O maior erro que você pode cometer com seus filhos

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E por aqueles pais que percebem, Noa, tô falando porque você deve ter convivido com jovens que passaram por isso, que a paixão dominante do filho não é algo que seja uma paixão dominante para eles, entendeu? Como, como lidar com isso? Tem que engolir ali e ser humilde? Como é que é? Quando eu era pequeno, eu competia muito no surf, comecei a competir nos 10 anos e era muito louco porque a gente via de tudo, né? Era, tinha várias categorias no surf, categoria petit, que era até 10 anos, iniciante até 12, miré 16 e assim sucessivamente. E a gente via nesses campeonatos que o parecia que às vezes o campeonato não era em relação ao filho, mas era em relação ao pai. Hum. A gente via a frustração do pai. Vou dar um exemplo. O pai queria ter sido surfista profissional e agora quer colocar toda a pressão no filho. Obriga o filho a sofá, colocando, colocando um campeonato municipal como uma final da Copa do Mundo, gritando, maltratando o filho. E é algo meio tenebroso. Meu pai vai até conseguir explicar melhor, porque isso gera uma pressão no filho, no competidor, que ele sai dali traumatizado, não quer pegar na prancha, não quer competir, não quer mais se colocar à prova, porque aquilo não não é uma diversão para ele, é meio que um trabalho forçado para sustentar um sonho que nem é dele, é do pai. Então isso acontece muito hoje em dia, tanto no surf quanto em outros esportes. Mas esse lance que você falou de a criança descobrir a paixão dominante, super importante a gente a gente ia empinar pipa, pescar, remar, jogar bola. Uhum. Enfim, nessa eu escolhi o surf. E nessa que eu escolhi o surf, eu levei o surf pra minha vida. Tanto que eu usei o surf, as minhas amadas, para passar uma mensagem que eu gostaria nas redes sociais. Eu juntei o que eu gostaria de passar, que seria mais ou menos uma filosofia com autoconhecimento, em cima de uma prancha no meio do mar, juntando minha paixão dominante e tendo em vista que aquilo eu gostava de fazer, era algo simples para mim, terapêutico. Exatamente. Juntar a paixão dominante com aquilo que você quer passar. Então isso deu certo nas redes sociais e isso deu certo para mim, como que eu conseguisse me expressar ainda melhor por meio de uma paixão que eu escolhi, que ele não me que ele não me pressionou a Quer dizer que eu acompanho física. Você nunca foi obrigado, por exemplo, não, não é? E é muito comum pais absolutamente frustrados no meio do esporte, não só no surf, tem na natação, tem no futebol. O pai que foi um atleta frustrado, ele deposita em cima do filho todas as expectativas, né? E tem uma outra coisa também que que é equivocado. O o filho fala: “Pai, eu quero fazer judô”. Aí o pai matricula o filho no judô e depois de dois meses, o filho vê que não é bem aquilo que ele queria. E o pai fala: “Não, você quis, agora você vai até o fim”. Meu, o cérebro de uma criança é um local tão absolutamente dinâmico. E e a coisa mais preciosa que um pai pode fazer para um filho é: “Bota no judô dois meses, tira, bota na capoeira, tira, bota no surf, tira”. Vai chegar uma hora que ele vai falar: “Uau, isso aqui é o meu lugar, eu gostei disso, né?” E você vai passando por todas as áreas do cérebro, né? Que estão ávidas por produzir conexões, experiências, é, experiências. E isso foi uma coisa que eu sempre fiquei muito atento, né? Porque será que eu tô me autossabotando? Será que eu tô forçando a barra com Noa, né? Eu tive certeza que não lá pelos sete aninhos, que ele deu uma desencanada do surf. Foi a época que o Neymar tava jogando no Santos e ele se encantou com futebol e a gente acabou indo na Vila Belmiro várias vezes. Ele deixou o surf um pouquinho de lado, mas depois ele voltou. Falei: “Bom, a escolha é dele, né?” Mas é sempre uma dúvida, né? Será que eu estou de alguma maneira colocando em cima do meu filho uma certa frustração? Porque eu lembro do meu pai, por exemplo, né? Meu pai foi uma pessoa muito importante para mim, foi uma referência, mas ele foi uma visita. Eu sou filho de pais separados. E o surf para mim foi algo extremamente importante. Mas meu pai nunca me viu surfar. Meu pai morava em São Paulo, depois ele foi para Mairiporã e eu passei praticamente toda a minha pré-adolescência e adolescência num dilema muito grande, porque eu ouvia de 15 em 15 dias, de 21 em 21 dias, e sempre que eu tinha que visitá-lo era o dia que tinha uma competição importante para mim, né? E eu não conseguia falar para ele, falar: “Pai, eu não vou te ver porque eu tenho uma competição aqui, né?” Então, para mim foi um dilema muito grande, né? E e é triste, né? Porque assim, caramba, ele nunca me viu fazer a coisa que mais me fazia feliz. Mas talvez se você falasse para ele, ele não iria com você. Ah, mas eu não tinha maturidade, né? É, eu era um menino, né? Não sabia. Eu via que ele sofria pela distância que ele tinha de nós, né? Fora a época, né? Fora. É, fora época. O preconceito o preconceito, né? Hoje o surf é um esporte super bacana. Sim, né? Mas antigamente era um esporte que assim 99% fumavam maconha, né? Sim. A gente vai entrar nesse assunto das drogas. Eu queria aproveitar ainda sobre o o surf da nuca, como equilibrar então, porque existe uma linha ateno a partir do momento que, claro, você não forçou o Noa seguir nesse nesse esporte que quer quer também a sua paixão, mas a partir do momento que ele decidiu e falou: “Cara, eu gosto disso aqui”. Uhum. O surf, muita gente acha que é só paz e amor e ah, vamos surfar e pô, ah, pegar umas ondinhas aqui. Mas cara, ele tem que acordar 6 da manhã e botar um macacão lá e tá na água gelada surfando o dia inteiro para conseguir alguma coisa se ele quer seguir esse caminho. É como conciliar essa essa linha tênue entre, cara, ah, não vou forçar também muito a barra ou tipo, ah, você não escolheu isso aqui? Uhum. Então, cara, ó, eu vou ser teu tutor aqui, teu treinador. Não, tu vai acordar, vamos embora, vamos pro meio do da água que amanhã tem competição, sei lá. Uhum. Olha, é interessante. Eu nunca tive esse problema com o Noa, porque a paixão realmente era tão grande que ele acordava, ele ia com eh eh frio, com tempo ruim, inclusive eu e a Natália, né? Muitas vezes trabalhávamos de segunda a sexta, sábado e domingo a gente tinha que ir para campeonato, para Munguá, aquele frio, aquela chuva, ficar na praia o dia inteiro com ele. E ele curtia pr caramba. A gente que falava: “Que que a gente tá fazendo aqui?” Né? Agora e uma coisa que não vai fal xadrez ia ser mais tranquilo. Oi? Se fosse um xadrezinho ia ser mais tranquilo. Exatamente. Um futsal no clube tem ambiente fechado, né? Apresentou o esporte errado. Tá vendo? Com certeza. Agora você falou uma coisa bacana, né? As pessoas têm uma imagem do surf de paz e amor, mas o surf é um esporte relativamente hostil e por uma questão, né, que as pessoas não levam em consideração, os bens no surf são muito escassos, as ondas são escassas. Existe uma diferença entre surfistas e skatistas. Os sketistas eles são muito mais amigos uns dos outros. Eles torcem um pelo outro, mas a pista tá ali sempre. As ondas não, elas são raras, né? Então tem briga o tempo inteiro. É um local assim eh que passa muito longe desse paz e amor, né? Quer falar um pouquinho mais sobre isso, filho? É o surf é um dos únicos esportes que a que a pista se mexe. É a prancha vai para um lado e você vai pro outro. Ou seja, totalmente diferente. Essa questão que meu pai falou é muito, muito verdade, porque normalmente as pessoas acham que surfe paz e amor, isso e aquilo, porém, querendo ou não, quando você vai surfar é guerra. Aham. É guerra. Há regras, regras tácitas que não estão escritas em nenhum lugar, porém como todo esporte, o surf tem essas regras, porém na maioria das vezes não são respeitadas e acaba gerando briga, acaba às vezes você vai surfar, você volta mais estressado. Uhum. Essa é a real. Vai para relaxar. Uhum. Exatamente. Na maioria das vezes é assim. Porém, eu vejo, como eu já viajei bastante, eu vejo que os brasileiros eles tendem a não obedecer essas regras. Lá fora, as regras são muito mais impostas e, como eu posso falar, respeitadas. Talvez o modo do brasileiro ser, enfim, eh, que coisa ruim, né? Meio triste. O brasileiro, ele via de regra, é muito mal visto lá fora, né? ele não respeita. Existe uma fila para se pegar onda que é uma fila invisível, né? E é uma polidez, né? Que e organiza a brincadeira, né? O brasileiro, via de regra, eh tende a macular e ferir essas regras tácitas, que, como no falou, não estão escritas em nenhum lugar, né? Mas organizam, né? Organizam a prática, né? E exatamente pelo fato do bem ser escasso, não é sempre que tem onda, né? Existe muita briga, muita desavença, muita discussão, né?

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