O que acontece se uma FÓRMULA 1 fizer curva com ASA ABERTA?

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O vídeo que você está vendo agora é da câmera 
de bordo do piloto de Fórmula 1, Jack Doohan. Ele está prestes a entrar na primeira 
curva do circuito internacional de Suzuka, uma das pistas mais famosas do calendário. Quando, de repente… A primeira curva de Suzuka é uma das mais famosas. Ela foi o cenário de alguns dos momentos mais 
inesquecíveis da história do automobilismo. Ela vem logo depois da reta principal, 
quando os carros ainda estão muito rápidos. E atualmente um dos melhores jeitos 
de fazer essa curva é sem frear. Guarde essa informação porque 
ela vai voltar daqui a pouco. Pode parecer meio paradoxal entrar 
em uma curva sem frear, mas isso faz sentido nessa pista, porque a primeira curva 
já é praticamente o começo da próxima e aí sim os freios são utilizados. Mas o que chamou atenção no acidente 
do começo desse vídeo é que não é tão comum assim pra um piloto se perder nessa curva. Então… O que aconteceu? A resposta está em uma das tecnologias 
mais famosas do mundo da Fórmula 1. Responda rápido! Qual é a diferença entre um 
carro de Fórmula 1 e um avião? Tá, eu sei que são várias diferenças, mas no contexto desse vídeo tem 
uma que é a mais importante. E ela está nas asas. Os dois têm asas, mas com 
finalidades bem diferentes. Enquanto as asas de um avião ajudam a gerar 
o empuxo necessário para ele se manter no ar, as asas de um carro de Fórmula 1 
agem de maneira completamente oposta, fazendo o carro grudar no chão. O termo técnico para isso que você 
vai ouvir sendo usado em notícias de Fórmula 1 geralmente é carga 
aerodinâmica ou força descendente. Ou se você for assistir alguma transmissão 
em inglês um dia, você vai se deparar com a palavra downforce, que 
quer dizer a mesma coisa. Pra entender isso, imagine que você está dirigindo 
o seu carro prestes a entrar em uma curva. Se você estiver dirigindo dentro 
dos limites de velocidade, o seu carro vai ser capaz de 
realizar a curva normalmente. A física que garante isso é a força de atrito. Quando o carro entra na curva, nós 
não queremos que ele escorregue. E isso não acontece desde que a força 
de atrito entre os pneus e o asfalto não ultrapasse um certo valor. E aqui mora o motivo pelo qual 
carros de Fórmula 1 precisam de asas. O que define esse valor máximo é a 
força que o carro realiza no chão. Para o meu carro e para o seu, essa força 
vem do próprio peso, que é a gravidade puxando o carro para baixo. É por isso que, até certo ponto, 
quanto mais pesado um carro for, menos ele escorrega nas curvas. Mas o peso mínimo de um carro de Fórmula 
1 no regulamento atual é de 800 kg. Só pra vocês terem ideia, um 
HB20 pesa por volta de 1000 kg. Só que um HB20 vai fazer uma 
curva a, sei lá, 80 km por hora, que é praticamente a velocidade 
que uma Fórmula 1 precisa ir pro piloto não levar multa quando entra nos pits. Eu espero que vocês estejam 
vendo onde eu quero chegar. Um carro de Fórmula 1 precisa das asas, porque é como se elas criassem um peso artificial 
que ajuda eles a não deslizarem nas curvas. Sem as asas, é bem mais provável que 
eles só passariam reto na primeira curva e o GP de domingo acabaria bem cedo. Só que ao mesmo tempo em que as asas 
resolvem um problema, elas criam outro. O objetivo de um carro de Fórmula 
1 é ir o mais rápido possível, porque é assim que se ganha uma corrida. E as asas ajudam a ir mais rápido porque elas 
permitem que os pilotos façam curvas mais rápido. Isso diminui o tempo para completar uma volta. Só que elas também introduzem arrasto, 
que é o principal inimigo dos carros. Para entender o arrasto, a gente 
nem precisa fazer muito esforço. Pegue um guarda-chuva e corra com ele fechado. Agora faça a mesma coisa, só 
que com o guarda-chuva aberto. Parece que com o guarda-chuva aberto existe 
uma força a mais que resiste ao seu movimento. E de fato existe! O guarda-chuva encontra as moléculas 
de ar da atmosfera no caminho e são elas que exercem essa 
força, que é chamada de arrasto. E se você ainda tiver fôlego, faça mais um teste, e dessa vez corram mais rápido que 
você puder com o guarda-chuva aberto. Conforme a velocidade aumenta, a 
força de arrasto também aumenta. E você pode ver isso acontecendo 
em um carro de Fórmula 1. As asas chegam a flexionar 
quase como se fossem comprimidas conforme a velocidade do carro aumenta. E essa foi uma das razões para o 
protagonista desse vídeo, o DRS, ser introduzido na Fórmula 1 na temporada de 2011. DRS é a sigla em inglês para Sistema de 
Redução de Arrasto, que no Brasil ficou conhecida como asa móvel. E a ideia é bem simples. Na Fórmula 1 o sistema atua na asa traseira do carro, que pode ser 
aberta com o comando do piloto. Voltando para o exemplo do guarda-chuva, é como se, ao ativar o 
DRS, o piloto fechasse o guarda-chuva. E de fato isso funciona muito bem. O piloto que chega no final 
de uma reta com o DRS ativo consegue alguns quilômetros por hora a mais de 
velocidade, o que muitas vezes é o suficiente para ultrapassar alguém. E por regulamento, o DRS é desativado 
automaticamente quando o piloto pisa no freio. Que é o que geralmente acontece, porque 
logo depois de uma reta vem uma curva. Mas o que aconteceria se um piloto 
tentasse fazer uma curva com o DRS aberto? Isso nos traz de volta ao 
acidente do piloto Jack Doohan. Ele estava na reta principal 
de Suzuka, com o DRS ativo. E no momento em que ele entra na primeira curva, o carro sai de traseira, causando o acidente. Mas deixa eu voltar um pouco no 
vídeo pra mostrar um detalhe. No volante do carro, uma única luz verde 
está acesa, próximo de uma zona de DRS. Quando ele passa pela linha branca no 
chão que sinaliza o começo da zona de DRS, duas luzes verdes ficam acesas, indicando que o DRS já pode ser ativado. E agora sim, as cinco luzes 
verdes acesas no volante indicam para o piloto que o DRS foi 
ativado ou, em outras palavras, a asa móvel foi aberta. Mas agora prestem atenção nas luzes instantes 
antes de ele perder o controle do carro. Todas as cinco continuam acesas, ou 
seja, a asa móvel ainda estava aberta. Vocês lembram que no começo do vídeo eu pedi 
para vocês guardarem uma informação importante? Caso não lembrem, eu tinha 
comentado que a primeira curva de Suzuka geralmente é feita sem usar os freios. Só que agora há pouco eu 
comentei que são justamente os freios que desativam o DRS automaticamente. Então, tem algo que o piloto 
pudesse ter feito aqui? A resposta é que sim. Isso que eu tenho aqui, infelizmente, 
não é um volante de Fórmula 1, e sim o volante do meu simulador. Mas ele funciona de maneira parecida. Logo depois do acidente, a Alpine, 
que era a equipe do piloto, soltou uma nota em que comentava que ele 
esqueceu de desativar o DRS antes da curva. Isso provavelmente aconteceu porque 
ele era um piloto novo na categoria, e Suzuka é uma das únicas pistas em que o piloto 
não precisa frear logo depois de uma zona de DRS. E o segredo está… nessa alavanca aqui. É essa alavanca que ativa a asa móvel. E ela também é responsável pela desativação manual, que era o que o piloto precisava 
ter usado para evitar o acidente. No fim a boa notícia é que Jack 
Doohan não se machucou com a batida. Ele inclusive conseguiu correr na prova oficial. E isso é uma prova da caminhada que 
a Fórmula 1 deu no quesito segurança. A má notícia pra ele é que agora ele 
não é mais o piloto titular da equipe. E também que ele foi substituído 
por um cara chamado Colapinto. Mas acontece. E tem mais uma má notícia também, só 
que dessa vez pra quem gosta do DRS: a partir de 2026, ele vai ser 
deixado de lado na Fórmula 1. O DRS vai ser substituído por um sistema de 
aerodinâmica ativo, que embora ainda esteja nas asas dos carros, vai ser bem 
diferente na maneira de ser utilizado. Atualmente, as regras para o uso de DRS são, 
primeiro, o piloto precisa estar a pelo menos um segundo do carro da frente e, segundo, o 
carro precisa estar dentro de uma zona de DRS, que geralmente só existem 
nas partes retas da pista. A partir de 2026, a ideia é que o sistema 
aerodinâmico seja mais ativo, podendo ser usado de maneiras diferentes durante 
uma volta, e não só mais nas retas. E isso é muito bom, na verdade! A maior dificuldade dos engenheiros 
que projetam os carros, muitas vezes, é encontrar um delicado fazer o carro gerar 
a menor quantidade de arrasto possível, o que aumenta a velocidade, e fazer o carro ter a maior quantidade possível de 
carga aerodinâmica nas curvas, que diminui a velocidade do carro. E é meio que impossível de 
fazer os dois ao mesmo tempo, porque se uma equipe escolhe fazer asas maiores 
para conseguir fazer curvas mais rápido, o carro perde velocidade na reta e vice-versa. É por isso que os fãs de Fórmula 1 
geralmente ouvem falar de pistas como essa é uma pista de alta ou 
essa é uma pista de baixa. Nesse contexto, geralmente uma pista de alta 
quer dizer que a pista tem grandes retas. Então as equipes preferem geralmente asas 
menores para ganhar velocidade nas retas. E o contrário é verdadeiro. Nas pistas de baixa, as curvas são mais frequentes 
e o carro acaba completando a volta mais rápido se ele consegue fazer as curvas melhor, o que 
acaba beneficiando asas maiores, que geram mais arrasto e aí diminuem a velocidade nas retas. Se tudo funcionar como esperado, talvez agora 
os engenheiros poderão ter que sacrificar menos velocidade ou arrasto, porque a própria 
configuração das asas vai mudar durante uma volta. Ou se eu estiver errado, a temporada de 2026 
vai ser um GP de Mônaco que dura o ano todo. Mas eu espero que não. Independente disso, pra mim que 
sou fanático por automobilismo, desde que eu me conheço por gente, provavelmente 
por culpa do meu pai que corria de kart, eu vou acompanhar de perto essa próxima temporada. Provavelmente apreciando como os 
pilotos vão balancear coisas como, força de arrasto e carga 
aerodinâmica durante uma mesma volta. Ah, e eu também gostaria muito da 
opinião de vocês sobre esse vídeo. Vocês querem ver mais análises científicas 
por trás de esportes e tecnologias? Se sim, comenta aqui pra eu saber. E também comenta qual esporte ou tecnologia 
vocês querem ver no próximo vídeo. Muito obrigado e até a próxima!

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