O EFEITO LÚCIFER: Que TRANSFORMA HOMENS em MONSTROS

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em 1971 na Universidade de Stanford o psicólogo Philip Zimbardo realizou um experimento que marcou a história da psicologia social estudantes comuns foram divididos aleatoriamente entre guardas e prisioneiros em um ambiente simulado em menos de 36 horas os guardas começaram a impor punições humilhantes restrições de sono e abusos psicológicos o experimento que deveria durar duas semanas foi interrompido após apenas seis dias zimbardo chamou isso de o efeito Lúcifer o processo pelo qual indivíduos ordinários sob certas condições se transformam em algo que jamais imaginaram ser mas o mais perturbador não foi o que aconteceu no laboratório e sim o que esse experimento revelou sobre a realidade cotidiana o mesmo processo de desumanização de obediência cega à autoridade e de erosão dos valores morais acontece fora dos muros das universidades todos os dias silenciosamente muito antes disso Friedrichn já alertava para esse fenômeno em suas obras ele descreveu o colapso progressivo da moral tradicional como uma morte lenta da consciência resultado do niilismo moderno a perda de sentido de responsabilidade e de profundidade ética na vida cotidiana zimbardo mostrou como isso acontece nietzs explicou por deixamos isso acontecer hoje vamos entender como homens comuns se tornam monstros não com grandes decisões mas através de pequenas concessões morais diárias justificadas por conveniência obediência ou indiferença alguma vez mentiste para proteger alguém que amavas claro que sim e provavelmente te sentiste nobre fazendo isso agora responde com honestidade quando foi a última vez que mentiste para te proteger para evitar uma discussão para conseguir algo que querias para não admitir que estavas errado essa segunda categoria é mais difícil de lembrar não é porque nossa mente tem um mecanismo protetor ela reescreve essas memórias transforma nossos atos egoístas em gestos necessários ou até heroicos entendo por fazemos isso a verdade sobre nós mesmos pode ser insuportável mas existe um preço por essa proteção psicológica cada pequena mentira cada justificativa cada só dessa vez abre um precedente interno em 2018 um psicólogo chamado Dan Arielli conduziu um experimento simples ele pediu para indivíduos resolverem quebra-cabeças matemáticos e se autoavaliarem podiam ganhar dinheiro por cada resposta correta que relatassem na primeira rodada 70% dos participantes foram completamente honestos mas Ariele introduziu uma variável uma pequena oportunidade de trapassear sem ser detectado apenas um dígito errado na folha de respostas erro de digitação tecnicamente 60% das pessoas fizeram esse pequeno ajuste afinal era praticamente nada uma diferença insignificante nas rodadas seguintes Ariele ofereceu oportunidades progressivamente maiores de trapaça e descobriu algo aterrorizante quem havia trapaceado um pouquinho na primeira vez tinha cinco vezes mais probabilidade de trapassear valores maiores depois não porque eram indivíduos fundamentalmente desonestos mas porque já haviam provado para si mesmos que seus princípios eram negociáveis a primeira pequena concessão havia reescrito sua autoimagem de pessoa honesta para pessoa honesta que às vezes faz ajustes necessários uma vez que alguém prova para si mesmo que seus valores têm preço a segunda concessão fica mais fácil a terceira ainda mais até que acorda um dia e não reconhece mais quem se tornou a primeira mentira que contamos para nós mesmos sobre quem somos determina todas as mentiras seguintes mas existe algo ainda mais perigoso que essas pequenas concessões algo que torna à volta impossível nossa mente está mentindo para nós agora mesmo enquanto assistis este vídeo ela está reescrevendo memórias editando motivações passadas transformando momentos de fraqueza em gestos de força não fazemos isso conscientemente é um processo automático invisível que acontece milhares de vezes por dia e é precisamente esse mecanismo que transforma indivíduos comuns em monstros leon Festinger chamou isso de dissonância cognitiva em 1957 mas o exemplo mais brutal desse mecanismo aconteceu décadas depois no caso que ficou conhecido como o homem que justificou o próprio assassinato em 1994 Ronald Cotton foi inocentado após 11 anos na prisão por estupros que não cometeu a vítima Jennifer Thompson havia passado uma década absolutamente convencida de que Cotton era seu agressor mesmo confrontada com evidências de DNA que provavam sua inocência ela inicialmente se recusou a aceitar durante anos Jennifer havia reconstruído memórias do ataque adicionando detalhes que confirmavam sua identificação de Cotton seu cérebro havia editado retroativamente suas lembranças para eliminar qualquer dúvida sobre sua decisão quando finalmente aceitou a verdade Jennifer descreveu a experiência como descobrir que minha própria mente havia me traído ela não estava mentindo conscientemente sua mente havia genuinamente reescrito a realidade para protegê-la da possibilidade de ter destruído a vida de um inocente esse processo de autoproteção psicológica não é uma falha do sistema é uma característica nossa sanidade mental depende da nossa capacidade de manter uma imagem coerente de nós mesmos como indivíduos basicamente bons e racionais o problema é que esse mesmo mecanismo que nos protege da depressão também nos protege da responsabilidade cada vez que fazemos algo questionável nossa mente trabalha para nos convencer de que estava certo que não tivemos alternativa que qualquer pessoa faria o mesmo e aqui está a parte verdadeiramente sinistra quanto mais questionável o ato mais criativa a nossa mente se torna para justificá-lo homens que traem reescrevem suas esposas como distantes chefes que humilham funcionários os reescrevem como incompetentes países que invadem outros os reescrevem como ameaças a moralidade percebeu Niets muitas vezes serve não como um guia para o comportamento correto mas como uma ferramenta de retroativa justificação para comportamentos que já decidimos adotar quando esse mecanismo está operando em plena capacidade quando já reescrevemos nossa história pessoal tantas vezes que não conseguimos mais distinguir entre nossas motivações reais e nossas narrativas autoprotetoras surge o instante que separa os homens comuns dos predadores para tudo que estás fazendo e imagina esta cena tens o poder de destruir a vida de alguém que te magoou profundamente um clique uma ligação uma palavra na hora certa eles nunca saberiam que foste tu farias não respondas ainda porque a resposta que acabaste de pensar pode não ser verdadeira teu cérebro está te dando a resposta que queres ouvir sobre ti mesmo não necessariamente a que darias na situação real vou te mostrar por sei disso em 1963 Stanley Milgram conduziu um dos experimentos mais perturbadores da história da psicologia ele pediu para voluntários aplicarem choques elétricos em estudantes toda vez que eles erravam uma pergunta os choques começavam leves mas escalavam progressivamente até níveis potencialmente letais os estudantes eram na verdade atores que fingiam dor crescente implorando para parar e eventualmente parando de responder completamente antes do experimento psiquiatras previam que apenas 1% dos participantes aplicariam choques máximos a realidade 65% dos participantes ordinários aplicaram choques que acreditavam serem potencialmente letais em completos estranhos mas aqui está a parte mais reveladora nenhum dos participantes decidiu conscientemente ser cruel cada um chegou ao choque máximo através de uma série de pequenas escaladas primeiro um choque leve depois um pouco mais forte cada passo individual parecia razoável em relação ao anterior o instante de decisão fundamental não foi vou torturar essa pessoa foi vou aplicar só mais um choque já que apliquei todos os outros foi a lógica da continuidade não uma decisão súbita de abraçar o mal existe um instante na vida onde paramos de ser apenas observadores passivos do mal e nos tornamos colaboradores silenciosos não porque decidimos conscientemente ser malvados mas porque decidimos que nossa obediência nosso conforto ou nossa preservação vale mais que a proteção de outros é uma decisão quase imperceptível não dramatizada não acompanhada de música dramática ou monólogos internos é apenas um instante onde decidimos continuar fazendo o que já estamos fazendo porque parar seria mais difícil que prosseguir o problema não é fazer essa decisão uma vez todos nós fazemos o problema é que uma vez feita ela cria um precedente interno provamos para nós mesmos que nossos princípios são negociáveis quando nossa segurança está em jogo e a partir desse instante a linha entre vítima e perpetrador não apenas se torna borrada ela desaparece completamente entendeu que não somos corrompidos por forças externas somos corrompidos pelo instante onde escolhemos conscientemente que nossa preservação vale mais que nossa integridade e uma vez feita essa decisão ela não fica contida na situação específica onde aconteceu uma vez feita essa decisão ela se manifesta em todos os aspectos da vida especialmente onde menos esperamos ela costumava rir das tuas piadas agora percebes que ela está fingindo quando isso mudou quando paraste de tentar ser engraçado e começaste a exigir que ela achasse graça relacionamentos íntimos são laboratórios perfeitos para a transformação moral porque combinam as duas condições necessárias para o efeito Lúcifer poder desequilibrado e ausência de testemunhas vou te mostrar como isso opera através de um padrão que psicólogos identificaram em milhares de relacionamentos abusivos não estou falando de violência física óbvia mas de algo muito mais sutil e comum primeiro identifica-se alguém que nos admira mais do que nós os admiramos essa assimetria emocional cria uma dinâmica de poder natural eles precisam mais de nós do que nós precisamos deles depois testamos limites uma crítica mais áspera que o necessário sobre algo que eles valorizam um comentário que mina sutilmente sua confiança uma brincadeira que machuca mas é apresentada como humor se eles aceitam sem confrontar escalamos não porque planejamos ser cruéis mas porque cada pequena vitória confirma que podemos e cada confirmação de poder alimenta a necessidade instintiva de mais poder o relacionamento se torna um experimento de Stanford em miniatura somos o guarda eles são o prisioneiro e diferente do experimento real não há supervisores externos para interromper quando cruzamos a linha a progressão é sempre a mesma primeiro criticamos comportamentos específicos depois criticamos traços de personalidade depois questionamos sua competência geral finalmente fazemos com que eles duvidem de sua própria percepção da realidade a pessoa que um dia nos amava agora anda na ponta dos pés ao nosso redor mede cada palavra antes de falar antecipa nossos humores como uma questão de sobrevivência emocional e justificamos isso dizendo que estamos ajudando-os a crescer a se fortalecer a não serem tão sensíveis o mais assustador é que provavelmente acreditamos nessas justificativas nossa mente reescreveu nossa crueldade gradual como mentoria rigorosa nossa necessidade de controle como cuidado protetor nos tornamos o tipo de pessoa que teríamos desprezado antes de ter poder sobre alguém vulnerável mas o ambiente onde essa transformação é mais sistemática e socialmente aceita não são os relacionamentos íntimos 43% dos funcionários relatam ter sofrido intimidação sistemática no trabalho mas apenas 12% dos gestores admitem ter praticado intimidação a matemática não fecha a menos que consideremos uma possibilidade perturbadora a maioria dos agressores não percebe que se tornou um agressor ambientes corporativos são máquinas de produção do efeito Luúcifer porque institucionalizam as mesmas condições que criaram monstros em Stanford hierarquia rígida uniformização de comportamento e responsabilidade difusa um estudo de 2019 da Harvard Business Review acompanhou 1200 executivos por 5 anos e descobriu algo perturbador geralmente pontuavam alto em testes de empatia mostraram declínio progressivo nessa capacidade conforme ganhavam poder organizacional não porque indivíduos ruins foram promovidos mas porque o próprio exercício de poder hierárquico esculpe o cérebro de formas específicas reduz a capacidade de se colocar no lugar de subordinados aumenta a tendência a objetificar outros como recursos o mecanismo é simples mas devastador quando nossa promoção depende de números que só podem ser atingidos pressionando nossa equipe além de limites saudáveis encontramos formas de racionalizar essa pressão quando o nosso bônus depende de cortes que sabemos que devastarão carreiras redefinimos devastação como otimização necessária o sistema faz o trabalho sujo de corrupção moral para nós só precisamos seguir os indicadores de desempenho e colher os benefícios nossa consciência permanece relativamente limpa porque não quebramos nenhuma política formal apenas otimizamos dentro dos parâmetros estabelecidos e quando alguém se queixa de esgotamento profissional de pressão excessiva ou de tratamento desumano temos defesas prontas eles são sensíveis demais para um ambiente competitivo não entendem as realidades do negócio precisam desenvolver resiliência qualquer pessoa faria o mesmo na nossa posição a genialidade sinistra dessas estruturas é que elas transformam crueldade em competência humilhar funcionários se torna gestão de desempenho explorar vulnerabilidades pessoais se torna motivação estratégica ignorar bem-estar mental se torna foco em resultados não precisamos ser sádicos para causar sofrimento sistemático só precisamos ser eficientes dentro de um sistema que mede eficiência através de métricas que ignoram completamente o custo humano e aqui está o que é mais assustador essas instituições não são acidentes elas foram projetadas por indivíduos que entenderam como moldar comportamento humano através de incentivos estruturais são experimentos de Stanford institucionalizados rodando 40 horas por semana 50 semanas por ano por décadas mas nem tudo está perdido existe uma forma de interromper esse ciclo antes que seja tarde demais o efeito Lúcifer nos ensina que a linha entre bem e mal não passa entre grupos de indivíduos ela passa pelo coração de cada pessoa e essa linha se move dependendo das circunstâncias pressões e decisões que fazemos niets chegou a essa conclusão durante seus últimos anos de lucidez integrando décadas de observação sobre si mesmo e outros ele percebeu que a questão moral fundamental não é como posso ser bom mas sim como posso ser responsável por minhas decisões em janeiro de 1889 pouco antes de seu colapso final Niet escreveu uma carta para seu amigo Jacob Berkhard que resume sua filosofia moral madura eu não quero ser um santo prefiro ser um bufão talvez eu seja um bufão e apesar disso ou justamente por isso eu sou também talvez o oposto de um não ser essa aparente contradição é na verdade uma profunda sabedoria niets estava dizendo que preferia reconhecer suas próprias contradições e imperfeições do que viver na ilusão de pureza moral que transforma indivíduos em fanáticos o homem além do bem e do mal não é alguém que transcendeu a moralidade é alguém que transcendeu a necessidade de se ver como moralmente puro que pode olhar honestamente para seus próprios impulsos sombrios e optar conscientemente por não agir sobre eles isso requer três capacidades específicas que podemos desenvolver primeiro autovigilância emocional aprende a reconhecer teus instantes de vulnerabilidade moral quando estás estressado rejeitado ou em posição de poder sobre outros esses são os instantes onde o efeito Lúcifer tem mais probabilidade de emergir segundo responsabilidade radical para de justificar tuas ações através de circunstâncias externas sim o sistema é injusto sim outras pessoas fazem pior isso não muda o fato de que escolhemos nossas respostas a essas realidades terceiro compaixão por tua própria imperfeição a culpa moral excessiva não te torna mais ético te torna mais defensivo e indivíduos defensivos são mais propensos a justificar comportamentos questionáveis para proteger sua autoimagem o objetivo não é se tornar incapaz de causar dano é se tornar incapaz de causar dano sem perceber é manter a capacidade de decisão consciente mesmo quando todas as pressões sistêmicas empurram na direção oposta niets entendeu que não podemos controlar os sistemas que nos moldam mas podemos controlar nossa resposta consciente a esses sistemas não podemos eliminar nossos impulsos sombrios mas podemos optar por não ser controlados por eles o verdadeiro poder não vem de dominar outros vem de dominar a si mesmo não através da repressão mas através da integração consciente de todas as nossas capacidades humanas incluindo nossa capacidade para tanto a compaixão quanto a crueldade tens dentro de ti um santo e um demônio pessoa que te tornas depende de qual deles alimentas com tuas decisões diárias e essa decisão felizmente sempre permanece tua agora clique no vídeo na tela e descubra como Maquiavel identificou os primeiros sinais de que alguém perdeu sua integridade moral e como usar esses sinais para proteger a si mesmo clique agora no vídeo na tela

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