e os objetos cerimoniais que indicavam o status elevado de quem havia sido enterrado ali. Para entender a importância da descoberta, é preciso lembrar de outros dois grandes navios vikings funerários encontrados antes dele na Noruega. O deberg, escavado em 1904, e o de Gockstad, descoberto em 1880. O navio de Hberg, talvez o mais belo, abrigava duas mulheres de alto status, possivelmente uma rainha ou sacerdotisa, cercadas por objetos luxuosos, o que talvez explicasse a beleza e suntuosidade. Jal de Gstad, possivelmente a sepultura de um guerreiro de elite cercado de armas e animais sacrificados, cada um revelava um universo próprio de crenças e estruturas sociais. Ambos estavam em montes funerários, como o de Yellast, mas esse último traz uma vantagem única, já que foi descoberto numa época que, com o uso da tecnologia moderna permite que sejam feitas análises que antes não eram possíveis. O uso de drones, gel radar, escaneamentos em 3D e até amostras de DNA e pólen ajuda os pesquisadores a entenderem mais do que apenas quem foi enterrado ali. Com isso, eles querem descobrir como essas pessoas viviam, o que comiam, qual era a sua origem e como os vikings interagiam com o ambiente ao redor. O túmulo permanece mudo, sem nenhum nome, nenhuma inscrição, apenas o eco das espadas silenciadas e das embarcações seladas para a eternidade. Ainda assim, a ciência e a história caminham lado a lado para tentar desvendar quem foi enterrado no navio de Yellastad. A teoria mais aceita entre arqueólogos é a de que o túmulo pertenceu a um líder local, talvez um rei tribal ou um guerreiro de ascendência nobre. Isso porque o tamanho do navio, a sua localização e o esforço despendido na construção do monte funerário em que ele foi localizado apontam para alguém de altíssimo status. Há também a possibilidade de ter sido o túmulo de uma mulher pertencente à elite. Afinal, o navio de Osbeck provou que mulheres podiam ser enterradas com pompa igual ou até maior do que a dos homens. E essa pergunta sobre de quem é o túmulo ainda ecoa pelos campos silenciosos noruegueses. Seria ele um rei, um chefe tribal, um guerreiro ou até mesmo uma mulher de destaque como em Osberg? Bem, ainda não temos resposta. O achado arqueológico na Noruega nos faz querer recuar e olhar para algo tão antigo quanto a própria história das nossas civilizações, a obsessão humana com a morte e a vida após ela. Em todo o mundo, sociedades criaram formas impressionantes de homenagear os seus mortos, desde as pirâmides no Egito a túmulos de jade na China, túmulos de passagem na Grã-Bretanha e até canoas funerárias construídas pelos Inuit no Ártico. Mas há algo especial no ritual dos enterramentos em navios, um símbolo poderoso da jornada final. Em várias culturas, os barcos não eram considerados apenas meios de navegação, mas veículos espirituais. No Egito, por exemplo, o deus sol R navegava numa barca celestial que cruzava o céu e o submundo. Já na mitologia nórdica, os mortos rumavam para Valalá em barcos flamejantes e nas sepulturas reais, como descoberto com o sítio arqueológico em Yelstad, esse simbolismo se materializava num navio cuidadosamente enterrado, preparado para transportar o falecido para o além. A opulência do achado impressionou os historiadores não apenas pela riqueza material, mas porque ela revelava que a Europa da Alta Idade Média era muito mais conectada, próspera e espiritualmente sofisticada do que se imaginou por anos. A descoberta norueguesa não foi um fato isolado, mas parte de uma tradição antiga, a de sacrificar funerariamente navios como túmulos. Essa prática já era visível nas culturas germânicas da era merovingia, século VI e 8, quando mortos de elites enterrados com carruagens, armas de ocasionalmente barcos, símbolos de hierarquia e de uma passagem ritual para outra dimensão. Inclusive, um dos sepultamentos em navio mais famosos da história foi descoberto não na Noruega, mas em Senh Whra em 1939. Dentro de um enorme monte funerário, arqueólogos encontraram um navio meticulosamente disposto, repleto de tesouros. Entre os artefatos havia espadas, capacetes, talheres de prata e moedas de ouro, muitos deles vindos de regiões distantes como Bizâncio no Mediterrâneo. Acredita-se que o túmulo pertencia ao rei Redualdo Anglia Oriental, um governante do século VI de um reino anglossaxão, localizado onde hoje estão os condados ingleses de Norfolk e Sofolk. Bem, mas vamos de volta à Escandinávia, onde os estudos no local mostraram também que Yellastad não foi apenas um campo qualquer, era um importante ponto de encontro para comunidades vikings. O que foi mapeado ao redor do navio e os outros montes funerários de escala menor, salões cerimoniais, casas comunais, estruturas ritualísticas e estradas antigas mostram que o túmulo não está isolado, mas faz parte de um complexo muito maior. Talvez um centro de poder, um santuário sagrado ou uma espécie de capital ritual do início da era viking. E enterrar alguém ali significaria um ato de poder, um símbolo com uma afirmação territorial que dizia: “Aqui essa terra pertence a mim e mesmo na morte, eu ainda comando sobre ela.” Para os vikings, o navio era mais do que um transporte, era o símbolo de uma transição, da vida para a morte, do mundo dos homens para o mundo dos deuses. Construir um navio e enterrá-lo com alguém era como dar ao morto os meios para navegar até Valala, o salão dos guerreiros ou Fanger, além da afirmação política de mostrar que aquele indivíduo tinha prestígio até mesmo diante dos deuses. Após a escavação do navio, vi que em escandinavo os trabalhos avançaram para uma fase minuciosa de preservação e análise. O projeto está concentrado na conservação da madeira do casco que está sendo tratada com peg, um tipo de cera que substitui a água nas células da madeira para evitar colapsos estruturais. Os mais de 13 rebits de ferro, extremamente frágeis, foram removidos com blocos de solo para posterior escaneamento via tomografia. A reconstrução do navio depende desses dados. Estuda-se também a criação de um centro de visitantes no local. Enterrado por mais de 1000 anos, o navio repousou no silêncio da Terra, mas agora, graças à tecnologia moderna, ele está prestes a navegar novamente, mesmo que apenas em pixels e reconstruções digitais. Por conta do uso de georradares de última geração para o escaneamento do sítio arqueológico, os arqueólogos e engenheiros criaram uma réplica digital completa do navio. Cada curva, cada tábua e cada remendo foi modelado com base em dados do solo. O que emergiu foi uma embarcação com cerca de 20 m de comprimento, larga, robusta e adaptada para águas costeiras e rios. Não era um vazio, não era um navio de invasão, mas sim um símbolo de poder e mobilidade regional. No entanto, não foi apenas o navio que impressionou os arqueólogos, foram as descobertas sobre como ele havia sido enterrado e também o que foram descobrindo à sua volta à medida que iam avançando. Ao contrário das outras embarcações já encontradas, que pareciam meticulosamente planejadas e protegidas, o navio encontrado no local foi enterrado surpreendentemente raso, a menos de 5 m da superfície. Isso levantou perguntas quanto ao enterro, se ele teria sido feito de forma apressada ou num período de guerra. Pode ser também um algum tipo de pandemia ou até se era uma tentativa de esconder alguma coisa ou alguém, já que a ausência de profundidade sugeria, claro, uma certa urgência. Bem, isso se não fosse a ausência do mais importante, o fato de a câmara funerária não ter restos de nenhum corpo, mas apenas o vazio onde os ossos deveriam estar o ocupante da embarcação, o que faz a descoberta ser um tanto misteriosa. Você não acha? A embarcação parecia estar completa com todos os acessórios necessários ao rito funerário, armas fragmentadas, tecidos finos e, de forma intrigante, uma pedra esculpida cuidadosamente, posicionada ao lado do local onde o corpo deveria repousar. Durante a escavação, novos mistérios foram sendo desvendados e os arqueólogos descobriram uma câmara escondida sob o navio principal. Ali no subsolo, queimado e coberto de cinzas, foram encontrados restos carbonizados de madeira e moedas de prata, mas não eram moedas normais do local, e sim dirhams islâmicos datados do século IX, cunhados em Bagdad. Na verdade, uma conexão chocante entre o norte da Noruega e o mundo islâmico medieval. Mais um mistério. Uma dessas moedas chamou atenção especial, pois ela tinha uma perfuração no centro. De acordo com as tradições nórdicas, perfurar uma moeda podia significar um gesto ritual, uma oferenda, um amuleto ou mesmo um aviso. Marcar uma moeda com um furo, anularia o seu valor terreno e a entregava ao mundo espiritual. Então isso levanta a nossa imaginação que exatamente foi oferecido ali e por quê. Bem, uma hipótese levantada seria que essa câmara inferior não havia sido feita para homenagear algo ou alguém, mas para conter e que ali poderia estar o local de um segundo enterro, que poderia ser de um indivíduo temido, maldito ou excluído do ritual tradicional. Isso porque o solo queimado, a separação clara da câmara principal e o simbolismo dos objetos indicavam que algo incomum deveria ter acontecido ali. Quando a escavação foi concluída em 2022, o túmulo foi rapidamente selado. Oficialmente foi falado que a intenção seria proteger o sítio da erosão e de saqueadores. Mas o fechamento abrupto provocou especulações de que algo estaria sendo ocultado ou até mesmo que as descobertas seriam sensíveis demais para o público, com elementos que poderiam abalar o que conhecemos sobre a história viking. Navios vikings, como o encontrado ali, revelam o domínio escandinavo sobre a engenharia naval. As suas embarcações eram rápidas, silenciosas e podiam navegar tanto em mar aberto quanto em rios estreitos. O segredo estava nas técnicas de construção composta por tábuas sobrepostas com rebitos de ferro, cascos flexíveis, lemes laterais e quilhas rasas. Tudo pensado para explorar, negociar e guerrear quando necessário. Construir um navio desses exigia uma aldeia inteira com artesãos, ferreiros e madeireiros. Por isso, apenas os mais ricos e poderosos tinham embarcações funerárias. Mais do que um meio de transporte, o navio era um espelho do prestígio do morto. E quanto maior e mais elaborado, mais nobre era aquele que partia. E elad, ao se juntar a esse panteão arqueológico, com os navios encontrados em Osberg e Gotstad, preenche uma lacuna histórica entre os séculos VI e 9. Ele mostra que o costume dos sepultamentos navais era mais disseminado e ritualístico do que se imaginava. Ele traz a confirmação de que para os vikings o navio não era apenas uma máquina de guerra ou comércio, era uma embarcação espiritual onde o falecido navegaria para outro mundo, o reino dos ancestrais, a bordo do mesmo símbolo que havia guiado-o em vida. Por isso, assim como nas tumbas egípcias, os objetos pessoais, armas e até animais os acompanhavam no túmulo. A cosmologia nórdica via o mundo como um oceano de forças navegavam apenas pelos dignos. O mar era tanto caminho quanto provação e o navio a sua chave de passagem. No Harok, o fim do mundo, o navio de Najifar, feito nas unhas dos mortos, levará os gigantes para a batalha final. As lendas reforçavam o poder místico dessas embarcações, construções entre os mundos da vida e da morte. Alguns estudiosos acreditam que os navios funerários vikings seguiam padrões astrológicos alinhados com estrelas ou sols tícios seriam não apenas túmulos, mas monumentos espirituais. Outros sugerem que certos símbolos entalhados nas embarcações como serpentes e dragões não eram apenas decorativos, eram feitiços de proteção, guardiões da alma contra os perigos do mundo espiritual. A pequena cidade de Howarden, antes conhecida apenas pelo seu poder militar, tornou-se um centro de história viva. A reconstrução do navio de Yellstad reascendeu um orgulho nacional. Museus passaram a exibir modelos interativos. Escolas criaram experiências imersivas com realidade aumentada. Além de ter fomentado pesquisas, inspirou novas gerações de arqueólogos, reescrevendo capítulos esquecidos da era Viking. Ela que antes era distante, agora podia ser revivida. Mais do que uma descoberta arqueológica, o local se tornou um renascimento cultural, uma ponte para reconectar uma memória ao presente. Cada artefato retirado do solo carrega uma nova hipótese. Quem era o homem enterrado ali? um rei, um sacerdote, um senhor da guerra ou um ancestral divinizado. O que se sabe é que ele foi importante o suficiente para ser sepultado com honra, status e a promessa de uma travessia sagrada. O local ainda guarda os seus segredos, mas o que já foi revelado basta para nos lembrar de algo essencial, que a história está viva, dormindo sobre os nossos pés. esperando ser ouvida novamente. O sepultamento Ingel Stad sugere uma civilização mais interligada, mística e politicamente complexa do que se pensava. Ele mistura práticas tradicionais com elementos estrangeiros e, possivelmente, esconde narrativas de conflito, perdas e transformação. Tudo isso num único navio, sem corpo, mas com uma história viva e cada vez mais misteriosa. Enquanto os arqueólogos continuarem suas escavações e descobertas, o povo Viking continuará a navegar, não mais pelos mares, mas pelas memórias que voltaram à superfície. Num tempo em que o mundo parece cada vez mais digital, o renascimento de um navio ancestral nos lembra aquilo que nos torna humanos, o desejo de compreender de onde viemos e com isso decidir para onde vamos. O que achou da história? Deixe nos comentários e muito obrigado pela sua companhia especial. A gente se vê num próximo vídeo.









