o que o ESPAÇO faz no corpo SEM TRAJE ESPACIAL?
1Em mil novecentos e sessenta e
seis, no meio de uma competição entre Estados Unidos e União Soviética
para saber qual nação dominaria o espaço, a NASA estava realizando experimentos sobre os
trajes que astronautas iriam usar nas viagens espaciais. E isso quase terminou em um desastre.
A agência espacial americana queria imitar as condições do espaço e, para isso, ela criou
uma câmara de vácuo. Era um ambiente que tinha três largas portas e que conseguia
“sugar” o ar lá de dentro, criando um vácuo parecido com o que existe no espaço.
Foi aí nessa câmara que o astronauta Jim LeBlanc entrou com um protótipo de um traje
espacial. Esse traje era a única coisa que protegia o astronauta do vácuo quase que
absoluto. Mas aí, um imprevisto aconteceu. De alguma forma, a “mangueira” que
pressurizava o traje espacial se desconectou. Assim, ele descobriu, de uma maneira não
muito agradável, o que acontece com um ser humano quando ele é subitamente
colocado em um ambiente despressurizado. Em um lapso de tempo absurdamente curto,
de somente dez segundos, o traje que ele vestia despressurizou para o equivalente
a apenas zero vírgula seis por cento da pressão atmosférica normal ao nível do mar.
Mas, surpreendentemente, LeBlanc sobreviveu a esse acidente sem sequelas duradouras, e
relatou que, antes de perder a consciência, sentiu a saliva na sua boca começar a borbulhar.
A câmara em que ele se encontrava normalmente demoraria trinta minutos para ganhar sua
pressão de volta, mas com esse acidente, isso foi feito em apenas oitenta e sete segundos.
Mas o que teria acontecido se Jim LeBlanc não tivesse sido socorrido a tempo? E se isso
tivesse acontecido com alguém no vácuo do espaço, sem usar um traje espacial? Será
que algo pior poderia acontecer? Se piratas antigamente obrigavam reféns
a andar numa prancha e se atirar ao mar como uma condenação de morte, um dia, no
futuro, podem existir piratas espaciais. Viajando pelo sistema solar, em naves
que não seguem tratados interplanetários. Esses piratas espaciais poderiam obrigar alguém
a se atirar na imensidão do espaço sem um traje espacial, para condenar reféns da mesma forma.
O que, convenhamos, é uma forma muito mais eficiente de morrer do que simplesmente
se jogar no mar, afinal, demora apenas cerca de noventa segundos para alguém morrer
durante uma exposição ao vácuo no espaço… o que é o tempo que eu uso pra
esquentar meu almoço no microondas. E por falar em esquentar, o seu corpo,
sem a proteção de um traje especial, iria inevitavelmente sentir variações
de temperatura. Isso porque nós emanamos energia. E não, não é energia positiva
ou negativa, mas sim energia térmica. Normalmente, nós perdemos e recebemos energia por
meio dos fenômenos de convecção e condução. Mas no grande vazio do espaço, não há moléculas para
conduzir energia térmica ao seu redor. Então, a única outra forma que sobra de ganhar
ou perder energia é através da radiação. Assim, no espaço, a principal fonte de calor
que poderia chegar até você seria a radiação de uma estrela, como o sol, por exemplo.
Mas isso pode causar outro tipo de problema: variações de temperatura extremas.
Imagine que você estivesse flutuando pelo espaço e o sol fosse completamente tapado.
Não haveria nada que pudesse lhe aquecer, o seu corpo inteiro passaria por uma perda
gradual de energia. A energia que você perde naturalmente pela pequena radiação do seu corpo.
Porém, se o sol não estivesse bloqueado, e você ficasse em uma posição em que a
sua barriga estivesse virada para o sol, recebendo radiação, somente essa parte do
seu corpo iria se aquecer. As suas costas, que estariam viradas para a escuridão do grande
vazio, não teriam nenhuma fonte de calor para se aquecer… o que lhe deixaria com um bronzeado
radioativo só de um lado do corpo. Acontece. Pois é, no espaço, o sol teria um efeito
muito mais danoso para o seu corpo, porque você estaria recebendo diretamente
fótons de alta energia, o que poderia causar danos irreversíveis às moléculas de DNA.
Mas tudo isso iria demorar um certo tempo, então não seriam os primeiros efeitos da
exposição ao vácuo que você iria sentir. Na verdade, você provavelmente não iria lembrar
de muita coisa, porque você teria apenas quinze segundos de consciência restantes a partir
do momento que a exposição ao vácuo começa. Sem o oxigênio que ele precisa para funcionar,
seu cérebro entraria no modo de conservação de energia, lhe deixando inconsciente, mas
ainda vivo. Então há chances de sobreviver se alguém agir rapidamente, lhe trazendo
de volta para um ambiente pressurizado, sem grandes danos ao seu corpo.
Mas o resgate teria que acontecer em uma apertada janela de oportunidade.
Isso porque se você passar mais do que dois minutos flutuando perdido pelo vácuo do
espaço, assim como seu cérebro, outros órgãos do seu corpo vão falhar por causa da falta de
oxigênio, levando, invariavelmente, à sua morte. Pode ser que, numa situação hipotética dessas, em
que você está à deriva no espaço e sem oxigênio, seu instinto seja justamente o de prender
a respiração, numa tentativa desesperada de fazer o oxigênio durar mais tempo em seus pulmões…
mas isso, eu lamento dizer, é uma péssima ideia. Quando você segura a respiração no vácuo,
o que acontece é que dentro do seu corpo, o ar fica retido em pressão atmosférica
e, do lado de fora do seu corpo, a pressão é praticamente zero. Então, por
conta dessa diferença de pressão, existe uma tendência altíssima de que o ar que está nos seus
pulmões saia dele. E de uma forma muito violenta. Ao segurar o ar nessas condições, você pode acabar
machucando e muito o tecido do seu pulmãozinho queridinho, podendo causar sequelas permanentes,
e até mesmo a morte. Então já sabe… na próxima vez que você estiver no vácuo do espaço sem seu
traje de astronauta, não segure sua respiração. Sua segunda-feira vai ficar mais segura.
E não é só o ar que seu corpo perde para o vácuo, mas outros fluidos também. As superfícies
mais úmidas do corpo, como olhos e boca, começam a ser afetadas quase que imediatamente.
Os fluidos que existem nesses lugares começam a evaporar, o que foi exatamente a sensação
descrita por Jim LeBlanc no experimento da NASA que saiu do planejado. E é justamente
a perda desses fluidos que causa o sintoma mais mortal da exposição ao vácuo: o ebulismo.
O ebulismo é a formação de bolhas nos fluidos corporais por causa da redução da pressão
atmosférica. Esse fenômeno já começa a acontecer se você estiver em um ambiente com
a pressão equivalente a seis por cento da pressão atmosférica normal ao nível do mar.
No vácuo, o nitrogênio que existe na sua corrente sanguínea começa a borbulhar,
e essas bolhas vão se expandindo, até que você infle até o dobro do seu tamanho
e se torne SIMPLESMENTE um balão humano. Se não for socorrido a tempo, os efeitos do
ebulismo podem lhe causar sérios problemas, como danos aos tecidos de seus
órgãos e até mesmo levar à morte. O experimento da NASA com Jim LeBlanc quase
terminou em uma tragédia. Isso foi apenas uma pequena demonstração de como nós, humanos,
somos frágeis diante do universo que nos cerca. Às vezes nós esquecemos como o universo não se
importa com a nossa existência. Fora da pequena redoma segura que é o planeta Terra, o universo é
quase que inteiramente hostil à vida humana. E se verdadeiramente a humanidade pretende se expandir
por outros planetas e estrelas, nós precisamos aprender a respeitar a imponência do cosmos.
E o cosmos é dividido entre seres fumantes e não fumantes, agora pra saber porque
robôs fumam tanto, basta clicar bem aqui! Deixa o seu like e comenta aqui embaixo
“traje social espacial” se você chegou até aqui nesse vídeo do maior canal
de ciência do nordeste! Tchau!







