O Preço de Separar um País – E Por Que o Brasil Pode Seguir o Mesmo Caminho

0
Share
Copy the link

Olá, meu nome é Murilo e você está no canal Mirai Geopolítica, o canal que mais cresce no YouTube. No vídeo de hoje, nós vamos falar sobre um assunto curioso. Você já deve ter ouvido alguém dizer: “O Sul deveria se separar” ou então: “São Paulo sustenta o Brasil inteiro”. E talvez até tenha pensado, será que dividir o país seria melhor para todo mundo? Menos corrupção, menos burocracia, mais liberdade para quem produz. Mas será que essa ideia realmente funciona? A proposta pode até soar simples, um país menor, mais eficiente, mais coeso, mas a realidade quando olhamos pro mundo é bem diferente. Em vários lugares, o que parecia solução virou um problema ainda maior. Algumas regiões que buscaram a independência conseguiram, mas pagaram um alto preço. Outras ainda estão atoladas em crises que não acabam nunca. Então, hoje a gente vai responder com base em exemplos reais se dividir um país resolve alguma coisa ou só cria novos problemas ainda mais difíceis de resolver. E para isso vamos viajar para vários lugares que se dividiram ou que quase se dividiram e entender o que aconteceu depois e como isso se aplica ao Brasil. Vem comigo. Começamos com o caso mais recente de separação que deu certo, ao menos no papel. Em 2011, o mundo viu nascer o novo país, o Sudão do Sul. A separação parecia inevitável. Por décadas, o norte do Sudão era dominado por muçulmanos árabes, enquanto o sul era habitado por povos africanos cristãos e animistas. As duas regiões tinham religiões, etnias e culturas completamente distintas. E tudo piorou quando descobriram petróleo no Sul. Resultado: duas guerras civis, mais de 2 milhões de mortos e 4 milhões de deslocados. era uma bomba relógio prestes a explodir. A comunidade internacional, pressionada pela violência e pelo desastre humanitário, empurrou uma solução. Um referendo foi realizado em 2011 e o resultado foi quase unânime. Mais de 98% dos votantes escolheram se separar do norte. O mundo comemorou o nascimento de uma nova nação africana. Mas o que parecia o começo de uma nova era virou um novo pesadelo. Poucos anos após a independência, o Sudão do Sul entrou em guerra civil de novo. Mas agora entre eles mesmos exércitos rivais, corrupção descontrolada, fome generalizada e inflação absurda. Hoje o país está entre os piores ideagas do planeta e mais de 70% da população vive na extrema pobreza. Separar do norte resolveu um problema, mas criou vários outros. A independência deu ao povo o que eles pediam, mas não entregou o que eles precisavam. Outro exemplo chama a atenção não pela violência, mas pelo impasse. A Catalunha é uma das regiões mais ricas e desenvolvidas da Espanha. Tem idioma próprio, cultura forte e uma longa história de conflitos com Madrid. Muita gente lá acredita que a Catalunha é uma nação sem estado. Trabalham, produzem, pagam impostos, mas se sentem explorados pelo governo central. Esse sentimento não é novo, mas nos últimos anos cresceu como nunca e em 2017 chegou ao ponto mais crítico. O governo catalão organizou um referendo de independência, mesmo sem autorização do governo espanhol. Madrid declarou o pleito ilegal, mas mesmo assim a votação aconteceu com repressão policial, urnias apreendidas e cenas que rodaram o mundo. No final, mais de 90% dos votos foram a favor da separação, só que a participação foi baixa. Cerca de 43% da população foi às urnas. A maioria silenciosa não quis se envolver num processo que era considerado inconstitucional. No calor do momento, o paramento catalão chegou a declarar a independência, mas a reação foi imediata. O governo regional foi destituído, líderes presos ou exilados e a independência suspensa. Resultado, a Catalunha continua fazendo parte da Espanha, mas agora ainda mais dividida por dentro. O sonho da separação existe, mas está congelado no tempo. Se a Catalunha vive em passe, o caso da Yugoslávia é o exemplo extremo do que acontece quando uma separação vira guerra. Durante décadas, a Iugoslávia foi um caldeirão de povos e religiões. Sérvios ortodoxos, croatas católicos, bossnios muçulmanos, albaneses, eslovênios, montenegrinos. Um m osaico étnico segurado à força por um regime autoritário liderado por Joseph Tito. Enquanto ele esteve no poder, havia ordem. Mas quando Tito morreu e o comunismo começou a ruir, a fratura interna veio à tona. Cada república quis seguir o seu caminho. A Eslovênia foi a primeira a sair, depois a Croácia, então veio a Bósnia, onde a diversidade virou um campo minado. O que era para ser um processo político virou uma carnificina. A guerra da Bóznia, que aconteceu de 1992 a 1995, foi marcada por limpeza étnica, abusos, campos de concentração e bombardeios contra civis. Mais de 100.000 pessoas morreram, milhões fugiram de suas casas e a Europa, que prometia nunca mais repetir os horrores da Segunda Guerra, viu tudo de novo, ao vivo. No fim, a Yugoslávia se dissolveu. Viraram sete países. Alguns, como a Eslovia e a Croácia, conseguiram se reerguer. Outros, como a Bónia e Kosovo, vivem até hoje entre tensões, pobreza e divisão interna. A paz só chegou com a intervenção estrangeira, tribunais internacionais e décadas de reconstrução. E bom, dividir o país funcionou? Depende. Funcionou depois que metade dele foi destruído. Foi um parto geopolítico sangrento e nem todos os filhos sobreviveram bem. Mas bem, voltemos ao nosso quintal. Será que algo assim poderia acontecer no Brasil? E bom, desde os anos 90, o movimento O Sul é o meu país, defende a independência de Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Os argumentos são conhecidos. O Sul é mais desenvolvido, mais organizado, mais produtivo e paga muito mais impostos do que recebe de voto da União. Essa ideia atrai principalmente setores conservadores, liberais ou regionalistas. Em 2016, o grupo organizou o chamado plebis, um plebiscito informal, onde mais de 600.000 pessoas votaram e o resultado foi esmagador. 95% disseram sim a separação, porém é preciso olhar com uma lupa. Esses números representam menos de 5% da população dos três estados. Além disso, o plebiscito não tem valor legal. A Constituição de 1988 é clara. A federação brasileira é indissolúvel. Nenhum estado pode se separar. Não existe base jurídica para isso. E a única solução seria o confronto armado, o que é absolutamente improvável e inaceitável. Mesmo assim, o discurso separatista reaparece de tempos em tempos, não só no Sul, mas também em São Paulo, no Nordeste e até na Amazônia. O sentimento comum é de abandono, injustiça fiscal e insatisfação com Brasília. Mas será que separar resolveria ou só criaria novos problemas? Separar um país vai muito além de vontade popular. Para uma região se tornar realmente independente, ela precisa de reconhecimento internacional, instituições funcionando de forma autônoma, forças armadas, moeda estável, fronteiras controladas, leis próprias, infraestrutura mínima, diplomacia ativa e o mais difícil, estabilidade interna. Sem isso, o novo país vira um território em disputa, sem legitimidade, sem estrutura e sem futuro. Foi o que aconteceu com Kovo, que até hoje não é reconhecido por dezenas de países, ou como a Transnístria, que inclusive nós temos vídeo aqui no canal, que fica ali na região da Moldávia, que vive num limbo político, sustentada apenas pela Rússia. E mesmo quando a separação é reconhecida, os desafios estão só começando. Países como Eritreia, Timor Leste e o próprio Sudão do Sul conquistaram sua independência, mas continuam sofrendo com pobreza extrema, crises internas e instabilidade crônica. Então, nós entendemos que separar ela não é uma mágica, é um processo caro, lento e cheio de riscos e muitas vezes irreversível. A história mostra que o curso da separação quase sempre é mais alto do que o discurso promete. Dividir um país pode parecer solução para quem está cansado de esperar por justiça, desenvolvimento ou reconhecimento. Mas quando a gente olha para os exemplos do mundo real, a história é outra. Separar pode aliviar no começo, mas geralmente traz mais instabilidade, mais pobreza e mais incerteza. e muitas vezes gera feridas que demoram décadas para cicatrizar. Talvez a pergunta certa não seja vale a pena separar? A pergunta certa talvez seja: Vale a pena desistir de consertar? Porque no fim é muito mais difícil construir um país do zero do que transformar o que já existe. E bom, agora eu quero saber a sua opinião. Você acha que separar um país pode ser uma saída justa ou é só um atalho perigoso para fugir dos problemas reais? E você acha que a solução do Brasil também seria uma separação tanto do Sul quanto do Nordeste e São Paulo? Bom, deixa aqui nos comentários. Quero ouvir a opinião de vocês. E eu vou ficando por aqui e até o próximo vídeo.

Comments

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *