Os curdos queimam as suas armas – A surpreendente rendição do PKK e a vitória de Erdogan
0Caros amigos, bem-vindos a mais um episódio de Hoje no Mundo Militar. Neste vídeo falaremos sobre um evento autenticamente histórico, a queima das armas do grupo CD PKK. Após décadas de terríveis combates de guerrilha e ataques terroristas. entender o que aconteceu nas montanhas do norte do Iraque, onde guerrilheiros curdos queimaram publicamente as suas armas, precisamos voltar quase meio século no tempo até os anos 70, quando surgiu na Turquia um movimento que transformaria para sempre a luta curda. O Partido dos Trabalhadores do Kurdistão, mais conhecido pela sua sigla em turco, PKK. Fundado em 1978 por um grupo de estudantes universitários liderados por Abdulá, o PK nasceu em um contexto de forte repressão política e cultural contra os curdos na Turquia. Durante décadas, o estado turco tentou apagar a identidade curda, proibindo o uso do idioma, promovendo a censura do ensino da história curda e classificando como subversiva qualquer manifestação cultural daquele povo. Diante desse cenário, o PKK adotou inicialmente uma ideologia marxista leninista, aliando a luta de classes ao nacionalismo curdo, com um objetivo muito ambicioso, criar um estado curdo independente, inicialmente no sudeste da Turquia, mas com o sonho de integrar também áreas do Iraque, Irã e Síria, onde também vivem grandes populações curdas. A luta armada começou oficialmente em 1984, com ataques contra alvos militares e administrativos turcos, alcançando ao longo da década de 90 o seu ponto mais alto em termos de presença territorial e capacidade de combate, controlando regiões montanhosas remotas, conduzindo emboscadas frequentes e mantendo bases no norte do Iraque, além de obter financiamento por meio de simpatizantes no exterior, redes clandestin as e segundo algumas fontes até mesmo do tráfico de drogas. Estima-se que ao longo de quatro décadas de confronto, mais de 40.000 pessoas tenham morrido, incluindo civis vítimas dos frequentes ataques terroristas do grupo. A resposta do estado turco foi implacável, com operações militares intensas, deslocamento de populações e uma política rígida de repressão política. Mas mesmo diante da força do aparato estatal turco, o PKK continuava sendo visto por parte da população curda como um símbolo de resistência à opressão. No entanto, em 1999, um acontecimento crucial mudaria os rumos do conflito, a prisão de Abdulá Ocalã, o resultado de uma bem conduzida operação conjunta de inteligência entre a Turquia e aliados ocidentais. Depois de Ocalan ter sido expulso da Síria, onde vivia sob proteção, preso e condenado à prisão perpétua por traição e separatismo, Ocalanã passou a adotar uma nova linha estratégica, abandonando o ideal de um estado independente e passando a defender de dentro da prisão uma maior autonomia curda dentro da Turquia, com respeito aos direitos culturais, políticos e linguísticos dos curdos. Essa mudança dividiu a base do PKK com os mais radicais, vendo nisso uma demonstração de fraqueza diante da Turquia. Mas também abriu portas para negociações políticas com o grupo nos anos seguintes, alternando entre trégoas e retomadas da luta, mantendo um pé na guerrilha e outro na política institucional. Mas com o tempo, o ramo combativo do PKK começou a perder fôlego, com a vigilância internacional aumentando após a designação do grupo como organização terrorista pela Turquia, Estados Unidos e União Europeia. O endurecimento do governo de Erdogan, principalmente após a tentativa de golpe de 2016, levou a uma repressão ainda mais severa contra movimentos curdos mais radicais. Além disso, a luta armada passou a ser vista com ceticismo crescente por muitos curdos na Turquia, principalmente os mais jovens, que buscavam uma via democrática e política para alcançar os seus objetivos. Contudo isso levando a dissidências internas e perda de apoio popular. E foi nesse contexto que em 2024 surgiram os primeiros sinais reais de uma virada histórica. E nesta sexta-feira, 11 de julho de 2025, um grupo de combatentes curdos do PKK reuniu-se nas montanhas do curdistão iraquiano, vestindo seus uniformes e portando armamento pesado, e fizeram algo inédito. Colocaram seus fuzis, lança foguetes e cintos de munição dentro de um enorme recipiente metálico e em seguida atiaram fogo. Diante de uma imagem gigante de Abdulá Ocalã, transmitiram ao mundo a mensagem de que, pela primeira vez desde 1984, estavam abandonando a luta armada por vontade própria, com toda essa ação descrita por eles como um gesto simbólico de compromisso com a luta política e democrática, deixando para trás o ciclo da violência. Esse evento marcante foi o cuminar de uma longa sequência de eventos que se intensificaram a cerca de um ano, com negociações discretas entre agentes da inteligência turca e o próprio Ocalã, preso em uma penitenciária turca de segurança máxima. Com essa aproximação, ganhando impulso com declarações de aliados de Erdogan que sugeriram a possibilidade de revisar a pena do líder CD o PKK fosse dissolvido. Em fevereiro deste ano, o Calan enviou uma carta de dentro da prisão, afirmando que o tempo da luta armada havia acabado. E nesta semana o próprio Ocalan apareceu em um vídeo, o primeiro divulgado desde 1999, anunciando oficialmente o fim da insurgência. Em nota oficial, o gabinete de Erdogan declarou que a dissolução irreversível da estrutura militar do PKK será seguida por medidas legais para integrar os excbatentes e garantir a reconciliação com a sociedade turca. Mas lideranças políticas do PKK declararam que o sucesso do processo dependerá de reformas legais profundas e mudanças na Constituição turca, deixando no arma do retorno da luta armada, caso o governo turco não avance com essas medidas. Para Erdogan, o desarmamento do PKK representa uma oportunidade estratégica com o presidente declarando que se trata de uma nova era para a Turquia. uma notícia muito positiva para o seu governo, mergulhada em uma grave crise econômica e forte repressão política contra opositores. O PKK nasceu da revolta contra a opressão e cresceu com o sangue derramado nas montanhas e nas cidades. Mas agora os seus líderes dizem que é hora de trocar o fuzil pelo voto, o esconderijo pela arena pública e o silêncio da clandestinidade pelo debate democrático. Se essa promessa se concretizar, poderemos estar diante de um dos mais profundos processos de transição da história moderna do Oriente Médio. E se ainda não está inscrito no canal, inscreva-se já e acione o sino das notificações para não perder nenhuma novidade. [Música] [Música] [Música] เฮ [Música] [Música] [Música] เฮ [Música] [Música]