PADRE CÍCERO foi um SANTO ou um POLITIQUEIRO?!

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Então, uma questão, ele foi o santo ou um politiqueiro? Algumas perguntas soltas aqui, eh, tão perguntando exatamente sobre isso, sobre a santidade, a canonização. Sim, isso vai, vamos lá do da questão, vamos primeiro vamos pra questão oficial, né? Veja, o Vaticano admitiu, né, o o processo dele e ele hoje é servo de Deus, porque quando admite já é servo de Deus, né? E o processo dele no Vano ele hoje o o a diocese do Crato e a igreja do Brasil tudo apoia. Ah, apoia, tá apoiando formalmente, tá apoiando formalmente, né, o processo de canonização do padre Cícero, que seria até o padre Cícero, seria até uma um fator de estancamento, de protestantização do do povo daquela daquela região, né, do povo avançando muito lá, protestantismo lá no Cariria. Veja, e, eh, se tá avançando muito lá, eu não sei, eu não teria, eu não pesquisei isso não, mas eu acredito que forte lá, como em outros lugares, acho que não. Não, pelo que eu vi lá na época não. Na época não, na época não. Eles diziam protestante aqui não se cria, não. É, na época não. Mas e qual que é a sua visão sobre ele? Paz assim, estudou é difícil, né? você dizer assim que ele é santo, eu acho que é uma pessoa, eu acho que ele foi muito homem da época dele, né? Agora, dizer que ele é santo, eu acho pela, eu acho que um, pronto, uma das manchas que o padre teve na biografia dele foi justamente esta proximidade com Floro Bartolomeu, né? Aí eu tava tava até brincando, né? Aquela frase do Barão de Tararé, né? Diga-me com quem andes que eu te direi que eu vou contigo, né? Aí era ele andava com Floro Bartolomeu. Floro Bartolomeu ele era uma pessoa assim, ele tinha a ele tinha um local que ele matava as pessoas, né? Nossa, ele matava os bandidos, né? Ele chegava lá e executava. Foi ele que levou primeiro carnaval para Juazeiro, levou jogos de azar, até até eh jogos que eram até impedidos, né? Pelo tanto pelo governo na época quanto pela igreja. Ele levou lá pro Ceará lá pro Jo contato com um tipo desse, sei lá. É, ele tinha contato e deixava. E assim, o padre ficava refém dele. Padre ficava refém e o padre avalizava muita coisa que ele fazia, não fazia nada assim, não mexia. Agora, em questões morais, o padre Cícer era bom. Campanha contra o comunismo com promoção imperdível, frete grátis e três cursos de bônus até o dia 7 de agosto. Aproveite. Era bom. Ele ele ele, o padre Co, ele ele arranca opiniões das mais eh das mais exageradas de polos opostos. Então, tem o padre Alencoto, que foi padre Alencoto, ele foi eh apoiador de padre Cícero através de um jornal na época da emancipação do Juazeiro. O padre Alencar junto com o Floro, eles eles desenvolveram um jornal chamado o Rebate. Este jornal fazia oposição a um jornal do do do Crato chamado Correio do Cariri. Aí um ficava atacando o outro. O padre Peixoto, quando o Juazeiro foi emancipado, queria ser o prefeito e o governador na época disse: “Olha, se o senhor indicar esse homem para prefeito, perdeu meu apoio, não tem condições. O homem ele não tem condições de de assumir, é uma pessoa muito extemperada”. Aí, resultado, o padre Alencar rompe com o padre CER, dizendo que ele, padre Caer tinha o atraçoado e vai embora, vai embora do Ceará, vai para um, acho vai pro norte do Brasil, acredito que é pro norte e lá escreve um livro contra o padre Cícero. E ele disse que o padre Cisso era uma espécie de amonhá, que todo mundo que chegava perto dele e aí ele faz, todo mundo que chega perto dele e eh eh tem por algum problema, né? Se destrói. Já o outro padre Azarias Sobreira, que escreveu o livro chamado Patriarca de Juazeiro, eh comparava padre Cícero com o Santo Curadá. Estão visões completamente opostas. Visões completamente opostas. Aí veja, e padre Azar, são duas pessoas que conviveram com ele. Aí resultado, aí a gente nessa situação a gente chegar num parecer, né, final do que ele é, fica muito complicado, né? Por isso que eu diz, eu acho que é uma pessoa do tempo dele, viveu naquela política dos coronéis, aquele de de da convivência com os beatos, né? Como eu disse, os beatos pegavam em armas, né? É. Como é que você analisa esse fenômeno típico aí do Nordeste de dessa época de Jagunço, Beato, líderes messiânicos? É, como é que você vê? Por que que o Nordeste eh desenvolveu esse tipo de pessoas? Eu acho que foi a característica da da própria, né, da forma como a religião chegou ao povo. Eh, também um uma uma secção e um isolamento que esse que o nosso povo do interior teve com os centros mais afastados, né? Tanto é que quando o exército brasileiro ia para Canudos, eles diziam assim: “Eles estão indo, eles eles eles estão assim: “A gente vai voltar pro Brasil, né? Quando eles estavam voltando, vamos voltar pro Brasil, porque ali para eles era outro mundo. É como se eles pegassem um portal e entrassem numa outra dimensão, numa outra dimensão. Então assim, e de fato a a as ligações, os contatos eram dificultosos, né, do L. Uma coisa ruim pro cangaço foi a a modernização das estradas. A modernização das estradas foi ruim e Lampião, e Lampião ia lá ia sair matando o pessoal que tava construindo as estradas, tudo mais. Por quê? Que eles ele queria que permanecesse naquela. Então esse isolamento eu acho que favoreceu esse catolicismo devocional. Aí você tem uma figura como o padre Biapina que espalhava essas doutrinas do mais pessimistas em relação à à fé, uma coisa mais eh soturna, né? o próprio eh a figura do do Antônio Conselheiro também. E isso num catolicismo mitigado assim, né, esfarelado com doutrinas boas e a e esses livros que eram publicados como lunário perpétuo, porque o o lunário perpétuo ele mistura tudo, né? é um é uma espécie de enciclopédia que mistura tudo. Tem até astronomia, astrologia ali fala de signo, fala de religião, fala de calendário litúrgico, de culinária, de evento, de fala de tudo. E aí o e o e o povo letrado lia aquilo dali. Então veja, o povo lendo aquilo dali e não tendo uma orientação do padre, do sacerdote, de uma catequese e tudo mais, aí você vai mitigando essa esse esse mitigando, não, você vai espalhando esse catolicismo com esse viés, né? E você, Emílio, acha que ele é um santo? Não, eu acho que com de acordo com o que o Antônio acabou de dizer, né? O o padre Cícero, infelizmente, ele tem coisas que contam com muito contra, né? E eu acho que inclusive nem teria possibilidade aí de avançar. Se bem que depois do Vaticano II tá tá muito tá muito eh facilitado, né? Acabaram com tudo. É menos rígido, né? O processo. Talvez ande, né? Talvez ande. É, é. pode andar o processo por conta disso. Não tem mais advogado do diabo, não, não sei mais nada, né, disso, não. Então tem muitas coisas estranhas, né, eh, que contram, que vão contra o padre Cícero. Eu acho que não não deve é ele, ele há uma há uma aí, aí vamos lá, né? Aí uma aí começa o assalto das narrativas, né? Aí, pronto. Aí tem um grupo que quer pegar Padre Cícero, porque padre Cícero quer instrumentalizar. Ele falava de ecologia, aí tem escritos dele dizendo: “Não faça isso com a natureza, tudo mais, etc e tal”. Aí o padre Cícero ecológico. Aí tem o padre Cícero político, né? Aí José Comblan é comblim aquele, ah, o comblã, né? Comblan, aí tem um livro que fala de padre Cícer numa visão um pouco mais política, mais pra esquerda, mas ele era dos coronéis, né? Ele era da política dos coronéis. Ele não pode ser tanto, ele falava contra o comunismo, né? quando ele falou da da quando ele pegou aquela questão lá do da coluna presta, ele falou, né, ele ele ele falou de maneira muito firme, né, dizendo que vinha para destruir as famílias, tudo mais, etc. Aí tem um grupo já, tem uns conservadores que não, o padre Ca ele falava contra o comunismo. Aí é uma figura que é fácil fácil ser multifacetada. Aí tem o pessoal da da Aí tem os carismáticos que padrinho, pronto, tem o padre, aquele padrinho o Gabriel, né? Vila Verde. Ele tem até um livro sobre padre Cícero que ele vê o padre Cícero com bons olhos, né? Escreveu o padre Cí dizendo que ele até faz vistas grossa em relação à questão do Flor Bartolomeu, como se o padre Cícero fosse eh eh como é o padre Cícero fosse ele fosse meio que vítima, né, do Flor e Flor era uma pessoa que exercia um poder meio que deixava padre ali, meu refém, etc. Mas é uma figura multifacetada que ele ele vai ser instrumentalizado pelos grupos que assim quiserem, né? Mas ele tem ainda, ele é muito, a devoção dele diminuiu muito. Como é que tá hoje em dia? Olha, eh, em 96 o meu pai tinha um ônibus, né? Ele, ele pegou o ônibus e botou todo mundo da família da gente e nós fomos para, foi a primeira vez que eu fui a Juazeiro. Nós fomos para lá em 96, tudo mais, a gente via o disseminado, né, nas casas, nas casas das pessoas, a gente sempre vê a imagem, por exemplo, eu sou no interior daqui, né? sempre vi imagem de padre César e tudo mais, mas como a sociedade tá ficando mais cada vez mais protestantizada, então o povo simples, porque é uma devoção muito mais era muito mais presente no povo simples. O povo mais simples tava cada vez menos, né? Aí assim, vai ter, vai, vai ter uma coisa, vai. Agora eu, pelo que eu tô percebendo, é muito mais é mais mitigado, né? Mas não acho que não é tão ainda, ainda é forte. É, mas acho que já sofreu com Não dá para comparar o o com o Frei Damião, né? São figuras muito diferentes. Não, Frei Damião. Aí Frei Damião já é outra história, viu? Aí Frei Damião aí já já esse já é Santo. É. Aí Frei Damião. É. Aí até até Luiz Gonzaga botou os dois na mesma música, né? Viva meu padrinho. Viva também Frei Damião, né? É. A a Mas aí Frei Damião é outra aí. tem a semelhança que eles pregaram pro povo do Nordeste e pro povo simples, né? Mas é outra história, né? Damião já tem outro, já tem, acho que o padre Ca ele se parece mais com esses aí, né? Padre Biapina, qual mais? Acho que é o padre Biapina, alguma coisa também de Antônio Conselheiro, né? Que que ele teria em comum com Antônio Conselheiro? Ele ele falava, né? Ele ele quando ele ficou impedido de celebrar as missas, etc. Ele foi muito, ele foi, ele teve uma pressa de espírito muito grande. Ele começou a falar para o povo na sacada da casa dele e era uma coisa que era, tinha a hora certa para acontecer. Ah, foi bem inteligente. Foi inteligente. Fez um coreto, fez um É, fez um coreto lá e ele com hora marcada, com hora marcada. E ele chegava lá e falava e as pessoas ia muita gente falar com ele, né? E assim, e ele passou a ser uma um território eh neutro, digamos assim, né? As pessoas iam para lá para buscar proteção. Pronto. Uma pessoa que houve um coronel da de João de da Paraíba chamado Augusto Santa Cruz. Ele se formou em direito em 1911 e ao voltar paraa sua cidade ele foi nomeado promotor público. Depois ele apoiou um prefeito lá que voltou às costas, voltou às costas contra ele e ele foi então eh apear do poder este prefeito com um grupo de jagunços que ele tinha mais de 50 homens. Ele entrou em Monteiro, na Paraíba, e ele prendeu o prefeito, prendeu o juiz, o dono do cartório, saiu presente de todo mundo e levou pra fazenda dele. O governo, o governo da da Paraíba mandou um destacamento militar para lá, pra casa dele. Houve um embate, ele conseguiu fugir e ele no caminho ele foi liberando os reféns e ele foi bater em Juazeiro pedindo proteção ao padre Cissa. E padre Cissa funcionou como um senhor feudal, um senhor feudal. E ele foi lá, Padre Cícero, fez com que houve um houve um evento em que os os jagunços depositaram as armas aos pés de padre Cícero. Impressionante. Ele disse: “Eu quero que todo mundo deposita as armas do meu pé”. Todo mundo depositou as armas no pé dele e ele pegou e disse: “Ainda tá faltando a última arma ainda.” Aí o o o cangaceiro chamado o jagumon chamado Horácio, ficou admirado, disse: “Meu Deus do céu, esse homem tem poder pré-monitório, né? que ele tava com a faca ainda guardada e ele foi lá e depositou a faca nos pés de padre Cícer. Aí disse: “Pronto, agora vocês ninguém mexe com vocês mais não”. Olha, impressionante. Autoridade, força moral. Aqui quem manda sou eu. Aqui tem paz. Isso. E aí ninguém aconteceu nada. E ele e eles pass e esse e esse esse Jagunço passou a morar lá. Ele ele foi um dos que lutaram na na batalha lá da sedição do Joazeiro. Ele eh Mané Chiquinha também que era de esse Augusto Santa Cruz. Assim era o Nordeste brasileiro. É no tempo de pai Tomás Preto Velho, pai. É no tempo de pai Tomás Preto Velho e pai Vicente. A a autoridade moral dele permaneceu. Permaneceuade moral. Teve até uma pergunta aqui se ele se é verdade que ele dormia em pé no apogu aí não, aí tem essas histórias, né, que ele dormia em pé, né, assim, ele dormia na rede, né, ele dormia em pé, aí tem a história que ele deixava o chapéu, né, encosta, não, ele pegava o chapéu, deixava na parede, o chapéu ficava, né? Ah, sério? Aí tem, aí tem a a E a prédica dele era simples, né? Quem casou, não, quem roubou não roube mais, quem matou não mate mais. E quem tiver amigo armaziado que se case. Quem tiver é quem tiver azeado que se case. A prática de ser simples direto. Simples. Era simples e direto. E ficaz. É. E o povo ia ia mudando de convido, ia mudando de vida, né? Ele tinha que veja, ele tinha que domar verdadeiras feras, né? Imagina aqueles aqueles aqueles cangaceiros lá. Não é fácil. E esse e esse pessoal diante dele parar. Nossa, porque ele tinha uma uma força moral muito grande. É, para você ter ideia, teve um jagunço lá que fez que matou um outro jagun, matou um um homem lá. E para você ver a ferocidade que essas pessoas eram, ele ele tinha esse jagunço, ele tinha certeza que esse essa vítima que ele queria fazer tinha o corpo fechado. Ele tentava matar de todo jeito e não conseguia. Aí ele dizia que para quebrar o feitiço, ele tinha que atirar da torre de uma igreja. Olha que coisa. Aí, aí, resultado, ele subiu na torre de uma capela. Ele disse: “Não, não é uma igreja, mas é uma capela, né? Vai, vai dar certo”. Ele subiu na torre da capela e aí ele fez a mira e matou o o essa pessoa conseguiu matar, deu um tiro, bateu no na na no vazio dele, né? O cara morreu, ele foi lá porque esse cara tinha matado um um irmão dele. Aí resultado, ele foi vingar. Então o sangue, né, com sangue. Mas padre C, ele tentava parar isso, mas nesse caso não conseguiu. Quem matou não foi nem o o o irmão da vítima, foi o outro, um o Zé Teto que matou. Resultado, ele foi lá para e e padecero correu para impedir essa cena. Ele arrancou o lábio, o lábio superior do cara, da vítima, temperou o sangue na cachaça e tomou. Que coisa horrorosa, que monstruosidade, né? Impressionante. Aí para você ver, essa era essa para você ver gente que ele tinha que que ele tinha que domar e ele domava, né? O beato Ricardo que vivia vivia nas florestas lá de de Juazeiro, ele caiu uma tora de madeira, bateu no dedão dele, ele tourou o dedo dele, mas sem E como foi que o senhor ajeitou seu dedo com areia. Peguei a areia, dei uma limpada lá e pronto. E ficou. E ele disse: “Era perfeito lá o o a cicatriz que dis não era gente, hein? Era gente bruta, hein? Gente dura, hein? Rud, né? É bem rud, bem rude. E o E diante do padre Cícero, todo mundo virava, né? Um cordeirinho. Virava cordeirinho. Cordeirinho. Impressionante. Então você imagina que ele tinha um poder muito grande com esse povo, né? Realmente é impressionante mesmo, né? E de fato ele ali ele transformou aquele local completamente. Não, aí transformou, né? Assim, Juazeiro hoje é Juazeiro é uma cidade que deve completamente a ele. Se não fosse ele era um N, ele é um fundador, ele é o é o fundador da civilização ali do centro do sul do Ceará. Aí se não fosse ele, não é não ia ter a pujança que tem hoje, né? Ele é o grande e e outra coisa, ele incentivava, né, as pessoas a produzirem nas suas casas, as cidades vizinhas. Tem até uma frase dele que ficou típica, né? Em cada casa, em cada casa um altar e em cada quintal uma uma fábrica, né? Sim. Não era essa a frase dele, né? Exato. Ou seja, você tem que rezar e você tem que trabalhar, né? Era o Horet labora, né? Era o Horet Labora. Então ele ele incentivava as pessoas, ele ele indicava as dava orientações de de que ele aplicava lá o a Heru Novar. Hero Novarum. Sim. Era o E ele era muito rico, né? Ele ficou muito rico. Ele ficou muito rico e boa parte da herança dele, ele ele testou para os salesianos e para a a diocese do Crato. Muito interessante. Muito bom. Chegamos aqui ao nosso final do podcast. Muito obrigado, Antônio. Muito obrigado. Agradeço, né? Eu foi muito interessante, professor Marcelo, o professor, eu fico muito feliz porque o professor eu fui assim como professor Marcelo, né, e assim como Emília, eu também fui aluno do professor Orlando, mas eu também fui sou aluno do professor Marcelo, né? Obrigado. E aí é muito satisfatório, né, falar com o nosso professor aqui. Então tá bom. Obrigado, eu que agradeço. Espero que tenham aprendido um pouco sobre o padre Cícero, não? Foi excelente. Muito bom. Obrigado. E obrigado a todos que nos acompanharam. Você acaba de assistir um corte do Caravelas Podcast. Na tela está aparecendo episódio completo e outro corte. Muito obrigado pela atenção.

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