O ABISMO DO ABUS* INF4NTIL NA INTERNET – com Andrea Vermont | LendaCast #225

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Olá, trevosos e trevosas, seres das trevas. Aqui é Daniel Pires em mais um episódio do Lenda Cast, o seu podcast de terror e horror. E hoje para entender os as obscuridades da mente humana para ouvir Antes de Dormir. Essa minha convidada já veio ao Lenda Cast, se eu não me engano, foi lá perto do carnaval nesse ano. Foi um programa incrível, vários cortes viralizaram e quando eu a conheci, ela veio pela primeira vez, eu a trouxe com a alcunha esfreira, porque ela veio acompanhada do padre Fábio Marinho, que é outra pessoa que eu tô atrás, mas a agenda dele tá difícil e a agenda dela também não tá fácil, viu, senhoras e senhores, ó, tô atrás pra gente remarcar e finalmente esse encontro aconteceu. Ela é psicanalista, filósofa e doutora em neurociência, ou seja, estuda as questões da nossa cabeça e pelo que eu da nossa mente, né? E pelo que eu vejo, quanto mais a gente estuda, mais a gente tem dúvidas. Quanto mais a gente tenta entender a nossa, o abismo da nossa mente, mais a gente vai paraas nossas obscuridades. Mas é bom ir para lá pra gente jogar luz sobre tudo isso e entender um pouco os nossos demônios internos, digamos assim. Então, ela é esfreira, continua como esfreira, mas psicanalista, filósofa. Aí, ó, bombando nas redes agora com vocês, senhoras e senhores. Ela que tem um sobrenome que eu acho chique, Andreia Vermon. Obrigada, Dani, pelo carinho, pelo convite. É uma honra estar aqui com vocês na outra vez. Foi maravilhoso, né? Foi, né? Foi incrível. E hoje vamos fazer um programa lindo também. Eu amei da outra vez porque a gente juntou fé, juntou psicanálise, a gente até cantou, né? Você cantou? Até cantou e foi maravilhoso, né? Foi incrível. Obrigada, Andreia, por vir novamente. Obrigada pela oportunidade. O seu público são muito queridos. Eh, eu, na verdade, da outra vez que a gente veio, eles ficaram muito me cobrando para você voltar. Falou: “Cadê eles de volta? Cadê eles de volta?” Até o relógio tá tocando aqui para confirmar. E aí agora você conseguiu votar porque você não é daqui de São Paulo, né? É, não, eu estou, eu moro em Minas, né? Pouco fico atualmente em Minas, mas a minha cidade é Uberlândia. Eu brinco é onde as contas chegam. Lá em Uberlândia. O padre Fábio Maria também é de lá, né? É, o Fábio também tá lá. Eu não perguntei da outra vez como que vocês conheceram assim faz tempo. Foi na na época faz tempo. Eu era solteira ainda, foi na época do seminário. Ele tava entrando pro seminário, eu tava entrando pro convento e aí a gente se encontrou e de cara foi foi amor à primeira vista. A gente é muito parecido, né? A gente brinca que nós somos a versão masculina e feminina de uma mesma pessoa. É, o grego acreditava nisso, né? A filosofia grega acreditava que nós somos seres cingidos, né? ao meio, que existia um um homem e uma mulher que viviam num único corpo e que são partidos ao meio. Eu e o Fábio, é, eu e o Fábio somos essa esse pedaço aí que se separou, mas que somos muito parecidos. Quando às vezes eu assisto filme de freira, de convento ou de seminário, eu sempre vejo que às vezes os personagens desses filmes, as freiras ou os padres, eles têm um amigo que eles se encontram às escuras ali para fofocar, para para xingar, para falar aquele filho da mãe, era tipo isso, uma amizade de cor até hoje é assim, né? Nós somos essa pessoa que a gente brinca, fala o que quer falar, a gente se ama muito, a gente briga também, a gente fala o que precisa falar. Eu acho que poucas pessoas o conhecem como eu conheço e acho que poucas pessoas me conhecem como ele me conhece. É, então, porque eu lembro que era isso no nosso bate-papo que a gente vê, inclusive você que tá em casa pode assistir porque tá aqui no canal, foi um bate-papo incrível com o André e com o Fábio. Era, a gente entrava num temas um pouco espinhosos, né, espinhosos, né, mas que para as pessoas somam como polêmica. E aí eu via que ele falava pela parte da fé e tinha algum momento que ele olhava para mim assim do tipo, eu entendi que daqui a partir daqui eu não posso falar mais. E aí você entrava com trá, né, com com o a mais ali, com a parte da psicanálise também, da neurociência e tal. E e a gente não pode, né, negar que a fé anda junto com as questões da mente, né, com as questões do do ser humano. Você se entende como, sei lá, católico, religioso, a partir daquilo que você viveu, da cultura que você vem, né? É, a fé anda junto. Eu falo que a fé é no mínimo necessária. Uhum. Eh, eu não, eu não critico quem não crê. Eu só acho que a vida de quem não crê é mais difícil. Eu acho que é muito difícil não acreditar. Estou passando por uma situação extremamente complexa. Perdi minha irmã exatos 30 dias. Eu vi seu vi já 16. É, ela faleceu do mês passado. E a gente só consegue ficar de pé porque a gente acredita que ela tá num outro lugar. Porque o dia que eu fui embora do cemitério, se eu imaginasse que a história acabou ali, eu acho muito pesado. Então eu brinco que a fé, nem que seja por um interesse, ela ela traz um pouco de sanidade mental e um pouco de esperança, porque imaginar que a vida se encerra assim é pesado. Eu acho que a nossa psiqu ela não ela não suporta esse essa ausência de sentido. A vida e a morte sem a fé, elas são muito sem sentido. Verdade. É muito esquisito assim. E, aliás, é muito sem sentido. Não tem outra palavra que diga isso. É, eu a morte é uma coisa que me pega nesse sentido da fé mesmo, porque é muito mais cômodo falar que não acredita em nada quando você tá bem, né? Ah, eu tô bem, então ah, não, Deus não existe, o diabo também não. A morte, a morte morreu, acabou. Só que quando você perde alguém que você ama, igual você falou no caso da sua irmã, e você tocou num ponto aí que você falou: “Ir embora do cemitério. Se a nossa cabeça não pensar que o corpo que ficou não tem mais nada, que a verdadeira pessoa ela tá num céu e tal, talvez a gente não suporte, né?” Tá? O o Víor Franco vai dizer que a alma humana suporta qualquer coisa. Menos ausência de sentido. A nossa alma aguenta tudo, inclusive a dor. Menos ausência de sentido. Não tem coisa mais sem sentido que a morte. É engraçado porque todo mundo sofreu o velório inteiro. Eu sofri o velório, eu assisti minha irmã morrendo. Ela morreu na minha frente e até isso eu aguentei. Eu chorei o velório inteiro, mas eu suportei tudo isso. Agora a hora que enterrou ir embora do cemitério, foi a hora que eu dei a crise, eu dei o show, eu dei o o surto, porque era muito inexplicável deixar alguém que eu amo debaixo da terra e virar as costas e dizer isso, acabou. é muito sem sentido e a alma humana suporta qualquer coisa, menos ausência de sentido. Ou eu dava sentido para aquilo ali ou eu pirava. Uhum. Porque eu me lembro, e é engraçado, parece que eu tô numa cena à parte assistindo essa cena e eu lembro eh de mim ali sentada do lado da sepultura enquanto enterravam e eu dizia assim: “Eu não quero fazer mais nada porque não tem sentido fazer mais nada. Para que trabalhar? Para que ganhar dinheiro? Para que cuidar da saúde? Porque a minha irmã malha malhava desde os 18 anos. Minha irmã não bebia, não fumava, não se drogava. A minha irmã não menstruava desde os 30, porque ela baixou tanta camada de gordura que ela parou de produzir hormônio que menstruasse. Então assim, uma saúde, no dia que ela faleceu, ela malhou, ela foi na fisioterapia, antes da morte ela fez todos os exames, ecocardiograma. Então assim, absoluta ausência de sentido. Então ou eu imputo um sentido a isso ou eu enlouqueço. É. É. E aí o sentido era ali não estamos deixando ela, ali é um corpo, ali é uma casca, em algum lugar ela está nos vendo, não vamos chorar porque isso não faz bem para ela. A gente vai inventando sentido. Isso, isso, isso, isso. Vou te ser bem sincera, Dan, se isso é real ou não, não sei, mas é o que sustenta a gente. É o que você falou agora, o que eu levo comigo. Não sei, eu não sei, mas é o que eu quero ouvir naquela hora e aquilo vai fazer sentido para mim naquele momento. Porque tem hora que, ah, tá todo mundo meio que surtado, né? Porque assim, um algo muito e uma morte muito, nada a ver. Então assim, tá lá todo mundo chorando, aí de repente, ela não gostaria disso, ela não estaria bem vendo isso, é isso que ela queria. Agora, se você não pensa nisso pela perspectiva da fé, não tem ela vendo isso, não tem ela não queria isso, não. Aí aí o negócio fica pesado, né? Mas Andreia, você uma pergunta para você, assim como psicanalista, sei que é difícil responder isso, mas você consegue mensurar o fim, o fim, o fim, o fim? Você consegue? Sua cabeça consegue entender porque mesmo que às vezes eu coloque meu pé no ateísmo, mesmo assim eu não, que o ateísmo trabalha com o quê? Morreu, acabou, acabou. Molécula de carbono. Eu não consigo mesmo ateuzinho, eu não consigo mensurar o fim. Como que pode? A Andreia tá aqui, maravilhosa, na minha frente, a gente tá conversando. Eu tô aqui. Eu quando vou no velório das pessoas, eu brinco que eu tenho vontade de pessoas conhecidas. Eu brinco que eu tenho vontade de dar um tapa na cara e falar assim: “Para de graça, levanta.” É isso. Por que que não levanta? E a pessoa não vai levantar. Mesmo eu sendo estando mais para lá do que para cá no ateísmo, eu não consigo mensurar também o fim. Eu falo: “Não, gente, de alguma coisa tem.” Mas é porque você é um ateu de festinha. Au festinha. Eu atu de festinha. Porque o ateu, ateu, por isso que eu falo a coisa mais difícil do mundo é ser ateu. É difícil, porque você tem que ser muito teórico, muito. O ateu mesmo ali ele virou as costas e é molécula de carbono e já era. É. Esquece o fim. É o fim mesmo. É você, você tem essa expectativa do além ainda de Eu ainda tenho. Tá, tá lá, tá lá. Você não deu um nome pro além, mas tem um além para você. Tem um posterior e ali, ali não acaba. Eu não consigo entender esse sentido da morte. Eu lembro que eu vi o seu post muito emocionado e tal e você falava: “A morte é muito, acho que você falava que ela era ingrata. Ela é muito”. Porque ela vem e tira. É. Ué. você fica com raiva dela e aí dá vontade de pegar a morte, falar ser engraçada, pegar ela pelo colarinho, como diria minha avó, e dar uns tabf nela. E não tem essa pessoa, não tem esse. Então assim, a morte deixa comida por comer, o perfume entreaberto, a casa arrumada, deixa os gatinhos esperando aqui em casa, não vai voltar. Minha irmã tinha um cachorrinho, o cachorrinho ficou lá, tinha pacote de viagem comprado, tinha roupa nova, porque só gostava de roupa de marca, tava com corpo maravilhoso, sabe? Tanto de coisa inacabada, coisas por fazer. A morte vai deixando nessas lacunas. A morte é uma piada muito sem graça. A morte é uma piada que não tem graça nenhuma, porque ela é o inesperado. Ela te ela te pega. Em algum momento todos nós vamos passar por isso. Em algum momento eu não vou chegar, a conta não será paga, a viagem não acontecerá, a volta não acontecerá e a morte dá sentido à vida, mas a eternidade dá sentido à morte. Exato. Forte isso. Mas é verdade. É, ué, porque a morte ela dá sentido à vida. Porque quando eu penso que eu vou morrer, minha vida ganha mais sentido. Eu vivo mais, eu vivo com mais intensidade, eu vivo com mais vontade, com mais inteireza. Até o botão do [ __ ] a gente aperta, né? Ah, não vou ficar me preocupando que eu vou morrer. É. E é sobre isso. Eu já era assim, agora eu tô mais ainda. E a eternidade dá sentido à morte. Morreu, mas não é o fim. Agora, se não tem isso, aí o negócio fica esquisito. Aí o negócio aperta feio, porque aí aí é viver como se literalmente não houvesse amanhã mesmo. É verdade. Aí eu acho pesado. Eu acho. Então, mas é o que eu te falei, eu não consigo nem mensurar nem um lado nem um outro. É. assim, acho que lá dentro de mim, eu tava, a gente estava falando antes de começar, eu sempre falo dele, porque tá chegando a canonização, o Carlos Acuts, por exemplo, as pessoas olham para ele, pro corpo dele, como um menino santo, que vê de algum lugar, que intercede a Deus. Às vezes eu não consigo ver, eu fico muito triste ao ver aquilo. No velório do meu avô, a minha mãe ficava, ó, igual você falou, ó, o vô não queria que a gente ficasse triste, não. Ele tá vendo a gente e a gente, ah, é, ela é, o vô tá vendo a gente lá do céu. Então, é, é essa coisa quase infantilizada da gente entender um céu, os anjinhos e é e infantilizada e ao mesmo tempo é uma coisa muito projetiva, né? Porque o não querer é dos vivos. É, é verdade. É muito projetivo. A gente projeta naquilo que a gente não sabe mais o que é. É, não sei se é um espírito, se é um ente, se agora vai pro céu. Algumas religiões vai dizer que vão pro céu e não tem mais contato. Outras religiões, religiões vão dizer que a alma fica aqui perambulando. Cada um vai dar sua interpretação. Mas a gente projeta sentimento dos vivos nos mortos. Isso. Ele não ia querer, ela estaria ficar triste, ela não ia gostar que a gente falasse isso. Como assim, gente? Verdade. Você tem um, você tem, você continua católica, né? Eu sou cristã. Cristã. Eu prefiro não ser de nenhuma denominação. Eu sou cristã. Me faz bem a fé cristã. Ela me, ela me alimenta bastante. Mas a minha fé é zero ortodoxa. Zero ortodoxa. Assim, eu acredito num monte de coisa e ao mesmo tempo não acredito num monte de coisa também. Porque assim, eu acho que eu acho que fé fé é é a certeza daquilo que você não vê, né? E a religião faz o contrário. Ela quer dar certeza aquilo que você vê. O rito nada mais é que significar o o que o que você não vê. Então, eu tenho o corpo de Cristo, não tô questionando a Eucaristia, eu tenho o cântico, eu tenho o sangue, eu tenho a música, eu tenho a tabacque. A religião, ela tenta materializar a fé. E fé é aquilo que não se vê. Então eu tenho fé. Mas se você me perguntar assim, eh, você acredita nessas falas pós morte da sua irmã? Não sei. Eu sei que isso nos conforta, mas eu não sei como é que é. Então fica te perguntar, você tem uma uma vertente, um caminho que você fala: “Não, eu acho que é assim que ela morre, que a pessoa mor, você tem ou não?” Eu também não tenho. Não tenho. Eu já ouvi tantas versões que eu também não tenho. Não tenho mesmo. Eu não sei se ressurreição, se reencarna, se fica aqui uns dias, se dorme igual e a congregação vai falar e só volta o dia que Jesus voltar. Você fica num sono de não sei quantos anos. Tudo isso tudo me incomoda. Reencarnar incomoda. Ficar dormindo 200.000 1 anos até Jesus voltar, me incomoda. Eu não tenho sono para isso tudo. É, ai você vai embora e todas essas versões elas não me elas não me elucidam, elas não me trazem paz. Teno, não tenho sono para isso tudo. Foi ótimo. Você já parou para ficar dormindo 2000 anos saber quando Jesus vai voltar. Já pensou? Você já pensou nisso? Eu vou acordar horrível, cara. Cheio de remelo. Então, às vezes eu brinco com alguém que é dessas dessas religiões que falam sobre isso, né? Não, nós vamos dormir e depois só vamos voltar quando vamos acordar quando Jesus voltar. Gente do céu, eu não quero ficar dormindo milhões de anos também. É muito. É, a gente não sabe quando ele volta, né? Então eu eu sempre fui católico, né? Acho que eu falei isso da outra vez. E eu me lembro que os padres não falavam muito, né, sobre o pós-me. A gente perguntava: “Padre morreu?” Não, está na glória de Deus. Tá, mas o que que é a glória de Deus? A gente, eu queria, eu como vivo, igual você falou, que a gente é vivo, quer entender, a gente quer uma resposta, tá dormindo, já tá no céu. Aí eu já ouvi algumas versões que as pessoas falavam aqui pros católicos, o céu é como um bifeto, preparado para receber todo mundo. Quando Jesus voltar, vai escolher quem vai e aí o bifet, aí a festa começa. Agora tem gente que fala que não é que pros católicos e eles já estamos morre, já vai pro julgamento e aí é ou é céu, purgatório ou inferno. Então assim, eu não consigo mensurar. Para mim são todas versões frágeis. Eu gosto de pensar na morte assim, imagina um neném que vai que tá na barriga e ele fica lá um tempão para ele é uma infinitude de ano, de meses. A vida dele é aquilo, né? E aí ele não quer sair de jeito nenhum. Por isso chama trabalho de parto, porque ali é o melhor lugar para ele. Ali ele tem alimentação, ali ele não precisa ter excreção, ali ele não precisa respirar, ele não precisa nada. Ele tá perfeito, quietinho. Ele não sofre, por isso ele não quer sair. Para mim isso é a vida. A gente não quer morrer porque a gente não sabe o que tem do outro lado. E depois que ele nasce é totalmente diferente do que foi na barriga. É outra história. Come zerou o game. É verdade. É verdade. Eu acho que morrer é isso. Eu acho que é outra história, totalmente diferente. Esse sentimentos projetivos que a gente projeta lá não tem nada a ver. Ah, ele tá sofrendo. Ah, ele tá dormindo. Ah, ele tá esperando. Ah, ele tá na glória. Ah, para mim não tem nada disso. Eu acho que é outra história que a gente não sabe o que é. Se é que tem outra história. A gente não sabe o que é essa história. Não tem nada a ver com o que a gente conta por aqui. Isso é, isso é uma perspectiva do neném na barriga tentando descrever a vida pós-po. Não tem como, né? Ai, quando eu sair daqui eu vou, não sabe. Para ele a vida dele é aquela, né? E acho que ele nem consegue mensurar, ele só vai vivendo ali. Ele não faz ideia do que seja. Não, só viver sem o cordão umbilical, ele não respira, ele não vê luz, o útero é totalmente escuro, ele não come, ele não engole, a barriga dele não dói, nada acontece. E ele acha que aquilo ali encerra, ele se encerra naquilo, a vida para ele se encerra naquela explicação uterina. Quando ele sai do útero, é toda outra história. Eu acho que para mim talvez essa seja a explicação que mais me conforte. Eh, nunca tinha parado para pensar por esse lado. É verdade. A gente tá aqui para nós é o tudo, não queremos morrer. Aí morre, aí abre uma lista do país das maravilhas. Gente, mas que maravilha que é isso aqui. Pode ser, né? Nossa, se eu soubesse, né? Eu não queria. Eu já devia ter. Se você for perguntar pro bebê lá na barriga, talvez ele dissesse assim: “Certo, quando eu nascer vai ter um cano, porque eu vou continuar ligado num cano, porque eu tô ligado num cano. Nesse cano vai vir comida, ar, tudo vai acontecer via esse cano.” Ele ia dar explicações uterinas para uma história pós útero. Quando ele nasce tem nada a ver. Eu imagino porque olha como a gente narra a morte. Banquete, glória, fulano tá num hospital. Muita gente veio me falar: “Você não pode ficar chorando assim. Sua irmã nesse momento ela tá num hospital. Os espírit muito porque os espíritas fazem essa narrativa, né? Nesse momento ela tá num hospital, ela ainda não entendeu que ela morreu, aí ela tá sendo tratados por irmãos da luz, por não sei o que lá”. Olha como são explicações humanas. Hospital, enfermeiro, banquete, dormir, sentir. É. É. É como é que é? Senti o que você tá mandando daqui? É tudo humano. A manicure quinta-feira falou: “Vocês tm que parar de chorar. Ela não tá tendo paz. Vocês não tá tando, D vontade de falar: “Ah, você tá sabendo? Então então me fala aqui. Será que ela precisa de paz? Será que lá do outro lado paz é necessário? Será que lá já não é a paz? Será que a minha perturbação atinge ela lá no outro lugar? Ai, André, isso me pega tanto. Falar de morte, eu fico, eu fico incomodado porque Mas é isso, né? Uma vez eu ouvi. Por que que te pega? Porque eu fico, eu quero descobrir, eu quero saber. Uma vez eu vi um filme que eu queria que o cara ele conseguia morrer e ele conseguia voltar para contar como é que era. E aí os ele falava assim: “Gente, vocês têm que ele morria num frigorífico, alguma coisa assim”. Ele falava: “Ó, a gente vai me congelar, eu vou morrer, mas depois vocês fazem tal coisa”. É meio um terrorzinho assim, mas ele conseguia voltar. Depois ele ficava perdido, não conseguia voltar e tal, mas ele consegue voltar. E aí eu fico incomodado com isso. Eu falo: “Gente, eu quero descobrir, eu quero ir voltar e sentar aqui no meu podcast e falar: “Cheguei agora eu sei como é que é. Vou falar para vocês, ó. Você morre aí você.” Mas não tem como, né? Eu não quero saber como é que é nem porque vai que eu não gosto e eu não tenho escolha. Se fosse umade. Se fosse uma escolha eu uma merda e eu vou morrer. [ __ ] É aí que fodeu com a minha vida. Verdade. Verdade. É, não é sobre isso. Então é melhor eu não saber. Eu vou vivendo aqui do jeito que der. Vai ver a surpresa que é, né? A gente ver. Tem uma frase de um filósofo, eu não lembro agora quem é que fala isso. Ele fala assim: “Eu não tenho medo da morte, porque enquanto eu estiver, ela não estará. O dia que ela estiver eu não estarei.” É, eu eu acho que eu vi o Cloves de Barros falando isso uma vez, perguntaram para ele, tem medo da morte? Ele falou: “Eu não sei, gente, eu não vou estar aqui. Eu não vou estar mais aqui pr eu não vou para ver tudo”. Mas será que não vou? Então, ai, quanta pergunta. Eu não consigo me será que não vou? Eu gosto muito das histórias, né, de assim que as pessoas acompanham o velório, que as pessoas Ai gente, eu acho tão tenebroso. Você acha tenebroso? Eu gosto por causa disso, né? Deus que me perdoe. Você já pensou? Eu me vendo no caixão, né? Não. E e por exemplo, eu fico e parece mórbido, né? Mas a gente fica criando cenários. Por exemplo, lá no velório da minha irmã. Gente, foi muito triste. Imagina se ela viu aquilo tudo. É, é, é. Vê minha mãe sofrendo daquele jeito. Ela fica mais, ela vai ficar mais essa história de acompanhar eu tô fora dela também. Não, não acompanhar não. Acompanhar. Sacanagem. É. E tem umas histórias bem tenebrosas, né? Aí entrando numa seara mais da de religiões, mas tem gente que fala que a gente fica preso no próprio corpo, vê o corpo e em decomposição. Deus me perdoe. Deus me perdoe. A história de terror. Você já viu alguém morrer? Alguém já morreu na sua frente? Andreia? Não. Eu já vi vídeos na internet de gente matando outra pessoa, mas nunca vi ninguém morrer. Acho que eu não quero ver não. Eu já vi três pessoas morrerem na minha frente. Jura? Família? Uma no hospital e duas famílias. Uma delas a minha irmã. Gente, morrer é a coisa mais louca do mundo. É quase, é tão, tátil, é quase tátil. A pessoa está e agora ela já não está. É quase tático. É o que que sai. É quase palpável. É, é quase, é muito, é muito denso, é muito esquisito, é muito, gente, assim, tava aqui agora, agora já não tá. Morreu, né? Tipo, você fala que motor era esse que fazia ela respirar e de repente não respira. É muito louco. Não, eu eu não imagino como deva ser. Eu vi, você lembra daquele caso daquele moço que uma dermatologista ou que ela trabalhava com estética, ela vai fazer alguma coisa? Fenol, o peeling de fenol, lembra disso? E aí ele ele levanta, ele fala: “Você fica meu, assim, em minutos ele tá se abanando e logo depois ele tá morto.” Porque tem um momento do vídeo que tem a câmera de segurança, acho que ele namorava um cara e tal, o cara fala: “Que que você tá sentindo?” Ele, eu tô sem ar. Aí ele deita e aí ele dá uma um ronco que falam que é o ronco da morte, uma coisa assim que faz e aí o cara morre. E aí você fala: “O que que saiu aí? É, é um espírito? É um negócio ou é uma chave que desliga no corpo, faz?” Hum. Gente, não é tão denso que é quase palpável. A pesa tanto o clima que é quase palpável. Imagina. E é tão louco porque é é é sei lá se é engraçado, sei lá se é drástico. É engraçado no sentido de a gente não sabe, então fala, gente, é não é que é engraçado de cômico, mas é olha que engraçado, sabe esse sentido? A pessoa tá viva, tô tava ontem falando com o Daniel aqui, ó, gravando podcast no outro dia o Daniel tá debaixo da terra, entendeu? É uma coisa que não E é tão assim, é uma é uma é uma comoção tão geral. Eu lembro que no dia, eu lembro não, né? Tem só 30 dias, quando a minha irmã faleceu, os médicos falavam para mim assim, a gente se olhava dentro da sala de emergência e eles falavam: “Doutora, o que que eu faço?” E eu falava: “O que que vocês fazem?” As médicas choravam, sabe? Um uma comoção. É muito nova sua irmã. Minha irmã tinha 53 anos, mas era é no muito nova. Nova? Nova? Claro. 50 anos. Saúde de um touro. De um touro. Uhum. Assim, uma coisa muito doida. muito muito inexplicável, muito e e assim que ninguém conseguia fazer nada, né? E e aí as pessoas ficam me falando, né? Me perguntando. Hoje alguém, inclusive uma médica me perguntou isso hoje, se vocês pensam em em processar os médicos, enfim. Mas se importa se eu perguntar foi do que que ela faleceu? Teve erro médico, foi alguma coisa? A minha, a minha irmã, ela, ela tava bem de manhã, foi na musculação, correu, estava com todos os exames em dia, no mesmo dia. No mesmo dia, ela saiu com a minha outra irmã, foi comprar algumas coisas e e passou mal nesta loja. Ela teve uma síndrome convergente. Em psicologia é uma é uma confusão mental devido a um estress extremo. Parece uma convulsão, mas não é uma convulsão. A gente chama de síndrome convergente. E aí já levaram ela pro hospital. hospira quase em frente à loja, então foi imediato durante essa síndrome convergente, como ela era ela era uma das chefes da hemodinâmica do hospital escola, ela trabalhava com infarto e ia vencer o dia todo. A sua irmã, ela era chefe da hemodinâmica. Meu Deus. Olha, então como ela trabalhava com isso, os médicos a conheciam, os enfermeiros a conheciam, ela chegou no hospital, eles começaram uma bateria de exames, fizeram todos os exames do coração, fizeram tomo, fizeram ressonância, fizeram todos os exames de sangue e nada apareceu. Mas ela chega desacordada, ela chega confusa, tá? Aí enquanto estava fazendo os exames, ela melhora. Quando chega os resultados do exame, ela faz uma nova síndrome convergente, fica confusa de novo, só que agora com agitação motora. Nossa, Andreia. Só que aí aí aí começa o problema, porque o que que acontece? Os médicos hoje, e eu falo isso e vou continuar falando e vou falar corajosamente, vou falar o quanto for preciso. Hoje os médicos não sabem lidar com emergência de saúde mental. 64% das doenças no Brasil, 64% das doenças que ocorrem são resultados de alguma doença mental. Então nós estamos falando que mais de 70% das doenças elas vêm de uma condição mental que faz o corpo instalar. O que a psicanálise vai chamar de sintoma. Uhum. 70% das doenças vem do mental e o curso de medicina ele tem no máximo 6 meses a um ano de matérias relacionadas à saúde mental. Só duas. E um curso de quanto? 6 anos. 6 anos. Só duas. Só nenhum ano de de pronto socorro. Emergência em saúde mental. Os médicos têm durante a o internato um contato pouquíssimo com o paciente psicotizado. Eu tô te falando que se você chegar num pronto socorro com alguma questão que seja mental, os médicos vão saber muito pouco o que fazer. Eles vão confundir com o uso de algum psicoativo. Uhum. ou eles vão achar que é um surto psicótico, possivelmente eles vão te dar um antipsicótico e alguma coisa desse tipo. Foi o que aconteceu. Só que e aí eu chego no hospital, me apresento, peço para discutir o caso. Ela ainda estava viva, o médico, os três médicos vêm, inclusive o neurologista me mostra todos os exames, doutora, olha aqui. E eu ouvindo ela gritar, olha aqui, está assim, assim, assim, os exames dela estão ótimos, a tomografia dela tá ótima. Falei, deixa eu entrar lá na sala de urgência. Ele falou: “Olha, a cena não é muito legal, mas você é da saúde mental, você pode entrar”. Aí começa o problema. Você entra no hospital com uma uma crise de pânico, uma síndrome convergente. Eu te pego, você começa a ter uma despersonalização, você começa a falar: “Eu não sou o Daniel, tá acontecendo alguma coisa”. E aí você é da área de saúde e você entende. E quanto mais as pessoas querem fazer algum procedimento em você, mais nervoso você fica. E você vai ficando mais nervoso e você vai ficando mais nervoso e você vai ficando agitado. E aí te amarram e aí amarram os seus pés e aí amarram seus braços e aí amarram o seu pescoço. E aí mais nervoso você vai ficando. Me tira daqui, me tira daqui, me tira daqui. E quanto mais nervosa ela ficava, mais remédio eles faziam. Meu Deus. E aí ela faz uma parada cardiorrespiratória por excesso de medicação. Ela tomou quatro ampolas de alol e uma ampola de fenerg sem monitorização. Se você jogar no chat GPT, uma ampola de Audol tem que ser sobre monitorização. O que que é a? É o é um antipsicotizante, mas ela nem tava tendo um surto psicótico. Mas não fizeram monitoramento do coração enquanto ela estava Eu eu no velório, alguns médicos amigos dela chegaram e me perguntaram: “Você tem certeza?” Eu tenho certeza, porque foi eu que estava lá dentro. Ela não estava monitorizada, ela não tinha um eletrodo pr para ir medicando e vendo se tá, porque não pode fazer aol sem monitorizar, pelo amor de Deus. E aí eu chego e pego ela nervosa, amarrada. Quanto mais medicação faziam, mais agitada ela ficava, porque ela sabia o que estava acontecendo. Você sabe que as novelas vale tudo que eles pega Heleninha e fala que ela tá doida, interna ela e ela não tá doida e ela fica nervosa porque ela não tá doida. E quanto mais nervosa ela fica, mais remédio eles dão e mais doida ela parece que tá ficando. Uhum. Eu pego a minha irmã numa sala de urgência, ela forte, ela fazia, praticava uterofilismo, ela era bodybuilder, tinha seis enfermeiros ao redor da maca segurando e ela levantava a maca com os braços. Ela tinha os braços imagino. É. amarrada, muito nervosa, com a medicação. Ela foi ficando grog, mordendo na língua e espumando sangue. Quando eu entrei na sala e falei: “Gega, eu tô aqui”. Ela gritava: “Andreia, Andreia, me tira daqui”. Então, ela te reconhecia. “Me tira daqui, pelo amor de Deus”. E a médica falava: “Calma”. Ela falava: “Eu vou acalmar, mas vocês me tiram daqui? O que que vocês estão fazendo? Para”. e não deixava, tentava não deixar eles fazerem remédio. Então ela tava tendo noção disso e quem tava os médicos que estavam na ela tinha uma síndrome convergente, ela não tinha uma convulsão. Entendi. Então ela aí eu falo o seguinte, eu falo que eu falo que a minha irmã morreu por duas razões. A primeira delas, ausência de terapia. Se ela fizesse terapia, ela não teria tido a síndrome convergente, ela não teria ido para um pronto socorro. Nossa, eu nunca ouvi falar de síndrome convergente. É tipo um, é o quê? É um surto da mente. É, ela lembra muito uma convulsão. Você tem uma, você tem perda de força nos membros, você tem confusão, você despersonaliza. Às vezes você regr, você começa a falar coisas como se você fosse uma criança, só que quando você faz a tomo, tá limpa, não aparece nada. Então, o cérebro não bugou, o cérebro não teve um curto. A convulsão é como se fosse um curto. O cérebro não teve um curto. Eu eu eu tenho os exames dela na minha bolsa. Ela não tem sintoma, sinal de convulsão. Ela teve uma síndrome convergente, seguida de despersonalização, depois entram com antipsicótico e aí ela começa a delirar mesmo. Se eu fizer umol na sua vez, você vai começar a delirar aqui. Uhum. E aí ele começa a ter efeito contrário e mais aldol e mais aldol. Meu Deus, eu mato, mata a pessoa mesmo, né? Porque eu eu já tive eh não é síndrome do pânico, é crise de ansiedade. Eu nunca tive isso na minha vida, Andreia. Nunca tive isso na minha vida. Um dia, ano novo, tomei um um um uns e uns álcools lá, mas álcool assim, eu tromei dois dois Chevete, que é um um negócio que faz com bebida de coco lá e tudo. E aí eu não conseguia dormir. Eu tava com uma dor nas costas, eu tava com Covid e não sabia. tava com uma dor nas costas, eu não conseguia dormir, ficava tentando dormir, tava com álcool, tava com álcool, tava doente. E aí eu, ah, eu acordei e fiquei: “Meu Deus do céu, tá acontecendo alguma coisa”. Eu juro para você que eu achei, achei que eu tava até possuído assim. E quando eu fui no médico, eles me deram um calmante que eu depois de sete dias eu tive de novo. Nesse caso da sua irmã, eh, é como se fosse um surto de cérebro, você falou de terapia, mas então quer dizer como se fosse uma soma de muitos anos de problemas, de estresse, de, né, que chega uma hora que o cérebro fala: “Vou estourar”. Isso. Aham. Aham. Só que se você chegar numa condição dessa, num pronto socorro, se você der sorte que tem um médico que entende de saúde mental, talvez ele te medique bem, mas você corre muito risco, porque hoje em saúde mental eu vou repetir e agora eu tô falando a partir da ótica de um cardiologista que logo após eu me consultei assim que ela faleceu, até porque aquilo para mim foi muito traumático. Eu precisava entender o que tinha acontecido. Eu conversei com dois psiquiatras e um cardiologista. Se você se internar num pronto socorro, hoje a medicina sabe lidar com surto psicótico. Eu eu converso com um médico, inclusive fazer um um outro dia uma live com ele, Dr. Ciro, Ciro Jorge, daqui de São Paulo, ele atende no CAPS. Uhum. Ele fala: “Andreia, nós temos dois semestres de psiquiatria. Ele fez residência em psiquiatria. Os os pacientes que chegam no na UPA, 70%, mesmo sendo de condições emocionais, vão ser atendidos pelo clínico geral. Que que você tá sentindo? O psiquiatra treina o clínico geral para atender 70% das questões emocionais. Os outros 30 vão pro CAPS. O médico da UPA, ele sabe prescrever certalina, rivotril, mais uns quatro ou cinco. Uhum. Aí eu tô falando de clínica. Agora se você chegar no pronto socorro com a questão mental aí, meu amigo, reze para entrar e reze para sair. Não. E o que foi engraçado que quando eu tava com a crise, eles me deixaram esperando ainda. Eu ficava na cadeira assim, ó. Então, tipo, é meio que um [ __ ] vai esperar o que fazer, não sabe, não sabe. O médico do pronto socorro, ele sabe fazer de azepan. Eu fui o que, fui o que eu tomei. Fenerg, foi o que eu tomei de azepan. Sei lá porque entraram com Aldol. E, e, e agora? E de novo, não tem problema eu ser criticada, ninguém vai me calar, eu não tenho problema com isso. Eu tô tô super em paz em relação a isso, até porque tudo que eu falo eu falo com muito embasamento. É. E você também é da área da saúde mental, né? Sim. E eu estava dentro da sala de urgência e eu discuti o caso com eles. Veio duas médicas e um médico e os três falavam para mim: “Eh, isso nós já fizemos tudo e ela não para, ela continua agitada. Isso é uso de substância psicoativa.” Falei: “Doutor, deixa eu falar pro senhor, eu conheço a minha irmã, nós já fomos lá na casa dela para ver alguma coisa, mas eu conheço a minha irmã. Minha irmã não usa substância psicoativa.” Isso. A substância psicoativa seria o qu? Hormônio, cocaína, qualquer coisa desse tipo, tá? não usa, mas eu vou ligar pro melhor amigo dela que os dois falam quase que o tempo inteiro. Liguei para ele, falou: “André, não usa”. Eles de novo, se você chegar num pronto socorro com alguma questão de saúde mental, eles vão tratar ou como surto psicótico ou como uso de substância psicoativa. E para essas duas coisas, eles vão te desligar, vão te é te apagar, né? Apagar. Só que se você der o azar do remédio não te apagar, você volta. Volta não, você aumenta, acentua a sua. Aí você sabe o que que me machuca, Dan? É porque nós nós temos mais de 25 anos de luta antimanicomial e aquela mulher ficou 2 horas amarrada. Então, mas é o que a gente quando olha na sociedade, Andreia, não é possível que não exista nada. Quando você faz endoscopia, te te aplica um um dormonídeo, você desmaia. Uhum. Não é possível que não pudesse induzir um coma, fazer alguma coisa para desligar ela, para não precisar passar por aquela situação. Quando você fala isso, você me lembra muito aqueles hospitais psiquiátricos antigos que era pessoa total desumanizada. É isso. Como você fala, como a gente tá falando ainda em amarrar alguém na medicina, né? Porque a medicina tinha que tá tinha que tá ali amparada para pelo menos saber. Calma, gente. Amarrar não, pelo amor de Deus. Porque igual você falou, você me amarra, eu tô tendo um negócio, eu vou quebrar todo mundo. Eu não faria nada diferente do que ela fez. Ia acontecer comigo a mesma coisa. Por por saber tudo que estava acontecendo, eu ia fazer tudo para sair daquilo ali. E quanto mais ela fazia tudo para sair daquilo ali, mais remédio. Então, então, mas o o ela já teve algum surto antes? Não, foi, ela vivia uma situação de estress muito grande devido à vida pessoal dela, mas nunca teve nada assim. Já teve crise de ansiedade, já teve crise de pânico, já teve depressão. É por isso que eu falo assim, eh, eu não histórico, né? É, eu não culpabilizo os médicos, eu culpabilizo a ignorância da medicina naquele momento. Os médicos, eu tenho até pena, porque eles também ficaram péssimos, perderam a estribeira no sentido de meu Deus, o que que a gente faz agora? Não. E eles ficaram tão assustados porque ela fez uma parada assim, assim, eles estavam, eu eu conversei com a médica, ela falou: “Não, daqui a pouco ela vai quietar e a gente vai levar ela pra enfermaria”. De repente eles olham e ela pum, parou. E aí eles fizeram o que eles deram conta, mas ali não tinha mais o que fazer. Você jogar no GPT, uma ampola de Aldol não pode fazer sem monitorizar. Foram quantas? Quatro. E mais uma de Fenerg. Mata a pessoa. Matou, né? Foi. Ô, ô, Andreia, eh, vou te fazer uma pergunta. Como a gente tá gravando, se você não quiser que eu coloque, mas como você falou que ela trabalhava com a questão do corpo, ela, você sabe se ela usava hormônio, essas coisas não usava. Não, não aplicava eh anabolizante. Conversei com o personal dela, não aplicava porque essa questão do claro que não é o caso da sua irmã, mas essa questão de a eh não sei nem se a palavra anabolizante hoje em dia trocaram por hormônio, né? Porque a galera se hormoniza. Eu tive um caso na família de uma pessoa que eu não vou falar quem, claro, mas se hormonizou por ela, né? Então começou a fazer academia, falou: “Ah, não tá vendo o resultado”. Porque o resultado que do que o pessoal chama do suco, né? dentro da da academia, o resultado sem o suco é muito demorado, né? Eu mesmo tô com minha barriguinha de chope aqui porque eu parei uns meses de treinar, você engorda de novo, sai tudo. E tem muita gente que faz por conta própria, né? E é uma outra coisa que também afeta muito a cabeça, o mental. Então essa pessoa usou, usou, usou, ficou o corpo legal, só que quando parou teve uma perda, começou a engordar desproporcionalmente, não conseguia, teve uma perda de emprego, perdeu o relacionamento, pensou em o quê? Tirar a própria vida. Não consegui, não, não chegou ao extremo. Mas a gente vê que é tudo cabeça. Onde diz o emboca? Aqui, né? Ela era sequinha, magrinha. Sabe aquela pessoa que malha, malha muito e come tudo certinho, mas não cresce porque não toma o Danone. É. Isso. Então, ela tava definidinha, mas sequinha, porque não hormonizava, comia tudo direitinho, mas não harmonizava. Então, tava tava com a saúde e e fazia exames constantes, né? tinha acabado de fazer os exames porque como trabalhava na hemodinâmica, a hemodinâmica trabalha com raio X o tempo todo. Então de três em três meses tem que fazer todos os exames para ver se não tá com muito substância química no corpo devido ao trabalho, insalubridade do trabalho. Tinha acabado de fazer, então nem pode, né, tá hormonizando, fazendo nada, essas coisas que aparece tudo no exame. Então, enfermeira da Universidade Federal, tava para aposentar daqui um ano e era da área da saúde, né? era da área da ela sabia exatamente tudo que estava acontecendo ali e ela não chegou a, sei lá, falar me aplique em tal coisa. Não tem não, não tinha quando eu acho que eu fico imaginando a cena, por isso que eu falo, a gente tem que cuidar da cabeça, né? O que levou ela para lá, que é o mais importante. E assim, eu eu falo isso para as pessoas, façam terapia, as coisas não desaparecem no ar, mágoa, tristeza, coisas mal resolvidas. Uma hora essa tampa sobe e ela derrama. Então assim, eu imagino que porque quando você entra na síndrome convergente você despersonaliza. Quando ela teve, ficou confusa e despersonalizou ali, ela já não conseguia muito dar palpite. Então ela tinha lapsos de lucidez. Tanto que quando eu entrei, mesmo com um monte de remédio, ela tinha lapsos de lucidez. Lembrava de você e não lembrava mais. E entendi. É. E e mas mesmo nos láos de lucidez pedindo, me desamarra, me tira daqui? Aí a médica falou: “Mas você não acalma”. Ela falou: “Eu vou acalmar, mas tira essa coberta do meu peito”. Então entendia o que tava se passando. É. É. E ela reconhecia você em alguns momentos. Sim. Me chamava Andreia. Andreia. Aí depois saía. Andreia me fala me fala para eles me tirar daqui. Andreia fala para eles me desamarrar. O que que tá acontecendo? E é tão engraçado que você engraçado assim, né? você falando, a gente tava falando de morte no começo agora e a gente tava tentando achar como que que vem depois da morte e tal. E a gente esquece muito sobre a vida porque tinha uma passagem bíblica que falava que Cristo é a cabeça da igreja. Se a cabeça está ruim, todo o resto está ruim. Todo o corpo está adoecido. Todo o corpo está adoecido. E aí a gente dá muito pouco valor pra cabeça, para pro nosso Cristo, né? pra nossa cabeça, porque a nossa sociedade, não sei se você, se essa é sua percepção, mas é minha, eh ela meio que descredibiliza, não, não a questão só dos médicos, mas ela não dá o real valor pra saúde mental. Então, por exemplo, o doido, o doido, entre aspas, que tá gritando na rua e tirando a roupa, ele é engraçado. Ele não é vítima de alguém que precisa chegar lá fala: “Não, para, vem cá, ó, ele tá insurto, né?” Teve um caso, você lembra de um caso de uma moça que eh fez sexo com o morador de rua queou situação de rua, mas só que depois falaram que ela tava em surto lá em Brasília e ela tava em surto, teve laudo falando que ela tava em surto, o marido perdoou, tudo mais, só que a galera não perdoa, a galera não acha engraçado porque é mais legal ir. Então, quer dizer, a sociedade também é uma percepção sua, não tá preparada para as questões de, ó, é doido, ó, isso daí, ó, isso daí é, não tá preparado, tem preconceito, vai achar sempre fazer alguma associação com uso de droga, ai porque usou droga ou porque bebeu ou porque vão fazer n sugestionamentos. Nós estamos assim, em termos de saúde mental, nós estamos engatinhando. É, estamos longe de de estar bem em todos os aspectos, políticas públicas, atendimento de saúde pública. Você imagina 70% das das dos acometimentos de saúde mental são atendidos por clínico geral, só 30% consegue pro CAPS. E o médico do CAPS tá aqui, coitado. Ó, o psiquiatra de convênio, eu falava com o Ciro outro dia, ele falava: “Andreia, as pessoas falam assim que chega no psiquiatra do convênio e o psiquiatra só pergunta: “O que que você tem? Faz uma receita”. Ele falou: “Mas é assim mesmo, porque eu sou cobrado por número de pacientes que eu atendo pelo convênio. Se eu atender menos que 12, 15, 16 no dia, o convênio derruba meu score.” Olha, olha, olha. Nós estamos dentro de uma máquina, estamos dentro de uma esteira de pessoas que vai, vamos, vamos, vamos, vamos, vamos. Eh, o próprio convênio faz isso. Se o médico não tiver um número de atendimentos, dependendo do tanto de exames que ele pede, o score dele cai, o valor da consulta dele cai também. Isso ninguém fala. O convênio paga lá, sei lá, R$ 50 pro médico e ele tem um número de exames que ele pode pedir no mês. Se vamos supor que ele tem 100 exames para pedir no mês. Se ele pediu 110, agora a consulta dele é 48. Por isso que você vai no médico e fala: “Doutor, senhor não vai pedir o exame?” Ele só pede se for, se for muito necessário encho. Minha mãe que fala, tem que encher o saco do médico para ele me dar exame. Aí você vai no médico particular e ele te pede duas folhas de exame. Aí você fala: “Uai, mas é, eu fui no médico particular outro dia, ele me pediu mais de 12 marcadores tumorais, marcador tumoral de câncer do ovário, de câncer do útero, do câncer de garganta, de câncer de mama.” Por que que não se pede isso em saúde pública ou mesmo no convênio? Não se pede porque existe uma máquina onde existe scorecar, onde existe indicador e se o médico não andar dentro dos indicadores, ele também é penalizado. Onde o médico do pronto socorro lá, que a minha irmã tava lá e infelizmente faleceu, ele vai ganhar a R$ 1.000 num plantão de 12 horas. Isso dá R$ 80 a hora para um cara que estudou medicina 6 anos e tá com a vida dos outros na mão. R$ 80 a hora. Não dá para fazer medicina séria assim. Então, os médicos são tão vítimas quanto. Eh, e a gente também tá falando, né, de uma questão, por exemplo, eu não sei, claro, qual que é a sua questão financeira, qual classe, se você é classe média, classe alta, mas a gente tá falando, vejo eu, de uma classe, de uma classe média, né, numa classe média, é que a classe média tem aí classe média baixa, classe média, classe média alta, mas, por exemplo, eu, classe média, a gente ainda tem acesso ao a um sistema de saúde adequado ou, né, adequado até certo ponto, mas quando a gente fala de pessoas mais pobres que Tem questões de de Ih, eu já conheci pessoas que realmente eram muito humildes, que via que estava com questões psiquiátricas e graves, mas não, aí não vou levar no médico não. Aí para onde vai? Pra igreja. E aí o que que acontece? O médico, por exemplo, do CAPS. Ah, do CAPS não, do da UPA, porque o médico também vive uma angústia, porque eu já eu já estive no consultório e é uma angústia, porque você quer que o paciente melhore. Se o paciente não melhorar, para você é um problema também. Por isso que psicólogo, psicanalista, psiquiatra no fim da vida tá todos tomando remédio, todos todos fazendo terapia também, todos afetados. Aí o médico do do da UPA, ele tem que prescrever um remédio pra dona Maria melhorar de depressão, mas ele tem que prescrever, ele não pode prescrever o melhor antidepressivo atual, não. Ele tem que prescrever o que tem na farmácia ou que e o que ela consegue comprar. É. E é que ela não vai comprar, né? Ela vai pegar lá, né? Aí ele prescreve a certralina que é, ó, 1970, mas se ele prescrever outra coisa, ela não pode comprar, ele tem que prescrever o que tem na farmácia. Por que que o governo federal não viabiliza para que nós tenhamos medicamentos mais modernos de gerações melhores, de terceira, quarta geração? Nós estamos pegando uma medicação de primeira geração, nós estamos trabalhando com ansiolítico de primeira geração, enquanto tem lá, nós estamos falando de de transtorno de bipolaridade para tratando aí com com medicação que já tá muito ultrapassada, sendo que a gente tem um lítio, um ácido valpóico. Aí você vai no psiquiatra particular, você melhora assim. É, é verdade. Essa pessoa que eu falei para você foi num psiquiatra particular porque chegou ali a pensar, tentar contra a vida. E digo para você, um mês voltou com a cabeça, pelo menos estabilizou, né? Hoje já desmamou, já não toma mais remédio, não tá mais medicação, mas em um mês a coisa foi entre entre aspas mágica. É, ué, você ele neutralizou a cabeça, conseguiu voltar à sanidade, falar: “Ah, eu entendi o que aconteceu comigo. A partir de agora, eu vou buscar um tratamento adequado para isso.” Aí a pessoa fala assim: “Eu tenho 20 anos, eu tô com depressão e minha depressão é refratária”. É óbvio que é refratária, tá tratando com uma medicação que a gente chama de primeira geração. Nós já estamos na sexta. E aí, André, tá indo para um lado mais espiritual da coisa. Eu, como trabalho com terror, eu percebo que muitos filmes de terror e horror, os cenários desses filmes são hospitais psiquiátricos. Por exemplo, já sei o chamado, lembra da da Samara que sai do poço do poço? Ela no começo do filme, não sei se você lembra, mas ela ela ela é internada num hospital psiquiátrico, menina, criança, e perguntam para ela: “O que que você tem vontade de fazer?” Ela de menininha com cabelinho assim, ela fala: “Tenho vontade de matar, eu não sei o que e tal”. Isso num filme de terror. E aí a gente vê que os hospitais psiquiátricos eles tenham muito, Já ouviu falar de Juqueri em Franco da Rocha? Então eu descobri tem o de Barbacena, o de Barbacena, que é em Minas, né? Inclusive, eu tô para entrevistar a Daniela Arbex, que é a autora do livro Holocausto Brasileiro, que esse tem tem esse esse documentário na essas é um documentário na Netflix e é assim, é assustador, é filme de terror. E isso a gente tá falando de pessoas eh sem condições mesmo de comprar um remédio que são que eram tratadas nesses hospitais que eram chamada de colônia, né, que moravam lá, ficavam eh afastadas da família lá e desumanizadas na sua totalidade. Assim, não não tem humanização para essas pessoas, né? Então, eh, a gente vê que os horrores, igual você falou, tá tá tratando com remédio dos anos 70, mas será que avançou muito, né? É, e agora também falando um pouco dessa dessa questão, vou até falar do remédio, mas também dos dissos que você falou, da questão da espiritualização, né, da doença mental, esse estigma. Você lembra quem eram as primeiras pessoas que cuidavam das pessoas com doentes, doença mental? Freiras e espíritas. Os sanatórios eram sanatórios espíritas. É verdade. Colônia, né, que eles falavam. É por quê? Porque a doença mental, ela é algo tão pouco simbólico que a gente não sabe muito tatear, que as pessoas que mais davam conta disso são eram as pessoas mais metafísicas, os religiosos. Então, até hoje se confunde muito a doença mental com alguma coisa de espiritual, com alguma coisa de possessão. A minha irmã quando tava passando mal, e aí minha sobrinha me contava porque ela tava com ela no momento que ela passou mal, e na despersonalização dela, ela falava como uma criança e chamava o meu pai que já faleceu há alguns anos. Algumas Isso daí é isso daí prato cheio. Antes dela morrer, ela tava chamando o papai, ela foi tomada por alguma coisa. Ela foi tomada por um espírito, não é, gente? ali você vai explicar aquilo perfeitamente, uma despersonalização, uma confusão, uma regressão, a infância, tem toda uma explicação, mas a doença mental ela se confunde muito mesmo com a questão da espiritualidade. A própria esquizofrenia, né, que é uma doença mental que ela traz esse esse essa perspectiva de ouvir vozes, eh, falar, tem alguém me chamando, ó, tem uma pessoa me chamando aqui. Sim, eu atendi um esquizofrênico que ele falava falava isso. É, ele tá mandando eu mexer no relógio da senhora. Ele falava, é, eu falava, ele quem ele ele tá mandando eu mexer no relógio da senhora. Senhora, não tem medo de eu pegar essa estátua aí, acertar na sua cabeça? Ele tá mandando eu arrebentar sua cabeça com essa estátua estalou coisa aqui, André, jura? Não dá um negócio na gente? Pega, pesa o rolê, pesa, pesa o rolê. pega. E aí eu pedi para ele desenhar. Na verdade era uma menina, agora eu me lembrei. Eu pedi para ela desenhar e ela desenhou três corpos ensanguentados. Aí diz ela que era a mãe dela, a irmã dela e eu. Você colocou você na Isso daí é roteiro de filme de terror. É por isso que os roteiros de filme de terror trabalham com essa questão da da insanidade, porque é isso, a pessoa sai dela. Eu eu fiquei com cara uma vez que ele ele contou que a mãe dele era também ela era borderline. Ele ela era muito amiga do padre da comunidade. padre faleceu. E aí ela entrava num surtos, acordava de madrugada e ela ficava conversando com o padre no quintal depois da morte dele. E aí falava: “Mãe, vem para dentro, vem dormir, não sei o quê”. Aí ela: “Não, o padre tá aqui”. E aí de vez em quando ela fazia a voz do padre, como se o padre tivesse entrado nela. Ele falava: “Oi, boa noite” e passava as coisas na parede assim. Isso é filme de terror, mas é o quê? A pessoa em confusão mental. E tem toda uma explicação, de novo, pela via da saúde mental, porque quando a pessoa está em despersonalização, ela perde a própria personalidade e aí ela pode entrar numa vivência de alguma coisa que ela viu. Então, por exemplo, as pessoas falam assim: “Ah, fulano ficou com a voz grossa, tava endemoniado”. É uma experiência que ela vivenciou e que ela deu adesão àquela personalidade ou aquela situação. Não tô aqui dizendo se tem ou se não tem possessão, não é do meu campo isso daí, mas que muita coisa se explica pela via da saúde mental. explica pela vida da saúde mental. Então isso aí do campo do padre Fábio Marinho, que ele é exorcista, né? Quando é isso é do campo do Fábio. Quando eu descobri que ele era exorcista, por isso que eu quero trazer Fábio Marinho lá no São Bento em na Itália. Então São Bento é o é o que é o exorcista mor, né? É o exorcista mor. É, inclusive eu tô indo pra Itália de novo esses esses tempos aí. Mas a gente falando de mente, ô Andreia, eh a gente também pode entrar num campo que eu Porque a gente tá falando o quê? né? Que eh você que é da área da saúde, é doutor em neurociência, você é doutora em neurociência? Sim, meu doutora, a sua sanidade tá OK? Porque para chegar no doutorado, meus amores, eu parei no mestrado, Andreia, porque é o quê? Graduação bacharelado. Aí tem a Você já foi direto pro mestrado? Fui direto pro doutorado. Ah, foi direto pro doutorado. Dietro pro doutorado. É, todo mundo faz essa pergunta. Eu também não sabia. Eu fiz um, é, eu fiz um artigo na pós-graduação e meu professor falou: “Olha, tá tendo um, uma entrada para um doutorado no Rio Grande do Sul, você não quer tentar?” Eu falei: “Ó, professor, mas eu não tenho mestrado”. Ele falou: “Não é pré-requisito. É muito difícil alguém ir direto, mas não é pré-requisito. Mas a gente tenta se você conseguir.” E aí eu consegui e fui direto. E foi direto pro mestrado. Fui direto pro mestrado. Não fiz, fui direto pro doutorado, não fiz mestrado. Porque tem pósdoc também, né? Tem um pó, meu Deus. Eu tinha um professor que era pós-doutor, falava: “O que que você faz na vida, professor? Só estuda, né? Ele: “Não, eu adoro”. E tal. Então você eh aí você foi direto pro pro doutorado em em neurociência. E aí eh a gente tá falando agora, né? Você tá me falando aí, você que é da área, que a saúde mental dentro de um contexto ali de hospital público, ela já é desvalorizada. É uma coisa que o Caps ele, não sei se você percebe, você que posta muito na internet, você vê que o CAPS ele virou meio que um meme na internet, né? É, porque é para como que é a sua visão a partir disso? Para mim é uma visão do tipo, já que a saúde mental ela é engraçada, o CAPS também vira um grande circo. Ó lá, essa daí é do CAPS, fugiu do CAP, abriu a porta do Caps hoje. Quando o Caps ele é de extrema importância, né, dentro da sociedade ele é, mas o meme ele não contraria muito porque o Caps ele é a última, ele é, ele é o final da estrada realmente quando alguém vai pro ninguém vai pro CAPS para se recuperar, vai pro CAPS para contenção química, pr É para remediar mesmo. Só chega no CAPS quem já precisa de contenção química. É, e aí essa é a discussão que de novo eu e o Ciro falamos. Todo mundo deveria ter direito a ir para o CAPS. Você deveria o o aquela pessoa que tem uma condição financeira baixa, se ela tem depressão, ela deveria ter direito de ser atendida por um psiquiatra. E só tem psiquiatra no CAPS. Só que o psiquiatra do CAPS não é para tratar depressão, é para tratar surto psicótico, esquizofrenia, dependência química. É para tratar o fim da história mesmo. Ali não há reversão. Ali o objetivo não é reverter. Ali o objetivo é contenção química. É, minha amiga psicóloga falava: “Você só vai pro CAPS quando tiver se debatendo.” É, as pessoas o que não era para ser acabou virando. O CAPS deveria ser aquilo que a gente chama de de o ápice, né? O o o auge. O age no é o ápice, né? É o é a explosão de de quando você tá eu vou e aí fica Mas não deveria deveria ser medicina de alta complexidade. Eu tenho uma depressão, essa depressão é grave, não é para clínico geral. Se eu tenho um convênio, eu não vou no clínico geral. Se eu tô com depressão, aí eu vou no psiquiatra. Então aquela pessoa que tem condição financeira baixa, ela também deveria ir direto pro psiquiatra, mas ela não vai. Ela vai ser tratada pelo clínico geral por anos. Ela só consegue chegar no psiquiatra se ela tiver surtada. E se ela tiver surtada aí ali mais. Então por isso que eu tô te perguntando nisso, porque por exemplo, uma pessoa é que é entre aspas comum, né? Como nós aqui que estamos sentadinhos conversando, que a gente não surta, não começa, não começa a perguntar para você, você não tem medo de eu pegar essa águia na sua cabeça? Eu não sou essa pessoa, eu sou uma pessoa que eu acho que eu tô estabilizada ali. Uma pessoa como nós, eh, quando a gente entre, é que eu acho que, eh, aí você me fala se essas palavras são ou não pejorativas, mas quando a gente surta psicologicamente falando, eh, a gente, igual você falou, a gente sai da gente, a gente, o Daniel não é mais o Daniel, o Daniel, ah, nossa, eu nunca vi o Daniel assim, ele queria quebrar tudo, ele queria bater no gato que ele tanto ama. Ele queria bater na Andreia, ele não era o Daniel. Você vê que tem essa, como é a palavra? des personalização. Despersonalização. Agora, quando a gente vai para um outro, para uma outra área, por exemplo, de pessoas, se o Daniel é uma pessoa legal e quando ele ele surta, ele é ele ele fica violento, eh, pessoas violentas ou pessoas que matam as outras ou pessoas que têm pensamentos assim, elas sempre estão doentes ou ela pode ser uma pessoa má? Ela pode ser uma pessoa má sem tá doente. Sem tá doente. Ser perversa. Nós na nossa condição de normalidade, bem entre aspas, é isso que eu falei, normalidade, porque o quer ser normal, né? Nós nascemos com o nosso software, OK? Quando nós estamos surtados, é o bug do nosso software. Essas pessoas que já são violentas por natureza, enfim, o software delas instalado já é outro software, já não é o nosso não. Quando nós estamos nisso, nós estamos é com bug. do sistema, eles não, eles já vem com erro de fábrica, como o psicopata, por exemplo. Há uma questão anatômica e fisiológica no psicopata. O psicopata, hoje a ciência eh já afirma isso. Ele precisa ter duas perspectivas. Ele precisa ter a genética e a epigenética. Ele precisa vir com um software específico e ele precisa ter o ambiente que propicie a manifestação desse software, como aquele menino que matou agora a família inteira lá no Rio de Janeiro. Dei várias entrevistas, conversei com as autoridades envolvidas no caso, o que arrasta pra cisterna, né? Exatamente. Ele já tinha as questões e ele vive num ambiente que propiciou aquilo também, que foi pouco divulgado. Então, as duas questões caminham juntos, mas a pessoa, esta pessoa que você tá falando, ela não é como nós, não. Ela não tá num surto, não. A normalidade dela é a maldade. Então, porque no caso desse menino, o menino tinha 14 anos, pelo que eu lembro, 14, né? 13. 13. Eu acho que tinha o Pegini, que era aquele que mata os pais também, que é um caso antigo, mas nesse caso o menino tinha 14 anos. Ele mata pai, mãe e o irmãozinho. Arrasta os três irmãzin. Imagina, ele arrasta. Parece que ele passou óleo no chão, alguma coisa assim, para conseguir arrastar os três pra cisterna. Você falou de uma coisa de ambiente. A família dele era um pouco desestruturada. Desestruturada. O pai era agressivo, tinha questões, tinha arma também, né? O pai, né? Ele mata karma do pai, né? É. E ele e ele tinha perspectiva de matar a avó também, né? Não matou porque a avó denunciou antes. E a mãe da namorada, ele ia para o Mato Grosso matar a mãe da namorada, porque a namorada parece que vê também pela internet, né? Ela acompanha, não? Ela vê, acompanha e orienta. Ela orienta junto para que ele concluísse. Tanto que quando ele mata os pais, ele fala: “Eu não tenho coragem de matar o meu irmãozinho”. Ela falou: “Mas você já pensou como que vai ser para ele viver sem os pais, saber que você matou os pais?” Ela que convence ele. Meu Deus do céu. Lembro que ela tava envolvida também. E ela e ele mata. E aí, nesse caso, Andreia, ela, ele são pessoas ruins, né? São pessoas psicopatas. Eu não sei se alguém já teve coragem de dar lá o diagnóstico, se isso tá diagnosticado, mas eles têm características que apontam fortemente para uma psicopatia. fortemente. E o psicopata falam que não tem eh remorço. O psicopata ele tem zero de empatia, por isso que ele não tem remorço. O psicopata, ele não tem empatia nenhuma. Ele nasce com a impossibilidade da empatia. Ele não, se ele tiver que chegar até essa vela, ele vai direto. Se você tiver aqui na frente, ele só te enxerga como um obstáculo que ele tem que tirar para chegar na vela. Mas você é só um problema a ser ultrapassado. Você, se você tem sentimentos, o que você sente, ele é absolutamente avesso à empatia. Ele não sente nada relacionado ao que tá acontecendo com o outro. E não tem tratamento. Não tem tratamento porque não é uma doença, é um transtorno. Mas para transtorno não tem tratamento não. Jura? Não. E aí? Porque eu sempre me pergunto uma coisa, quando a Dra. A Rosângela Monteiro veio aqui, ela falou na entrevista dela uma coisa bem pesada, mas que eu sempre me perguntei isso. Ela falou que ela ela acompanhou um cara que ele falava que ele tinha atração por criança, que ele era pedófilo, mas ele nunca tinha feito nada, mas ele falava: “Eu preciso continuar em tratamento que eu sei que eu sou isso”. Aí ela falava, se ele falava, né? Ela me contando que ele contava, se eu sair daqui do do hospital da onde eu tô em tratamento, eu vou abusar de alguém, porque eu sei que isso é mais forte que eu. E um psicopata também é assim. O máximo que acontece quando eles buscam tratamento, já tive oportunidade de atender alguns, eles procuram sim psicopata. Um, um deles encaminhado para um psiquiatra. Ele falou: “Eu procurei porque o Dr. fulano falou que eu sou psicopata e eu concordo e eu para que eu esteja sob controle eu preciso estar em terapia. Meu, imagina a pessoa se recebeu um para É, parabéns, ó, Daniel, você é um psicopata, meu. E aí para eles é zero problema, muito pelo contrário, eles eles se envaidecem com isso, porque o psicopata ele tem uma inteligência lógica, lógico matemática gigantesca. Porque ele não tem inteligência emocional, mas são eles são extremamente inteligentes. Então para ele isso não é um problema, é até uma questão de se vai descer. Se vai descer tipo passou psicopata, é óbvio. E o psicopata, ele tem um prazer na psicopatia, porque o psicopata, além de subjugar as vítimas, ele sente um prazer muito mórbido em perceber quão poder ele tem sobre você. Ele goza com isso. Então, por exemplo, eu atendi um psicopata, ele falava assim: “Andreia, eu chego numa boate, eu olho para uma mesa e eu escolho a moça que eu vou ficar naquela noite. Aí eu começo a observar ela, eu observo a bolsa, eu observo as amigas, aí eu passo atrás, vou no banheiro algumas vezes, vejo que ela tá estão conversando, daqui a pouco eu sou exatamente o personagem que ela precisa”. Ele, então, ele é, entre aspas, ele é um [ __ ] porque ele cria todo o personagem que ela, mas o psicopata faz isso. Ele é um excelente simulador de cenários. Ele cria a personalidade que ele quer, porque o psicopata ele vai se ele vai se ligar a você por três questões. Ou por vulnerabilidade, ou por interesse, ou por prazer. Interesse, tipo, tudo dele, né? sempre del sempre dele para sempre dele. Então, por exemplo, você é uma pessoa de grande relevância social. Eu, como psicopata, para mim é muito interessante eu me aproximar do Dan. Então, deixa eu perceber o que que o Dan gosta, como que ele se relaciona, quais são as opiniões dele, políticas, sociais e eu vou morfando essa personalidade, eu vou criando e daqui a pouco eu sou exatamente o que você gostaria que eu fosse, o que você precisa, que é mais fácil da gente ter uma amizade. Muito mais fácil. Você já chega moldada e é de baixa manutenção porque é personagem, né? Personagem ele é de baixíssima manutenção depois que eu, porque depois que eu decoro o papel é muito fácil. É só manter, né? Só se vestir ali e falar: “Vamos lá, o Daniel gosta de tal coisa, gosta de falar de tal coisa”. É sobre isso hoje, até eu chegar onde eu quero. Exatamente. E ele tem um certo prazer, um certo não, ele tem muito prazer de perceber o jogo da manipulação. Quando, então quando você pega, por exemplo, e é um dos casos mais estudados na psicologia forense, que é o caso da Suzane Von Ristofen, quando você vai ler os autos inteiros do processo, até as narrativas dela, ela tinha um prazer gigantesco de ter manipulado os irmãos Cravinhos, depois o próprio advogado, que ela vai lá no Fantástico, aquela camiseta do Mickey, com aquele personagem de menininha, com a blusinha da Disney. Ela sente um prazer gigante no próprio irmão. Depois as pessoas que ela foi se envolvendo nas nas nos complexos penitenciários que ela ficou. Então eles sentem um prazer quando você pega, por exemplo, um estelionatário. O estelionatário ele é o psicopata mais falastrão e o que vai te mostrar mais o quanto ele sente prazer. Ele fala: “O cara foi otário. Roubei mesmo, fiz mesmo. Quero um imbecil. Todo dia sai um esperto e um imbecil na rua. Fiz mesmo, otário.” É. Então ele sente um prazer gigantesco em subjulgar. Ele não sofre, né? Ainda por cima. Uma vez eu atendi um, ele ele tinha uma uma questão lá, ele era, o trabalho dele beirava isso e ele às vezes pegava algum bandido, algum menino de rua, não sei quê, e ele dizia que ele levava para um lugar assim e falava assim: “Não vou te matar, você vai ter a chance de escapar, eu vou contar até 10, você sai correndo.” Então você corre o tanto que você der conta até no 10, porque no 10 eu vou disparar o revólver. Aí ele falava, André, eles começavam a correr e eu começava a contar um, dois, no três eu atirava. Gente que E eu que imagino sua cara. Ah. Uhum. Você atendeu esse cara? E ele matava a pessoa. Matava. Que desgrama. E ele ria das pessoas se convencerem. Não, eu vou falar que até o 10, tá? Então você corre, você tem 10 segundos para você correr. Pessoa ia com tudo queava três, eu atirava. Olha que desgraça. Dá uma raiva dessa. Olha, a gente fica com raiva porque a gente tem sentimentos, mas eles nem nem E você atendeu psicopatas, então alguns e era sempre esse caminho. Ele ele era diagnosticado, entendia. E ia para você ou alguém enviava alguns alguns não e nem eu vou falar que era também, né? Então, mas isso que eu ia perguntar, não dá para falar pro cara, prazer ser você psicopata. É complexo, porque para começar isso é um diagnóstico que precisa ser dado por um psiquiatra, né? Tá, mas aí quando chegava para você não era o psiquiatra que já tinha dado ou não? Quando veio com diagnóstico, aí sim, aí era o psiquiatra que tinha dado. Mas tem pessoas que você conversa, você atende, tem pessoas no dia a dia que você identifica claramente traços de psicopatia. Você só não vai fazer o chá de revelação, mas tem gente que você conversa, que você identifica nitidamente. Então, porque tem gente que a gente fala de psicopata, mas ele não mata pessoas, mas ele é um chefe. Não pode, não pode ser assim. Só 3% dos psicopatas chegam ao crime. 97% não chegam ao crime. Não matam o corpo, matam a alma, matam a profissão, matam o relacionamento, matam a autoestima. Eles vão matar de algum jeito, mas não vão matar o corpo. Só 3% chegam ao crime real. Os outros 97% estão perambulando aí pelo mundo, destruindo a vida das pessoas, a autoestima, a profissão, os negócios. Aí às vezes eu fico pensando assim, se eu que agora, né, eu tô com funcionário, Sara, eu não sou psicopata não, né? Ela é acho que não, eu não xingo as, eu já vi gente, eu já vi gente trabalhando com os outros assim, com funcionários. é humilhação e xinga, cadê meu café? Vocês não prestam para nada e não sei o quê. É, essa é uma, essa é uma característica fortíssima, porque o p o o psicopata, ele gosta muito da questão da humilhação e da subjgação. Esse é um um indício, um head flag. Ele humilha, ele faz questão de humilhar. Não basta sacrificar, não basta matar, antes tem que humilhar. Você pega ali o maníaco do parque, eles têm todo um ritual. A morte é só o ápice, a morte é só o auge, mas antes disso tem toda uma ritualização de humilhação, de subjulgamento. O serial killer, em geral fazem muito isso. E a o prazer do serial killer é subjulgar. É a pessoa pedir: “Não me mata, pelo amor de Deus, eu não quero morrer”. Então eles vão gozar com aquela cena por algumas horas para só depois chegar o crime finalmente. Tanto que eles vão falar o serial killer e o manico do parque falou muito isso, que ele ficava muito irritado quando as pessoas não imploravam para não serem mortas. Como assim? Quando a pessoa ficava tipo, você vai me matar e só não, por favor. Ele ele queria que a pessoa Esse é o prazer do serial killer. É a subjgação. Eu sou Deus. A sua vida está nas minhas mãos. A sua vida e a sua morte está nas minhas mãos. E André, é um transtorno. Então, e aí? Que que fazemos com essas pessoas? Identificamos e corremos. Isso aí. Saímos de perto. É, ele vai sempre trazer um dano pra sua vida. Você pode ter certeza que ele vai sempre trazer um dano, porque ele vai pensar nele, ele vai pensar nas questões dele, ele vai pensar no interesse dele, ele não tem empatia. Então, a neurociências vai explicar. Ele tem uma amídala hiperativa, então ele, a área da da impulsividade, da agressividade, da violência, da quebra de regras, ela é hiperativa, então ela funciona no 12. E o neocórtex, que é a área da responsabilidade, da empatia, do planejamento, funciona baixo. Então é hipoativa. Então ele tem um neocórtex hipoativo e uma amídala hiperativa. Então ele é uma bomba relógio, ele é um carro acelerado sem freio. Literalmente isso. Mas é uma pergunta, não é passar no pano não, mas ele não é vítima. Porque se o cérebro dele é desse jeito, o cara é uma vítima. Vítima do quê? Dele mesmo. Eu não sei se ele é vítima, né? Porque se ele é assim, ele vai falar: “Gente, é meu cérebro que assim, eu sou louco. [ __ ] caralho”. E tipo, ele, né? Não tem um, sei lá, igual você falou, não tem tratamento porque é E aí vai fazer o que com essas pessoas? Se afasta, demora? Por isso chama, olha o nome da psicopatia. a gente chama de psicopatia, mas o nome na psiquiatria é personalidade antisocial, que não não é bom ficar perto das pessoas. Pronto, não deveria estar em sociedade. Então eu te pergunto isso porque recentemente teve aquele caso do do Ítalo Santos, né, que foi eh foi preso. E quando ele foi preso, eu fiquei me perguntando, falei: “Gente, mas o que que esse menino faz para ser preso, para ser levado pela polícia, né? Porque para mim é que eu não acompanho o trabalho dele, não acompanhava. Eu já vi algumas coisas, mas eu vi o quê? Que ele gravava vídeos dançando com uma galera bem mais nova, que geralmente eram adolescentes. Eh, e aí isso eu via isso, né? E aí eu falava que ele ficava na casa dele lá eh com esses adolescentes. Aí eles vão gravando as situações e tal. E aí quando eu fui ver eh das coisas que ele tá sendo acusado de trabalho infantil, de eh exposição desses adolescentes, exposição da criança e tal, eu falei: “Nossa, o negócio é grave”. E aí eu penso assim, a cabeça do Ítalo Santos, não tô falando que o Itítalo Santos é psicopata, não, mas você vê que ele já ele ele sabia de todo o processo de coisas que ele tava fazendo. Então ele sabia que ele tendo criança, adolescentes perto dele, que os adolescentes estão crescendo, são bonitinhos, dançando, expondo, cada meu, ele tinha quase mais de 20 milhões de seguidores, 25 milhões de seguidores. um cara desse, uma cabeça dessa, eh, a gente poderia, é, quer dizer, não não é, não tô jogando para você falar se ele é psicopata ou não, mas você vê que ele armou todo um sistema ali de e criminoso e talvez nem ele soubesse, ou ele sabe, será, entendeu? Ele sabe. O, nós não estamos dando diagnóstico, nós estamos fazendo inferências. Ao que parece, o Ítalo Santos tem uma personalidade, um transtorno de personalidade narcísica. Ele é um narcisista. O narcisista é aquele que eu sou [ __ ] É, ele tem um a o narcisismo ele nasce na infância. As pessoas estão com mania, especialmente depois da música, de chamar todo mundo de narcisista como se isso fosse uma doença. Qual música? Da Mayari Maraía, do narcisista lá. Ah, eu não sou do não sou do sertanejo. O narcisismo não é uma doença. O narcisismo primário na infância é uma fase de autoidentificação e de percepção do quanto eu sou amado. Então, eu choro, minha mãe me dá peito. Eu acordo, minha mãe acorda, eu tô com fome, minha mãe me dá comida. Então, eu sou o centro das atenções. O que que é o transtorno de personalidade narcísica? É quando eu levo isso pra vida adulta, eu continuo achando que eu sou o centro das atenções. Tenho que fazer o que eu quero. Eu sou lindo, eu dou birra, eu choro, vocês têm que me servir, servir. Então o Só que qual que é a grande diferença do narcisista e do psicopata? Todo psicopata é narcisista, mas nem todo narcisista é psicopata. Como é que é? Todo psicopata é narcisista. O cara se acha, sou [ __ ] Nista. O psicopata ele é narcisista e perverso. Todos. O narcisista não é psicopata necessariamente. Qual a diferença do narcisista com psicopata? O narcisista é mais burro. Em nome da idolatria, ele pisa muito fora. Idolatria dele mesmo. Dele mesmo. Ele faz coisas que em algum momento vai dar errado na cabeça dele. Vai dar errado porque ele deixa rabo para trás. Olha, estuda essa história do Ítalo. Tava na cara que em algum momento se ia dar errado, gente. Publicamente aquele tipo de comportamento, aquele tipo de vídeo, aquele tipo em algum momento, se não fosse agora com Fel, um Ministério Público, um político, algum momento ia dar errado. Então o o narcisista ele comete atos de infração, mas de forma mais burra, mais ingênua, achando que ele nunca vai ser pego, que ninguém vai perceber. Porque eu vi uma Porque como ele se ama e ele se adora e ele se idolatra, ele acha que todo mundo tá nessa perspectiva. Se o Ítalo fosse psicopata, ele a a história seria outra. A história seria bem outra. Ele não faria aquilo de forma pública, de forma tão ingênua, porque desculpa ali para mim ber ingenuidade, você fazer uma coisa daquele jeito, né? Então eu vi umas fotos dele que eu ia falar e que ele fazia. Aí tem umas fotos porque falaram muito no vídeo do vídeo do Felk, ele falou muito daquela Camila, né, que é uma tal de Camilinha. E eles gravavam vídeos desde quando ela era criança, né, junto e dançando e tal. E aí você via ela dançando, eh, isso criança mesmo, né? Com sei lá, com 9, 10 anos dançando funk, né? Rebitando a bunda e ele dançando junto. E aí o que que acontece? Ele você vê que tinha várias eh adolescentes juntos e não tinha só meninas, tinham meninos também, que eu acho que aí também é uma um assunto que a gente pode falar daqui a pouco com quando a gente fala muito em pedofilia, a gente fala muito numa numa a gente não, né? se fala muito numa ótica ou se olha muito para as meninas, mas tem também a questão dos meninos, né, o que não anula o outro, mas era isso que você falou. Ele expunha de uma maneira na internet que assim era OK para ele uma menina de 12 anos tem uma foto que elas estão de cinta liga sentadas assim numa numa com com caneta na na boca, como se fosse aquelas colegiais assim, bem e amostra e tal. Ela engravida, parece que com 17 anos, do irmão dele. Então assim, ele não via. Um 15 ele grava vídeos dela com o namorado, ele tira a a coberta, olha o que que eles estão fazendo, não sei o quê. Então, e aí ele ele expõe isso de uma maneira, então, quer dizer, é por uma análise que a gente pode fazer, ninguém tá dando claro diagnóstico do Ítalo, que nem a gente, eu nem posso, eh, mas ele era meio inocente nesse sentido. Tava expondo um adolescente que tava dormindo com outro, mostrando ali a a pessoa com roupa de baixo na internet, ganhando milhão de seguidores. Aí ele deve ter pensado, tá dando certo, vamos continuar. E e nós vivemos num país onde a impunidade ainda é muito alta. Então ele acreditou que esse comportamento ia ficar impune. Quando eu vi o vídeo, eu falei: “Isso acontece. Meu filho, que já há alguns anos conhecia, falou: “Não, mas tem muito tempo. Ele é estourado na internet”. Falei: “Tá, mas não é por causa do vídeo do Felca. Isso acontece, ninguém nunca falou nada”. Então tava óbvio que isso ia em algum momento acontecer, isso algum momento ia virar à tona. Então, é uma ingenuidade burra que o psicopata jamais faria. O psicopata é extremamente planejado. Ele saberia, por exemplo, não, não posso supor isso aqui, não. Isso aqui vaiar. Claro que sim. Ele faria isso de uma sutileza, de uma inteligência, de um nível de planejamento que a história seria bem outra. Ele teria uma casa cheia de gente sem ninguém saber. Não seria dessa forma que aconteceria. Então, com certeza. Agora sim, um transtorno de personalidade narcísica parece extremamente vaidoso, perdeu a mão em nome do próprio interesse. Uma das grandes questões do narcisista é que ele é extremamente ganancioso. Teve uma vez você falando disso, me lembra que quando ele foi casar com o marido dele, o Ítalo, ele deu o iPhone 15, que era o da o da o da época. Ele deu iPhone 15 com o convite de casamento. Eu lembro que a Deolane recebeu e teve alguns que receberam e não foram. No caso, sua filha não foi, não foi. A Virgínia recebeu e não foi, né? Acho que a Deolane foi, foi a Deolane foi. Então a Virgínia recebeu e não foi no casamento. Mas para você ver, você falou disso agora de querer mostrar tipo fora. É o narcisista é ostentoso. Porque eu pensei assim, se fosse uma uma lembrancinha do casamento para quem foi, era menos narcísico do que um convite. No convite você manda um papel, no máximo uma rosa. Agora mandar um iPhone 15, então ele também tem esse traço por isso, né? Tem essa ostentação, essa ganância. Em nome da ganância, eles perdem a mão. Porque há uma diferença entre ambição e ganância. Ganância é ser um trem disparado a qualquer preço ou qualquer custo e não tem nada que que satisfaça. É um buraco negro. Ambição é saudável e é bom que a gente tenha pra gente poder crescer na vida. Os narcisistas são extremamente gananciosos e na ganância eles perdem a mão. Ele já tá milionário. Ah, ele podia ter parado com essa história bem antes dessa históri. Isso é verdade. Vem antes dessa história. Dá o que deu. Agora que virou comoção popular, esqueça. Ele tá perdido. Virou comoção popular. Não, ele foi preso. E eu vi algumas linhas da investigação que estavam falando que parece que ele tava querendo fugir do Brasil junto com o marido. Foi encontrado aqui num num numa casa em São Paulo. Não sei se foi o cara picuíiba. Acho que foi isso. E aí eu eu tenho a mesma pergunta que você Andreia. Agora sou agora que descobriram isso? Por que sou agora? Foi por causa do vídeo do Felca. E outra, precisou um influenciador fazer um vídeo, o vídeo viralizar para pro Ministério Público falar: “Ah, olha, temos um problema aqui”. É sobre isso aí. O meu filho me chama para assistir. Mãe, vamos ver o vídeo do Felk que lançou hoje. O Felk tá moendo com esse assunto. Aí eu comecei a assistir, falei: “Para aí nessa história de Itítalo Santos”. Falei: “Quem é Itítalo Santos?” Não, mãe, ele já não. Nunca tinha ouvido falar. Mãe, ele já é conhecido há muito tempo. Ele é Camilinha, não sei o quê. Falei: “Tá, pera aí, volta a fita”. Esse cara faz tipo um reality, tipo rancho Maia, só que de adolescentes, de crianças faz. Falei, mas nunca houve denúncia, ninguém nunca fez nada. Isso acontecia e precisou do Fel falar para que tomassem providência. Aí surgem para mim várias questões. Primeiro, cadê o poder público? Cadê o limite da mídia? Eu posso fazer qualquer coisa de frente de uma câmera e se isso da audiência tá valendo. Se eu tenho bons advogados para me defender, eu posso fazer qualquer coisa? E terceiro ponto, que aí para mim é o que ninguém tá falando, cadê os pais dessas crianças? É verdade. Eu penso sempre, porque se ele tem uma responsabilização, os pais têm tanto quanto ou mais, porque quem tem o pátrio poder sobre eles são os pais. Então eu digo, sem sombra de dúvida, que por mais vulnerável que eu estivesse, minha filha jamais ia para um lugar desse. Imagina, André, Andreia, deixa aqui sua filha, seu filho aqui. Ah, tem mais adolescente aqui, não sei o quê. é que falaram que parece que eram famílias, claro que não, isso não justifica, mas famílias meio vulneráveis assim, não justifica não justifica, né? Porque aí aí vira festa, porque aí se todo mundo que for vulnerável expor o filho a pedofilia e a prostituição, nós estamos perdidos. Então assim, esse discurso ele é fraco e eu gostaria que também os pais fossem responsabilizados por isso e que alguém falasse sobre isso nesse país. Eu tenho um discurso muito contundente relacionado à educação de filhos e talvez seja uma das grandes coisas que me faz aparecer muito aí nas redes sociais e eu acho que a gente precisa retomar o nosso papel de paternidade e de maternidade. Virou uma palhaçada, virou uma terceirização. Aí a gente terceiriza para influencer, a gente terceiriza para videogame, a gente terceiriza. Eu fiz um vídeo essa semana falando sobre Roblox. 64 milhões de pessoas no dia jogam Roblox. Aonde tem criança, tem predador. Seu filho tá lá no Roblox, você não você não sabe o que ele tá fazendo, você não sabe com quem ele tá conversando, quem tá jogando, né? Eu tenho uma amiga que é psicólogo, um dia me ligou desesperado, o cara no Roblox falou pro menino dela de 8 anos: “Mata seu pai”. ensinou como tavam jogando junto e falou pro menino: “É, você não tem vontade de matar seu pai, só que essa conversa já vinha de semanas e ela é psicóloga. O dia que o menino verbalizou para ela o filho dela, ela quase pirou. Ela falou: “Deia, daqui um mês é aniversário dele e o tema do aniversário é Roblox”. Meu Deus, ele gosta tanto Roblox que o tema do aniversário vai ser Roblox. Ela perguntou para ele: “Da onde você tá tirando essa conversa?” Depois dela muito apertar, não, porque tem um amiguinho meu no Roblox, porque o Roblox ele parece, o Roblox, o Minecraft, o Fortnite, parecem jogos de criatividade e realmente são. Cada pessoa pode criar seu mundo específico. Só que nessa de criar um mundo específico, eu posso criar um mundo de violência, vou ser um mundo de pedofilia e todo mundo pode entrar nessas salas. A UNICEF fez uma pesquisa e um rastreamento por dia, mais de 1000 casos de pedofilia dentro desses jogos online. Aí o pai chega, ele tá cansado e aí ele terceiriza o tempo do brincar, o tempo com o filho para o jogo. É. Aí eu terceirio a educação do meu filho. Eu não tenho condições de dar uma vida para ele. Eu terceirizo para que um influencer leve para casa e grave. Então eu nunca entendi esse processo também. Eu não entendi. Também não. Para mim também tem uma lacuna. Cadê os pais da Camilinha? Cadê os pais dos outras dos outras crian dos outros adolescentes que estão lá? Eles deixaram. Morava lá. Como morava? Como ficava gravando? Cadê a autorização? Tem uma coisa na internet hoje que me incomoda muito, que também eu não sei a resposta, porque eu fiz faculdade de rádio TV e lá na a gente falava muito sobre legislação de de audiovisual. Então, por exemplo, eu não posso usar imagens de televisão no meu vídeo. 20 segundos eu tenho que usar, porque é direito autoral de outra da televisão. Eu não posso usar um trecho de uma música porque é direito autoral e tal, tal, tal. Na internet parece que isso meio que se perdeu assim. E quando era a menor de idade aparecendo nos nossos vídeos, tinha que ter autorização escrita do pai. E para ter, pra gente não sofrer processo, o pai falando: “Eu autorizo meu filho tal, tô aqui com ele, o pai tá perto na hora da gravação”. Agora ali eu não entendia. Eram stories gravados toda hora daquelas meninas dançando e a bunda arrebitando pra tela. E aí dan se coloca o Ítalo como o Judas, né, da sexta-feira da parte do sábado da Aleluiaado. Vai sofrer todas as coisas. Mas cadê o Ministério Público da Paraíba? Cadê a a o Estatuto da Criança e Adolescente da Paraíba? Porque isso tudo tá descrito no Estatuto da Criança e do Adolescente. Isso apareceu agora. As pessoas estão aí falando: “Ah, vamos criar lei Felca”. A Lei Felca já existe, Estatuto da Criança e do Adolescente, lá está descrito tudo que pode acontecer. Não existiu porque ele não fez nada escondido. Esse é que mais me assusta. Ele não era um cara que punha 12 crianças dentro da casa dele e fazia o que ele queria e ninguém sabia. Ele era um cara que fazia isso com luz, câmeras e ação. Isso e monetizava com isso, né? E todo mundo assistindo e ninguém fazia nada. E agora resolveram colocar o Ítalo Santos como o cordeiro imolado. Então vamos imolar outros cordeiros, vamos trazer outras pessoas para discussão, vamos falar das autoridades que viam e não fizeram nada. Vamos falar dos pais que estavam coniventes com essa condição e que continuam gravando vídeo na internet e falando: “Ah, ele era muito bom”. Aí a minha filha às vezes fala assim: “Não, mãe, mas é porque os povos que tava lá era emancipado?” Ou então é assim, eu ponho filho no mundo, eu paro e um filho, aí se eu emancipar ele, eu não tenho responsabilidade mais não. O que que é emancipar? Eu nunca entendi pela de verdade. O que que seria emancipar? Eu também queria entender. Emancipar eu não tenho mais responsabilidade sobre. Ué, e aí? Ah, aí eu aborto em vida. É, eu aborto em vida agora. não é mais minha responsabilidade. E aí se o cara fez, o problema é do cara, então tá tudo certo. Eu acho que ele merece ser imputado por todo o erro dele, mas não só ele. Então vamos colocar nessa sacola todo mundo que tava conivente com essa história, todo mundo que tava assistindo. Vamos falar das redes sociais. Você tocou no assunto agora. Milhões de seguidores, Andreia. milhões de seguidores, tem um monte de gente consumindo e seguindo cada vez mais esse cara. Então, quer dizer, tem uma é uma é uma avalanche de pessoas a serem responsabilizadas, mas é tão engraçado porque inclusive existe uma síndrome que descreve isso. Eu esqueci o nome aqui agora, mas eu vou lembrar. Nós temos, nós não, né? Algumas pessoas têm um prazer macabro por coisas de contravenção, coisas erradas, contravenções de autoridade, de leis, de regras. Não é fetiche, é um prazer, é uma síndrome, é um prazer estranho por coisas absolutamente erradas. Porque milhões de pessoas que seguem um cara que tem um um reality de pedofilia são como as pessoas que mandavam carta pro maníaco do parque. O Francisco era o recordista nacional em cartas pedindo visita íntima, sendo que todas as mulheres que ele fazia sexo no parque, ele só fazia depois de mortas, porque ele não conseguia fazer sexo com mulheres vivas e mastigava partes dela delas ainda, né? Ele era inclusive ele casou com uma na cadeia. É, olha que loucura. Aquele cara, aquele cara que espancou a moça agora no elevador, que deu 60 socos no rosto dela em alguns segundos, ele recebeu 205 num dia de assédio de mulher pedindo. Você jura? Ele recebeu também. O advogado dele falou: “Eu não estou dando conta de responder a avalanche de e-mails de mulheres querendo o contato dele.” André, você já tentou estudar essas mentes? Que que é isso? Por que que uma pessoa sente vontade de se aproximar de um cara desse? Tem o vídeo do cara, meu vídeo é perturbador. O vídeo é é absurdo. E aí as pessoas é porque tem gente que sente prazer e fetiche por pessoas transgressoras. É, eu sinto um um prazer, um tesão, porque você transgride, você faz coisas muito horrorosas, isso mexe com alguma coisa dentro de mim que me deixa com frisson, com vontade de estar com você. Uma vez eu fiz, tava, você falando agora, eu tava fazendo uma reportagem, não é estigmatizando o evento, claro que não, mas eu tava lá e eu tava na parada LGBT, aí eu tava perguntando: “Qual tipo de homem que você gosta?” Falou, uma reportagem bobinha. Aí teve uma uma um uma gay que veio e falou assim: “Ah, eu gosto de bandido, eu amo bandido. Ai, se eu souber que matou alguém, eu amo mais ainda.” Eu não pus na matéria, né? Mas aí eu falo: “Gente, que fetiche é esse? Que que que loucura é essa de gostar de alguém que que é transgressor nesse sentido assim? Por que que o maníaco do parque recebeu carta?” Gente, tem música que fala isso. De quê? de de elas quer sentar para nós porque nós é envolvido, envolvido com as danadas que senta só para bandido. Gente do olha que poesia pros meus ouvidos. Meu Deus, André, agora sim, eu queria até te perguntar uma uma questão que pode ser muito polêmica. Nem sei se eu vou saber perguntar isso, mas a gente tá falando de uma de uma questão, né, de pedofilia que tá que tá escancarada nas redes sociais. Agora o cara foi preso e tal, tal, tal. Mas no Brasil, não só no Brasil, mas eh tem outros pontos no vamos falar de Brasil, né? Tem outros pontos no Brasil que isso acontece há muito tempo. Por exemplo, a ilha de Marajó. Eh, tem muitos lugares que você vai em algumas cidades afastadas de diversos lados do Brasil que você vê a filha engravidando do pai, a menina de 12 anos, a menina de 11 anos engravidando do próprio pai. Teve um caso, não sei se você viu, que até saiu na câmera de segurança, que vai a menina com o esposo e o filho. E aí o filho, acho que ele chega morto. Eh, tá, chega quase morto. E aí eles vão ver o bebê, tem sinal de abuso. E aí quando vê quem abusou era o namorado dela. Só que quando vão descobrir, ele não era namorado, ele era pai dela que vivia em casa como namorado. Você viu esse caso? Humum. Foi um caso que saiu, que ficou, não lembro qual região do Brasil que era, mas um caso absurdo. E aí você vai descobrindo, vai ficando cada vez mais macabro. Então, quer dizer, essa rede de abuso de menor, de pedofilia, ela tá muito além de Itítalo Santos, né? Ela tá em outros lugares que não se fala. Am. Dan, eu fiz um podcast outro dia com uma delegada da Interpol, ela que que até está afastada, ela só investigava, ela falou, ela precisou afastar porque a saúde mental dela tava, ela só investigava casos na deep web. Existe uma um grupo gigantesco na deep web que procura e os que oferecem sexo com criança de até 8 meses de idade. Meu Deus do céu. Com bebês. Eh, eh, quando uma comida é muito rara, como é que a gente fala? É especiaria. É uma iguaria. Iguaria. Um bebê de 5 a 8 meses na deep web é uma iguaria. Eu falei, você encontrava casas? Ela falou: “Andreia, pasme centenas por dia no Brasil”. Eu imagino que ela, por isso que ela se afastou, porque imagina ver uma um vídeo de uma coisa dessa, pelo amor, pelo amor de e ela tinha que ver vídeos, né? Porque eram denúncias. Aí você fala assim para mim: “É, é, nossa, mas como que alguém gosta de bandido? Gosta de pessoas que que t prazer, necrófilos, que só sentem prazer fazendo sexo com pessoas mortas?” A mente humana, ela é um território e em todos os sentidos, até em neurologia, né? Quando eu fiz o doutorado em neurociências, eu fiquei muito tempo dentro da universidade junto com os neurologistas, neurocirurgião. O cérebro é o órgão mais inesperado do corpo humano. Ele tem uma neuroplasticidade gigantesca. Tem gente que chega no pronto socorro com perda de massa cefálica, sai daqui dois dias conversando, falando e andando. Você fala: “Essa pessoa nunca mais sai”. O outro bate a cabeça na porta e nunca mais fala e nunca mais. Então assim, o cérebro ele é um mistério. Isso falando em hardware, na máquina. Quando se fala em software, aí isso piora bastante. Então assim, o Niet tem uma frase que eu gosto muito dela. Se você olhar pro abismo, um abismo olha para você. Então assim, o que que acontece, por exemplo, com a pedofilia? A pedofilia em geral ela vem de pessoas que são viciadas em pornografia. A pornografia ela te dá uma dopamina muito rápida, só que o seu cérebro vicia naquela quantidade de dopamina e aquela dopamina agora já não basta. E aí você tem que buscar um pico maior de dopamina, coisa mais hard, né? E aí você começa a evoluir paraa pedofilia, paraa pedofilia na prática e daí para frente. Então eu acredito muito e aí eu falo até por experiência pessoal, eu sou uma pessoa que eu eu não flerto com perigo. Eu sei eu sei os meus limites. Eu e outra frase do Niet, né? sendo eu humano, nada do que é humano me estranho. A capacidade de matar, ela tá dentro de todo mundo. A capacidade de cometer uma atrocidade, ela tá dentro de todo mundo. A gente só precisa ter as condições necessárias, os sentimentos necessários e o contexto. Então, para que flertar com isso? Então, assim, eu me coloco numa condição, eu evito brincar com certas coisas. Então assim, eu acho que as pessoas elas começam a alimentar pensamentos e situações e condições que depois você chega num ponto que dali paraa frente você não volta mais. Então, então eu acho que essa é talvez se se é se existe uma dica possível, claro que existem condições que são pessoais, são peculiares, de pedofilia, de psicopatia, de narcisismo, de boderline, de bipolaridade, tem tudo isso. Mas mesmo nós considerados normativos, eu continuo acreditando que dentro de nós existe capacidade para qualquer coisa. Você vai tirar a Andreia que você provocar. Então você sabe que eu já pensei muito sobre essa coisa de fetiche e já levei pra terapia e negócio de fetiche de gostar. Porque, por exemplo, eu lembro que eu uma vez eu tava num num bar com um amigo meu e aí chegou um cara, eu gosto de cara mais velho, né, de barba igual eu, assim, fala ai que a gente chama de dery na comunidade gay, né, que é o papai, né, que é o ah, é um dadzão aí, ó, papaizão aí. E aí eu eu acho bonito e tal. E aí ele chegou e aí a gente tava conversando e tal e aí chegou um menino mais novo e deu um selinho nele. Aí eu falei: “Ah, o namoradinho dele é mais novo”. Aí meu amigo falou: “Não, não é namorado dele, é o filho dele”. Aí eu falei: “Ih, mas sabe aqueles pais que dão selinho nos filhos? Eles não tinham nada, mas é esse tipo de pai”. E aí o filho dele tava saindo da faculdade, foi encontrar com ele lá. E aí eu olhei com outros olhos o pai e o filho. Eu falei: “Hum, eu ficaria com os dois”. Aí meu amigo falou: “Cuidado.” O menino era maior de idade, o menino tinha acho que 19 anos e o pai devia ter uns 50 e poucos. Aí foui cuidar que eles são pai e filho. Aí eu falei assim: “Não, eu ficaria com os dois”. E aí eu comecei a alimentar um fetiche com filho e pai, assim, né? Claro, com filho maior de idade e tal, né? E aí eu comecei a conversar com algumas pessoas, porque eu comecei a achar muito demais isso, igual você falou, eu tava conhecendo um Daniel que eu falei: “Não, gente, pelo amor de Deus, vamos dar uma segurada aí porque esse fetiche tá pesado demais”. Aí eu perguntei pro amigo éter um dia para um amigo hétero meu, falei assim: “Fetich mãe e filha tem problema?” Ele falou: “Claro que não.” Ele falou: “Você lembra da”, ele deu um exemplo ótimo. “Você deu, lembra da capa da Playboy da Ticiane Pinheiro?” A a Elô Pinheiro, que é mãe dela, tava ali com ela junto na capa. Tem uma foto que elas duas estão nuas em cima de um cavalo. É. E eu falei, você vê como a indústria também alimenta essa fetichção do da coisa incestuosa, né? Eh, e aí eu falei: “Bom, então não tô pecando muito”. Ele falou: “Não, porque se você tem vontade de sair com o pai e com o filho de maneira separada, que eles não interajam, não tem problema, porque você não tem parentesco com eles. O problema talvez seria se eu tivesse fetiche nos dois se pegando ali.” E aí eu falei, vou parar de pensar nisso, vou dar uma bloqueada e tal, tal, tal. A gente tem isso na nossa cabeça também. Por exemplo, eu tenho muito fetiche em pé masculino. Eu acho lindo. Acho lindo. Se se você perguntar por quê, eu não sei. É, desde criança já levei pro meu terapeuta, eu acho o pé masculino bonito, tem uma coisa e eu não sei explicar, Andreia, não sei explicar. Só que todos os fetiches que chegam pra minha cabeça, eu falo: “Calma aí, vamos pensar, porque isso daí, né?” Mas eu acho que a mente humana, ela é uma coisa muito louca. O então porque nem a gente sabe do que a gente, né? Os meus assessores falam assim: “Você tem que parar de contar caso porque uma hora você vai ter algum problema”. Esse caso é meu, né? A pessoa é, mas eu sempre conto com autorização. Eu tenho um paciente que ele é da Itália e não falando nome, é, não tem problema nenhum. Ele já tem em alguns anos que ele deixou a terapia, foi no meu começo de carreira, mas ele chegou no consultório com a seguinte demanda. Eu tenho um caso com a minha mãe, cara. É o como é o negócio de Éeddipo lá, como é que é? Complexo de Édipo. Mas ele tinha um caso, mas ele tinha um caso mesmo real, oficial. Mas é mãe de sangue ou mãe adotiva? mãe de sangue. Bom, é mãe do mesmo jeito. Mas e qual que era a demanda dele? Ele não tava ali por conta do que ele estava incomodado com o caso. Ele estava ali porque como ele era noivo, ele não estava dando conta da demanda com a noiva. A noiva tava começando a ficar muito enciilada e muito incomodada, porque ele não tava conseguindo performar sexualmente. Porque noiva é porque ele e a mãe tinha uma química louca e os dois faziam sexo três, quatro vezes no dia e ele não tava conseguindo transar com a noiva. Eu tô não, eu tô chocada, Andreia. A gente tá vendo onde vai. E a demanda dele não era: “Doutor, estou aqui porque eu estou incomodado com Estou aqui porque eu estou traindo a minha noiva.” Sério? É incômodo era porque ele Como que eu vou elaborar e resolver essa essa situação? Era assim tórrido o romance. Aí eu ri muito que ele ia pra Ibiza. Ah, mas eu vou viajar daqui 7 dias. Eu e ela. Falei: “Meio que uma lua de mel?” Ele falou: “É, eu e ela” quem? Eu eu fiz a mesma pergunta. Falei: “Você e a noiva?” Ele não, eu e minha mãe. Então, mas mas ó, para você ver uma coisa, para você ver uma coisa. Eu já levei isso. Isso hoje hoje a gente tá entrando em assuntos muito lá para baixo, muito lá na deep, na deep web, deep mind, deep mend, porque eu levei isso pro meu terapeuta e eu falei para ele, falei: “Eu nunca tive fetiche com meu pai”. Questões textuosas eu nunca tive. Eu nunca tive atração sexual pelo meu pai. Meu pai sempre foi uma pessoa, até uma relação conflituosa porque ele bebia e tal, mas eu sinto prazer, eu gosto muito de homens mais velhos. Aí ele falou: “Ó, tudo bem, você nunca, mas agora pela minha mãe, a minha mãe é a pessoa mais a que eu amo na minha vida inteira, mas jamais eu eu sou gay, né? Não sentiria prazer por ela. Poderia sentir pelo meu pai, o que não é o caso. Quando você me chega e você chega para mim e fala que um cara transava com a própria mãe. Isso para mim é uma coisa que não existe no mundo. Mas é porque a gente tem um livro maravilhoso que eu tô lendo deve ser falado, sabe assim? Sabe o tipo de coisa? Você fala: “Meu Deus, sexo com a mãe”. Ah, eu tô lendo um livro maravilhoso, chama mente moralista. Não é a mente moral, é a mente moralista. Nós somos extremamente moralistas, porque se a gente mudar as histórias de contextos, elas não se tornam tão horrorosas assim. Eu contava isso outro dia numa palestra. Falei, vamos se vou contar uma história real para vocês. E é real mesmo. Uma família tem um um cachorrinho, tal, e o cachorrinho abrir o portão sem querer. Ele saiu pra rua, o carro atropelou. A família foi lá, catou o cachorrinho, tirou as víceras, cozinhou e comeu. Todo mundo, ah, nossa, que coisa horrorosa. Ah, horrorosa no nosso contexto de Brasil, mas lá no país específico. Era OK. Então a nossa mente ela é muito moralista, porque então tá, vamos suspender o juízo. Eu sou filha de um pai que eu não sei quem é. Meu pai, eu tô criando um cenário. Meu pai teve uma relação sexual com a minha mãe de uma noite, minha mãe não quis me contar quem é. Desaparecemos no mundo. Um dia eu encontro um cara 20 anos mais velho que eu e nós temos relação e eu chamos ele gato. A gente transa, consegue. Quando eu descubro bem laços de família, meu pai. O fato de você sabe por que eu não tenho tesão com E aí nós vamos quebrar a internet que você fala: “Nossa, né? Mas eu não tenho libido pelo meu pai por uma questão moralista. Não é porque o meu corpo não responde ao meu pai, porque se não fosse a moral que me segura, e eu não tô dizendo que isso é ruim, não, eu talvez eu tivesse.” Então o que nos segura é a cultura, é a moral, mas num outro contexto talvez isso não acontecesse. Aí as pessoas perguntam assim: “Como é que você trabalhou essa terapia?” Eu até levei esse caso para um congresso, tudo com autorização dele. Qual o caso do da mãe do filho? É, como que você trabalhou esse esse caso com ele? Eu eu jamais trabalharia na perspectiva moralista, porque é moralismo. Eu trabalhei na seguinte perspectiva. Você tem vontade de casar? Muito, doutora. Você acha que você vai ter condição de ter um casamento socialmente aceito com a sua mãe? É verdade. Eu nunca ten não tinha pensado. Pera aí. Você perguntou de casar com a mãe? Não, eu perguntei, eu eu tinha que trabalhar as questões emocionais dele por alguma via. Não podia ser a via da moral, que é essa via que todo mundo assusta? Você não podia chegar para ele e falar assim, você não pode transar com a sua mãe. Você não percebeu isso ainda? Não, claro que não. Porque para ele não era um problema, né? Era um problema para mim, pela minha via moralista, mas para ele não. Por mais assustador que quem tá nos ouvindo isso pareça, talvez lá numa aldeia, sei lá onde, isso não é um problema. Então, é conversar com as questões do sujeito por outra questão. E como que eu fui desmontando essa essa condição? Foi trazendo para ele perspectivas que na moral dele eram importantes, não na minha. Entendi. Porque a terapia está a serviço do sujeito e não a serviço da moral e nem a meu serviço. E em algum momento da terapia ele falava de pai, de não sei o quê, de família. Eu falava: “Nossa, que legal, então você tem muita vontade de casar”. Nossa, eu sou louco para casar. Aí eu falava: “E como é que fica a sua situação? Porque você não vai poder socialmente assumir sua mãe. Em um outro momento falava muito de criança, não sei o que. Ah, eu adoro criança, doutor, não sei que lá. E você tem vontade de ter filho?” “Tenho muita”. Eu falava: “Só que na relação que você vive, isso é uma impossibilidade.” Então, pela via dele, a gente desmonta as as os dramas do sujeito pelo sujeito e não por mim e nem pela minha moral. Uhum. Quem sou eu para julgar alguém moralmente? Nós somos extremamente moralistas. Perceba você, e acho que você não tem dificuldade de falar sobre isso. Você é gay, mas quando eu falo de uma situação dessas para você é muito assustador. Não é demais, não. E sabe o que eu até até falando que você tava falando dessa questão de moral? Eh, às vezes a gente dá umas olhadinhas nos sites no X da vida, né? nos ex da vida, nos sites mais 18 que a gente tá aí, eu sou solitário, solitário, sou solteiro, então às vezes eu preciso me satisfazer. Vai dar uma olhada em pornografia. Se você olhar nas categorias de pornografia gay, você vê que isso de pai e filho é é uma categoria, é muito romantizado lá dentro. Você olha lá, ô meu filho, não sei o quê, não sei o quê, ai mostra o seu que eu mostro o meu, pau. Isso não é comum para mim. Isso para mim é uma coisa que eu fico meio assim, só que é mais comum, por exemplo, do que um filho com uma mãe. Não, pelo Imagina, minha mãe, não tem como. Minha mãe é virgem. Minha mãe é virgem, aqueles, né? Falam: “Minha mãe é virgem brincando.” A minha mãe para mim, ela é imaculada santa. Ela não transou com meu pai. Ela teve a gente por ação do Espírito Santo. Agora eu vi um filho que transa com a própria mãe. Para mim, para mim, mas você tá vendo como mesmo sendo gay? É moral. Você é preconceitos? Você é super preconceituoso. Eu tinha uma professora de antropologia que ela foi ficou há algum tempo numa tribo indígena e ela contava as coisas de lá. Uma das coisas que acontecia na tribo é que quando a mulher menstruava, dias antes, quando ela começava a mudar o humor, o marido índio já furava um buraco que quando ela menstruasse, ela ficaria naquele buraco. Ele colocava ela no buraco e enterrava até a cintura. E ele cobria ela à noite, cobria ela durante o dia para não tomar sol, levava comida, levava água, mas enquanto ela estivesse menstruada, ela estava enterrada dentro desse grupo. Meu Deus, para nós é extremamente assustador, mas para eles é comum. Então é aquela música da Marisa Monte, né? Aqui nessa casa ninguém quer a sua boa educação. No dia que tem comida, comemos comida com a mão. Então assim, o que é moral para mim, para você talvez não seja. É. E o Freud vai trabalhar isso muito. O Freud fala assim: “Somos bissexuais por origem”. Aí todo mundo quer pôr fogo no Freud. Então simula, vamos simular um cenário. Freud comunista, você tá falando que aquele a briga do Se você estiver com venda nos olhos, as mãos amarradas, os pés amarrados, ninguém vai te to ninguém, você não vai conseguir ter reação. Se alguém te tocar e fizer sexo oral, independente se se é homem ou mulher, você vai ter orgasmo. É aí que ele fala que nós se você se não vê e você convencer que é uma pessoa, eu já nossa, biologicamente nós sentimos prazer com ambos os sexos. Ah, mas aí quando eu abro os meus olhos, quando aí tudo muda, porque aí tem moral, tem costume, tem crença. E eu não tô falando se isso é ruim ou se isso é bom. Só tô falando que nós somos muito moralistas e nós julgamos o outro por uma ótica que é muito nossa, que é muito a partir da nossa perspectiva, não é da perspectiva do outro. Mas é difícil de entender, né? É complicado porque a gente já tá inserido dentro dessa dentro desse contexto, esse da do filho com a mãe e as narrativas eram maravilhoso porque aí dá vontade de se perder e entrar na no âmbito da Quero Quero entender, quero. Então eu sempre me pergunto assim, para um filho ter uma atração na mãe, como será que foi a rela e para uma mãe ter uma relação com um fho, ter uma atração num filho, como que foi essa coisa de de ver o menino crescendo, de ver, será que isso não teria uma pergunta, né, mais polêmica, será que não teria uma relação de abuso desde sempre, Andreia? Não, não, não teve, não teve uma relação de abuso. Ele, ele, ele trouxe, ele uma síndrome meio que de estou cômodo, tipo, menino foi abusado quando não sabia, depois ele viu e começou a gostar da situação e aí já era. Não trouxe ele, ele trouxe a narrativa. O, ela tinha um casamento ótimo com o pai e tudo, eles eram dois filhos. E já ele já mais velho, noivo. Um dia ele chegou bêbado, a noiva ficou brava, pôs ele para dentro de casa e largou ele sozinho lá na casa dele. E ele tinha vomitado na roupa, nele tudo. E a mãe dele levou ele pro banheiro para tirar a roupa, para dar banho nele, porque ele estava vomitado. E aí ele fala: “Doutor, enquanto ela tava me dando banho tals”. E ela foi passando a bucha e a camisola dela foi molhando e eu fui olhando, fui vendo a transparência. É filme pornô. Isso é filme pornô. E aí eu até me pergunto se tem amigos héteros meus que em algum momento também, uma vez eu vi um documentário, eu vou atropelando que a minha cabeça tá assim, mas eh eu me pergunto se tem amigos héteros também que em algum momento não sentem prazer, talvez não com a mãe ou com a mãe, mas com pessoas que lembrem a mãe. Porque, por exemplo, uma vez eu vi um documentário que falava de prostitutas idosas aqui no centro de São Paulo, documentário antigo, acho que tem aqui no YouTube, e é um documentário bem sensível e tal. E aí tinha uma prostituta que ela tinha 68 anos, ela era bem gorda assim e tal, e ela falava: “Eu tenho muitos clientes de 19 e 20 anos porque eles querem fazer sexo comigo com com eles no meu colo e aí eles querem que eu trate eles como filho. Então quer dizer, eles têm uma fetização com a imagem da própria mãe.” Freud explica. Eu sempre essa frase do Freud explica, ela abre, ela ela explode a minha cabeça. Seu desejo por um cara no perfil de paizão, de derizão, é exatamente a sua relação mal resolvida com o seu pai. Ué, o que não quer dizer que você sentia desejo pelo seu pai. Terapeuta já jogou isso na minha cara. André vermão joga na minha cara aqui, ó. Claro que é. E homens que se envolvem com mulheres mais velhas, eles têm uma questão importantíssima com a mãe mal resolvida, um complexo de édo, alguma coisa desse sabe que eu conheci uma menina porque uma coisa que eu sempre olhava pra minha mãe era a mão dela, que ela tem uma mão não é nada feminina, é uma mão grande com as unas. Eu achava bem bonito nela. Talvez uma questão de olhar, achar achar aquilo meio masculino. Sempre achei a mão da minha mãe bonita. Eu conheci uma menina na rádio que eu trabalhava que ela tinha uma mão parecida com a minha mãe e eu achava ela ultra atraente. E aí um dia eu falei isso pro meu psicólogo, ele falou isso, Freud explica. Eu falei que Freud explica aí é então porque eu é engraçado isso, né? A nossa relação de com os nossos pais ela vai muito além, né? Do só, porque os nossos pais nos geraram, né? Minha mãe me gerou e a gente cresceu junto, né? E aí eu fico me perguntando em qual momento você tem um fetiche? Você contou agora do banho, mas gente, imagina, minha mãe já me deu banho várias vezes, eu nunca tive um tesão nela. Porque o seu épo mal resolvido era com seu pai. É. É. E como você jamais inconscientemente teria coragem de eh romper a barreira do desejo com seu pai, você projetou isso em homens mais velhos. Tem uma música do Casusa que fala: “Sério que você nunca quis comer sua mãe? Você nunca ouviu essa música? É, talvez se eu fosse hétero, né? Tem tem um tem um que que eu sempre ouço que é assim, é isso aí é mais feio do que abraçar vó de pau duro, uma coisa assim, né? Eu o pessoal falava, eu falava: “Ai, gente, pelo amor de Deus, eu vejo a minha avó, minha mãe com figuras imaculadas e e aí Andréia, a gente fazendo um paralelo você viu para onde foi essa conversa, né? A gente fazendo um paralelo dessas questões sexuais, a sexualidade também é uma questão não muito discutida e não muito falada. Eu tenho certeza que tem gente que tá assistindo a gente agora falando, gente, olha a cabeça desses dois, são perturbadíssimos. Não é que perturbadíssimo. Eu sempre, eu, eu gosto muito de falar sobre questão sexual porque é uma coisa que ela é incubada na nossa sociedade. Não, não fala disso. De uma tia minha falecida agora, tadinha, ela falava uma coisa, sempre quando a gente falava de sexo, de gay, ela tem dois, tinha dois netos gays e eu sempre falava: “Ô, seu, o seu neto agora sumiu”. E ela sempre falava assim: “Não fale, menino”. Que eram assuntos que não se fala e sexualidade também. Não fale, menino. E eu percebo que é muito isso, né? Você percebe que que a a sexualidade é pouco falada, pouco discutida. É uma mística em torno do sexo, né? Como se a gente não fizesse sexo, como se a gente não tivesse questões sexuais, como se a gente É uma loucura isso. Eu eu falava agora, nós estávamos até fazendo lá um podcast e o o cara acabou chamando a esposa dele e a gente conversou lá juntos falando sobre isso. E e não se discute, né? Então, às vezes eu tô, por exemplo, em palestra só com mulheres e eu falo muito sobre isso e elas morrem de rir, não de forma pejorativa, mas falando da sexualidade da própria mulher, eu falo, gente, a gente morre de preguiça de fazer sexo. Quando a gente começa a fazer sexo, o marido tá lá pelejando, você tá olhando pro teto falando, gente, ali tá mofado aqui, eu tô desand sexo no casamento não é igual sexo na vida de solteiro. É, eu lembro que você veio da outra vez aqui, você falou uma coisa que de novo minha cabeça fez assim, você falou assim: “Você gosta muito de sexo, não case, não case, não case. Sexo e casamento não subsistem no mesmo corpo. O sexo no casamento ele tem uma outra perspectiva. Gente, André, isso é de uma lucidez que assusta, que por isso que o povo não fala, não fale isso não, porque eu quero acreditar que eu vou casar e vou continuar transando toda semana. Você casou para transar, você fez errado. Tem o único lugar que você não transa no casamento, você transa pouco, pouco. E é outro sexo, é o sexo serotoninérgico. É aquele sexo aqui, ó. É o sexo do afeto, do carinho, do afago, do deitar no peito. Esse sexo dopaminérgico, essa coisa louca que você chega tirando a roupa e dando tapa na cara. Não, isso isso é paraa vida de solteiro. Sexo no casamento é quando dá, é quando os dois querem, quando você não tá cansado e daí para frente. Então assim, não se fala sobre essas coisas. Homem tem muito mais vontade de fazer sexo. Eu fal hoje eu falar mesmo, André, que isso? Porque é verdade, eu percebo de amigos héteros que eles falam: “Daniel, vocês gays são muito mais prático, né? Bota para fora aí rapidinho.” Bora, rapidinho. Obrigado. Chama meu Uber que eu tô indo embora. É bem rápido. São dois homens, é duas testosteronas. Não, mulher, sexo para mulher é romance. É. Para mulher sexo é corte. Para mulher sexo é toque, sexo é outro. Corte, beijo, conversa, cheira, mete. É um negocinho para homem. É, é rápido. É um negócio ali rapidão. Por isso que sexo entre dois homens em geral ocorre de forma muito mais simples, n? Eu sempre brinco assim que a maioria dos meus sexos é: “Vai logo que eu vou descer nesse andar”. Mas é o tempo do elevador do té non andar, né? É mais sem burocracia. Isso se explica pela pela testosterona, né? O homem tem muito mais testosterona e o a testosterona é o hormônio da erotização e da e da e de tudo que acontece ali no ato sexual. Então, a mulher tem bem menos vontade do que o homem. E mesmo ainda que ela tenha vontade, o sexo para mulher passa por outra perspectiva. Aquele livro Mulheres são de Marte e Homens são de Vênus é a pura verdade. São dois seres absolutamente diferentes. Então assim, o interesse sexual da mulher é outro. Eu brinco com meu marido, eu falo assim: “Gente, eu acho até bonito o tanto que vocês gostam de sexo. Eu até gostaria de gostar o tanto que você é para se apreciar. Olha como gosto, eu acho lindo. Mulher relaxa falando, homem relaxa transando. Olha, verdade. É verdade. O homem ele, para ele, o sexo é para relaxar. Então ele pensa, eu vou chegar em casa, eu vou fazer sexo e eu vou relaxar. Isso. A mulher, sexo para ela é um é um evento que ela vai marcar na agenda, que ela vai ter que se esforçar. Ela vai gostar durante ela vai gostar. Sexo no casamento, mas até chegar lá, né? Ah, tá a estrela do mar. [Música] Até que ela comece a gostar, passa por outra perspectiva. Gente, você viu como são universos, né, Andreia? São, eu não falo do universo da mulherada porque eu sou donzelo. Eu a única mulher que eu vi nua foi minha sagrada mãe e minha sagrada avó. Agora nunca tive relação com mulher, nem sei como é. Até o orgasmo feminino para mim ele é um mistério, porque pro homem e até nisso, né? Pro homem é você vê como é que é o negócio, dura 6 segundos, 5 segundos no máximo, você vê, ah, terminou, teve prazer. A mulher parece que você não vê o orgasmo dela, é uma coisa é não vê, né? V, inclusive, se ela quiser fingir, ela finge. Então, o homem não tem como fingir porque tá ali, ó. Ah, não terminou não. Não é, é por outro, passa por outra perspectiva. Só que a gente não fala sobre isso. A gente não discute, não se conversa, não se fala sobre as polêmicas, não se fala sobre desejo. Mulher não pode desejar. É um estigma mulher desejar. Igual você falou da pedofilia. Quando se fala de pedofilia, se fala de pedofilia como se fosse um algo específico pro universo feminino. Feminino. Sabe porque quando eu percebo isso, teve uma deve deram uma notícia esses dias, eu não posso esquecer de falar com você, sobre homoerotismo, que são heterossexuais, que não são homossexuais, mas gostam de estar mais na companhia de homens. Mas já vou, já falamos sobre isso. Mas eu vi uma notícia de uma professora norte-americana, acho que ela tinha 28 anos, que ela se insinuava para alunos de 12, 13. E aí as pessoas deram essa, saiu essa notícia no nas redes sociais. E aí o que eu vi de comentários de homem falando assim: “Ai, como eu queria uma professora dessa, ai como eu não tive sorte”. Porque é uma relação explícita de pedofilia. Meninos de 12, 13 anos, tudo bem, eles estão na puberdade, mas que eles se descubram pessoas da idade deles, né? Não com uma pessoa de 30, quase 30 anos. E aí você vê que essa, e eu sempre ouvia muito isso até de familiares do tipo assim, mostra o seu aí para provar que você é homem, entendeu? Se alguém quiser, você tem que ir para cima, porque meu filho desde pequeno ele é garanhão. Meu pai sempre falava isso tá na decepção. Se você souber a quantidade de homens que eu já atendi que foram abusados por mulheres na infância e quando eu falava para eles que eles foram abusados, eles ficava bravo comigo. Mas eu gostei. Que isso, doutor? Não foi abuso não. Eu atendi uma vez que a a funcionária da casa dos 8 aos 14 fazia sexo todo dia de manhã com ele. Ele falava: “Doutora, quando eu ouvi a porta oito dos 8 aos 14, ele falava: “Quando eu ouvi a porta batendo que ela chegou, eu já ficava até gelado na cama porque eu pensava: “Vai começar”. Aí eu falei para ele: “Nossa, e como que você trabalhou esse abuso?” Abuso? Falei: Aí, óbvio, você foi abusado por ela. Não, doutor, eu gostava. Não, falei não é sobre gostar. Não, não. Abus não foi abuso, doutor. Ela fazia sexo comigo, mas ele não eles não identificavam como abuso. Se o homem Não, eu eu te desafio achar um homem que foi abusado na infância por uma mulher e que fala que foi abuso. Se for por homens, eles falam que foi abuso. Se for por uma mulher eles não falam que foi abuso de jeito nenhum. Não, doutora, ela meia comidade. É, uai. Não, a gente transava, a gente brincava, mas não foi abuso, não. Eu gostava, eu queria. Foi como não foi abuso? Um século sem consentimento. Você era um menor? 8 anos é uma criança. 12 anos é uma criança, 13 anos é uma criança. E a demanda dele, ele foi pro consultório porque ele tinha ejaculação precoce, porque desde muito cedo ele teve que fazer sexo. E essa eu lembro, então essa frase ela ela não me sai da cabeça. Ele falava assim: “Quando eu ouvia o barulho, por volta de 8 horas que ela chegava batendo a porta, eu já gelava na cama. Eu pensava: “Nossa, vai, mas gelada a cama”. Já não era uma coisa boa. Claro que não, porque ele não queria, ele não tava entendendo aquilo. Claro, mas quando eu falei que não era uma coisa boa, ele quase me bateu. Não, senhora, esquece isso. Inclusive, não vamos nem mais tratar sobre isso, nessa. Aí, ó, nessa hora que é ruim, né, que é impede, né, ele já trava e já não fala mais. Nessa perspectiva do abuso, nós nem vamos falar sobre isso, porque não foi abuso. Eles se sentem até muito enaltecidos. Eu comecei minha vida sexual muito novo. Então, é porque é isso, é que é incitado na sociedade, né? E o inverso também é verdadeiro. Se o menino de 14 tem cinco contatinhos, 8, 10. Nossa, que delícia, meu filho. É garanhão. Se a menina tem cinco contatinhos, nossa menina, isso vai ser vagabunda. Is conversa com cinco meninos ao mesmo tempo. Você tá ficando com vários meninos de beijo, né? Tem vários contatinhos na escola. Essa menina isso quando tá falando de um contexto também de mesma idade. Agora quando você fala de um menino de 14 com contatinho de mulheres mais velhas, ele continua sendo garanhão. Um contatinho de uma menina de 14 com homens mais velhos é pedofilia. É. Exatamente. Se for um homem com uma menina mais nova, aí o contexto é de pedofilia. Mas uma coisa que eu sempre vejo nesses comentários é o seguinte: “Mas é melhor que meu filho transe cedo para não virar viado”. Já ouvi muito isso. Eu eu tô no meu lugar de fala agora. Já ouvi muito isso. Melhor que ele transe cedo, comece cedo mesmo, seja garanhão para não virar [ __ ] E quando a gente fala de virar [ __ ] também tem uma outra questão, porque a gente vê muito homem que que maltrata a mulher, briga com a mulher, mas com os amigos na rua. É só só teve uma trend que eu vi, é só sorrisos, uma trend que eu vi que as meninas namoradas falavam assim: “Meu namorado comigo”. Aí ele é sempre assim na foto, né? Piscina na casa. minha, meu namorado com os amigos dele, ah, beijando na boca, dando selinho, é, é, brincando, fazendo coisa sexual. Tem um homoerotismo também mesmo nos homens héteros, né, que eles gostam de estar com outros homens, né? É porque na verdade não é só os homens héteros, não. É porque na verdade nós somos quer dizer, eu sou heterossexual, mas eu sou homoafetiva. Eu prefiro muito mais a companhia das mulheres. Uhum. chá de panela, salão de de cabeleireira, ir no shopping. É muito mais divertido sair com mulher do que sair com homem. Sexualmente nós somos, eu souxual, eu prefiro estar na cama com homem, mas afetivamente eu prefiro a companhia das mulheres e com os homens. O meu filho, ele fala isso literalmente, ele brinca muito. Ele fala: “Se mulher não tivesse vagina, não, se o homem tivesse vagina, é, ele fala: “Se meus amigos tivesse vagina, tava feito”. É, mas vou falar para vocês que tem homens que tem vaginas que são os homens trans. Você sabe que o homem trans é muito não, invisibilizado na sociedade. Porque eu lembro que uma vez tinha um amigo meu que ficava falando: “Ah, é hétero, né? Ai, mulher, ai [ __ ] é bom demais”. Eu falei: “É bom demais”. Olha isso aqui. Aí era um homem peludo, peitão, com vagina, que são os homens trans. Aí, o que que é isso? Mentira, isso daí é inteligência artificial. Falei: “Não, meu amor, isso aqui é homens trans porque a gente é muito acostumado com as transexualidades e as e pessoas travestis quando eh são homens que se travestem de mulheres e se tornam mulheres trans que, na verdade sempre foram, né? Porque são mulheres com pênis, certo? E tem outro, o contrário também, que são as mulheres que se tornam homens trans uma vez eu vi ele sem de sunga, peito peludo, eu falei: “Nossa, eu que sou homossexual senti prazer num homem, porque ele é um homem, só que ele tem vagina, entendeu?” Então quer dizer, igual você falou aí, seu filho brincar, se meus filhos tivessem, se meus amigos tivessem vagina, eu já eu Homens preferem muito mais a companhia de homens. E o inverso também é verdade. O homossexual ele é héteroaafetivo. Ele prefere muito mais a companhia de mulheres do que de homens. Eu tenho amigas mulheres. A maioria gays adoram a companhia de mulheres. É, então é essa questão. Então e aí os homens querem morrer com isso, né? Eu falo isso muito meu filho, mas eu falo: “Você é heterossexual, mas eu, você é homoa afetivo. Ele é do agro, da veterinária. Sou nada disso aí que senhora tá falando não. Claro que você é imagina ter uma mãe psicanalista em casa fica jogando verdades na nossa cara. Outro dia eu falei para ele, ele quis morrer. Falei: “Deixa eu te falar, você vai levar pra sua terapia”. O quê? que você adoraria me odiar, mas você não consegue, porque é muito pesado odiar a mãe. Então você acaba odiando as mulheres do mundo, mas no fundo ódio, mas você tá doida, mãe tem ódio do Não, eu sei que você não tem, filho. É porque é pesado odiar a mãe, mas você odeia alguns comportamentos meus e aí você projeta isso nas mulheres do mundo. Sabe onde eu ouvi isso uma vez? Na que na definição daqueles que falam que é incel. Já ouvi falar disso? Uhum. O que que é o incé? É um menino que, pelo que eu ouvi, são meninos que tiveram frustrações com mulheres, nunca conseguiram ter um relacionamento ou ter um relacionamento sexual e aí odeio mulheres e são héteros, né? É, esse odiar é um querer manter distância, né? Eh, achar que mulher, que a mulher em algum momento ela pode te prejudicar. Isso passa de novo pela perspectiva freudiana. Talvez ele viu a relação dele com a do pai com a mãe e achou que de certa forma a mãe subjulgava o pai. E aí é muito pesado odiar a mãe. Então eu odeio todas as mulheres do mundo em nome de não odiar a minha mãe. Então eu reprovo o comportamento da minha mãe. Minha mãe é uma mãe castradora. Ela corta o pinto do meu pai, ela corta a masculinidade do meu pai. Ela deprecia meu pai e eu preciso me cuidar. Senão essas mulheres do mundo todo vão cortar meu pinto também. Então deixa eu odiar essas mulheres que é muito aquela série adolescentes que traz muito isso do Incel, que essa nova perspectiva também que agora ocorre de meninos que detestam meninas entre aspas, né? É. E aí, você detesta menina e hétero e aí vai fazer o quê? Então sai com homem, então não é, mas detesta. Detesta tudo que existe na menina, mas a perspectiva sexual não detesta. Por isso que eu falei, são homoafetivos, mas heterossexuais. tem a perspectiva da sexualidade só voltada para o feminino. Só que se tiver que matar para isso, não tem problema. O maníaco do parque era muito em céu. Ele tinha um problema seríssimo com mulheres. Tem, né, Francisco, porque Francisco de Assis, né, Francisco de Assis Pereira. É. E parece que tem de tudo para sair, né? Esse ano, esse ano ele sai. Esse ano foi 2028. É 2028. Eu acho que faz 40 ou 2026. Eu acho que faz o ano que vem. É, eu sei que tá por aí, tá pertinho. Porque acho que quando ele foi preso, acho que foi 96, são 40 anos, só que na época que ele foi condenado era só 30 que você podia ficar na cadeia. Então 96, 2006, 2016. Eu não sei nem como que não saiu ainda, porque tem progressão de pena, regressão de pena, tem esses negócios, né? Então já era para ter saído já. Será que sai? Tem que sair porque o Champinha tá tá lá, né? Lembra do caso Champinha? Ah, que também foi a questão dele é é pela cabeça, pela mente também. Matou aquele casal, mas ele não sabe saiu. Acho que mora em Atibaia, alguma coisa. Teve filho, né? Chama Felipe, acho que o filho. Ah, meu Deus. É, teve filho, casou. Casou com médico. É, casou com médico. Eu fico me perguntando, será que tem Andreia? Será que ela tem alguma coisa que ela fala: “Nossa, matei meus pais e agora tenho um filho. Será que ele vai querer me matar ou será que nem passa na cabeça dela?” Dificilmente vai passar pela cabeça dela, porque para passar esse medo teria que haver empatia. E ela não tem empatia. Para ela é assim: “Precisei matar meus pais.” Matei. Eles eram um obstáculo entre eu e o meu desejo. Então, zero problema. Vida que segue. É vida que segue. Para o psicopata não há barreiras entre ele e o desejo. Se ele quer e você é um um obstáculo, ele só vai transpassar o obstáculo. Tá tudo certo. E existe, claro que existe, porque é uma questão da mente, mas assim, eu ia perguntar se existe criança psicopata. Existe. Existe, né? Porque ela vem já nasce com isso, né? Existe criança perversa já da infância. Você olha e você já vê comportamentos extremamente perversos de bullying com colega, de maus tratos com os animais, de compra racional pra gente pensar sobre isso. Existe um transtorno que chama transtorno opositivo desafiador que ele aponta, não quer dizer que é, mas ele aponta para uma possibilidade futura de psicopatia. São crianças que já são diagnosticadas com o transtorno positivo desafiador é uma necessidade de de contrariar os pais e desobedecer os pais de forma contumás e às vezes agressiva. Então ele não vai encontrar limites para não para desobediência. Ele vai desobedecer em todo momento que pode desaguar futuramente numa numa psicopatia. Eu tinha um um paciente, a filha tinha o Tod e a menina não deixava a irmãzinha dormir. A irmã dormia, ela ia lá e batia no berço até a irmã acordar. E o pai pegava, batia, danava, mas ela ria de rolar e acabava a surra, a irmã dormia, ela acordava a irmã de novo. Mas e criança? Essa menina? Criança, criança. Ela senti um prazer tremendo. A mãe falava assim: “André, nossa vida é um caos, a nossa vida é caótica. Porque assim, tudo que ela pode fazer para inviabilizar a vida da família, ela faz. A gente tá indo pra festa, ela faz questão de você arruma, ela, ela se desarruma, ela suja a roupa da irmã, ela rasga caderno dos coleguinhas na escola. É um caos. E a gente ouve muito hoje em dia, uma boa surra resolve. Não, resolve uma boa surra, bater em criança. É um é um tema delicado, né? Mas assim, eu ouço muito, vejo muito na internet a galera falando, na minha época, se eu fizesse com a minha mãe, o Cipó cantava, a gente apanhava. Eu acho que o que que resolve autoridade, obediência e afeto. O filho precisa saber quem manda. Isso é, isso é quanto isso é necessário. A psicologia vai dizer e a psicanálise também que o limite ele é estruturante. Um ser humano que cresce sem ter alguém que coloca limite tem uma chance grande de se tornar alguém muito problemático no futuro, inclusive um psicopata. Sabe-se que os casos de feminicídio são de homens que não suportavam frustração na infância. Então a mulher termina com ele, ele não suporta alguém dizer não para ele e ele vai lá e mata, cara. E tem muito, né? mata e às vezes se mata também, né? Então, a primeira coisa, autoridade. O limite na infância ele é estruturante. Ordem precisa ter quem manda e quem obedece, porque também é estruturante e afeto. Se você me perguntar se eu sou a favor de bater, eu nunca bati nos meus filhos. Eu nunca bati, mas aí é muito pessoal. Eu eu eu acho, eu não consigo enxergar de que forma que a violência pode ajudar. Isso não quer dizer que você não vai dar uma contida. uma sujigada, isso, um pegar firme no braço, falar: “Chega agora”. Porque isso é contenção, até porque a pessoa tá começando a se fragmentar ali da peti, você tem que trazer ela pro corpo. Então você faz uma contenção física. Agora eu não consigo entender como que pancada resolve as coisas assim. É, é para mim é uma coisa muito inexplicável. E aí a minha grande pergunta é assim: eu eu sempre que eu senti a vontade de bater, eu e esse conselho eu dou para qualquer pai e mãe, sempre que você sentir vontade de bater, espera a raiva passar. Se quando a raiva passar, você ainda quiser bater, aí você tá liberado. Porque em geral a gente não bate para corrigir, a gente bate porque a gente tá com raiva. Isso no momento ali. Então você bate porque quebrou o copo, você tá com ódio, você gostava daquele copo. Aí você bateu, não foi para corrigir, você bateu por causa do copo. A grande maioria das surras não são corretivas. são punitivas. Então, espera o outro dia. Ele fez a arte. Você espera o outro dia. Se você ainda continuar com vontade de agredir seu filho por conta daquilo, ah, tirou vermelho, te expôs, expôs o seu esforço, você tá ali lutando para que seu filho estude, aí ele ele tira nota ruim, ele sacaneia na escola, aí você vai bater, você vai bater porque você tá com raiva, que ele desmereceu o seu esforço, ou você vai bater porque você acredita que a surra vai corrigir. A partir de agora ele vai começar a estudar. Então, espera 24 horas. Se essa tese se manter aí, eu acho uma baita de uma ignorância. Eu não consigo imaginar como que espancar alguém resolva. Uma vez eu tava num ônibus urbano dentro da cidade, uma mulher começou a bater numa criança, eu desci, tava longe da minha casa, eu desci. Eu não conseguia assistir aquela cena. Do ônibus. Eu acho uma ignorância, provocar dor em alguém e isso corrigia. Eu não. Agora a autoridade precisa ter firmeza, precisa ter. Eu estava viajando há 15 dias atrás e meu filho tem 24 anos. Nós estávamos no Chile, ele ligou: “Ah, eu vou para uma festa hoje à noite, não sei o que”. Falei: “Você não vai sair hoje”. Por quê? Falei: “Porque eu estou a milhões de quilômetros de distância, eu e seu pai, se acontecer alguma coisa”. Ah, ele tava aqui no Brasil. Ele tava no Brasil. Falei: “Se acontecer alguma coisa, não tem como te acudir, não.” Então tá bom, mãe. Falei: “Isso não, tem que obedecer enquanto, enquanto eu for mãe, não é enquanto tiver debaixo do meu teto, não. É enquanto eu É, muita gente fala isso, né? Enquanto tiver debaixo do meu teto, vai seguir minhas regras. Não, enquanto eu for mãe, enquanto eu for mãe, vai precisar obedecer, sim, porque sempre vai precisar, né? Eu já tive momentos que eu morava longe dos meus pais, assim, eu precis precisava de alguma coisa, eu ligava, ué, era o aí minha mãe falava: “Não, tá, vamos resolver e tal”. É bom ter essa parceria, né? Principalmente dos pais. Ela é imprescindível. Ela é imprescindível. O pai é autoridade, ele é alguém mais sábio. Em empresa, a gente não fala em eleger um mentor, que é alguém que já viveu mais tempo na vida que você e conhece a perspectiva organizacional. O pai e a mãe teoricamente seria esse mentor que sabe um pouco mais da vida e que tem uma opinião importante para te trazer. A gente jamais vai desprezar isso. E isso é tão coisa do Ocidente, porque no Oriente a perspectiva é outra, né? Quando você pega Japão, Coreia, China, os idosos são quase idolatrados. É, são quase figuras de sabedoria. Aqui no ocidente a gente acha que a pessoa tá ficando gagar, que a pessoa já não. É, eu vi um vídeo de uma menina com a mãe dela, ela falava assim, ó, a mãe dela idosa, já tava usando fralda, só que ainda tava lúcida, né? Ela falava: “Ó, mamãe hoje fez xixi de novo na Não, fez xi na cama hoje. Troquei a fralda dela, mas ela mijou na cama hoje. E se eu fosse bater na senhora, mamãe? Igual a senhora batia na gente quando a gente fazia xi na cama. Olha só. E aí a senhora fala: “É, é verdade, é verdade. Ela ainda entende, né? Tá vendo como violência não resolve?” Porque a senhora tava idosa, tava já já, né? Num contexo e criança também não sabe, você vai bater. A criança nem sabendo que que ela tá apanhando, né? E o inverso também é válido, né? Porque a gente às vezes trata o idoso com muita pouca paciência. E aí eu fico perguntando se ele tivesse te tratado com pouca paciência quando você era criança. Então, esses dias eu estava ensinando minha mãe a mexer no YouTube. Minha mãe vai fazer 80. E aí fiquei umas duas horas lá assistindo vídeo de YouTube com ela. Ela só vê vídeo de igreja. Eu falei: “Mãe, a senhora passar o dedinho aqui, entra outro”. E ela ficou se divertindo e a gente ficou umas duas horas vendo vídeo lá de igreja. Aí na hora que eu fui embora, minha irmã falou assim: “Que que você tava fazendo?” Eu falei: “Ah, assistindo o vídeo do YouTube com a mamãe e especialmente depois da perda, ensinando ela mexer no YouTube.” A minha irmã falou assim: “Não sei para quê, não vai adiantar nada. Amanhã ela já vai ter esquecido tudo. Amanhã você vai vir aqui, ela não sabe mexer. Falei para ela: “Pois é, amanhã se precisar eu venho aqui, fico mais duas horas com ela, ensino de novo e sábado se precisar eu ensino de novo. E a semana que vem eu ensino de novo.” Porque eu tenho certeza que ela me ensinou matemática umas 20 vezes e ela não desistiu de mim. A gente desiste dos nossos idosos e a gente olha pros nossos idosos e não se coloca no lugar deles. Eu achei tão bonito um amigo meu outro dia, ele é psicólogo e a mãe dele tem Alzheimer e ela não conhece mais ninguém. E aí propuseram para ele levar ela para uma clínica e ele se opôs e argumentou e argumentou. E o último argumento foi: “Não, tem que levar ela pra clínica, tá difícil para você”. E outra, ela nem sabe mais quem você é. Ele falou: “Ela não sabe quem eu sou, mas eu sei quem ela é e ela é minha mãe. Então eu eu vejo assim que nós aqui estamos ainda muito atrasados com relação ao idoso. O idoso para nós ele é um problema, ele é uma carga porque ele não produz. A minha mãe hoje ela é extremamente difícil. o comportamento, a teimosia, a a ausência de produção, a dificuldade de locomoção. Mas eu já fui essa pessoa, eu já fui aquela que não sabia andar, eu já fui aquela que precisou pegar no meu braço, eu já fui aquela que me esquecia, eu já fui aquela que tinha dificuldade de aprender. E ela teve paciência, porque que agora a gente não faz o caminho inverso? E você vai ser o que ela é hoje também um dia, né? Não é engraçado essa coisa da vida falando de maneira filosófica, a gente precisa de cuidados no começo. Aí passa uma época que a gente acha que cresceu e tal, depois a gente volta a ser criança, só que velho, idoso. Não é uma um síndrome de Benjamim Banda demais. A gente vai regredir, né? Até você não andava e você aprende a andar, depois você volta a perder a capacidade de andar até não andar. Isso. Não é assim, é é demais assim. É uma coisa que eu falo nosso. Por isso que voltando ao nosso assunto do começo da live, às vezes é melhor acreditar que há uma inteligência acima de nós, que a gente pode chamar de Deus ou de universo, pensando e falando, vocês vão aprender tudo isso para quando vocês vierem para essa que é a real vida, que é o que eu quero acreditar, aí vocês tenham aprendido. Porque imagina se a gente for uns ignorantes lá pro céu, chegar lá todo querendo quebrar, bater nas crianças, juntar o o gato lá no céu, Deus vai falar: “Ih, volta para lá que você não aprendeu nada”. Entendeu? Por isso que é legal acreditar num além, né? É, é, é, é necessário, né? Porque senão a vida não faz sentido, né? Senão ela é uma linha reta com um início e um fim e aí o negócio fica muito esquisito, né? Eu prefiro acreditar na vida de uma forma mais poética. Eu eu olho pra minha mãe, eu penso e e sei lá se é interesse, se é fé, se é que que é, eu falo: “Eu vou minha mãe e minha sogra”. Eu tenho esse esse compromisso com a vida. meus filhos e as duas, o que elas precisarem de mim, eu podendo elas terão. Porque o idoso e a criança, eu acho do dois pontos de tanta vulnerabilidade é e qualquer coisa que eles façam está perdoado, porque eles são muito vulneráveis, eles já estão numa condição de necessidade muito grande. E aí eu sempre faço e eu falo assim: “Tomara que quando eu tiver nessa idade eu encontre alguém que faça por mim com a mesma paciência”. Eu penso isso de mim, sabia? And é sobre Eu penso de mim porque eu falo assim, vou ficar uma [ __ ] velha. Sem f. Quem vai cuidar de mim? Os gatos. Não, que que eu vou fazer? Por isso que eu tenho que casar com boy logo. Tem para esse boy cuidar de mim. Para nós adotar um filho, eles cuidaram de mim. É a nossa. Você tá vendo como que a vida, como que a gente procura sentir o tempo todo. É, com certeza. Que a frase do Víor Franco, a alma humana suporta qualquer coisa menos a ausência de sentido. Na verdade, viver é tentar dar sentido o tempo todo pra vida. Pr vida. É tentar achar um sentido, né? O o John Lock, né, que é um filósofo inglês, ele fala: “A vida é absolutamente sem sentido”. Para pensar, a vida é muito sem sentido. Você dorme, todo dia, você tem que dormir. É até gostoso pensar assim, dá um alívio. Você come, todo dia, você tem que comer. Toma banho, caga todo dia, você tem que cagar. B, você toma banho, todo dia, você tem que tomar banho. Você faz xixi, toda hora você tem que fazer xixi. Que que looping louco. Todo dia eu acordo, como, durmo, vou no banheiro, trabalho, tem. Aí no dia começa tudo de novo, parece o ratinho na roda. Se isso não tiver um sentido, a gente pira. Eu falo, eu falo, eu falo muito isso pros meus pacientes em palestra também. A sensação que eu tenho é a corrida dos ratos. A vida para mim é a corrida dos ratos. Tem milhões de ratos abriram um portão e esses ratos saíram correndo. Eu lembro daquela música. É isso. Deu all. É, deu all, né? Os ratos não sabem para onde estão correndo, não sabem para quê e não sabem porquê. Só estão indo. Aí cada rato acha um sentido durante a vida. Um é igreja, o outro é ter filho, o outro é trabalhar, o outro é ser workólica, o outro é usar droga. Como os ratos não sabe para quê, por nem para onde, eles vão tentando imputar sentido durante a existência. Esses ratos somos nós. Quando você era freira, quanto tempo você foi freira? Eu literal novista do anos. Dois anos. Você você tinha definido esse sentido da vida? Porque geralmente os os religiosos têm um sentido já definido. Meu poder é minha minha vida é Deus. Esse era o meu sentido. Era esse esse era o meu sentido. O sentido era metafísico o sentido. E aí talvez seja esse um grande questão dos religiosos. Não vou falar de erro, mas algo a se pensar, né? Porque você vive essa existência esperando a próxima. Isso, isso é, isso é um discurso que eu acho pesado. Alegria não é para esse mundo. Sei o que não é para esse mundo. Quem perde a sua vida por mim encontrará. Gan a Salve Rainha, eu acho ela depressiva, chorando e gemendo nesse vale de lágrimas. Deus que me é porque a gente tem que sofrer. Eu pensei isso. Eu tava em Roma. Eu fui numa igreja lá que tinha umas estátuas belíssimas, só que todas com cara de sofrimento. Deus me perdoe. Todas assim e deitadas. E ó, você eu eu já uma vez alguém veio aqui falou: “Você já viu uma uma imagem de Jesus sorrindo?” Eu falei: “É mesmo? Nunca vi. Não, nunca vi. Só vi meme, né? Daquele Jesus assim, ó”. Mas aí não é agora as imagens sacras das igrejas você não vê. No santinho você não vê Jesus assim ou assim? Mas essa cisão ela é muito platônica e ela é muito é é é a ideia de separar corpo de alma, né? O corpo é onde estão as minhas projeções, as minhas coisas ruins, meus desejos, os meus prazeres. E a minha alma, ela vai para um lugar que é a divisão do Platão lá, de utopia, de uma cidade celestial, onde tudo era perfeito, tudo era idealizado. E aí vem vem vem Santo Agostinho e Tomás Jaquina e batiza Platão na pia batismal e e pega a teoria e e cristianiza essa teoria. é no cristianismo, como se viver aqui é fosse uma pena, é um martírio. Viver aqui não pode ter prazer, não pode ser bem-sucedido. Você tem que viver a síndrome do do vagabundo. Não pode ter coisa boa, não pode desejar coisas boas, porque este mundo não é para ter prazer. O prazer é na eternidade. E aí você fala, né, quando você era religiosa, qual era o seu sentido? O meu esposo era Jesus, né? Então, a a na congregação, quando a gente fazia os votos perpétuos, a gente entrava com buquê de flores e com a cruz no braço. Então, estava casando com Jesus, com Jesus. Então, a expectativa não era para essa vida, era pra vida eterna. Essa aqui não. Essa aqui era para queimar essa oportunidade aqui em vista da vida eterna. Andreia, lá no no convento que você participou, é, era convento, né? Convento. Teve alguma alguma coisa assim em relação de abuso, alguma coisa errada? Por que que eu tô perguntando? Você falou agora que você casou com Jesus. Veio uma freira aqui, a Bruna, e ela contou que teve teve os votos perpétuos quando ela fez. E ela falou que as outras freiras que estavam com ela colocavam gelo nas partes íntimas dela e falava: “Isso aí que é casar com Jesus”. Ó, eles é umas umas coisas absurdas. Lá onde você casou, onde você casou? Onde você casou com Jesus era de boa? Era. Eu brinco que tinha abuso era de trabalho, porque eu era única nova e elas eram todas idosas, né? É, nossa, eu trabalhava para morrer. Eu trabalhava 24 horas. Trabalho o que de trabalho que que uma freira fazência mesmo. É de boa, pode perguntar à vontade. É porque a gente era uma ordem mendicante, então primeiro a gente tinha que pedir. A gente só comia se ganhasse, era uma escura, para mim só reza. Não é isso não. Hora é ali, ó. Reza e trabalha. Então, a primeira coisa que a gente tinha que fazer era pedir. A gente batia nas portas e pedia. Pedir mesmo comida? Pedir, pedir, pedir roupa, comida, tudo. Gente, quero comer um strogonof. Tem que pedir. Pedir. E se não ganhar? Tem doce de leite. Tem, tem leite, como é que é? Tem leite, não é condensado. É. Não, não é em pó para fazer crce de leite. Não é doce de leite. Hã, creme de leite. Eu quero um creme de leite. Que que essa freira quer creme? Eu quero strogonov. Então, quer dizer, quer comer uma coisa diferente? Tem que pedir. Não. É. E não pedia assim. Eu quero isso pro estrogonov. Você pedia. Você tem alguma coisa que você possa me dar? E a gente comia era o que ganhava. Tinha essa de eu quero comer um strogonof. Hoje eu vou pedir coisas para receita de estrogonof. Creme de leite ainda pede a marca. Vou pedir umas duas tarantelas, uns dois cremes de leite e uns frangos e uma batata palha. Não, gente, Andreia, você andava na rua e pedia. Você tem alguma coisa na sua dispensa que você possa dar pra gente? Então, a primeira questão era essa, vestida de freira com hábito. Vestida de freira com hábito. E aí também a gente, o excedente a gente fazia sopa e à noite na madrugada ia pras praças ajudar os irmãos de rua. Então a gente servia sopa, limpava feridas, cortava cabelo, cortava unha, fazia toda essa parte de de assistência nas praças, nas rodoviárias. Então, trabalhava muito e fora que ainda era uma ordem de adoração perpétua, 24 horas tinha que ter alguém no santíssimo. Então a gente revesava madrugada aa eu lembro que você contou que você dormia, dormia até eu dormia horrores lá na na na no sacrário. Então tinha freira trabalha horrores. Quem trabalha pouco é padre. Padre que não trabalha aí Fábio Marinho, ó para você que tá aí Fábio. É Fábio Marinho. Fala Fábio Marinho porque eles são amigos, tá gente? O o a freira trabalha muito, trabalha horrores, trabalha pouco padre. E é engraçado quando você fala assim, né? Você pedia tal coisa pro strogonov. Eu lembro que uma vez a gente ganhou um saco de batata e um saco de tomate. Ficou duas semanas comendo batata e tomate. E aí um dia nós batata, batata não, não é? Batata, batata. Batata inglesa. E aí um dia as batatas começaram a apodrecer e a gente perguntou pra madre. Não, na verdade não perguntou. Ela viu a gente arrastando o saco, levando pro lixo. Ela falou: “Opa, opa, opa, o que que é isso? Uai, madre, as batatas estão apodrecendo, nós vamos jogar fora. Ela falou: “Não foram vocês que suaram para comprar, então não vai ser vocês que vai jogar fora. Retirem a parte estragada e cozinho.” A senhora come aquele gente. Mas eu falo, Dan. Eu falo que eu fiz um doutorado, mas talvez no convento foi onde eu aprendi as coisas mais lindas da minha vida. Mas de maneira é uma pergunta minha. De maneira radical, talvez. Porque é radical, né? radical, mas de maneira muito amorosa. Nós tínhamos um, não sei se eu contei isso aqui da outra vez, nós tínhamos um pano que era parecido com o corporal da missa. Todo mundo tinha o seu o paninho com seu nome bordado. Aí você estendia o pano, punha o copo, punha o pão, punha o prato. No final da refeição, você pegava aquele pano, juntava os restinhos que caíram, jogava dentro do copo, punha água, balançava e bebia. Você não podia desperdiçar nada porque não foi você que trabalhou para conseguir isso. Porque tudo que vocês comiam lá eram de doações. Eram de doações. E assim, n coisas assim, eu pude vivenciar experiências com irmãos de rua, que foram experiências muito poderosas. Uma vez eu eu tava tinha um que a gente sempre eu ia pr pra catedral, ele chamava Barba, e ele me amava. Eu chegava, ele conversava, era um irmão de rua, usuário de droga, tal, e de repente o Barba sumiu. Ficou uns dois meses sumido. Passa um tempo, volta o barba lá pra escadaria da igreja. Só que eu percebi que ele tateava e já não enxergava e tinha uma cicatriz aqui. E eu cheguei nele, falei: “Barba, o que que aconteceu?” Ele falou: “André, você acredita que eu tava na praça? Me deram um tiro no rosto. Graças a Deus eu escapei, mas eu fiquei cego. Agora eu não enxergo mais. Meu Deus!” Aí ele ficava na escadaria sentado me indicando. Um dia eu estava chegando, estava a uns 10 m de distância. E ele começou a gritar: “Andreia, Andreia, vem aqui que eu tô precisando falar com você. Andreia!” E eu fui, mas fui indignada. Eu falei: “Gente, eu tava 10 m de distância, como que o Barba sabe que era eu?” Quando eu cheguei perto dele, falei: “Como é que você sabe que sou eu?” Ele falou: “Eu não enxergo corpos, mas a sua luz de qualquer lugar do mundo aonde eu olhar, eu posso enxergar.” Aí os dois choraram. Que triste. É. Então assim, e é um outro, eu eu também na escadaria lá na lá em Curitiba, ele me pediu uma esmola, eu enfiei a mão, tava entrando pra missa, enfiei a mão no hábito, tirei R$ 10, entreguei para ele, entrei pra missa. Quando eu saí da missa, ele me gritou: “Freirinha, freirinha, eu voltei, ele entregou os R$ 10”. Falou: “Tô devolvendo os R$ 10 pra senhora”. Falei: “Não, meu filho, eu te dei. Você pode usar o que você quiser para comprar pinga, o que você quiser comprar.” Eu dei, tá dado? Ele falou: “Irmã, eu fico aqui na porta pedindo, não é por causa do dinheiro. Vocês trazem sopa pra gente, os crentes, os espíritas, todo mundo faz caridade com quem tá na rua”. Ele falou: “Eu fico aqui na escadaria pedindo na intenção de chamar atenção e alguém conseguir me olhar nos olhos. O dinheiro é da senhora, mas o olhar que a senhora teve sobre mim, esse nunca mais ninguém vai me tirar. A senhora me devolveu a minha dignidade.” Eu lembro que você contou essa da outra vez também. A gente passa pelas pessoas. Às vezes eu tô em palestra, todo mundo que chega para me abraçar essa semana mesmo, meu esposo ficou bravo. 2.000 pessoas numa palestra, fizeram uma fila lá uns 500. Ele falou: “Não é possível que você vai ficar aí. Todo mundo que chega eu pergunto o nome.” Aí as pessoas me perguntam: “Gente, mas você só tá tirando uma foto rápida assim”. Pergunto também é questão. Eu faço questão. É devolver pra pessoa a dignidade de quem ela é. Eu acho que é o mínimo que a gente precisa fazer. Hoje eu ouvi uma frase que me chamou muita atenção. O mundo precisa ficar melhor depois de mim. Eu gostei de uma frase que você colocou no seu Insta que era assim: “É muito eh tô muito feliz ou é muito é muito bom poder impactar a minha geração, né?” É isso. É onde é o sentido nosso, né? É um sentido que a gente estava falando agora. Não tem sentido. Somos ratinhos que fica girando, mas a gente acha nas entrelinhas, né? O rato Dan resolveu criar um podcast, um YouTube e você vai dando sentido pra sua existência com essa história aí. Mas você sabe que a parte sobrenatural da minha vida e uma coisa que assim eu não eu não sou mais cristão, não sou mais católico, mas isso eu mantenho que é uma missão de mostrar todas as crenças, todas as religiões da mesma maneira. Eu tenho assim que comigo se um dia eu chegar lá no céu e Deus falar: “Que que você fez?” Eu falei: “Ah, eu tentei igualar as as religiões para todo mundo falar desde o satanismo até o cristianismo.” Vamos tentar entender esse negócio aí. E realmente você faz isso, né? Faço, faço para todo mundo, para vem, vem falar. Claro que às vezes umas pessoas falam algumas coisas assim que impacta outras, né? Veio uma aqui agora que falou que ela eh falou da religião dela que ela tem que tirar um um um peda o coração de um bode e entregar pro demônio dela pulsando. Isso me impactou demais, mas é da religião dela. Tá amparado pela lei. Eles podem matar os bichos lá, as cabras deles lá, porque são deles para um rito religioso. Eu vou fazer o qu? O público vai fazer o qu? Carla Cut tá lá com um corpo de 15 anos. Isso é muito legal e bonito pros católicos, mas para quem tá fora é mórbido, é bizarro, é necromancia. Você vai rezar de frente pro cadáver, é trabalhar com os mortos, né? É, mas é uma vez quem que falou isso para mim foi o mestre Jonan. Falou: “Mas como assim um jovem de 15 anos?” Não sei se ele falou isso no episódio dele ou se ele falou quando eu fui visitar a igreja. Como assim? Ele não entende esse jovem de 15 anos tá exposto na igreja católica em Assis. Aí eu falei: “Tá, ele falou, você sabe que isso não é cromancia, né? É você rezar para o morto, é trabalhar para o morto, de frente pro cadáver. Mas você tá vendo a mente moralista para nós faz muito sentido, mas se você contar isso lá em sei lá onde, na China, vão falar que a gente é louco. Por isso que eu gosto muito dessa perspectiva da mente moralista, porque ela desconstrói as nossas as nossas crenças tão arraigadas. Quem disse que isso faz sentido de verdade? Pode fazer sentido para você, para mim não faz sentido nenhum. Faz sentido. Para mim é necromancia, talvez. É. É, é, é ritual, sei lá o quê. As pessoas rezam com a mão no túmulo dele, do túmulo dele. Da última vez que eu fui agora, eu fui agora em abril, quando o papa faleceu. Aí eu me, eu eu assisti uma missa. É, inclusive tem uma aquele porta-retrato, eu tô do lado dele ali, ó. Ah, é mesmo. Eu vou eu vou fazer depois uma foto mais próxima quando eu for lá na canonização. Nossa, eu quero ver depois. É, as pessoas elas elas Quando eu fui da última vez agora, eu assisti uma missa dentro lá do Ele tá dentro da da igreja da espoliação, que é onde foi o exato local onde São Francisco tira as roupas e dá para um morador, para uma pessoa em situação de rua e aí ele fica pelado na rua e fala: “Não quero nada seu”. Ele fala pro pai dele, né? E é lá onde o Carlos está, que é é onde o corpo dele que não entrou em decomposição, eh, está, o túmulo dele tá lá, que ele gostava muito desse lugar. E aí eu fui para cima missa, as crianças, crianças e jovens se ajoelham, encostam a mão no túmulo dele e choram e tremem. Tinha uma menina que ela tremia a missa inteira ao chegar perto dele. É, é a fé deles, né? Mas por isso que é tão interessante a filosofia vai chamar de distanciamento. Eu amo esse distanciamento. E aí acho que para você que vale muito. É é o que eu faço. É sempre estar uns três passos atrás de não se misturar com a crença. Isso. Nossa, é isso. Porque aí você tem uma perspectiva mais analítica. Eu acho totalmente estranho. Por mais que tenha sido freira. Tem um estranhamento gigante com essas coisas. Não é engraçado, igual você falou, você foi freira da igreja católica e existe um estranhamento que você não é mais, mas eu eu já vi padres falando também, não, gente, isso daí é muito mórbido você manter um corpo de E não só dele, né, o padre Pilta assim, as próprias relíquias, a santa é um pedaço do para amar pedaço do corpo da pessoa para tudo quant lugar do mundo, coisa horosa. Aqui, ó, o padre trouxe, o padre Fábio Vieira trouxe pedaço do Carla Cudes aqui em casa. Car, né? Inclusive, vou mandar pra Sara. Sara, vou te mandar uma foto. Dá para você pôr aí? Dá. Vou pô, vou mandar uma foto, vou te mostrar uma foto agora de quando vara de qual parte do corpo? Não sabe. É, pode ser um pedacinho de pele, que horror. Pode ser um pedaço de Não é não. Mas para para pensar comigo assim, ô, ô, Andreia. Eh, para, para mim que trabalha com terror e com religião, é a união perfeita dos dois mundos, não é? Aqui, ó. Deixa eu ver. Esse é o sensório e dentro tem um pedacinho do corpo dele que pode ser de pele. Isso. Fotinho. Ah, é. Tem um negocinho, tem um negocinho preto. Dá para ver? Vi o pretinho pontinho. É um pedaço do corpo morbidíssimo. Morbidíssimo. É super mórbido. E anda como como e anda pelo mundo como eh um objeto de fé, né? Uma relíquia de fé. que as pessoas acreditam que aquilo, eu ganhei da mãe dele, do Carlo Acuts, eu ganhei da mãe dele um pedaço do pano que envolveu ele quando ele morreu. Quando ele morre no hospital de leucemia, o pano é tipo um santo sudário do Carlo Cutos. O pano que envolveu ele é cortado em vários pedaços, micropedaços e é dado como relíquia de terceiro grau pras de segundo grau pras pessoas. Nossa. E deu para um monte de gente, deu e ela deu na deu na minha mão. Eu tava gravando. A mãe, eu já eu recebi uma relíquia de uma mãe de um santo. Você acredita? Aí ela conversou com você, ela sabia que você gostava. Ela é assim, ela ela deu ela meio que uma coletiva lá em Assis pra galera que tava com o padre Fábio Vieira, que é amigo dela, né? Eh, e aí ela conversou com a gente, aí eu fiz umas perguntas para ela, pretende visitar o Brasil? Ela fala português bem e tal, mas ela falou: “Tô estudando ainda”. E aí ela tem uma visão muito, eu percebi, ela uma pessoa muito, sabe aquela pessoa que você vê que tem uma dor muito profunda, mas que todos os dias tenta ressignificar essa dor? Eu percebi ela assim muito eh introvertida, tal, mas o que eu transpareço é felicidade. E elas me falavam: “Meu filho é santo, como vocês podem ser, sabe? É uma coisa assim”. Então aí vai de várias. E para mim isso, pro meu trabalho, é maravilhoso, porque são muitas camadas dentro de uma só. Muitas camadas, né? Muitas camadas. E como você se sentiu recebendo uma relíquia dele sendo você ateu de festinha? Eu não sou, então mas eu não me considero ateu. Eu não me considero ateu, eu me considero agnóstico, que é o que tá ali no meio. É. Eu falo que eu falo que eu tenho um pé no ateísmo porque tudo a gente tem que contestar, né? Todas as féas, principalmente você tem que falar: “Não, pera aí, não é só assim, vamos ver, vamos ver os dois lados”. Então, para mim é ser um pouquinho se o AT festinha, mas eu me considero agnóstico, que é o quê? Eu não sei. Eu acho que é o caminho mais seguro para se seguir. Eu não sei. Você sabe que depois da morte. Eu também não. Eu não vou me dar essa responsabilidade de ficar a assim. Deus é isso, Deus é aquilo. O Carla Cudes está em tal lugar. Eu não sei. Mas como você se sentiu recebendo a relíquia? Eu choro. Eu choro. É engraçado porque eu falo pras pessoas o seguinte, né? Sou e a Teufestinha. Adore é esse. Eu até vou pedir, acho que essa essa vai ser a palavra para vocês comentarem hoje. A teu festinha me considero agnóstico, não mais cristão, mas no dia que eu entrei, que eu cheguei de frente com a igreja dele, a primeira vez tem isso, né? Eu gravando, gente, tô aqui na frente da igreja da expoliação de tal Carla e brorei e todo mundo, é, bateu festinha, tá chorando por quê? Então, me pega demais. Quando fala de fé, Andreia, de humanidade, eh, de que as pessoas acreditam naquilo, eu me emociono, porque o que me o que me chama é a fé das pessoas, sabe? O que o que te emociona é a fé das pessoas, é a crença dela. Se ela falar, mas você não sente ali uma energia, um negócio? Não, não. Eu sinto emoção pela fé das pessoas, mas eu não. É que eu quando eu vi ele, eu chorei também, porque eu contava muito a história dele. Imagina, você conta a história de um santo, de um santo, de ele não é santo ainda, né? Vai ser. Eh, e aí você chega lá e você vê, pô, me pega, me pega. Mas já chorei também em gira de Exu, então que na hora que começou tad, eu falei: “Gente, coisa linda”. Então, é, é muito mais pela emoção do que pela crença. É, é, me pega assim, mas quando a Sara sabe, a Sara chega às vezes para arrumar o estúdio aqui, eu tô sozinha aqui, ela chega muitas vezes tá tocando louvor, aí eu falo: “Sara, isso aqui foi minha mãe que botou, hein? Não fui eu não, hein? Eu cantei na igreja há muito tempo, né? Adoro cantar. tem um projeto musical do Lenda Cast. Então eu trago isso comigo. Você também com certeza deve trazer muita coisa dessa época, igual você falou, né? Você fala da época depoca de freira. Ah, com certeza. Não, isso cunhou minha personalidade, o meu caráter. Nossa, o meu amor por irmão de rua, pelas pessoas em situação de vulnerabilidade, o meu senso de justiça. Isso às vezes me coloca em situações complexas, porque eu tenho um senso de justiça muito aguçado. Se eu ver uma coisa injusta, eu vou me posicionar. Impossível. ficar calada. Então isso eh a cultura ela molda a sua forma de perceber a vida, ela molda suas crenças, os seus valores. Impossíveis não fazer isso. E eu agradeço muito por isso. Eu também eu falo que o tempo do convento e o tempo do da da militância extrema na igreja foi determinante paraa minha personalidade. Não sei nem onde eu estaria se não fosse por isso. Eu acho que me ajudou muito, me conteve, trouxe aquilo que precisava em termos de contenção. Então é, eu também eu agradeço muito essa época de grupo de jovens. Eu cantei 18 anos na igreja, foi muito tempo. Eu fazia jornal da igreja e e aí depois a gente foi descobrindo, depois foi passando um tempo, ixe, 99% do grupo de tudo LGBT, tudo [ __ ] sapatão hoje em dia e muito feliz. É, tem uns que continuam ainda, mas a isso foi uma pauta muito muito forte da outra vez que vocês vieram, né? Até um corte viralizou. Eu lembro que eu perguntei para vocês assim, nós gays merecemos o céu, a comunidade LGBT, aí você falou, vocês falaram, todos merecem o céu, né? O céu é de Deus e não é do povo, né? Não é, não é o, é, não é da religião. É por isso que o discurso religioso, ele é algo que me pega muito. E por isso que eu não gosto muito de denominação, porque eu acho religião um problema, porque religião é interpretação de Deus. E quem sou eu para interpretar Deus? Porque a gente não sabe, né? E aí a gente começa a criar regras, a gente começa a criar ritos, a gente começa a criar quem vai, quem não vai, quem entra, quem faz, o que faz, o que não pode fazer. E aí vai virando um negócio que vira uma bola de neve e vira um mecanismo de repressão, de dominação. Então, religião para mim é um problema. A crença não, mas a religião para mim ela é um problema, porque em algum momento ela vai virar um mecanismo de repressão, de medo, de uma situação assim. Então eu lembro que você contou daquele fato que o pessoal falou assim: “Você foi na igreja evangélica, é uma decisão ou você fazer uma visita?” Aí você na hora falou algo: “Era uma decisão”. Agora é uma decisão. Agora é uma decisão. Porque a religião ela faz isso, né? Ela ela quer que você vá criando nichos, né? E é engraçado porque aquilo que eu te falei do gay, né? Você falou sobre o preconceito que eu quando eu falei da história da mãe, né? Ah, eu não sou preconceituoso, eu combato o preconceito. Qual o preconceito que você combate? Aquele que não pode gostar da mãe, aquele que tá dentro da sua bolha que você combate, né? Porque todos os outros preconceitos você tem e tá tudo OK, né? É. É uma bolha minha. É, é óbvio. A o a mente moralista faz isso. Ela nos coloca em bolhas, nos junta a partir de perspectivas que nós cremos juntos e estamos dispostos a defender aquilo com unhas e dentes dentro da nossa bolha. Mas saiu da bolha e eu sou tão perversa e cruel como qualquer outro que tá em outras bolhas. A qual que é a ideia da inteligência e da fraternidade, entre aspas, é a gente se permitir romper essas bolhas e olhar. O cara que transa com a mãe, ele não é mau caráter e mais depravado que eu. É aquele, né? Não, eu entendo perfeitamente. É, uai. É, são perspectiva. André, tá falando que é certo? Não tô falando. A gente tem que sair do certo e do errado, porque o certo e o errado nos limita. A radicalização nos impede de pensar. Hoje nós vivemos um problema nesse país, porque a gente ou é direita ou é esquerda, não. Isso. Isso. E aí a gente não se permite pensar fora daquilo. Nós somos um espectro. É igual você fala de, nós falamos de psicopatia. Nós todos temos características de psicopatia, de narcisismo, de depressão, o que não quer dizer que sejamos. Eu gosto muito mais de pensar nas coisas como um espectro do que como X ou Y. se isso é certo, isso é errado. Não cabe a mim dizer se isso é certo e isso é errado. Cabe a mim discutir o que que tá aqui no meio disso tudo. Então eu acho que essa é a perspectiva da inteligência. Se a gente ficar nesse radicalismo do certo e do errado, do bonito e do feio, do santo e do profano, aí nós estamos perdido. Aí nós vamos viver isso aí que a gente tá vivendo, essas facções, essas brigas de religião, essas brigas de país e aí daí pra frente o negócio só piora. Esse negócio de direita e esquerda é uma coisa que me eu tenho uns problemas aqui no canal. Problema assim, né? Eu fui num programa esses dias no Pânico, sabe? O Pânico na rádio. Fui no Pânico e aí meu, uma audiência absurda. Eu entrei no ar, tinha 60.000 pessoas assistindo. Falei: “Maravilhoso”. E eu fui para falar de terror, de de fé e tal. O que teve de gente me reclamando comigo. Esse programa é de direita, viu, Daniel? Extrema direita. Vou parar de te seguir, hein? Você vai aí por qu? Eu falei: “Mas gente, mas eu não fui lá falar de Lula e Bolsonaro, eu fui falar de teor, eu fui falar de E teve teve bastante gente querendo e decidir onde eu vou. Não, e que loucura, né? Porque olha que loucura, né? Aí por ser um programa de extrema direita, você não pode ir. É, é que quando a gente fala que algumas coisas, por exemplo, falo que eu sou gay, então automaticamente já me enquadram dentro, por exemplo, da esquerda. Não tem gay de direita. E tem gay de direita. Não tô falando que eu sou de direita. Eu sempre falo assim, aqui nesse canal vocês nunca vão descobrir se eu sou de direita ou de esquerda. Se um dia quiserem que eu me posicione politicamente, eu posso me posicionar naquele momento. Quais são os candidatos? Ah, eu acho que é esse daqui. Não quero saber se é extremo de direita, esquerda, eu acho que esse daqui vota. Mas agora a galera quer nos descobrir para nos julgar, né? E quem se define se limita. É, é, é verdade. Quem se define se limita. Ah, eu sou de esquerda, você já colocou, você já limitou uma um universo de possibilidades. Aí eu sou de direita, você limitou o universo de possibilidades. E não existe só direita e esquerda, existe um espectro de possibilidades que a gente pode, você pode simpatizar com questões da direita e questões da esquerda, não ser de nenhuma das duas. É, isso causa uma ignorância gigantesca, essa polarização. E aí a gente não consegue discutir as coisas numa ótica muito mais humanista, que não é de direita, de esquerda, é o que é bom e é o que faz bem para todo mundo. Isso não é sobre direita ou sobre esquerda. O que faz, o que é bom para todos não é sobre direita ou sobre esquerda, é sobre o que é bom para todos. Exatamente. Eu falo que eu gosto muito do conceito de política grego, né? Política grego é o bem-estar da polis. Da quê? Polis. Da polis, que é a cidade, né? O que que é político? É o que busca o bem-estar da polis. Qual é o contrário do político? Isso lá na Grécia antiga. Tinha o político e tinha o idiota. O idiota é o que buscava o bem do ID, de si, de si próprio. O político buscava o bem da pól. Hoje nós não temos políticos, nós temos idiotas, porque a grande maioria busca o bem de si. Não está buscando o bem da police, da cidade, do país, do estado. Não é sobre direita ou esquerda, é sobre o que é bom para o estado. O que é bom pra cidade, o que é bom pro país. Não é sobre direita e esquerda. Quando eu discuto direita e esquerda, eu discuto ego. Isso é idiotia, isso é imbecilidade. Aí eu tô falando de mim, eu não tô falando do outro, do que é bom pro outro. Loucura. Em religião também a gente entra um pouco disso, né? Na minha religião não pode. Na sua. Então faz você. Quando é quando alguém fala para mim assim, eh, que tá numa religião enclausurado, ah, não posso cortar o cabelo, não posso, não corte. Então, então é ótimo. Ah, eu sou contra o casamento gay, não casa com gay, fic, faz aí a sua, porque é sua religião. Mas isso é uma utopia, né, Andreia? As pessoas, a gente achar que as pessoas vão est na religião para elas, elas estão pros outros. E eu brinco que isso vale para tudo. Um dia o meu marido falou para mim: “Eu não gosto desse vestido”. Eu falei: “Não vista, é só você não colocar esse vestido”. Uai, gente, como que você se dá o direito de escolher o que eu creio, o que eu visto, o que eu falo, o que eu penso, o que eu bebo? Esses dias eu fui no na Vila Mariana, tava na Vila Mariana assistindo um jogo, estávamos aqui em São Paulo, pedi uma Vila Madalena, pedi uma cerveja, chegou uma senhora, falou: “Eu educo os meus filhos baseados nos seus vídeos. Você bebe?” E você e mocer mais uma? Falei: “Eu faço tanta coisa”. Eu falei, eu faço tanta coisa que a senhora não sabe se eu sentar aqui para contar pra senhora como assim você bebe? Não, eu o máximo foi ela falar que educa os filhos da Ó, ó a terceirização de responsabilidade. Mas eu tanto isso. É, ouve. Imagina. Eu assisto os seus vídeos para educar os meus filhos. Os seus vídeos têm me doutrinado para educar. Não, mas posso falar? É, é, eu é que eu conheço você, eu vejo, meu assim, a nossa conversa aqui é maravilhosa, porque eu vejo você é uma pessoa super para frente, super de boa, mas nos seus vídeos, se eu não te conhecesse, você ia falar: “Nossa, como ela é séria”. Porque você entra com uma com uma cara assim do tipo, “Você sabe o que o seu filho está jogando?” Aí eu, eu falo: “Nossa, essa mulher Andreia parece brava, porque eu tive essa impressão sua antes de eu te conhecer. Depois que você veio e tal, eu falei: “Não, a gente fala a Andreia é super de boa, mas talvez essa impressão que ela te tem dar internet, né?” E de novo, porque a gente é muito polarizado, né? Porque parece que se posicionar em relação à educação dos filhos de forma rígida, não bebe cerveja, faz de mim uma pessoa rígida, faz de mim uma pessoa, é como se dentro do mesmo corpo não pudessem subsistir nuances. É, eu sou rígida com os meus filhos, mas eu bebo cerveja, eu conto piada, eu sou desconstruída, eu não sou preconceituosa. Tá vendo como a gente vai criando um estereótipo? Se ela fala assim de filhos, ela deve ser brava, ela é de direita, ela não sei o que lá e não tem nada a ver, né? E tem gente que se vende assim, é, é fala, é assim na internet e se vende como se vivesse 24 horas assim, né? E aí as pessoas vêm, vem nessas pessoas aquela questão do da mitomania, né? Não, esse daí é o é o máximo. Esse cara, essa mulher não tem erros. E aí é e aí se decepciona, né? Porque mas é tão engraçado, né, Dan? Porque também a necessidade de ter ídolos, né? Como as pessoas têm necessidade de ter ídolo. Eu falo que nesse pai tem quem? Britney Spearson. Nesse país, o último ídolo foi o Airton Sena, né? A gente tem necessidade de referência. O que que é o ídolo, né? na leitura da da psicanálise, também da filosofia, é alguém que traz em si competências e qualidades que eu não tenho. Uhum. Só que até aonde essa latria é saudável, é inacreditável. Outro dia eu tinha um amigo comigo, ele falou: “Amiga, isso não tá acontecendo”. Uma senhora chegou e ajoelhou nos meus pés e começou a me abraçar. Ah, jura? Mas isso acontece muito. Recentemente, duas semanas, que como é que foi? Ajoelhou e me abraçou. ficou abraçada com as minhas pernas assim. Você salvou minha vida, amiga. Abre uma religião, Deus. É, se você tivesse uma mente um pouquinho psicopata, talvez você abriria uma religião para Eu entendo a admiração das pessoas, entendo o respeito. Tava falando isso lá na palestra essa semana. É quando eu chego num auditório e tem 4.000 pessoas sentadas e pessoas em pés me esperando. Isso não é motivo de vaidade, isso é motivo de susto e responsabilidade. Hum. Verdade. É, eu falo que nós que somos influencer, não dá para falar que nós não somos, nós temos uma responsabilidade gigantesca, porque nós somos influencer, nós influenciamos o quê? Então assim, eu tô longe de passar pela vaidade. Ainda bem que Deus permitiu que isso acontecesse no momento da minha vida, que eu estou madura. Quando eu vejo um público me esperando de 4.000 pessoas ali para mim é uma grande responsabilidade, porque eu preciso saber o que que eu tô falando e com quem eu estou falando, como aqui agora estamos falando para milhares de pessoas. Exatamente. Então, há uma quando alguém se ajoelha nos meus pés, isso para mim não é motivo de envaidecimento, é um motivo de uma preocupação saudável, de zelar e não macular essa essa cor, essa imagem sua, né, que as pessoas trazem e e é de forma carinhosa. Tem gente que me abraça e treme tanto que você não acredita. Treme, treme que a pessoa custa ficar de pé. É. E aí você precisa calma, calma, moço. Calma, senhora, calma, respira. É uma coisa. Então, mas aí, ó, eu lembro que quando vocês faziam muito podcast juntos, você e o padre Fábio Marinho, né? Eh, por isso que eu brinquei se você tivesse uma mente psicopata, porque se você fosse um pouquinho mais eh, que você falou, gananciosa, você podia falar: “Hum, tem gente que tá abraçando minha perna”. Vou juntar a questão de psicanálise, que as pessoas estão acreditando que eu salvo a vida delas junto com a questão religiosa. É um combo perfeito pra doutrinação. É, ué, para você levar uma uma Ah, eu, Andreia, ah, sabe? É perigoso. Perigoso. É, eu vejo uma responsabilidade muito grande nisso. E assim, as pessoas têm muita expectativa. Hoje falta muito quem dá direcionamento e as pessoas não têm coragem. É aquela história que aconteceu com aquele vídeo lá do bebê Reborne que eu gravei, virou um negócio, né? Eu dei umas 1000 entrevistas sobre aquilo. Falta direcionamento e falta quem tem coragem de falar as coisas como elas precisam ser faladas. E aí quando aparece alguém que tem esse posicionamento, isso gera uma empatia e uma latria muito grande. Mas a gente tem que saber o lugar da gente e a gente tem que entender. O importante é a mensagem, não é o mensageiro. O importante é a mensagem. Não é, eu brinco não, eu brinco que tem uma uma metáfora que eu que criei, né, da minha cabeça que uma historinha que eu conto que Jesus estava entrando no dia do sábado de aleluia e o povo começou, né, sacudir os ramos e ele em cima de um burrinho e o povo, aleluia, hosana, hosana, exatamente. E o burrinho levantou a cabeça e deu uma risadinha e o olhinho dele brilhou. E aí Jesus bateu na cabecinha dele e falou: “Calma, burrinho, é comigo, é para mim, eu sou estrela.” Então eu sou o burrinho de Jesus. É o importante é a mensagem que eu carrego e por essa eu vou lutar, vou morrer, não tem problema nenhum quanto a isso. Por essa eu vou dar, essa é a minha verdade e essa eu vou carregar. Aquilo que eu acredito eu vou continuar falando. Sou imparável. Eu sou imparável. Não, se eu acredito não. Eu até falei isso na palestra, até o Jorge não sabe. Eu fui falar aquele vídeo do essa semana do Roblox, uma pessoa me mandou uma mensagem no direct me ameaçando. Muito cuidado com É porque eu tô batendo de frente com o tamanho disso. O que que falou no na metade? Cuidado com o que você está falando. Você não sabe a dimensão de empresas com as quais você está mexendo. Tá. Mas e aí? Ele não vai falar, então vai deixar do jeito que tá. Eu vou continuar falando e isso só me mobiliza falar mais ainda. Eu não tenho problema com isso. Porque você já imaginou o tanto de dinheiro e dólar que roda em Se você pegar ali um Minecraft, um Roblox e um e um aquele outro que eu falei lá, é milhões diariamente rodando ali. Ali você bate. É o que aconteceu com o Felca, você começa a bater de frente com interesses que que não é muito interessante. Quando eu falo, por exemplo, da medicalização e do excesso de diagnóstico, isso já isso já rendeu muito problema. Minha avó falava uma palavra que era assim: “Isso aí é uma máfia”. É. É. Aí falava: “O que que é máfia?” Tipo, é uma estrutura que já se configurou para que aquilo não seja interrompido. Tem um filme que chama A Máfia da Dor que ele vai falar exatamente e é um filme baseado em fatos reais sobre como a indústria farmacêutica lança um remédio e faz esse remédio se espalhar e faz diagnósticos aparecerem e a coisa acontecer. E é literalmente uma máfia. Sua avó foi sábia na fala. É, ela fala: “Esse negócio aí é uma máfia”. Esse é uma máfia. E aí você começa a mexer com interesses, mas não tem problema. O importante é a mensagem, não é o mensageiro. Eu tô numa idade que não tem problema. Vamos embora. Vamos falar. Unstoppable. Unstoppable. É diva e é diva acessível. Muito bem, senhoras e senhores. Essa foi a psicanalista, filósofa e doutora em neurociência, Andrea Vermão. Obrigado, André, por vir novamente ao Lenda Cast. Ob. Você é sempre carinhoso, receptive, é sempre uma honra estar com você. O seu público é maravilhoso. Tive um uma surpresa doce quando nós viemos aqui. Milhares de pessoas me procuraram, mandaram mensagem que bom do seu público. Ai, não te conhecia. Que coisa mais boa que você tá com Dan. Então, para mim é uma honra sempre que você precisar eu vou estar aqui pra gente falar de Falou que é polêmica, pode me chamar que eu tô dentro. Falou que é ter coragem de comentar, eu não tenho problema nenhum com isso. Mistérios obscuros da mente, né? Porque quanto mais a gente fala, mais a gente, meu, tenho tanta coisa para falar ainda e quero trazer aqui o seu amigo de de caminhada também, porque querendo ou não, vocês são amigos pessoais, mas também é amigo de caminhada, o Fábio Marinho, né? Sim, sim. Quero trazê-lo novamente. Na outra vez que vocês vieram, na hora que a gente estava lá embaixo, indo, vocês estavam indo embora, você falou assim: “Sabia que ele é exorcista?” Eu falei: “Ah, pode voltar para gravar agora, mas a agenda de vocês tá cada vez mais cheia”. E que bom que tá cheia, né? Que bom, graças a Deus. É, eu falo assim que é é bom porque é de verdade não tô vivendo a melhor fase da minha vida. Estou porque eu sempre sonhei em adquirir conhecimento e distribuir conhecimento. E eu sempre achei que eu tinha alguma coisa para falar pro mundo. Deus muito pequeno. Eu falava: “Eu tenho alguma coisa para falar”. Eu sempre achei que eu tinha umas percepções, umas sacadas que eram muito boas, muito diferente de tudo. E agora eu tô tendo a oportunidade de falar sobre isso e de falar de coisas que gente não fala. Então, por exemplo, fiz palestra para professores, o quantos professores estão doentes, o quantos professores estão eh eh judiados pelo sistema. Ali eu tinha um prefeito, um deputado, uma secretária de educação e eu chamo eles na responsabilidade, falo: “Olha aí, ó, aí, ó”. E eles assim, ó. É, então eu tô tendo oportunidade de ser porta-voz de muitas dores. Ao mesmo tempo eu falo para pais, eu gravo vídeo para pais e eu recebo relatos na rua, imposto de gasolina, de gente que fala, eu educava meu filho assim e eu achava que eu tava errado. Muito obrigado, doutora. Então, poder resgatar pessoas, eu continuo dentro daquele meu ministério vocacional lá de trás, né? Eu deixei de ser freira, mas eu continuei vocacionada, que é o que você também falou de você, né? é a levar a verdade pras pessoas e fazer as pessoas refletirem e pensarem de forma diferente. E a vida só vale a pena se for assim. Eu acho que de novo, e o mundo precisa ficar melhor depois da minha passagem, senão não faz sentido. Senão para se o mundo não se transformou depois que a gente passou por aqui. E eu acho que você faz esse papel também, né? Muito bem, né? Quando eu falei que vim aqui a primeira vez, meus filhos falaram: “Ih, mas a gente já acompanha ele, ó”. Eu falei: “Olha que barato”. É, mas é, mas era uma coisa, foi uma coisa legal, né? de companhe, ó, ele é péssimo. Não, falaram bem, né? Não, muito bem. Eles adoravam essa questão de de mistério, de de terror. Eles amavam, eles falou: “Não, mãe, a gente já acompanha tem um maior tempo. É, é, é um dos melhores do Brasil nessa linha. Ó, deixa o melhor do Brasil ouvir isso. É, eu sempre gostei de terror. E o podcast ele também me dá esse essa oportunidade da gente falar dos outros terrores da vida, né? Os outros horrores da vida. Porque hoje em dia, hoje, por exemplo, você falar que um cara transava com a mãe, meu Deus do céu. E é um terror assim, o que que é o terror, né? Então, vai para vai para vários caminhos, né? O ser humano e a sua multiforme e graça. É sua quê? Multiforma e graça. Graça. É, pois é. Gente, a gente, o ser humano, ele é uma uma cebola em camadas e camadas e camadas que você vai falar assim, não, coisas que eu nunca imaginei que eu pudesse ouvir e a minha filha fala, às vezes fala assim: “Mãe, conserta o ombro, você tá ficando corcunda”. Eu falo: “Minha filha, eu carrego nos meus ombros as o peso das dores humanas”. Eu amo que assim, a su filhos falam alguma coisa psicanálise. Você sabia? Tá bom, mãe. Tá bom, mãe. Tá bom. Freud dizia: “Tá bom, mãe”. Os escombros da alma humana. Coisas inimagináveis. Eu conheço os escombros da alma humana. Coisas inimagináveis. Por isso que eu não estranho nada. Eu não, não tenho estranha. Eu tenho estranhamento com corpo incorrupto, que essas coisas. Mas gente, eu não duvido da capacidade de ser humana. Eu já ouvi coisas que eu falava: “Não, essa essa agora foi inédita”. Quanto tempo atendendo em pacientes assim? Andos 15 anos. Me anos. Eu falo que a única coisa que me dá choque agora é energia elétrica. Gente, eu imagino porque às vezes eu levo umas coisas pro meu terapeuta também, eu só vejo ele assim, ó. Hum. E eu assim, ah, eu choro muito. Terapia, meu Deus do céu. Mas terapia é muito boa, né? Terapia pelo menos salva minha vida. Terapia salva vidas. Salva vidas. E também é uma coisa que acho que fica para um outro episódio, mas também é uma coisa que precisa ser mais acessível, né? Porque é caro. É caro. Eu já fiz, comecei pelo SUS, fiz dois anos pelo SUS, só que eu descobri pelo menos aqui, que tem uma hora que o SUS fala: “Chega, já tá dois anos aqui agora”. caça teu romo. Só que é caro, mas incrivelmente a a OMS preconiza dois para cada 10.000. No Brasil tem 25 para cada 10.000. O quê? Psicólogos ou profissional de saúde mental. Para cada 10.000 pessoas. Não, mas psicologia eu lembro. Então não era para ser caro, era para est mais acessível. Um dia meu chefe falou um dia assim, uma vez eu tive uma crise, faltei três, três dias no trabalho por conta de estress e tal. Ele aí quando eu voltei, ele falou: “Essa doença de rico aí.” Aí eu falei assim: “Não é doença de rico, eu fiquei estressado, eu eh agora vou fazer terapia”. Terapia é coisa de rico, Daniel. Terapia não é para todo mundo, coisa de rico. Falei: “Então tá bom, então tchau.” A gente deveria nascer com vale terapia. Todo mundo deveria ter o direito de fazer terapia desde que começa a falar as primeiras palavras. A minha primeira terapeuta falou assim: “Passou por um traumaterapia”. Aí eu falei: “Imagina, a gente vai acumulando trauma. Aí depois, nossa, eu trago cada coisa pro meu terapeuta que eu eu ele de tanto tempo atrás, falei: “Nossa, ainda isso me pega”. Às vezes eu tô sozinha em casa, falando: “Nossa, preciso”. Aí eu faço, eu faço listinha pra terapia. Você também faz terapia? Eu faço. Nossa, se eu não fizesse, misericórdia. É, é igual tomar banho. Pelo menos uma vez na semana, se não fizer terapia, você não dá conta. Eu adoro paciente que leva listinha. Eu eu levo. Nossa, o paciente da listinha é o meu preferido. É, você gosta bom porque eu levo. É porque ele chega com script, né? É, ele não quer perder tempo, ele tá esptado ali. Isso. E eu levo e eu marco na hora porque às vezes assim, fal, daqui a pouco eu marco. Não, eu tô triste agora. Estou triste por causa disso na hora. Às vezes é tipo um diário, eu marco o horário, falo: “Ó, foi tal dia e meu terapeuta, ah, tá organizado, né?” Aconteceu tal coisa que me fez sentir isso. Eu falei para ele, eu falei, “Sabe o que é engraçado? que às vezes eu eu tô com raiva daquele problema, a minha cabeça tá enchendo meu saco naquele problema, aí eu venho pra terapia, já passou, aí minha cabeça tá quietinha, parece aquela criança que só faz bagunça longe do pai na hora da terapia. Fala agora que que Não, aí aí eu, por isso que é bom eu marcar. Você identifica o gatilho na hora. Eu coloco dia e horário. É um diário, diário de terapia. André, o pessoal te encontra onde nas redes. Qual? @andreiavermon @andreacen Vermonte com Temudo e canal no YouTube Dora Andreia Vermonte. Muito que bem. Você em casa também vai ver cortes desse lendacast com Andrea Vermon @dampirlenda. Querida, sempre um prazer te receber. Eu que te agradeço, querida. Tá um pouco gelada. Tá mesmo, Bria. Tá um pouco gelada porque é muita, é muita verdade jogada na cara. Não é que eu fico embaixo do ar condicionado aqui. Às vezes dá uma Andreia, eh, a gente sempre escolhe no final da live uma palavra pro pessoal comentar e provar que chegou até o final. Quanto tempo de live, Sara? 3 horas. 3 horas. 3 horas conversando. E aí eu gostei muito do ã teu festinha. Você ateu o festinha. Então eu gostei muito. Pode ser essa palavra. Claro. A teu festinha. A teu festinha. Então você é em casa, vai comentar. Não é aqui no chat ao vivo, mas na área de comentários a teu festinha, porque as pessoas entram vão falar: “Que que eles estão falando?” A teu festinha. Aí vai ter que assistir até o final. Beleza? Vamos lá pra câmera geral então. Até o próximo lenda. Tchau. Tchau, gente. O seu podcast de terror e horror. E como é que você falou? É escombros da alma. Escombros da alma humana. Escombros da alma. Isso é terror também, né? É super terror. Escombros da alma. Então, o seu podcast de terror, horror, escombros da alma para ouvir antes de dormir. Esse episódio também vai pro Spotify, me segue lá, Lendacast e segue também @andreia. Eu acho chique esse nome. Verm, ele é chique. Ele foi uma invenção da cabeça do meu pai, não é sobrenome. Ah, o seu pai inventou? Inventou. Mas tem um bar de lésbica em São Paulo que chama Café Vermão. Mentira. É, é babado. Eu não sabia que era café de lésbica que eu ia lá para encontrar uns boy. Só tinha lésbica umas pegando com a outra. Eu falei: “Ah, gente, aqui não é para mim, chama Café Vermão”. Mentira. Não sei se tá aberto ainda, mas é ali na Vieira de Carvalho, na República. A minha mãe morria de ciúmes da Tônia Carreiro. Tinha uma novela com a Tônia Carreiro quando a minha mãe tava grávida de mim. E a Tônia Carreiro se chamava Roberta Vermon. Ó lá. E aí minha mãe e meu pai brigaram no dia que a minha mãe deu a luz. Ele saiu para me registrar e para implicar ela, ele pôs o nome de Andreia Vermonena. Você percebe que é um nome e é um nome de de Então é um nome de batalha ali. Ele foi lá e pôs contra a sua mãe e aí é o que você faz hoje. Vou falar mesmo. Tá vendo? Tá tá tá implicado no seu nome. Isso. Eu amo esse nome. André Vermud. Eu acho chique. Tchau trevosos. Uh. Oh.

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