O Fim do Sonho da Casa Própria.

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dá uma olhada nesse tijolo esse tijolo representa o custo médio do met quad de um imóvel residencial no Brasil r$ 9.366 [Música] baseado nesse valor para comprar um apartamento de 50 m² para acomodar no máximo duas pessoas você precisa disso aqui e para comprar uma casa de 120 m² para uma família de quatro pessoas você precisa disso aqui agora dá uma olhada nessa nota aqui essa nota representa um dia do seu trabalho ou R$ 152 se você ganhar o salário médio do brasileiro e trabalhar na escala 5×2 ganhando isso para comprar um apartamento você precisaria disso aqui e para você comprar uma casa você precisaria economizar isso aqui mais de 20 anos de trabalho e isso só se você conseguir poupar tudo o que ganha sem gastar nenhum centavo infelizmente na maioria das cidades a valorização dos imóveis ganhou disparado da renda fixa e da inflação nos últimos anos então mesmo que você conseguisse guardar todo esse dinheiro é improvável que você conseguisse comprar o mesmo imóvel do mesmo tamanho depois de economizar adiciona um financiamento em cima para facilitar a sua compra e você tá olhando para pelo menos R$ 570.000 a mais em juros durante todo esse tempo no apartamento e mais de R$ 1.300.000 na compra da casa nós somos economistas ah nós somos economistas mas você não precisa ser um para saber que tem algo de muito errado nisso tudo o sonho comum de qualquer cidadão ao redor do mundo costumava ser crescer se formar arrumar um trabalho constituir uma família e comprar a casa própria mas algumas dessas tarefas têm se tornado tão difíceis e distantes que algumas pessoas principalmente os mais jovens têm desistido dessa ideia 97% dos jovens entre 16 e 34 anos tem o sonho de adquirir uma casa própria mas 62% deles acreditam que hoje comprar uma casa é muito mais difícil do que foi para as gerações anteriores e você vê isso em notícias uma casa própria hein gente tá cada vez mais mais distante né em entrevistas imaginava um valor mais alto do que o praticado h alguns anos atrás mas os valores estão muito pressionados em memes mas principalmente na decisão dos mais jovens de não ter filhos ter filhos nós não nos imaginamos pais a gente acha que tem muita insegurança muita instabilidade que que aconteceu com o Brasil por que que mesmo com mais educação tecnologia e estabilidade monetária parece que tá mais difícil pras gerações mais novas conquistar o que as gerações anteriores conquistaram com muito menos esforço nesse vídeo a gente vai explicar para vocês por que que nós estamos vivendo a primeira geração em décadas com perspectivas patrimoniais piores do que as dos seus pais e dos seus avós e o que que tudo isso significa pro seu futuro esse gráfico aqui mostra a valorização anual dos imóveis residenciais no Brasil desde 1995 nos últimos 30 anos o preço dos imóveis no Brasil subiu a um ritmo de 9,4% ao ano mesmo se a gente descontar a inflação no período a valorização real dos imóveis foi de quase 3% ao ano muito acima do crescimento real da economia e da renda per capita no país em 1995 para você comprar um imóvel bom de R$ 100.000 R$ 1.000 você precisava em torno de 100 salários médios do trabalhador da época algo em torno de 8 anos e 4 meses de trabalho com a valorização dos imóveis hoje esse mesmo imóvel custa mais de R 1 milhão deais quase R90 salários médios de hoje isso são mais de 32 anos toda essa valorização se deve principalmente a dois fatores o mais leve deles na equação é que houve uma escalada de custos com o índice nacional de custos de construção que mede a variação em preços em materiais mão de obra e serviços da construção civil subindo 49% só nos últimos 5 anos mas o principal é um desequilíbrio entre oferta e demanda onde tem uma demanda cada vez maior por imóveis principalmente por parte de quem vive de aluguel e uma escassez de imóveis principalmente pra classe média já que as incorporadoras decidiram se concentrar cada vez mais nos extremos da pirâmide de renda de um lado em imóveis populares enquadrados no Minha Casa Minha Vida e do outro em imóveis de alto luxo deixando o meio da pirâmide para trás lembrem-se bem dessa parte e esse fenômeno não se restringe só à venda de imóveis os aluguéis seguiram o mesmo caminho desde 2010 o preço do aluguel subiu em média 7,3% ao ano acumulando uma alta de mais de 200% no período somente nos últimos 3 anos o preço do aluguel saltou mais de 32% acima da inflação o resultado disso é que enquanto em 2010 o aluguel comprometia em média 12% da renda do brasileiro hoje ele já compromete mais de 30% em grandes centros urbanos como Rio de Janeiro e São Paulo esse número é ainda maior se você for pensar em todos os bens que você tem hoje celular geladeira televisão a tendência sempre foi com o passar do tempo que eles ficassem melhores e mais baratos funcionalidades que eram consideradas de luxo como o touchsreen do primeiro iPhone hoje se encontram em todos os celulares de entrada e essa mesma lógica se aplica a todos os outros produtos industrializados agora por que casas e apartamentos não ficaram melhores e mais baratos com o passar do tempo quer dizer eles até ficaram melhores né mas mais baratos não ficaram primeiro porque casas não podem ser produzidas igual iPhones tem uma limitação de espaço para você produzir elas e mesmo que não tivesse nenhuma lei ou impecílio paraa construção ainda assim seria muito mais difícil de produzir elas do que qualquer outro bem industrializado a segunda parte e essa é de novo a mais relevante é que todas as pessoas no Brasil e no mundo todo tratam apartamentos casas e terrenos como ativos e compram elas esperando que elas se valorizem já que elas fazem parte do seu patrimônio você compra o seu carro e o seu celular esperando que com o passar do tempo eles vão se desgastar e perder o seu valor já sua casa ou apartamento mesmo que 15 anos depois a pintura tenha toda descascado e o cachorro tenha arranhado todas as portas ainda assim na grande maioria das vezes ela vai valer mais e para você que já tem uma casa isso é uma notícia excelente você comprou um ativo desfrutou e usou dele com a sua família e 15 anos depois ele ainda vale mais mas para quem não tem casa e vive de aluguel isso é um péssimo negócio os inquilinos estão presos num ciclo de casas e apartamentos cada vez mais caros e velhos e toda vez que eles se valorizam o aluguel também sobe deixando eles com cada vez menos dinheiro para sequer pensar em comprar a sua casa própria e claro vale lembrar que esse não é um fenômeno exclusivo do Brasil praticamente o mundo inteiro tá sofrendo com uma crise de habitação mas no Brasil essa situação é ainda pior devido a uma única palavrinha renda no nosso país a gente conseguiu a façanha de combinar uma alta no preço dos imóveis com uma redução na renda de boa parte dos brasileiros somente nos últimos 12 anos entre 2012 e 2024 a renda média real dos trabalhadores com ensino superior no Brasil caiu 12% essa é a maior queda entre todos os grupos de escolaridade apesar de também ter havido uma redução entre os trabalhadores com ensino médio completo e com ensino fundamental completo somente dois grupos tiveram ganhos reais de renda nesse período aqueles com ensino fundamental incompleto que tiveram um aumento modesto na renda de menos de 3% e os trabalhadores sem instrução que tiveram um ganho real de mais de 40% nesse período fruto principalmente de uma expansão dos programas sociais expansão de serviços básicos e políticas sociais de combate à pobreza só que como o número de trabalhadores sem instrução no Brasil ainda é muito grande esse ganho expressivo de renda acabou puxando a média de todos os trabalhadores lá para cima para 10,5% mas essa média claramente não reflete a realidade de todos os trabalhadores pelo contrário ela mascara a deterioração econômica de boa parte dos brasileiros lembra que eu falei para vocês que as construtoras se especializaram em imóveis populares e de alto luxo só pelo menos um pouco disso essa estatística explica essa queda imensa na renda dos trabalhadores escolarizados é um resultado da diminuição do valor do ensino superior no Brasil o número de pessoas que terminaram o ensino superior nesse período dobrou de 12 para 22 milhões enquanto que a economia do país cresceu menos de 50% no mesmo período e os empregos que foram gerados foram na sua maioria empregos que exigem pouca escolaridade e pagam baixos salários se a gente pegar só os números de 2023 por exemplo o Brasil criou 1.500.000 postos de trabalho com carteira assinada só que 99% dessas vagas de trabalho pagavam até um salário mínimo e meio os empregos com remuneração melhor diminuíram isso torna o sonho de comprar um imóvel especialmente mais difícil principalmente pros jovens e pros recém-formados aliás é interessante que se a gente voltar para aquele gráfico lá no início do vídeo vocês podem perceber que o preço real dos imóveis estagnou ou até mesmo caiu nos últimos anos mas como a queda na renda da população principalmente escolarizada foi proporcionalmente maior o resultado é que os imóveis ficaram relativamente mais caros e é essa relação entre renda e preço dos imóveis que realmente importa e de acordo com essa métrica as condições para você adquirir o seu primeiro imóvel tão cada vez piores o problema fundamental do mercado imobiliário brasileiro é o descompasso entre oferta e demanda tem muito mais gente querendo comprar imóveis a preços razoáveis do que tem imóveis a preços razoáveis sendo vendidos por aí mas como a gente já comentou por mais que isso seja um problema global existem lugares que conseguiram evitar essa tendência cidades como Tóquio no Japão e Minneápolis nos Estados Unidos conseguiram controlar os seus preços imobiliários com políticas agressivas de construção em média desde 1960 TO aumentou o número de residências na cidade a um ritmo de 2% ao ano isso pode parecer pouco mas é um ritmo de construção quatro vezes maior do que Londres Nova York e Paris isso fez com que o número de habitações na cidade mais do que triplicasse de 2,5 milhões em 1963 para 8,2 milhões em 2023 o que resulta em casas e aluguéis mais baratos pra população o mesmo aconteceu em Minneápolis nos Estados Unidos a cidade foi o centro urbano que mais construiu casas no Meioeste nos últimos 8 anos o resultado é que enquanto em todas as outras cidades da região os preços dos imóveis e dos aluguéis subiram em Minneápolis eles caíram 20% desde 2017 tque Minneápolis nos mostram que às vezes a solução mais simples também é mais eficiente e que o problema de casas caras se resolve obviamente construindo mais casas tá mas por que que elas conseguem e todas as outras cidades do mundo não conseguem fazer a mesma coisa bom vamos rebobinar um pouquinho lembra quando eu disse todas as pessoas no Brasil e no mundo todo tratam apartamentos casas e terrenos como ativos e também para você que já tem uma casa isso é uma notícia excelente você comprou um ativo desfrutou e usou dele com a sua família e 15 anos depois ele ainda vale mais mas para quem não tem casa e vive de aluguel isso é um péssimo negócio por mais egoísta e mesquinho que possa parecer para quem já tem uma casa ou um apartamento é um péssimo negócio deixarem construir 20 prédios na vizinhança o bairro fica mais adensado mais difícil de se locomover o trânsito piora e o valor da sua casa cai quem aluga vê a sua renda de aluguel diminuir e quem tem casa ou apartamento vê o valor do seu patrimônio diminuir e se o seu único patrimônio relevante é a sua casa ou apartamento como é o caso de muitos brasileiros você não quer ver isso acontecer e aí que entram as leis de zoneamento [Música] o zoneamento é uma lei específica de cada cidade que regula onde cada tipo de móvel pode ser construído algumas zonas podem ter indústrias outras comércio algumas podem ter uma mistura dos dois em alguns lugares você pode construir arranhacéus e em outros só casas para uma única família e pessoas que vivem em casas grandes bem localizadas e com muito capital usam da sua influência para desenhar essas leis de isoneamento e impedir que apartamentos e unidades residenciais mais densas sejam construídas nos seus bairros você consegue ver isso em São Paulo por exemplo onde algumas das regiões mais bem localizadas e mais ricas como jardins e pinheiros conseguem mesmo em uma megalópole manter essas casinhas de interior em zonas exclusivamente residenciais o resultado é que por mais que a cidade cresça os novos habitantes são forçados através dessas leis de zoneamento a morar em bairros cada vez mais afastados longe das oportunidades de emprego e da boa infraestrutura urbana o que aumenta o tempo de deslocamento congestiona o trânsito superlota o transporte público piora a poluição e contribui pra fabelização das regiões mais marginalizadas tóquio e Minneápolis pelo contrário alteraram as suas leis de zaneamento permitindo que as empresas construíssem mais incluindo unidades residenciais mais densas como prédios de apartamento permitindo ocupar melhor o espaço limitado em Tóquio por exemplo as leis de zoneamento não são decididas pelas cidades mas sim determinadas a nível nacional de maneira uniforme para todo o país isso evita que figuras políticas locais usem da sua influência para pressionar pela aprovação de leis de zoneamento que beneficiem as suas casas ou os seus empreendimentos algo que acontece com muita frequência na grande maioria dos municípios do Brasil emineápolis a solução foi ainda mais simples a cidade aboliu todas as zonas que antes só permitiam a construção de casas unifamiliares permitindo que as empresas construíssem o que elas quisessem incluindo muitos prédios de alta densidade para novos habitantes e a consequência como a gente viu foi uma queda no preço dos aluguéis e no valor dos imóveis por toda a cidade no Brasil outra ferramenta que é usada para dificultar a construção de novas moradias é a burocracia segundo o Banco Mundial a aprovação de um projeto de construção imobiliária no Brasil envolve em média 19 procedimentos burocráticos e leva em média 338 dias pra comparação no Paraguai nosso vizinho a aprovação leva em média 1/3 do tempo do Brasil e nos Estados Unidos a média fica em somente 81 dias para que o projeto possa sair do papel um excesso de burocracia que de acordo com o estudo da BENENC aumenta em até 12% o valor final do imóvel pro proprietário e essa é uma realidade que só beneficia quem já tem um ou mais imóveis ou quem é dono de cartório e que fatura em cima dessa burocracia talvez o retrato mais icônico que a gente tenha disso seja justamente em São Paulo o Parque Ibirapuera talvez o mais famoso parque urbano no Brasil pode ser comparado ao Central Park em Nova York duas áreas verdes muito grandes em meio a uma selva de concreto só que ao contrário de Nova York onde 550.000 novaorquinos moram a 10 minutos de distância do parque no Brasil a gente conseguiu a incrível façanha de segregar essa região para só 25.000 pessoas enquanto o discurso mesmo de pessoas que dizem defender o direito a moradias mais acessíveis seja esse não dá para esperar que a situação tenha qualquer chance.Aores e comerciantes aqui da região sobre o problema dessa verticalização desmedida sem controle que agora vai se agravar a aprovação das mudanças no plano diretor da gestão do Ricardo Nunes verticaliza geral sem que o bairro esteja adaptado para isso sem contar o problema do barulho o problema do impacto urbano de todas essas obras isso é aqui em Pinheiros mas é em vários outros bairros do centro expandido e a nossa bancada também tem atuado firme contra essas alterações os urbanistas têm denunciado são Paulo não pode ficar refém do interesse de meia dúzia de grandes construtoras contra um planejamento e acabando com o futuro da cidade [Música] o maior problema da crise imobiliária é que ela não é só um problema de gestão pública de certa forma ela é um conflito de interesses entre diferentes partes da população dos interesses dos proprietários contra os não proprietários dos locadores contra os inquilinos e bom das pessoas com uma duas ou três casas contra as pessoas que ainda querem comprar o seu primeiro imóvel e não tem solução fácil ou rápida que não prejudique pelo menos um grupo para que o outro possa se beneficiar individualmente o que você pode fazer é um pouco limitado mas ainda há algumas estratégias para quem tem condições e tá disposto a deixar a sua cidade atual talvez uma mudança para mais longe dos grandes centros seja uma solução o home office cresceu nos últimos anos e pode possibilitar viver mais afastado dos grandes centros para outros que têm alguma reserva maior talvez seja viável continuar economizando e esperar uma oportunidade única ou até mesmo alguma crise que possa ser desencadeada nos próximos anos para tentar comprar o imóvel a um preço mais razoável mas essas são soluções para uma parcela muito pequena da população a maior parte das pessoas não pode simplesmente se mudar ou acumular dinheiro indefinidamente esperando uma oportunidade aparecer e para essas pessoas se forem jovens a solução vai ser continuar morando com os pais pelo menos por mais alguns anos a realidade é que o sonho da casa própria da forma como que ele foi vivido pelas gerações anteriores talvez não seja mais acessível em grande escala para as gerações mais jovens de brasileiros hoje e enquanto a mentalidade das pessoas de que a sua casa o seu apartamento o seu terreno são ativos que precisam valorizar qualquer custo não mudar e a gente não construir muito mais casa o conflito que norteia esse problema vai continuar se aprofundando [Música]

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