O “FENÔMENO BUKELE” pode ACONTECER no BRASIL? – RODRIGO PIMENTEL e JOEL PAVIOTTI
0A esquerda ela defende a não punibilidade. Tem gente que defende abolisor, mas é um público bem pequeno. Defende que a punição não resolve. Mas quando aumentar a pena pro feminicídio, que é uma pauta feminista muito forte, o que teve de comemoração na esquerda, meu amigo, por conta de 40 anos que subiu, né, de 20 de 20 anos para 40, a esquerda comemorou a punibilidade daquele crime que ela acha aberto. Uhum. Quando a Bruna, a bona que estudava na mestrado, foi sequestrada por um cara no meio da rua. foi violada uma moça que lutava pelo feminismo e o Tribunal do Crime pegou a o cara que fez isso, picou o cara. Eu vi muita gente de esquerda também comemorando. Uhum. Então assim, ou a gente entra numa discussão racional que deixa afetos de ódio de lado pra gente conseguir discutir sobre isso daí, senão cada um vai puxando pro seu lado, porque também tem punibilidade na esquerda. A esquerda não é totalmente, lógico, eh, abolicionista penal e não punição. Lógico, a a esquerda tá defendendo a manutenção da prisão das pessoas que invadiram os palácios, né, do 8 de janeiro, né? Tem, você não vê uma pessoa de esquerda falando, isso não é razoável, uma pena tão tão elevada assim para essa turma. A esquerda tá defendendo anistia, hipótese alguma, né? Então você vê que tem que tem muita gente na esquerda que que abraça a punibilidade também, né? Agora o inferno, pimentel, que a gente vive no país é a o populismo, pô. Sim. Tudo que é governador agora e prefeito tá ligando lá pro pro secretário. Eu sei porque eu entrei em comunicação com eles para ir visitar o CECOTET para fazer um episódio e a gente tá já é o Salvador que ele tá falando, viu? Conversando. É, a gente já tá conversando porque assim, tem que tirar muita coisa da frente aí, né? para para ir fazer a visita lá, tudo certinho, a gente já tá pá trocando ideia e os caras não aguenta mais político brasileiro encher no saco para ir lá. Porque que que o cara faz? O cara vai na porta do secote, que é o centro de isolamento do terrorismo, que é onde os caras colocaram todos os membros de gang lá e o cara fica falando lá que vai fazer isso no Brasil, que vai fazer isso no Brasil, que vai fazer isso no Brasil. Já tem político de esquerda prometendo e falando isso. Eduardo Pais. O Eduardo Pa disse que ia lá o Eduardo Paz, o Eduardo Pais, prefeito do Rio de Janeiro, que eu já votei nele várias vezes, que aliás foi um bom prefeito do primeiro segundo mandato, eh o Eduardo Pasta disse nas redes sociais: “Eu vou em El Salvador buscar soluções pro Rio de Janeiro”, né? Mas o Eduardo Pa pertence ao PSD e o PSD na votação das saidinhas votou a favor da manutenção das saidinhas. Olha, olha que incoerência. Porque o que o que tá funcionando lá em El Salvador, bom, tá funcionando até o momento, é a prisão em massa, né? Eu eu não consigo enxergar, eu não fui a El Salvador eh depois de Buquelli, eu não consigo enxergar uma outras ações porque a gente não consegue ter material, ele vai buscar esse material. É, mas o que eu estou vendo em El Salvador é a manutenção de 1,4% da população presa, né? 48 66.000 presos. Agora, agora baixou, agora baixou para 40 porque os processos começaram a andar e as algumas pessoas que estavam presas ali sem necessariamente ter cometido crimes graves, sim, não quer dizer que não eram de ganges, mas sem ter cometido os crimes graves que eles consideraram, eles estão soltando agora demorou um pouquinho de tempo. A questão é que ele tem um apoio e eh tem coisas que não dá para negar por posição política, tá? E eu não vou fazer isso porque eu vou seguir com meu sempre equilibrando a conversa. Ele tem 90% de apoio no Congresso hoje as pautas que ele coloca na segurança pública é votada pela esquerda amplamente. É como se o PT tivesse 56 candidatos eh eh deputados e 50 votasse com ele. Então eu não posso dizer, se não estaria mentindo, que parte da esquerda significativa não apoia o Naí Buquele e pela questão da autodeterminação dos povos e da soberania, eu entendo que os caras podem fazer isso e eu, enfim, que que eles fazem. Aqui no Brasil há uma crítica muito grande ao lance dele por conta dos direitos humanos, de prender o que seriam alguns inocentes e tal, mas o o El Salvador é diferente, porque que que ele fez? Só só para eh deixar claro para pro pessoal aqui, porque eu acho eu acho importante abordar isso no podcast, porque a bucalização da sociedade brasileira, o exemplo del Salvador, vai ser a principal pauta do Brasil no ano que vem. Veja, eu nem tô falando da segurança pública, eu tô falando do Brasil. O Nib Buquele era um cara de esquerda, tá? Ele é neto, parêntese de palestinos, descendientes de palestino. E nos anos 80 é o Salvador, que é um painho pequeno, ele é do tamanho de Sergipe, viveu uma guerra civil entre esquerda e direita. Muita gente foi expulso ou fugiu do país porque de uma guerra, foi pros Estados Unidos lá. Esses caras montaram um uma identidade entre eles e eles aprenderam com os blodes e com os creeps a se organizar em gangs. Então viraram as gangs salvadorenhas. Foram duas gangs, a MS e a Mara Salvatrusta e a bairro 18. Quando o Clinton entra no poder, o Clinton coloca uma legislação que é três strikes, você tá é três jogados, você tá fora. Uhum. Se o cara cometesse três crimes graves, ele nunca mais sair da cadeia. O Clinton começa a prender muita gente. Como não tem mais espaço nas cadeias, os caras pegam esses membros de gang Salvadoren e manda de volta para Salvador. Uhum. Só que esses caras não nasceram lá, André. Não nasceram lá, Carol. Eles não têm uma territorialidade com El Salvador. Que que eles começam a fazer, El Salvador? Eles começam a fazer um arregaço no país, catar mulher. E isso, cara, eu não admito que pessoas defendam isso na minha frente. Os caras catavam moleque, menina dentro da casa com 7, 8 anos e levava para colocar em gang e tatuava o moleque inteiro, pô. Meu Deus. Botava um fogo em ônibus. Aqui a nego ainda, aqui gente ainda manda descer algumas pessoas, mas lá o cara trancava o ônibus com todos os passageiros dentro, trabalhador e tacava fogo, entendeu? teve guerras de gangs por conta disso. Daí o naibele ele entra e ele faz um acordo tácido com os membros dessas gangs, os chefes. Fal assim, ó, eu dou uma regalia para vocês, vocês deixam sossegado até a eleição e tal, que todo presidente fazia, seja de esquerda e direita. E novamente aqui a direita tava no poder com o Bolsonaro muito tempo, não resolveu um démo das coisas. 32 organizações criminosas nasceram e cresceram no governo de direita também. Sim. Então a gente ter essas questões, que que acontece lá? Ele começou a socar a gente dentro da cadeia, mano. Fez uma movimentação com polícia, tudo, meteu gente na cadeia, construiu uma cadeia gigante, colocou 60.000 presos. O país ficou seguro, mano. Ficou seguro. Eu não tenho como negar isso. Eu fui perceber isso há pelo menos 2 anos e meio, que um que um colega meu eh que foi foi policial, não é mais em El Salvador, ele ele mandou para mim: “Ah, ah, estamos a em São Salvador, estamos há mais de três meses sem homicídio, pô”. E naquela época São Salvador era a capital mais violenta do mundo, capital de El Salvador. Eu, Calma aí, que que tá acontecendo? Que que fenômeno é esse? E e aí quando começa a buscar os jornais de lá, porque os jornais do Brasil e demoraram um pouco para tentar o que tava acontecendo. Quando começa a buscar os jornais, você via lá o comerciante dizendo: “Ó, eu era estorquido três vezes por dia, de manhã, de tarde, de noite, por gangues diferentes”. E e e e o que é impressionante e ele falou sobre a autodeterminação dos povos, sobre a soberania do povo de El Salvador, que votou no Bquell duas vezes. É impressionante que que boa parte da esquerda brasileira chama o Bukele de ditador, que aquilo é um absurdo. Cara, quem sabe o que é bom para El Salvador é o eleitor de El Salvador. Exato. Que vive lá, né? Que vive lá. Não é o não é o jovem da USP, da PUC, da UnB, estudante de história ou geografia ou de sociologia. Ele não conhece o Salvador. Ele não teve a filha dele retirada de casa com 8 anos de idade. Ele não teve o comércio dele atacado três vezes por dia por gangues rivais. Então, respeitando o princípio da soberania dos povos, da decisão do povo de El Salvador, eh, Buquell tá tá resolvendo o problema. O que pode virar lá na frente? Se ele vai virar um ditador, se ele vai virar um Hugo Chaves, se ele vai virar um Maduro, eu não sei o que pode acontecer. Espero que não. Eh, o perigo à frente é eh realmente existe, né? Porque você acaba eh eh pulverizando as instituições democráticas, né? A mídia, o o judiciário, né? E é o que acontece que o Levit fala que é a morte da democracia. Que que acontece? o cara consegue resolver um assunto, não necessariamente democraticamente, porque é óbvio que ele passa por muitos direitos fundamentais para resolver isso. E aí ele fala assim: “Se eu resolv isso daqui, eu tenho que resolver o reto, aí ter que fazer educação, tal, tal e etc. E aí os mecanismos democráticos acabam barrando ele em certo sentido e ele vai desgastando isso de forma popular. Isso é um movimento que tem acontecido no mundo inteiro, tá? Seja de esquerda ou seja de direita. Isso tem acontecido muito que a gente tá tendo que rever até os mecanismos democráticos do fato. Uhum. Mas o que às vezes as pessoas não entendem é isso. Muitas vezes o cara cria um pobre metafórico na cabeça, que é o pobre que convive muito bem com bandido na porta de casa. E isso era uma coisa que acontecia em determinados lugares nos anos 80 e 90. Cara, hoje o cara que trabalha, irmão, ele não quer sair de casa e ter esses problemas. Ele é o que mais sofre com isso. Eu tava, eu fui lá no Manumbra, a gente tava debatendo lá, roubo de celular, mano, roubo de celular. Que que vai ser que vai desencadear no Brasil? A buquelização rouba de celular, eu acho. Uhum, irmão, um pobre para comprar um celular e ó, não veio com essas histórias que às vezes o cara fala assim que pobre que é celular de 700 conto, não. Pobre que é o celular de 4 conto, iPhone status, pô. Celular bom, então um cara paga dois conos no celular. Cara, isso é tempo de vida do cara. O cara parcelou em 12 vezes. Às vezes é três meses trabalhado inteiro pro cara comprar. Em três meses assaltado, leva embora também o celular, o moleque passa, pega o celular do cara e tá assim um uma teste isso daí, tá cara, principalmente em São Paulo aqui, né? Esse cara vai apoiar quem chegar e vai e falar que vai que vai acabar com tudo isso. Daí ele vai apoiar e é o cara da periferia e é o cara pobre. Se a gente não entender isso, essa própria ideia de buquelização, ela vai vir de baixo, gente. Ela não vai vir de cima. Eu repito isso em que é a massa, né? Exatamente. Aqui táado na porta de casa. Eu repito isso. O fenômeno Buquelli no Brasil, eu já conversei com com o Joel Sobrso, ele vai surgir no Nordeste de um governador de esquerda ou centra-esquerda. Eu acho que é na Bahia. Eh, ou vai ser o Jerônimo ou vai ser o o o Elano, Ceará, porque são os estados que mais sofrem hoje. No Ceará, hoje existem 19 bairros na capital que você não consegue mais usar a internet. Nossa, tô cobrando taxa de coxeia que o cara vê ali na rua, mano. De de eh garota de programa da rua que já é vulnerável. Os caras cobra R$ 30 para menina fica lá. A Mas isso vem de facção ou vende milícia? Facção. Facção. Facção. É que é que as facções é que as facções do Nordeste e elas elas adotaram uma estratégia de de de ganho de dinheiro semelhante a das milícias. O que o que na verdade o que tá no Brasil como um todo?