Os outros Humanos: A Sociedade Oculta das Formigas.

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Você já parou para pensar que bem debaixo dos nossos pés existe uma civilização que rivaliza com a nossa incomplexidade? Uma sociedade oculta, silenciosa, mas incrivelmente eficiente, com exércitos organizados, engenharias naturais, divisões de trabalho e até guerras territoriais. Estamos falando delas, as formigas, pequeninas em tamanho, mas colossais na sabedoria. Esses insetos surgiram ainda na época dos dinossauros, há mais de 100 milhões de anos atrás. Desde então, dominaram praticamente todos os cantos do planeta, se espalhando pelos continentes, enfrentando mudanças climáticas, catástrofes naturais e atravessando eras inteiras da história da Terra. sempre se adaptando e sempre vencendo. Com tantos milhões de anos de estrada evolutiva, as formigas desenvolveram um dos sistemas sociais mais impressionantes de todo o reino animal. E é por isso que hoje eu, o macaco de espido, vou te levar numa jornada por esse universo invisível, mas absolutamente genial da natureza, de campanhas militares contra colônias rivais ao cultivo do próprio alimento. Essa é, sem dúvida, uma das sociedades mais complexas do planeta. Seja bem-vindo ao Reino das Formigas. 160 milhões de anos atrás, nesse período conhecido como Jurásico Médio, o clima quente e úmido moldou um dos animais mais adaptados e resistentes do planeta. As formigas, conhecidas como colônias, a estrutura social delas é tão complexa que é dividida em castas, onde cada formiga tem uma função muito bem definida. É como se toda a comunidade funcionasse como um único organismo, onde cada parte sabe exatamente o que fazer. Elas vivem como se fosse uma monarquia etoide, mas com diferenças profundas se comparadas à que nós tivemos. Essa hierarquia é essencial paraa sobrevivência do grupo e ajuda a usar os recursos disponíveis da forma mais eficiente possível. Não é à toa que elas conseguem se estabelecer em praticamente todo o lugar, nas árvores, nas casas e até mesmo no último andar de prédios enormes. Elas estão lá. E o mais impressionante disso tudo é que elas fazem tudo isso sem nenhum tipo de chefe ou líder visível dando ordens. Isso torna o nível de organização delas em muitos aspectos, até mais eficiente do que o da nossa própria sociedade. A colônia é composta basicamente por três grandes grupos: a rainha, as operárias e os soldados. A rainha tem um papel vital, sendo responsável por garantir a reprodução e consequentemente a continuidade da colônia. Já as operárias, bom, elas fazem praticamente de tudo, saem em busca de alimento, cuidam das larvas, limpam os formigueiros, enfim, sem ela, nada disso seria possível. Já os soldados, bom, se você acha que a vida de uma operária é difícil, cara, os soldados nem dormir eles dormem, pr você ter noção, eles ficam encarregados da defesa, protegendo as colônias contra predadores e ameaças externas. Essa divisão de trabalho é extremamente rígida, com cada formiga nascendo para um papel que cumprirá ao longo de toda a sua vida. Tudo começa com um momento único na vida de uma formiga rainha, o voo nupscial. Esse é o grande evento reprodutivo da maioria das espécies sociais. E durante o voo, a rainha se encontra com machos de outras colônias e se acasala com vários deles, armazenando esperma que usará ao longo de toda a sua vida. E detalhe, essa vida pode durar mais de uma década em algumas espécies. Agora aqui vai uma curiosidade genial sobre a genética das formigas. Os machos são basicamente versões simplificadas das fêmeas. Quando uma rainha bota um ovo não fecundado, ele se desenvolve em machos. Ou seja, esses filhos têm apenas metade do material genético de uma fêmea. Já os ovos fecundados se transformam em novas fêmeas, incluindo operárias ou futuras rainhas. Isso significa que uma fêmea pode gerar descendentes mesmo sem a presença de um macho. E do ponto de vista evolutivo, cara, isso é brilhante, porque se não houver nenhum macho por perto, a rainha ainda pode garantir a perpetuação da sua espécie, criando sozinha um exército de formigas machos, que futuramente irão fecundar outras rainhas e manter o ciclo da sua colônia. Depois disso, ela se volta ao solo, se livra das suas asas e começa tudo do zero. Sozinha, ela cava uma câmara subterrânea, se isola e põe seus primeiros ovos, que darão origem às primeiras operárias. A partir daí, a engrenagem começa a girar. Dependendo da espécie e das condições, podem surgir também soldados e até novas rainhas. Mas todas as formigas encontram um ponto em comum na sua sociedade, a classe trabalhadora. Quando os ovos ecodem, nascem as larvas, seres frágeis, molengas e totalmente dependentes. E aí que entra o trabalho incansável das operárias. Elas alimentam, limpam e protegem essas pequenas criaturas como se estivessem cuidando do próprio futuro da sua espécie. E de certa forma elas estão mesmo, tá? Até porque é durante essa fase que o destino de cada formiga e do formigueiro é decidido. A quantidade e o tipo de alimento que uma larva recebe defin casta ela pertencerá. Se for pouco, ela vira uma operária versátil, dinâmica e multitarefada. Mas se for escolhida para um papel maior, como a de um soldado ou de uma rainha, ela recebe uma dieta mais rica, cheia de nutrientes que moldam o seu corpo, fortalecem suas mandíbulas e transformam seu organismo para funções específicas dentro da colônia. É quase como se cada larva fosse uma semente e as operárias decidissem, com base nas necessidades da colônia, o que vai florescer dali. Tudo é moldado com precisão. E não é errado a gente afirmar que as operárias são especialistas na manipulação corporal de seus bebês, o que aumenta ainda mais a moral dessas piquetuchas. E assim o ciclo segue. Enquanto a rainha estiver viva e fértil, ela vai continuar colocando milhares de ovos ao longo dos anos, mantendo a colônia viva, forte e sempre em expansão. A rainha é, sem dúvida, o coração dessa sociedade. Enquanto as outras formigas vivem poucas semanas ou até meses, a rainha pode viver vários anos, atravessando geração por geração. Então, imagina a figura mística que ela deve ter dentro do formigueiro. Ela é constantemente protegida pelas demais, porque sem elas a colônia aos poucos começa a se desintegrar e perder seu senso de coletividade. Curiosamente, embora a formiga rainha seja a peça chave do formigueiro, ela não manda em absolutamente ninguém aqui. As demais formigas trabalham de forma autônoma, guiadas por sinais químicos e comportamentos instintivos. Tudo gira em torno da eficiência, da cooperação e da compensão de cada indivíduo do papel que ela pertence dentro do grupo. E é assim que, por livre espontânea vontade, as trabalhadoras reconhecem um papel de sua matriarca, chegando a protegê-la com as suas próprias vidas. Em casos extremos, como de enchentes, por exemplo, o que acontece é digno de um filme de sobrevivência. Toda a colônia se mobiliza em torno da rainha. e a isola completamente do ambiente externo. Juntas, as operárias formam uma espécie de jangada viva, um verdadeiro barco orgânico repleto de corpos entrelaçados. O mais bizarro disso tudo é que elas sabem que muitas não vão sobreviver durante o processo, mas mesmo assim permanecem firmes em suas posições, agarradas umas às outras, mantendo a rainha seca e protegida até o último fio de seu oxigênio. Algumas se afogam, outras são levadas pela correnteza, mas o instinto coletivo sempre fala mais alto. Esse comportamento que à primeira vista parece até um sacrifício cego, na verdade é o ápice da eficiência evolutiva dessa espécie. Cada operária fêmea é programada para colocar a coletividade acima da própria existência. E é esse tipo de lealdade genética onde o indivíduo se apaga em nome do grupo que transforma as formigas em uma das criaturas mais bem-sucedidas da Terra. As operárias, em especial são as que mais se destacam nesse sistema. Mesmo todas sendo fêmeas estéreis, elas têm um papel crucial na sobrevivência da colônia. Quando saem para buscar comida, essas formigas percorrem distâncias enormes se comparadas ao seu tamanho e usam uma estratégia genial de mapeamento, deixando um rastro de feromônio no caminho. Esse feromônio serve como guia para que as outras operárias sigam a mesma trilha onde está a fonte nutritiva. Já os soldados são a linha de frente da colônia. Com os corpos mais robustos e mandíbulas potentes, eles foram feitos para defender o formigueiro contra qualquer tipo de invasor, desde insetos até predadores bem maiores. Quando o perigo se aproxima, eles são os primeiros a reagir, atacando ferozmente em grupo com uma organização que chega a ser assustadora de tão eficiente. Mas o papel do soldado vai além de brigar, tá? Eles também ajudam as formigas operárias a carregar objetos grandes ou pesados que elas não conseguiriam transportar sozinha. Graças às suas mandíbulas reforçadas, eles funcionam como verdadeiros guindastes dentro da colônia. Ah, e é bom lembrar, tá? Nem toda espécie de formiga tem soldado, mas onde eles existem são a peça chave pro funcionamento da colônia. Em espécies guerreiras, por exemplo, os soldados são fundamentais em disputas territoriais. E sim, além das formigas caçarem ativamente outros insetos, as guerras entre colônias civais são bem mais comum do que você imagina. Durante essas batalhas, os soldados se organizam em linha de frente e atacam de forma coordenada, mesmo quando estão em menor número. Um dos casos mais fascinantes do mundo das formigas é a famosa formiga de correição, também conhecida como formiga guerreira. Elas são verdadeiras máquinas de ataque em grupo e se destacam por um comportamento bem diferente da maioria. Simplesmente elas são nômades, enquanto a maioria das formigas constróem ninhos fixos e vivem colônias estáveis, as formigas de correição estão sempre em movimento, migrando de um lugar pro outro como um exército extremamente organizado. Durante esse deslocamento constante, ela se abriga temporariamente em troncos, buracos ou até mesmo sob pedras, mas nunca ficam muito tempo parada. A rotina delas é simplesmente brutal. Elas avançam, caçam e conquistam qualquer coisa à sua frente. E não vai pensando que elas só atacam presas fáceis, tá? Essas formigas têm uma coragem absurda e frequentemente invadem colônias de vespas que são tão ou até mais agressivas do que elas. E é aqui que a coisa fica ainda mais insana. Para alcançar os ninhos suspensos das vespas, essas formigas constróem pontes vivas, entrelaçando seus corpos para formar passarelas e corredores que permitem a colônia escalar árvores ou atravessar buracos. Tudo isso só para chegar aos filhotes da Vespa. Uma fonte nutritiva e um prêmio que com certeza vale a pena. Essa estratégia não só demonstra um altíssimo grau de organização coletiva, ela também mostra a inteligência prática que ber o absurdo, desafiando qualquer sociedade humana que já existiu. E falando em sociedade, o formigueiro é praticamente uma cidade subterrânea em miniatura. Cada casta tem seu lugar específico. A rainha fica numa câmera especial, as larvas em outras. Há áreas destinadas a reservas e armazenamento de alimentos e até outras para enterros de gerações passadas. As operárias são as verdadeiras engenheiras disso tudo. São elas que escavam os túneis, constróem as câmaras e mantém tudo funcionando com precisão. E não pensa que esses túneis são feitos de qualquer jeito ou a moda Cada curva, cada saída tem um propósito engenhoso, garantindo a ventilação, proteção contra o calor, controle da humidade e a defesa contra predadores. A organização interna do formigueiro é tão eficiente que cria um microclima estável, regulando a temperatura, a umidade, sem qualquer tipo de uso de tecnologia. Elas controlam o fluxo do ar, abrindo ou selando entradas conforme a necessidade no momento. Cada túnel e cada câmara tem uma função clara e a rotina da colônia segue um ritmo constante, como se fosse uma São Paulo maluca. As operárias ainda reforçam as paredes internas do formigueiro com saliva, endurecendo a estrutura e protegendo tudo por dentro. Algumas espécies vão além e constróem túneis falsos, passagens que não levam a literalmente lugar nenhum. Elas são feitas apenas para enganar seus invasores e confundir colônias rivais em caso de ataque. A profundidade de cada formigueiro varia bastante entre as espécies. No gênero Siformimex, os ninhos são pequenos com 3 a 5 cm. Já os formigueiros das saúvas podem atingir impressionantes 20 m de profundidade. Inclusive, já foi realizado um experimento aqui no Brasil, onde colocaram cimento e um formigueiro, só para ver o tamanho real dele. Ao todo, foram gastos 10 toneladas de cimento num processo que durou um mês inteirinho. Quando os cientistas escavaram, eles encontraram uma verdadeira metrópole subterrânea. Medindo cerca de 8 m de profundidade, esse local era repleto de túneis que se ligavam a câmeras ambientalizadas. A disposição dessas câmaras depende de diversos fatores, claro, como a espécie da formiga, a dieta e o local onde o ninho está sendo construído. Em grandes colônias, por exemplo, existe uma ala de segurança, o quartel general das formigas. Lá, algumas operárias ficam de guarda em câmeras estratégicas posicionadas nas extremidades dos ninhos. Elas são capazes de detectar intrusos apenas com cheiro e podem bloquear as entradas com suas próprias cabeçonas. Logo acima ou ao lado, né, dependendo do formigueiro, está a sala da rainha. Esse é o primeiro cômodo a ser construído e o único feito por ela mesma. Ali a soberana passa praticamente a vida toda colocando ovos. Mais abaixo encontramos a câmara de aterro. O depósito de lixo da colônia, sempre construído na parte mais profunda do ninho. Ela serve para isolar resíduos do restante do formigueiro. Ali são descartados restos de folhas, sobras de fungos, fezes de presas capturadas e até formigas mortas. Tudo fica lá se decompondo sem jamais contaminar as áreas ativas da colônia. Quando o espaço permite, algumas espécies constróem também uma câmara de incubação. A partir da segunda ninhada, é para lá que os ovos são levados. As operárias cuidam deles até se transformarem em pupas, uma fase complicada dos insetos, onde eles não são nem capazes de se locomover. Após algumas semanas, essas pupas ermegem como formigas adultas, prontas para assumir seu papel na colônia. As formigas trabalham o tempo todo se revesando em turnos que nunca deixam um formigueiro sem manutenção. Como a colônia está sempre crescendo, o formigueiro também precisa sempre estar se expandindo. E para isso elas precisam se comunicar muito bem. Como já foi dito, as formigas trocam as informações principalmente por meio de sinais químicos, os famosos feromônios. Elas deixam essas substâncias pelo caminho para avisar sobre comida, alerta, perigo ou até direcionar e movimentar as outras. Cada feromônio tem uma assinatura específica, como se fosse um código secreto entre elas. Isso garante que a mensagem seja entendida da forma mais clara possível. E não é só química, não, tá? Elas também se comunicam com toques usando as suas anteninhas. Esses toques ajudam a reconhecer membros da mesma colônia e até mesmo analisar a saúde de suas parceiras. Caso uma de suas amigas esteja doente ou com fome, elas transferem um alimento de seu próprio estômago para elas. Agora, toda essa estrutura só funciona se houver energia e isso significa comida. A alimentação das formigas varia bastante de espécie para espécie, mas no geral elas são onnívoras, comem praticamente de tudo, insetos, frutas, seiva, pequenos animais, o que estiver disponível na floresta, elas aproveitam. Mas algumas espécies foram muito além. Em vez de simplesmente sair por aí coletando o que encontrarem, elas desenvolveram uma técnica genial de agricultura. As famosas formigas cortadeiras cultivam fungos como principal fonte de alimento. Essas formigas cortam pedaços de folha durante praticamente todo o dia, mas não para comê-las. Elas carregam esse material até o formigueiro, trituram tudo com suas mandíbulas e transformam tudo numa pasta vegetal. Esse composto vira o substrato onde crescem os fungos que alimentam toda a colônia. O mais fascinante são os fungos e não as folhas que realmente nutrem essas formigas. Além disso, essa relação é simbiótica, ou seja, um depende do outro para sobreviver. Em uma câmara especial conhecida como Jardim dos Fungos, ali elas mantêm tudo impecável. Removem o molfo, controlam pragas, ajustam a umidade, a acidez e até a luminosidade do ambiente. Tudo para garantir um cultivo saudável. E cara, se você aí já teve que lidar com fungo em algum momento da sua vida, você sabe o quão sensível esse processo pode ser. Essas formigas, com seus cérebros minúsculos, dominam uma técnica complexa que exige precisão em vários fatores ambientais. E se esse comportamento já foi uma revolução pros humanos, imagina então pros insetos. Inclusive, se você notar a presença de formigas cortadeiras no seu terreno, pode ser sinal de um solo pobre e desgastado. Isso porque elas tendem a se estabelecer em locais onde o solo favorece o crescimento desses fungos. Mesmo sendo tão pequenas, essas formigas revelam um nível de organização social que deixam qualquer um de boca aberta. Cada formiga, por menor que pareça, é uma peça fundamental em um sistema muito maior da floresta. O impacto das formigas vai muito além do formigueiro. Ela tem um papel vital no equilíbrio do ecossistema. Para começar a conversa, muitas espécies de formiga tem um papel crucial como recicladoras do ecossistema. Elas se alimentam de restos orgânicos, carcaças e materiais em decomposição, ajudando a quebrar a matéria morta e devolvendo os nutrientes ao solo. Na prática, elas funcionam como pequenas aceleradoras do ciclo da vida. Além disso, algumas formigas são predadores ferozes, caçadoras de outros insetos. Elas ajudam a controlar populações que, sem esse controle natural, poderiam se tornar facilmente pragas. Outro papel ecológico surpreendente que elas desempenham é na dispersão de semente num processo chamado mirmecocória. Certas plantas produzem sementes com pequenas estruturas ricas em lipídios, ou seja, gordurinhas que são irresistíveis para as formigas. Elas carregam essas sementes até o formigueiro, comem apenas essa parte nutritiva e acabam plantando ela mesmo sem querer. Graças a isso, muitas plantas conseguem se espalhar e crescer em novos lugares. Também enquanto escavam seus túneis, as formigas acabam prestando um serviço valioso pro solo. Elas ajudam a arejar a terra, o que melhora a infiltração da água e facilita o acesso de nutrientes até a saíes das plantas. Sem as formigas, muitos ecossistemas perderiam parte importante de sua capacidade de regeneração. Mas e se tudo isso não fosse suficiente? Ainda existe o insano mundo da relação simbiótica. Um dos exemplos mais clássicos é a aliança entre as formigas e os pugões. Os pões produzem uma substância docicada chamada melada, que as formigas simplesmente adoram. Em troca desse néctar que sai pelo botico deles, as formigas protegem os pulgões de predadores, como se fossem pastores cuidando de um rebanho. Mas o mundo das formigas está longe de ser pacífico. Assim como qualquer civilização e expansão, elas precisam lidar com a escassez de recurso, a competição por território e guerras. Muitas guerras. E uma das mais antigas e brutais é travada contra outro império subterrâneo, os cupins. Apesar de elhes parecerem semelhantes, cupins não são formigas, mas ambos vivem em colônias, tem castas, rainhas e uma organização social avançadíssima. Formigas e cupins são inimigos naturais há milhões de anos. E isso tem uma explicação biológica bem clara. Enquanto os cupins se alimentam de madeira e matéria vegetal morta, vivendo principalmente em estruturas feitas de celulose, as formigas, especialmente as predadoras, enxergam essas colônias como verdadeiros banquetes vivos. Dentro de um cupinzeiro há ovos, larvas, soldados, enfim, todas são fontes estáveis de proteína para alimentar uma colônia inteira de formigas caçadoras. Além disso, os cupinzeiros ocupam territórios valiosos, ricos em recursos como umidade, abrigo e matéria orgânica. Dominar essas estruturas pode garantir não só o alimento, mas também uma vantagem estratégica brutal. Algumas espécies de formiga, como do gênero Camponotos e Feidoli, especializaram-se justamente nesse tipo de ataque. Mas a guerra não se limita apenas a cupins, as formigas também atacam outras formigas. E cara, isso não é por acaso. Na verdade, é uma consequência direta da pressão evolutiva. Diferente de muitos animais que competem indiretamente por comida ou abrigo, as formigas competem de forma direta e agressiva. Invadir e dominar a outra colônia pode render acesso instantâneo a alimento, território e o mais varios de todos os recursos. Mão de obra. Sim, meu amigo. Algumas espécies sequestram as larvas da colônia derrotada e as criam como se fossem suas. É uma forma de dominação que vai além de uma simples conquista. é incorporação forçada não só da cultura de outro formigueiro, mas também de todo o material genético dele. No fim das contas, essa combinação de competição por recurso, pressão evolutiva por eficiência e oportunidades de expansão transforma o subsolo em um verdadeiro campo de batalha, onde impérios surgem e caem em silêncio, bem debaixo dos nossos pés. Bom, e se você ficou até o final desse vídeo, muito obrigado mesmo por dividir o seu tempo comigo. Ah, e eu não preciso nem falar, se você não foi inscrito nesse canal, se inscreve aí e se torne mais um primatinha da nossa floresta. No mais é isso, até o próximo encontro e tchau. [Música]

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