O Fazendeiro que Alimentava Porcos com Humanos

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Regiões rurais como essas, cercadas por montanhas e florestas, sempre me passaram uma sensação de fragilidade. A noite escura do interior e o vento que sai da floresta parece mais um lembrete de como você é vulnerável ao perigo. Por séculos, essas terras foram palco de lendas, espíritos e fantasmas que povoam o imaginário popular. Mas a verdade é que eles nunca foram os verdadeiros vilões desses lugares. O perigo real sempre esteve mais próximo, escondido sob a pele humana. Este é Robert Picton. Ele possui uma fazenda na região rural do Canadá, mais especificamente uma fazenda de pocos. Um lugar isolado cercado por florestas, onde a normalidade parecia se esvair pouco a pouco. Em 1996, os irmãos decidiram registrar uma organização sem fins lucrativos. A Pig Policy Good Time Society. No papel, o objetivo era nobre, promover eventos, festas e espetáculos. Mas a realidade era muito mais sombria. Victor e David eram conhecidos por esbanjar dinheiros no chamado palácio dos porquinhos. As noites por lá eram regadas a álcool barato e drogas pesadas. Mulheres da noite eram levadas até o local. Para os moradores da região, aquilo era apenas mais uma excêntrica história rural. Eles não faziam ideia do que realmente acontecia por trás daqueles portões. A fazenda dos Pictons era diferente de qualquer outra propriedade rural que eu já veio e não de um jeito bom. O cheiro era a primeira coisa que se acertava quando se aproximava da região. Uma mistura sufocante de barro, chiqueiro de porco e algo que você não conseguia identificar, mas te fazia querer recuar. O terreno estava tomado por pilhas de entúho, restos de porcos e ferramentas enferrujadas espalhadas como se ninguém ali se importassem com ordem ou higiene. As construções eram improvisadas, galpões mal iluminados, portas rangendo ao menor vento e correntes penduradas nos tetos, como se tivessem sido usadas para algo a mais do que carne suena. Os irmãos diziam que era apenas uma fazenda comum, mas a cada passo ficava claro que havia algo de errado. Durante anos, ninguém usou questionar o que acontecia na fazenda dos Picton. Para a comunidade, Robert e David eram apenas dois homens excêntricos e o Pig Palace era só mais uma aberração escondida nas sombras da cidade. Mas enquanto as festas continuavam, mulheres começaram a desaparecer. Mulheres da noite, por sua maioria, vistas pela última vez em Port Cocktland, perto da estrada que levava direto à fazenda. As famílias denunciaram o sumisso, mas as autoridades eram mulheres marginalizadas, esquecidas pelo sistema. Para a polícia, poderiam ter apenas fugido, mas a lista de desaparecidas não parava de crescer e a coincidência era grande demais para ser ignorada. Todas tinham algo em comum, o mesmo círculo social e a mesma região onde eram vistas pela última vez. Em 1997, uma denúncia anônima colocou o nome de Robert Bicton no radar da polícia. alegaram que uma mulher havia conseguido escapar da fazenda depois de um encontro com ele. Ela estava em estado de choque. Os oficiais investigaram, mas sem provas concretas, o caso foi arquivado. Um absurdo, porém foi o que aconteceu de verdade. Picton permaneceu livre. Ao mergulharmos na história de Robert Picon, uma coisa se torna clara. Ele sempre esteve ligado a um animal, os porcos. Robert e seu irmão mais novo, David Francis Picton, começaram a trabalhar na fazenda ainda muito jovens. A mãe deles, Luís, era extremamente rígida, quase obsecada pelos animais. Para ela, os porcos vinham em primeiro lugar, até mesmo antes da higiene dos filhos. Luí os forçava a trabalhar longas horas, cuidando do gado e limpando as pocilcas, e frequentemente os mandava para a escola com roupas sujas e o cheiro de esterco impregnado. Não demorou para que os colegas os apelidassem de porquinhos fedorentos. Picton acabou abandonando a escola em 1963 e passou a trabalhar como açueiro. Por quase 7 anos afiou facas, cortou carne e se acostumou com o sangue até isso se tornar algo banal. Mais tarde ele largou a Soug e se dedicou integralmente à fazenda da família. Em 1978 e 1979, após a morte dos pais, Robert e David herdaram a fazenda. venderam parte da propriedade por mais de 5 milhões de dólares canadenses. Mas o que restou não era um retrato de prosperidade. Bill Hiscox, um trabalhador que conheceu o local, descreveu a fazenda como um lugar de aparência assustadora. Ele estava patrulhando por um javali gigantesco de mais de 270 kg quando observou os arredores da fazenda. Sobre Picton, ele disse apenas um homem calado, difícil de puxar assunto. Por anos, Robert Picton conseguiu se esconder atrás do isolamento da fazenda e do descaso das autoridades. Mas o vé começou a cair no início de 2002. E não foi por causa dos desaparecimentos. Oficialmente, a polícia recebeu uma denúncia sobre armas ilegais na propriedade. Era o pretexto que precisavam para finalmente conseguir um mandado de busca. Quando os investigadores chegaram à fazenda, esperavam encontrar apenas algumas infrações e talvez drogas, mas o que descobriram foi muito além do imaginável. A casa de Robert Picton era um reflexo perfeito de sua mente. Ao entrar, o que mais impressionava não era apenas o cheiro, era a sensação sufocante de decadência. O ar parecia pesado e denso, como se carregasse o peso de anos de podridão. As paredes estavam cobertas de sujeira e manchas escuras. E o piso era um mosaico de lixo, serragem e fluídos secos difíceis de identificar. Seringas usadas espalhadas pelos cantos, colchões manchados lagados no chão, ferramentas cirúrgicas improvisadas e sacos plásticos empilhados como se fossem parte da mobília. Em um quarto, restos de bolsas femininas e objetos pessoais estavam jogados como se fossem lixo comum. Memórias de vidas que haviam passado por ali e nunca mais saído. Havia um silêncio quase sobrenatural no ar, como se a casa ainda guardasse ecos do que aconteceu ali dentro. Para os policiais, cada passo naquele chão podre era uma descida mais profunda em um inferno construído por mãos humanas. À medida que a investigação se aprofundava, o horror se revelava em detalhes ainda mais grotescos. Avia Muitos acreditam que Picton chegou a alimentar os animais com as vítimas e até mesmo vendeu carne contaminada para a comunidade, os porcos daquela fazenda não comiam apenas lavagem. Isso explica o clima bizarro da fazenda. O julgamento de Robert Picon começou em janeiro de 2006, cercado por uma atenção midiática que o Canadá jamais tinha visto. Inicialmente, ele foi acusado de Mas por estratégia jurídica, a promotoria dividiu o caso em dois processos. O primeiro com seis acusações e o segundo com as demais. Em dezembro de 2007, Picton foi condenado por seis acusações em segundo grau e sentenciado à prisão perpétua sem possibilidade de liberdade condicional por 25 anos, a pena máxima prevista pela lei canadense da época. Quanto às outras 20 acusações, o governo decidiu não levá-las a julgamento, alegando que a primeira condenação já garantia que ele jamais voltaria às ruas. Para muitos, isso deixou uma ferida aberta, um sentimento que nem todas as mulheres receberam justiça. No ano passado, ele foi atacado na prisão e assim foi seu fim. No fim, o verdadeiro horror não eram as lendas contadas nas estradas rurais, nem o vento gelado que saía da floresta. Era a capacidade humana de tratar vidas como descartáveis.

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