OS LIMITES DE PUTIN: O QUE ELE ESTÁ DISPOSTO A ARRISCAR NA UCRÂNIA? I Professor HOC

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O presidente russo Putin conseguiu impor uma estranha sensação de calma no país. Logo depois de assumir a presidência nos anos 2000, ele coptou os oligarcas ao mesmo tempo em que agradava a crescente classe média com elevação do padrão de vida e o maior conforto material. E gradualmente ele construiu uma ideologia governamental a partir de fragmentos de um passado russo suficientemente nacionalista para inspirar o orgulho, mas não tão extremada a ponto de ser divisiva. E como resultado, depois de 1/4 de século no poder, o Putin levou a Rússia a um ponto de equilíbrio. A vida russa agora, ela pode ser confortavelmente previsível, mesmo que por vezes exija algumas adaptações. O caos domina no Oriente Médio. política americana pode ser tempestuosa e a Europa enfrenta a sua pior guerra desde 1945. Mas uma coisa a gente não pode negar, o Putin deu aos russos o presente que eles mais desejavam, a estabilidade. 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Falta partido político significativo e eleições relevantes nem se fala. O estado que se reserva ao direito de reprimir, ele reprime principalmente aqueles que ousam demonstrar desaprovação, que é uma minoria ínfima. E nesse arranjo, o Kremlin mantém o controle e a maioria dos russos pode tocar sua vida desde que as suas atividades não chamem atenção. O problema é que a outra promessa feita pelo ditador, ela para sobre esse equilíbrio cuidadosamente construído. Putin prometeu há muito tempo aos russos um país repleto de ambição, poder e glória. E ele enfatizou a crença na grandeza da Rússia, já no seu manifesto do milênio de 1999, que foi um artigo publicado em um jornal russo pouco antes dele assumir a presidência. E nesse mesmo artigo, nesse ensaio, o Putin sugeriu que o Gorbachev, o último líder da União Soviética, e o Boris Yeldsen, o primeiro presidente da Rússia pós-soviética, tinham levado o país à submissão em parte por permitir que os estados pós-soviéticos e antigos países do Pacto de Varsóvia escapassem da sua órbita. A tarefa histórica do Putin, como ele via, era restaurar a Rússia como um ator relevante no cenário internacional. E na conferência de segurança de Munique de 2007, ele se dirigiu ao Ocidente sem deferência, criticando os Estados Unidos e os seus aliados por ações unilaterais e frequentemente legítimas que causaram novas tragédias humanas e criaram novos centros de tensão nas palavras dele mesmo. E 4 meses depois, o Putin enviou dezenas de milhares de tropas russas à Georrgia, tomando 1/5 do território do país. E mais tarde, em 2014, como a gente sabe, a Rússia invadiu Dombas no leste da Ucrânia e anexou a Crimeia. E no ano seguinte, o exército russo demonstrou suas capacidades expedicionárias na Síria. E aí, por final, em 2022, o Putin lança a sua grande guerra em grande escala contra a Ucrânia, com o objetivo de redesenhar o mapa da Europa e afirmar o peso global da Rússia. Ainda assim, a ambição no exterior colocou Putin diante de um dilema. A política externa russa tá cada vez mais marcada por fracassos e a guerra na Ucrânia chegou a um impasse. Ao contrário das expectativas dele, né, do Putin, a eleição do Trump em 2024, por enquanto, não obrigou o Ocidente a abandonar a Ucrânia. No Oriente Médio, Israel atacou os clientes e parceiros da Rússia, derrubando um deles, a Síria, e fragilizando muito o outro, o Irã. E esses são exemplos que mostram e e esses fracassos da Rússia na área externa. E quando a gente olha para tudo isso, pode até ser tentador olhar para esses acontecimentos como prenúncios de um eventual recu russo na Ucrânia, mas não é o caso. O Putin, ele pode perder a influência no Oriente Médio, que não é um teatro existencial para ele, mas ele não vai reverter a sua política na Ucrânia, onde ele não reconhece dilema nenhum. E se ele for pressionado, provavelmente ele sacrificaria o equilíbrio interno da Rússia para uma mobilização em massa e medidas coecertivas severas. Esse equilíbrio que eu me refiro é aquele, né, entre a paz interna e as ambições de glória e grandiosidade que ele quer restabelecer paraa Rússia. Ele não estaria preocupado em abalar esse equilíbrio. Ou seja, ele tiraria a paz interna para alcançar eh essa ascensão. E é uma ascensão da Rússia grandeza, né, de ser um poder inalcançável. E ele vai fazer de tudo para evitar a derrota então na Ucrânia. Para ele, o equilíbrio e a complacência que ele cultivou na população russa corre o risco de se tornar um luxo do passado. Tudo em pró da necessidade sombria que é a guerra. A inércia interna atual da Rússia, ela decorre em grande parte das mudanças na última década. A popularidade do Putin sempre elevada, ela disparou depois da anexação da Crimé em 2014. Os russos saudaram uma política externa mais assertiva como um orgulho difícil de detectar nas últimas décadas soviéticas e nos primeiros anos da Rússia pós-soviética. E esse patriotismo, ele não exigiu sacrifícios significativos. Afinal, né, a ruptura com ocidente sempre foi limitada e as sanções ocidentais de 2014 se mostraram fracas. O Putin iniciou essa atuação equilibrada de forma assertiva no exterior, enquanto ele isolava o fronte interno dos riscos há mais ou menos umas duas décadas. Em 2022, ele já tinha aperfeiçoado muito essa técnica. No início, o público teve dificuldade em compreender a guerra em grande escala contra a Ucrânia, mas o Putin explorou o conflito para tocar nos acordes patrióticos e consolidar a devoção ao Estado russo. Ele foi auxiliado, claro, pela saída de muitos russos contrários à guerra e por centenas de jornalistas e figuras da mídia críticas ao governo. Putin nunca tolerou as críticas, mas depois de 2022 qualquer tentativa de oposição política poderia ser estigmatizada como uma afronta ao esforço de guerra. Sentimentos vagos contra a guerra foram criminalizados e muitos críticos proeminentes se exilaram ou foram presos. Além dessa repressão para muitos russos que permaneceram, a guerra trouxe oportunidades. A atividade econômica em setores de defesa decolou e a taxa de desemprego caiu a níveis historicamente baixos. Atualmente em 2.2%. O Kremlin conseguiu recrutar centenas de milhares de jovens oferecendo bônus generosos de alistamento, enquanto vários outros, principalmente os mais ricos, podiam simplesmente ignorar a existência da guerra. Sanções e restrições de visto limitaram alguns prazeres consumistas, né, de alto padrão e de férias na Europa, que ficou longe do alcance, né, dessa elite. Mas muitos países continuaram exportando pra Rússia e os russos podiam viajar pra grande parte da Ásia, Turquia, Emirados Árabes Unidos e pro Cáaso do Sul. Ainda é possível prosperar na Rússia do Putin sem patriotismo ardente, desde que você evite um comportamento notavelmente antipatriótico. Diferentemente do Stalin, o Putin não maximiza o potencial ditatorial do Estado. O presidente russo, ele evita derramamento de sangue em massa internamente. Em vez disso, ele se tornou habilidoso na prática da violência representativa. Hoje existem cerca de 2.000 prisioneiros políticos na Rússia e juntos eles formam um aviso para todos os demais. Embora os jovens sejam cada vez mais alvos de doutrinação, os adultos que não ligam pra política, eles podem conduzir suas vidas profissionais e privadas praticamente sem interferência do Estado ou do governo. O estado raramente faz exigências onerosas ao povo russo, deixando principalmente as classes urbanas e médias sem tanta interferência para uma ditadura. E mesmo com serviço militar obrigatório, os russos têm liberdade relativa para escolher seu grau de participação no sistema e alguns optam por um patriotismo marcial, alistando-se voluntariamente ou apenas acenando com uma bandeira em comícios. Mas a maioria silenciosa, mantendo-se quieta, desfruta de uma relativa prosperidade e e uma relativa indiferença do Estado. No entanto, o equilíbrio que o Putin cultivou é mais frágil do que parece. Uma guerra curta e vitoriosa na Ucrânia teria protegido o status com interno. Certamente guerras bem-sucedidas fortalecem a posição política doméstica dos vencedores. E o Putin poderia ter narrado uma história de triunfo sobre a OTAN e os Estados Unidos que outrora se gabavam pela vitória na Guerra Fria. Mas, infelizmente, pra Rússia ou pro Kremlin, a guerra na Ucrânia tá longe de ser um triunfo. E até fevereiro de 2026, o conflito vai ter durado tanto quanto a luta da União Soviética contra a Alemanha nazista. A Segunda Guerra Mundial elevou a União Soviética a uma superpotência, enquanto a guerra na Ucrânia deteriorou a posição da Rússia na Europa e no mundo. Ao direcionar muitos recursos paraa guerra, Moscou limitou as suas capacidades militares em outros lugares. Em 2023, a Rússia nada fez quando a sua parceira, Armênia, perdeu na Gorno Carabats pro Azerbaijão. No final do ano passado, a Rússia falhou em pedir a queda do presidente Sírio Bachar Olassad. E outro parceiro chave da Rússia, o Irã, tem sido castigado por Israel e pelos Estados Unidos, enquanto Moscou fica impotente, silenciada as margens. A Rússia depende cada vez mais da China pro acesso a mercados externos e beijing, uso duplo que alimenta o esforço da guerra. Mas o investimento direto chinês e a transferência de tecnologia também não tem sido lá essas maravilhas, tem sido limitado. Em resumo, a Rússia gastou muito dinheiro numa guerra que ela não tá vencendo como ela queria. E a Ucrânia tá longe da vitória, mas as suas maiores cidades e grande parte do seu território tá longe do alcance da Rússia. Os territórios ocupados pela Rússia, eles não constituem uma ponte vital para chegar até Europa. E longe de serem colônias prósperas, né, esses restritórios que a Rússia já controla dentro da Ucrânia, eles são locais marcados pela miséria e pela guerra. O talento da Ucrânia paraa inovação tecnológica, ela é um outro problema pro Kremlin. Em maio, a Ucrânia orquestrou aquele ataque extraordinário às bases aéreas profundamente dentro do território russo, né? E à medida que a guerra vai se prolongando, as forças armadas ucrainianas, elas podem surpreender novamente com ações desse tipo, igualmente ousadas. E diante dessas pressões cumulativas, o Putin, ele não tá recuando e ele tá determinado a vencer a qualquer custo e ele escolheu subordinar a economia russa à guerra, destinando cada vez mais recursos à produção de material bé. Por causa das sanções, da perda do mercado europeu e das ineficiências dos gastos de guerra, a economia russa, ela já tá estagnada, com alta inflação e taxas de crescimento cada vez mais baixas. O Kremlin já reconheceu recentemente que uma recessão se aproxima e crises fora da Rússia, como o colapso do governo iraniano ou uma desaceleração da economia global no geral, elas podem piorar ainda mais a situação da Rússia. Esses desenvolvimentos, eles podem perturbar o equilíbrio que o Putin cultivou com tanto cuidado. No momento, os russos estão longe de se revoltar contra o regime, mas eles podem começar a se voltar contra a guerra, recusando-se, por exemplo, a se alistar, questionando publicamente os méritos do conflito, que parece ser interminável. No verão de 2023, o mercenário, lembram dele? O Prigogi, ele já provocou uma pequena rebelião e enviou um comboio de tanques em direção Moscou antes de fechar um acordo com o Putin. Em dois meses depois, ele morreu num acidente avião, que a gente sabe que quase que certamente foi orquestrado pelo Putin. E os soldados e veteranos que tão exaustos e desiludidos pela guerra podem ser mais difíceis de serem controlados pelo governo. E por essa razão que o Kremlin tem se esforçado já para apaziguá-los com dinheiro e privilégios. Outra fonte potencial de perturbação é a própria elite russa. Embora até agora a gente não tenha sinais de subordinação, né, entre os russos que dependem do governo e que t a riqueza e o poder, alguns deles podem se sentir tentados a explorar formas sutis de dissidência, testando os limites, eh, sugerindo, por exemplo, que a guerra deveria ser moderada, desacelerada ou até encerrada. E para suprimir ameaças políticas potenciais, o Putin certamente intensificaria a guerra, dando a deus a esse equilíbrio político doméstico. Ele até poderia concordar com umas trégoas temporárias ou com uma diplomacia superficial, até mesmo com uma aparência de um acordo negociado, mas ele não vai poder ignorar um fato simples, né? que, segundo a sua própria lógica, o exército russo não realizou o suficiente. A Rússia não controla a Ucrânia e qualquer acordo que deixa a Ucrânia fora do controle russo, isso é, né, uma Ucrânia livre, pronta para se integrar a Europa, seria equivalente a uma derrota pro Putin. Por enquanto, a guerra que o Putin iniciou para impedir a aproximação da Ucrânia com Ocidente, ela só acabou impulsionando ainda mais a Ucrânia nessa direção e continua sendo um resultado que o Putin nunca vai aceitar. Dentro da Rússia, o Putin tem muitas opções. Ele comanda a infraestrutura para mobilização em massa, incluindo os serviços de segurança e a mídia controlada pelo Estado. Ele poderia implementar uma campanha de recrutamento ideológica implacável, com punições severas para aqueles que se recusarem a se alistar. Mas se até agora o Putin se absteve de seguir esse caminho, não é por falta de disposição para usar o poder coercitivo que ele tem na mão, mas sim porque claramente ele tá hesitando em destruir a calma que ele trabalhou tanto para construir. Caso ele abandone esse equilíbrio, o Putin vai acabar travando uma guerra fanática na Ucrânia, arrastando ainda mais a Rússia e causando danos ainda maiores pro povo ucraniano. E ele estaria sem restrições como comandante militar no exterior e como tirano em casa. E dessa forma ele poderia transformar uma ditadura tácita em uma ditadura absoluta ou plena, com as aquelas sombrias prerrogativas políticas de uma ditadura absoluta, né? e os apetites geopolíticos ilimitados é de um aspirante a império dessa natureza.

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