O mistério do PASSO DYATLOV foi RESOLVIDO?

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Um dos incidentes mais enigmáticos da história aconteceu no interior da União 
Soviética, há mais de 60 anos. Nove jovens sumiram nos Montes Urais e 
nenhum deles foi encontrado com vida. E a história não para de ficar pior. Alguns foram completamente mutilados. Alguns corpos estavam com os crânios 
esmagados e as costelas quebradas. Outros pareciam ter os olhos arrancados 
e um deles estava sem a língua. Vários foram encontrados sem roupas, o que adiciona ainda mais mistério e estranheza 
levando em conta a temperatura da região na época, que chegava aos -30 graus Celsius. E os sinais de violência não paravam por aí. A cabana usada como abrigo pelo 
grupo estava rasgada e como se o destino desses jovens exploradores não fosse 
um mistério grande o suficiente novo surgiu. Quem ou o quê foi o 
responsável por esses horrores? Mas foi só agora, praticamente 60 anos depois, 
que uma possível explicação veio à tona. Bem vindos ao mistério do Passo Dyatlov. A nossa história começa numa sexta 
feira, dia 23 de janeiro de 1959. Nesse dia, um grupo de dez amigos se 
reunia para iniciar uma aventura no gelo. Ao todo, eram oito homens e duas mulheres, 
todos colegas no Instituto Politécnico de Ural. O líder da expedição era Igor Dyatlov, que depois 
foi homenageado dando o nome que batizou a região. Os integrantes do grupo eram Lyudmila, Aleksander, 
Zinaida, Rustem, Nikolay, Semyon e os três Yuris. O ponto de encontro para o início da 
viagem foi a cidade de Yekaterinburgo, no centro oeste da antiga União Soviética, e de lá pegaram um trem para Ivdél, 
onde chegaram dois dias depois. Por fim, entraram em um ônibus 
em direção ao destino final. Vizhai, uma cidadezinha no pé da 
montanha e ai eles descansaram um pouco, E no dia 27 partiram rumo a expedição. Em menos de 24 horas um dos jovens começou a 
enfrentar dores muito fortes no nervo ciático, que tem origem na coluna e desce até as pernas. E por conta disso, Yuri Yudin acabou desistindo 
daquela aventura e precisou voltar para casa. Ele certamente ficou frustrado, mas o que ele não sabia era que 
aquela dor salvaria a vida dele, porque depois daquele momento 
ele nunca mais veria os amigos. O grupo, agora com nove pessoas, seguiu viagem. Nos dias seguintes, a escalada 
seguiu, como era de se esperar. Nós sabemos disso porque 
encontramos os diários do grupo. 28 de Janeiro. O clima até aqui está sorrindo para nós. Está apenas oito graus Celsius lá fora. Depois do jantar, nos sentamos por um tempo ao 
redor da fogueira, cantando canções de amor. 29 de janeiro. Segundo dia da nossa caminhada. Faz -13 graus Celsius. O vento está fraco. De 
vez em quando a gente encontra gelo no rio Lozva. E só. 30 de janeiro. Depois do café da manhã, 
andamos ao longo do rio Auspiya, mas o gelo não nos deixa seguir em frente. Vimos uma cabana Mansi. Um povo único e muito interessante 
que habita o pólo norte dos Urais No idioma Mansi, Jólat Siajl 
significa Montanha da Morte. O nome não era nada convidativo. Mais do que isso, era um prenúncio 
do que estava prestes a acontecer. Foi em um local com esse nome que o 
grupo montou acampamento pela última vez. E foi por ali que, no dia 31 de janeiro, foram escritas as últimas palavras 
que constam nas anotações do grupo. O tempo está pior. Vento, neve. Caminhar está especialmente difícil hoje. Não conseguimos ver a trilha. O jantar 
está na tenda. Legal, quentinho. Não consigo imaginar tanto conforto 
no cume, com o vento uivante lá fora, a centenas de quilômetros de 
distância dos assentamentos humanos. Nós não temos mais anotações no 
dia seguinte, 1 de fevereiro. Tudo o que aconteceu nesse dia é um mistério, mas as últimas palavras escritas no 
diário logo se revelaram verdadeiras. De fato, os alpinistas não encontrariam mais 
conforto em nenhum lugar dali em diante. Dali a algumas horas, a paz do grupo 
de jovens aventureiros estava prestes a ter fim, porque um destino cruel 
aguardava depois do cair da noite. Muitos dias passaram até que 
a tragédia fosse descoberta. A comunicação na época era muito complicada. Ninguém ficou sabendo de nada até a data 
prevista para a volta do grupo a cidade. Que era marcada para 12 de 
fevereiro, o que nunca aconteceu. A princípio, ninguém ficou tão preocupado, até porque, graças às terríveis 
condições climáticas, era bem normal que esse tipo de expedição durasse 
um pouco mais de tempo do que o previsto. Mas, conforme os dias foram 
passando, a apreensão foi aumentando. Amigos e familiares começaram a se 
perguntar onde será que eles estão? No dia 20 de fevereiro, 
ninguém mais aguentava esperar. O Instituto Politécnico dos 
Urais, onde o grupo estudava, enviou um grupo de voluntários até a região para 
tentar encontrar os montanhistas desaparecidos. Uma semana depois, os resgatistas 
finalmente encontraram uma pista. Eles viram que a tenda do grupo 
estava parcialmente enterrada na neve. Dentro não havia nenhum corpo, mas 
alguns objetos chamaram a atenção. Pares de botas de neve ainda estavam ali, dando a entender que alguns deles teriam 
deixado a tenda sem o calçado adequado. Mesmo na neve, sob temperaturas 
bem abaixo do zero, também havia carne cortada sob pratos, o 
que indicava que alguém estava prestes a se alimentar quando precisou sair 
às pressas, de maneira inesperada. E o mais importante, a tenda estava rasgada 
de dentro para fora e não de fora para dentro. Ou seja, todos esses indícios deixavam 
claro que os alpinistas tiveram de abandonar a barraca desesperados, 
fugindo de uma hora para outra. Ao redor da tenda havia pegadas congeladas, confirmando que alguém havia 
realmente pisado descalço por ali. As pegadas continuavam por alguns 
metros e então desapareciam. O mistério só crescia, por que o grupo 
precisou largar tudo daquele jeito? E para onde eles tinham ido? No dia seguinte, as respostas 
começaram a aparecer. Os primeiros corpos finalmente foram encontrados. Mas como em tudo nesse caso, sempre que um 
mistério de solucionado, um novo surgia no lugar De fato, alguns corpos estavam descalços, outros estavam somente com roupas 
íntimas e o mais assustador, alguns tinham ferimentos graves, como costelas 
quebradas, crânio fraturado, olhos arrancados e no caso de uma das mulheres, o 
corpo estava até mesmo sem a língua. Para aumentar a tensão, os corpos não 
foram todos encontrados de uma só vez. Os primeiros foram achados no dia 27 de fevereiro e os últimos só foram aparecer depois 
do fim do inverno, no dia 5 de maio. Foram mais de três meses de agonia entre a 
data da morte e o fim das buscas pelos corpos. Mas, mesmo depois de todos serem resgatados, 
a grande questão continuava em aberto. O que aconteceu naquele dia? Muitas teorias surgiram para 
tentar explicar essa história. E quando eu digo muitas, são muitas mesmo. De acordo com a BBC, existem aproximadamente 75. Muitas delas giram em torno do fato de que 
a tragédia aconteceu na União Soviética, que é historicamente uma 
nação cercada de segredos. Em plena corrida espacial da Guerra Fria, os soviéticos viviam fazendo 
testes e lançando satélites. Por isso, houve quem acreditasse, 
por exemplo, que um foguete teria caído no local e o caso tivesse sido 
acobertado pelas autoridades da época. Outros apostavam em uma atuação direta da KGB. A teoria diz que o Serviço secreto soviético teria feito algum teste militar 
de algum novo tipo de arma, até porque, detalhe, nas roupas de alguns 
dos mortos havia vestígios de radioatividade. Ou quem sabe, os agentes tenham confundido 
os montanhistas com fugitivos dos gulags, os campos de trabalho forçado da União Soviética. Mas, apesar dessas teorias parecerem um 
exemplo perfeito de teorias da conspiração, teve gente importante desconfiando que alguma 
autoridade podia sim, estar por trás da tragédia. O ex presidente russo Boris Yeltsin, por exemplo. Mas mesmo com o fim da União 
Soviética, nenhum documento, nenhuma prova, nada foi encontrado que pudesse 
colocar a culpa da tragédia no antigo regime. E, enquanto isso, outras pessoas 
também integraram a lista de suspeitos. Lembra do povo Mansi que chegou a ser 
citado no Diário dos Exploradores? Algumas pessoas acreditavam que eles 
teriam sido os responsáveis pelo massacre, talvez por terem considerado que os montanhistas tinham invadido um terreno 
sagrado ou algo do tipo. Alguns indígenas chegaram até a ser interrogado, mas a comunidade mais próxima ficava muito 
distante de onde os corpos foram encontrados. Além disso, pesquisadores 
garantem que não há qualquer histórico de violência por parte do povo Mansi. Muito menos algum vestígio de que pessoas 
de fora teriam estado na cena do crime. Então, se ninguém de fora 
assassinou os alpinistas, será que um deles teria matado todos os outros? Ou será que uma briga generalizada 
acabou terminando em matança? Não foi isso que as autópsias indicaram. O nível de motivação dos corpos sugeria 
uma força muito maior do que a de humanos. Então será que talvez o que 
causou isso foi um animal? Algumas teorias culpam renas, ursos e até 
yetis, que é outro nome para o homem das neves. Eu gostaria muito de acreditar nessa teoria. Se não fosse um detalhe, Yetis não existem. E por falar em explicações místicas, muita gente 
também colocava a culpa em extraterrestres. Essas pessoas alegavam que luzes estranhas 
teriam sido vistas no céu naquela noite. Teorias sobrenaturais não faltaram. Só que as naturais, é claro, foram as que mais chamaram a atenção 
dos cientistas e investigadores. Foram sugeridas hipóteses 
de uma tempestade de raios. Suspeitaram também de uma anomalia gravitacional e houve até quem colocasse a culpa 
num fenômeno chamado Infrassom, em que uma ventania forte teria produzido 
um ruído de frequência tão baixa, capaz de gerar estresse suficiente 
para provocar uma onda de pânico. O problema é que nada disso jamais foi comprovado. Depois de décadas com teorias sendo descartadas, 
parecia que o enigma ia durar para sempre. Até que, em 2019, por ocasião dos 60 anos 
da tragédia, o governo russo reabriu as investigações do caso e um grupo de cientistas 
suíços do laboratório de Simulação de Neve da Escola Politécnica de Lausanne se debruçaram 
sobre o assunto em busca de uma conclusão. Depois de uma pesquisa longa e complexa, autoridades russas e cientistas suíços chegaram a 
mesma resposta sobre o que matou os nove jovens. Lembra quando eu disse que a culpada era uma 
certa força descomunal, implacável e avassaladora? Pois é, essa tal força é a 
força da natureza. Porque as mortes teriam sido causadas por uma avalanche. Eu sei que essa resposta pode parecer meio óbvia e você inclusive pode até se perguntar 
como que eles não pensaram nisso antes? Acontece que não havia 
nenhum indício de avalanche. Nenhum rastro é esperado 
para esse tipo de incidente. Inclusive se acreditava que era impossível 
de uma avalanche acontecer naquele local. Isso porque avalanches teoricamente só acontecem a partir de 30 graus de inclinação, e 
a montanha naquele ponto só teria 23. A questão é que essa foi uma avalanche 
extremamente específica e rara. É a chamada avalanche de placa. Ela acontece quando tem muito vento numa montanha, levando neve fresca para onde já existe uma 
camada coberta com neve mais solidificada. Essa neve fresca vai se acumulando aos poucos 
e em um dado momento algo acontece para que toda essa placa se desprenda de uma vez 
só, varrendo tudo o que tem pela frente. Nesse caso, a queda teria sido provocada pela 
instalação da própria tenda do acampamento. A quantidade de neve na região, inclusive, acabou 
camuflando o verdadeiro declive da montanha. Novos cálculos feitos pelos 
cientistas suíços mostraram que, no ponto exato em que a tragédia aconteceu, a inclinação era de 28 graus e não de apenas 23. O estudo com esses novos números foi 
publicado na revista Nature e só foi possível graças a uma série de simulações 
feitas em computador pelos cientistas. Um dos responsáveis pelo trabalho conta que 
ele teve a ideia de fazer essas simulações enquanto assistia um importante 
documentário científico chamado Frozen, Uma Aventura Congelante. É sério, Não tô brincando. O pesquisador Johan Gaume, disse que, depois de assistir ao filme, ele procurou 
os animadores para entender melhor os efeitos digitais usados para reproduzir a neve. E foi a partir daí que ele produziu as 
simulações que ajudaram a demonstrar o que teria acontecido naquela 
noite de fevereiro de 1959. E o estudo mostrou ainda que a força das 
avalanches de placa é tão forte que pode provocar uma das evidências mais difíceis de ser explicada 
que é a mutilação dos corpos atingidos pela neve. Ainda mais porque, nesse caso específico, algumas vítimas ficaram prensadas 
entre a neve e os próprios esquis, o que teria levado as fraturas no crânio e nas 
costelas, que eu mencionei no começo desse vídeo. Já as partes que estavam faltando 
nos corpos teriam sido devoradas por algum animal depois que 
a vítima já tinha falecido. A pesquisa não conseguiu responder todas as questões em aberto e algumas 
pontas continuam um pouco soltas. Por exemplo, porque alguns 
corpos estavam sem roupas. Uma hipótese provável é que os 
alpinistas que sobreviveram em um primeiro momento podem ter arrancado a roupa 
dos colegas mortos para tentar se aquecer. Com relação aos vestígios de radioatividade, talvez eles já existissem antes 
mesmo de toda essa tragédia. Alguns integrantes do grupo estudavam 
física nuclear na faculdade. Por mais tentador que seja 
buscar explicações sobrenaturais. Muita gente esquece que a natureza 
pode ser extremamente perigosa. Como o ser humano vive há milhares 
de anos em meio à civilização. É comum que a gente não se dê conta 
disso, mas a verdade é que o simples fato de sobreviver em um ambiente 
hostil pode ser um tremendo desafio. Muito obrigado e até a próxima.

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