O LADO OBSCURO e TERRÍVEL da ILHA de MARAJÓ

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Ela tá aí, é um tabu, ninguém fala, mas o maio laranja é o mês da conscientização, mas eu lancei o meu projeto aí que é o silêncio que grita, que é realmente para que a gente fale todo dia, toda hora, em qualquer lugar e que isso não seja mais um tabu e que isso seja o silêncio que grita da vida, o silêncio que grita. Inclusive, eu criei a página também do silêncio que grita. Agora já tem até outra rede. Então, qual é, qual é? Silêncio. Silêncio que grita. Silêncio que grita. É, esse foi o último. Eu não ia falar uma piada. Não, esse esse é um projeto que eu lancei. Eu lancei como pessoa. Eu tenho feito, a gente tem feito palestra. Aí eu depois eu conto também. Fui estive na Ilha do Marajo com o projeto. Ah, e da que a senadora também no Damares. A Damares já esteve lá também. Você é amiga da Damares? Você você se aproximou dela? Tal. Eu não conheço a Daamares pessoalmente. Não tive a oportunidade de conhecê-la, mas a gente trocou depois que ela me viu na Ilha do Marajó, a gente trocou mensagens, ela compartilhou um conteúdo meu também sobre o assunto, porque é um assunto que a Damares lá atrás tentou trazer, desacreditaram ela, descredibilizaram a palavra dela. E realmente a Ilha do Marajó é um é um absurdo. E o que que acontece na Ilha do Marajó? Porque fica muito disso, me dis o que que acontece. Pode falar ou você tem medo de falar? Não, não tenho medo de nada. Tá achando que você é cagona. Você tá percebendo, né? Não, que ela fez uma cara, ela tem medo? Não, não tenho medo de nada. Eh, a Ilha do Marajó, é, eu acho que é um, vamos lá, algo cultural. Isso vem de gerações para gerações de de abuso de de avô que abusou do do pai que abusou do filho, que hoje é avô que abusa do neto e hoje esse pai acha que tem que abusar do filho porque viveram nesse ciclo e aquele ciclo ele foi de geração para geração. É. Eh, eu o o a ideia de levar e eu acho que a mesma questão que a que a a Damaris fez é assim: o as histórias são reais, as essas crianças são abusadas, exploradas, vendidas, essas mulheres vivem disso, essas meninas ficam na porta de estabelecimentos lá prontas para serem vendidas. Isso tudo acontece lá. Tanto que nas palestras vendidas como vendidas vendas prostituídas ou vendidas vendidas para serem levadas embora. Tráfico humano. Você pode ir lá comprar pessoas. Tráfico humano. Que absurdo. Vendidas, traficadas. É. Obrigado. J. Mas com quantos anos? Mais ou menos. Olha, eu essa história não não não chegou a Não fui eu que vivenciei ela, mas eu estive Eu fui o dia que eu cheguei, eu dei uma entrevista numa numa rádio que tem lá. Uhum. E teve uma, tem uma pessoa que trabalhava na rádio que ele quis falar comigo e ele fez uma missão no Marajó. Ele ficou acho que cinco, mais de 5 anos em todas as ilhas, porque são muitas ilhas. Então tem as que são mais próximas dessas cidades, tem as que são mais distantes, que para você chegar são 20 horas de barco. Caramba. Então você imagina a vulnerabilidade desse lugar. Não tem nada. É uma um ribeirinho, ele não tem nada. Então não tem sinal de internet, não tem televisão, não tem nada. Mora ilhado mesmo, mora um tem nada. E aí, eh, ele me contou, ele me mostrou, ele tem mais de não sei quantos gigas de fotos e vídeos e relatos que ele tem. Então, ele me mostrou uma foto que essa, inclusive ele contando, ele chorou. E aí, assim, você não tem como sair da Ilha do Marajó, mesma pessoa que você entrou. ele contando que ele tava que ele viu eh tava com essa foto e a mãe e a mãe relatando que o pai vendeu a menina, ela tinha 7 anos, vendeu para para pessoas de fora. Eles vieram buscar menina, eles abusaram da menina dentro da casa, o pai segurava. Que absurdo. O pai segurava, a menina sangrava e e eles abusavam da menina. Ele engasgou. Aí quando ele começou a me contar, aquilo me deu um É. É. Não, mas é surreal. E e a menina foi vendida. Ele chegou lá dois dias depois. Então assim, eles ainda tentar tentaram fazer de alguma forma para tentar achar a menina em algum lugar, mas tentar ir atrás. Já tinha ido embora há muito tempo. Que loucura. Tá absurdo. E assim aí eu te falo, olha a sua reação. É de saber de uma história dessa que acontece todos os dias. Todos os dias na ilha do Marajó acontece, é o maior índice assim, é, é lá é absurdo. E a turma sabe disso faz tempo, ficou uma coisa que sabe meio recente, porque [ __ ] não é possível que ninguém faça nada, velho. Então é, é aí, aí é que tá possível todo mundo você, você é nova na política, já tá fazendo, [ __ ] Então aí você pega assim, o que que acontece se a política de lá se se esse assunto roda o Brasil inteiro, se esse assunto roda o mundo inteiro e quem tá lá num aí assim eu nem eu não sou eu que preciso chegar aqui para falar. Sim, sim. Que que você acha que acontece? Quem não tá vendo, quem não quer ver ou quem faz parte disso? É pesado, hein? E eu tava olhando aqui, realmente é um lugar faz parte disso. Eu tava, eu tô olhando aqui no no Google Maps, realmente é um lugar. Esse é o que a a senadora quer desbravar. É um lugar meio inóspar [Música] é bem inóspito assim uma ilha bem difícil acesso. Dá para ver aqui que é um lugar acessoudo barranto. Mas ó, vou te falar, o lugar é maravilhoso. Sim, é lindo. Amazônia natural aquela beleza natural, aquele rio, a a o entardecer, o é a coisa mais linda aquele lugar, mas a vulnerabilidade vem na mesma proporção do que ele é lindo. É lá que ela contava. Foi lá que ela falou que do dos índios lá que eles enterram aquela parada. Eu fiquei aquilo me pegou demais, velho. Essa história eu não sei. Que ela falou que tem índio que enterra os bebê vivo. [ __ ] é ela contando isso aí, eu fiquei meio essa história eu não sei tem tribos indígenas. Eu não sei o por que eles Mas é tradição da tribo é o que terra. Olha, eu vou te contar uma história que eu que eu escutei lá. É tipo um um cara que é um curandeiro da região e ele diz que ele promete a cura para essas famílias, tipo um João de Deus da vida, tá? Ele promete a cura para essas famílias. Então ele mantém as famílias com ele, com um assistencialismo e te dou uma cesta básica, te dou alguma comida, te ajudo, prometo a cura. Eh, e as meninas tod quando as meninas se tornam mocinhas, quando as meninas menstruam pela primeira vez, tem que passar por ele. Então, se a menina menstruar com 11 anos, 12 anos, tem que o tio, tem que passar por ele. Tem que passar por ele. É tipo aquele de o de Abadiânia. É o João de Deus. É o João de Deus também. Então essa, isso é uma regra. Então as famílias já são vulneráveis, elas entendem que aquele homem vai trazer a cura. Não, o cara mexe com um negócio seríssimo que porque cura dá uma doença que é um negócio que a pessoa que trabalha com ameaça e [ __ ] que fim de mundo, bicho. Tá aqui, ó. Eu acabei de puxar aqui, ó. Ol, ó. É bem complexo isso aqui. Isso aqui, meu irmão, imagina cada lugarejozinho. Não, é difícil, tudo de barco. É, eu estive aqui em Ananindeua. Ananindua é grande Pará. É grande Belém. Belém. Aí de lá de pega um barquinho de Belém. Eu fui para Breves. Breves? Tá no longe, hein? É, foi de barco, n? Não, eu fui de avião. Tem um avião, um teco teco, uma linha da Azul que Azul que faz para Breves. Faz para Breves. De breves eu estive em Sab que azul tem dia Breves. Eu fui pr eu estive em Melgço e fui pra Caracas. Portel, portel, portel. Não tá. Imagina tipo afuá. Olha onde eu pico, velho. É isso que eu tô falando. Para você sair que não vai ninguém sair aqui de port, você vai para lá e é muito longe. É muito é muito grande isso aí. É um negócio absurdo. Você olha no mapa acho pequenininho. Mas negócio do índia, eu vi aqui em maio de 2019, da Maris Alves afirmou que há cerca de 1500 casos por ano, nos quais recém-nascidos indígenas são enterrados vivos. Segundo ela, cerca de 405 povos indígenas no Brasil. Olha que loucura isso, cara. Não é? É assim, gente, é uma prática da, sabe, da por não sei agora aquilo cura. Aí eu te falo por que essas eh essas mulheres aí eu todas as vezes que a gente fez palestra para falar da conscientização, o que era o abuso, porque muitas dessas mulheres sofrem abuso e nem sabem, porque o abuso sexual ele não é a penetração como o povo acha, ah, é mistur. Não, não, não, não precisa ser isso. Perfeito. Eh, e aí toda palestra quando você termina vem uma mulher e fala assim: “Posso conversar com você em particular?” Todas, todas mulheres abusadas com 5, 7, 10 anos que não tem a mesma vida, que são traumatizadas, que vivem eh um ciclo assim terrível. É horroroso. É horroroso. Você não, você volta de lá sem saber. Depois de você fazer um negócio desse, você consegue deitar e dormir tranquila. Não, não com culpa, não é isso. Mas de pensar a cabeça. Exatamente. É, a minha cabeça ferve desde que eu volto. Você tá contando que já tá dando um negócio em mim, velho. É. E não, quando você foi lá, você viajou, você teve, você, [ __ ] teve um relato, ser muito louco isso, um relato que eu recebi de um de um professor que ele, o, o menino falou assim para ele: “Eu não quero ir embora hoje”. Disse: “Eu até me me engasga”. Ele falou assim: “Eu não quero ir embora hoje”. É porque ontem o meu pai abusou da minha irmã e hoje é o meu dia. [ __ ] que pariu. E aí esse professor fica como? Pega a criança, leva pra delegacia, fala: “Não, você precisa ir a sua família. É lá que eles que que que a pessoa faz lá?” Todo mundo é ameaçado. É, então, todo mundo que que vai para lá é ameaçado. Eu soube que depois que eu saí de lá, muitas pessoas foram nos lugares em que eu estive perguntando o que que eu fui fazer lá e o que que eu queria, que que essa mulher tá fazendo aqui, porque é mais visibilidade, mais exposição. Então assim, todo mundo que vai ou tenta ajudar ou tenta fazer alguma coisa que não seja o assistencialismo vai ser ameaçado. Que loucura, hein? E tudo que a da Maris fala é real e eu posso provar. Caramba. E e a galera desdenhando da mulher aí. Porque só vai desdenhar ou quem não quer que chegue lá porque realmente melhore eh não quer que mude, né? Porque o assistencialismo lá é muito grande. O o emprego não tem. As pessoas vivem de de subemprego, né? De é ou ou subsistência peixe, né? vive da da não, mas vive de assistencialismo mesmo, de programas do governo. Aí se você trabalha, você não perde as mulheres. Aí eu falei, gente, vamos fazer um trabalho aqui, trazer um monte de médico, fazer um trabalho de laqueadura nessas mulheres todas, mas elas não querem, porque quanto mais filho, mais ela recebe. Hum. Tem uma mulher que tinha acho que 12, 14 filhos que pariu. E alguns deles ela teve que doar porque ela não tinha aguenta, né? Como vai manter. E outra, ela não sabe de quem é o pai de ninguém porque ela era prostituta. Entendi. Situação, velho. E assim que essas mulher, esse é o Brasil. Esse é o Brasil que a gente que parece distante, ó. Parece distante. Não, mas isso aí acontece por aqui. Em 3 horas você tá lá. Não, que 3 horas aqui você vai em meia hora aqui para qualquer lugar aqui você encontra essas besteiras aí, cara. Mesma mesmo mesmo tipo de Brasil muito pobre, né? Muito subdesenvolvido. E aí você fala assim: “O que que precisa?” Precisa de coisa para caramba, mas se tiver uma força tarefa, uma força de vontade, que você você acha que eu tô sendo muito esperançosa, [ __ ] Já fosse de vontade se faz ia ser de fer não, eu acho tá certíssima. Não vamos desistir, mas se a gente for esperar a força de vontade da turma, nós estamos [ __ ] bicho. Estamos. [ __ ] que pariu, meu. Bom, não, mas vamos fazer essas caras de desacreditado. Vamos ter fé. Ah, vamos. Pode que eu falo? Eu ouço desde que eu era criança. Comuan, essas porras a gente faz. Eu ço desde que eu era criança.

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