PARAGUAI: Por que TANTOS brasileiros querem morar lá?
0Por décadas aqui no Brasil chamar
algo de “paraguaio” era praticamente um insulto. A gente ria, fazia piada,
falava com desdém. Mas enquanto isso, o Paraguai não estava rindo. Ele estava crescendo. Enquanto o brasileiro tirava sarro, o
Paraguai cortava impostos, simplificava suas leis e atraía indústrias. Enquanto a gente
associava o país ao contrabando, eles criavam um dos sistemas tributários mais vantajosos da
América do Sul. E o resultado dessa diferença de visão está batendo na nossa porta agora:
os brasileiros não estão mais tirando sarro, eles estão se mudando para lá. E não são poucos.
São mais de 263 mil brasileiros vivendo no Paraguai, tornando o país o principal destino
de imigrantes brasileiros na América do Sul. De fazendeiros a empresários, de comerciantes a
estudantes de medicina, milhares de brasileiros estão cruzando a fronteira em busca de
algo que o Brasil parece não oferecer mais: menos burocracia, impostos baixos, energia
barata e oportunidades reais de crescimento. Mas o que exatamente fez o Paraguai virar
esse novo Eldorado para os brasileiros? O que tem levado tanta gente a trocar seu
país pelo vizinho que antes era motivo de piada? E será que estamos vendo o começo
de um fenômeno migratório ainda maior? A migração brasileira para o Paraguai não é algo
novo – ela tem raízes profundas que remontam a um período conturbado da história paraguaia.
Entre 1954 e 1989, o país viveu sob o comando do ditador Alfredo Stroessner, um regime
que durou 35 anos e foi marcado por um forte controle estatal, apoio militar e alianças
estratégicas, especialmente com o Brasil. Durante esse período, o Paraguai passou
por profundas transformações econômicas e geopolíticas. Se por um lado sua
economia era frágil e dependente, por outro, ele usou sua posição no Mercosul e os
investimentos brasileiros para impulsionar setores estratégicos. Mas o que realmente marcou essa fase
foi o crescimento do comércio transfronteiriço e a debandada de brasileiros para o país.
Isso não aconteceu por acaso. A partir do final da década de 60, houve uma explosão
da migração brasileira para a Região da Fronteira Leste do Paraguai. O movimento se
intensificou com a construção da Ponte da Amizade e a assinatura do Tratado de Itaipu, ambos
financiados pelo Brasil, facilitando a integração econômica e territorial dos dois países.
No entanto, diferentemente do que muitos imaginam, essa migração não foi apenas
um projeto de “desenvolvimento agrícola”. O setor mais dependente do Brasil desde a
década de 70 tem sido o comércio triangular, que representou um aspecto fundamental da
economia paraguaia e incluiu uma ampla variedade de produtos, desde eletrodomésticos e carros até
cigarros e, mais recentemente, drogas e armas. Ou seja, essa migração foi motivada por um
jogo político e econômico, onde o Brasil exercia uma influência cada vez maior sobre o
Paraguai, que, por sua vez, aproveitava para impulsionar sua economia. Eles se tornaram um
grande exportador para o Brasil, especialmente de produtos primários e manufaturados. As
exportações do Paraguai para o Brasil aumentaram de menos de 1% em 1965 para 25% em 1981.
Com essa reconfiguração econômica e territorial, a presença brasileira no Paraguai deixou
de ser apenas um fluxo migratório e passou a representar um pilar fundamental da economia
paraguaia – um cenário que continua até hoje. Foi aí que começou essa história. Milhares de
brasileiros, atraídos pelo baixo preço das terras e pelos incentivos do governo paraguaio, cruzaram
a fronteira nas décadas de 70 e 80. Pelas estradas de terra do interior, famílias inteiras chegaram
com suas economias, tratores e ferramentas. Muitos venderam tudo o que tinham no Brasil para
comprar áreas muito maiores no país vizinho. Esses imigrantes, que ficaram conhecidos
como “brasiguaios”, formaram verdadeiras colônias brasileiras em solo paraguaio. Se você
visitar hoje cidades como Santa Rita ou Naranjal, vai ouvir mais português do que espanhol
nas ruas. Eles transformaram completamente a economia rural paraguaia, introduzindo o
cultivo intensivo de soja e milho e tornando o país um dos maiores exportadores de
grãos da América do Sul e do mundo. Com o fim da ditadura nos anos 90, o Paraguai
iniciou uma lenta reestruturação econômica. E foi aí que a coisa começou a ficar interessante.
A partir dos anos 2000, o país adotou um sistema tributário mais simples e atrativo. Incentivos
fiscais foram criados para a indústria, e a relação com o Brasil se intensificou, se tornando
seu principal parceiro comercial e investidor. Um exemplo disso é a Lei Maquila, estabelecida
pela Lei 1.064/97 e consolidada nos anos 2000, que reduziu drasticamente os impostos para
empresas exportadoras. O resultado foi um aumento na instalação de indústrias
no país, incluindo muitas brasileiras. Empresas que antes operavam no Brasil,
sufocadas pela alta carga tributária e pelos custos trabalhistas, começaram a cruzar
a fronteira em busca de melhores condições. “70% das exportações do Paraguai para o Brasil
são resultado da maquila. Um exemplo é o setor têxtil. As empresas brasileiras trazem a linha
do Brasil, fabricam o tecido aqui e o enviam para as confecções no Brasil”, segundo Francisco
Ruiz Díaz, vice-ministro de Indústria do país. E não para por aí. A vida mais barata, a energia
elétrica mais em conta, graças à hidrelétrica de Itaipu, e um ambiente de negócios menos
burocrático tornaram o Paraguai uma opção cada vez mais atraente não só para agricultores, mas também
para empresários, investidores e até estudantes. Como diz Junio Dantas, diretor da
Câmara de Comércio Paraguai Brasil, que mora no país há 25 anos: “É um país que
oferece muitas oportunidades, principalmente para os estados vizinhos, como o Paraná,
Mato Grosso do Sul e também Santa Catarina. O Paraguai é um país que dá uma vantagem
competitiva muito grande na parte fiscal”. Mas o que exatamente está levando tantos
brasileiros a trocarem o conforto do seu país natal por essa aventura do outro lado da
fronteira? E o que eles tão aprontando por lá? Se você acha que só fazendeiros e grandes
empresários estão se mudando para o Paraguai, precisa conhecer a história do Felipe Monteiro,
um jovem do Amapá que decidiu estudar medicina lá. “Tenho uma prima que estuda Medicina em
uma universidade particular em Belém e paga mensalidade de R$ 8 mil reais. Aqui, comecei
pagando R$ 1,2 mil e, agora, são R$ 1,9 mil, porque há um aumento anual à medida que passamos
de ano. Mas é acessível”, conta Felipe, que está no quinto ano da faculdade na Ciudad del Este.
E Felipe não está sozinho. Quase 30 mil estudantes brasileiros estão cursando medicina nas
universidades paraguaias. Na sala dele, de 80 alunos, apenas 2 são paraguaios. O resto, todos
brasileiros, vindos de todos os cantos do país. É um novo perfil de migração, muito
diferente daquele dos brasiguaios das décadas passadas. Hoje, o Paraguai atrai
uma diversidade imensa de brasileiros: estudantes como Felipe, empresários de pequeno e
médio porte, profissionais liberais, aposentados e até nômades digitais que trabalham remotamente.
Mas o que está atraindo toda essa gente? Bom, vamos aos fatos: primeiro, o custo. Morar
no Paraguai é, em média, 2119% mais barato do que no Brasil. Embora um almoço com bebida
na área nobre seja 35% mais caro no Paraguai, o Índice Big Mac mostra que, no Brasil,
o mesmo sanduíche custa 286% a mais. Outro fator interessante é o aluguel.
Um apartamento de um quarto em área nobre sai por R$1.93175 no Paraguai, contra
R$3.01948 no Brasil – quase 356% de economia. Além disso, os custos com utilidades,
como aquecimento, eletricidade e gás para duas pessoas em um apartamento de 85m²,
podem ser até 743% mais baixos no Paraguai. E eu vou ser sincero, meu apartamento tem
84m², 2 pessoas e as contas de eletricidade e gás somadas deram nada menos do que
782,34 no mês de fevereiro de 2025. Tudo bem que é verão e eu uso ar condicionado,
mas essa conta daria 211,23 no Paraguai. Só um dado pra fritar a sua cabeça por um 1 segundo.
Mas nem só de custo de vida baixo vive o migrante. O grande trunfo do Paraguai, que faz brilhar
os olhos de qualquer empresário brasileiro, é o seu sistema tributário. No Paraguai, o
imposto de renda é de apenas 10%. E sobre rendimentos do exterior a alíquota é 0%.
“Isso significa que, para aqueles com renda proveniente do exterior, como programadores que
trabalham remotamente para empresas situadas em outros países, a taxa de impostos é de 0%.”
E além dessa maravilha moderna, “a nação paraguaia não cobra impostos sobre heranças
ou doações, os rendimentos de juros locais são também isentos de impostos e os ganhos
de capital (locais) são tributados a 10%”. Enquanto no Brasil temos uma cacetada de
impostos que podem chegar a 27,5% sobre a renda e até 34% para empresas, no Paraguai o
sistema é conhecido como “10-10-10”: 10% de IVA, equivalente ao nosso ICMS, 10% de imposto de
renda para pessoas físicas, e só para quem ganha acima de certo valor e 10% para empresas.
E a lei maquila tem um papel importante exatamente aí. Inspirada no modelo mexicano de exportação,
ela permite que empresas produzam no Paraguai pagando apenas 1% de imposto sobre a receita
bruta dos produtos exportados. Além disso, essas mesmas empresas podem importar máquinas
e insumos sem pagar tarifas alfandegárias. Pensa só no impacto disso: uma empresa que
fabrica no Brasil, sufocada por impostos, custos trabalhistas e burocracia, pode se
mudar para o Paraguai e imediatamente cortar drasticamente seus custos de produção. Por isso
tantos empresários têm atravessado a fronteira. E não é à toa, eles vão em
busca de menos impostos, menos burocracia e mais liberdade no
Paraguai. Mas muita gente não sabe que você nem precisa morar lá pra
aproveitar essas vantagens fiscais. Se você trabalha remotamente como
programador ou criador de conteúdo, pode pagar 0% de imposto sobre seus rendimentos
do exterior. Ou se você tá preocupado com o rumo das coisas no Brasil e quer ter um plano B. Ou
mesmo pra quem investe em cripto e tá planejando realizar um ganho de capital
E é exatamente aí que a Settee, construída em parceria com o Brasil, o Paraguai
tem uma das tarifas mais baratas da América do Sul. “Enquanto no Brasil o gasto com eletricidade
no setor industrial custa em média 123 USD/MWh, no Paraguai cobra-se em média 39 USD/MWh”.
É como se você abastecesse três indústrias no Paraguai pelo preço de uma no Brasil.
Ciudad del Este, cidade que faz fronteira com Foz do Iguaçu, é o exemplo vivo
dessa transformação. Antes conhecida apenas pelo comércio de eletrônicos, hoje está
se tornando um polo empresarial e industrial, com mais de 98 mil brasileiros vivendo lá.
Não é à toa que tantos brasileiros estão fazendo as malas. Mas como o Paraguai se
compara a outros países que tradicionalmente atraem imigrantes? E será que essa migração
é um fenômeno passageiro ou veio para ficar? Quando pensamos em migrar, geralmente os primeiros
destinos que vêm à mente são Estados Unidos, Canadá ou países europeus. Afinal, quem
nunca sonhou com uma vida no primeiro mundo? Mas o que muita gente não sabe é que esses
lugares, embora desenvolvidos, impõem barreiras enormes para quem quer começar uma vida nova.
Já tentou entender o processo de visto para os EUA? Ou descobrir quanto custa um apartamento
em Toronto? E a burocracia portuguesa? Pois é, não é nada fácil. E é aí que o Paraguai
se destaca no cenário global como uma alternativa surpreendentemente acessível.
O Paraguai também ocupa o 80° lugar no índice de liberdade econômica, muito à frente
dos vizinhos Bolívia e Brasil. Esse fator é associado a uma taxa de crescimento do PIB
constante, de 4,7% em 2023, fazendo do Paraguai a economia que mais cresce na América do Sul.
Claro, o Paraguai não oferece o mesmo nível de infraestrutura e desenvolvimento que
encontramos em países de primeiro mundo. Você não vai encontrar o metrô de Nova York
ou os museus de Paris por lá. Mas a questão é: vale a pena pagar o preço de viver nesses lugares,
considerando todas as barreiras de entrada? Para um brasileiro, especialmente, o Paraguai tem
vantagens evidentes. A proximidade geográfica é uma delas. Diferente de quem migra para a Europa
ou América do Norte, quem vai para o Paraguai pode facilmente visitar a família no Brasil
com frequência. São voos rápidos e você tem a possibilidade de até fazer o trajeto de carro.
Além disso, para quem trabalha remotamente, o fuso horário é exatamente o mesmo do Brasil, o que
facilita muito a vida. Nada de reuniões às 3 da manhã para se comunicar com colegas brasileiros,
como acontece com quem vai para a Europa ou Ásia. Outro diferencial importante é a facilidade
para obter residência no Paraguai. Diferente de países como os Estados Unidos,
onde o processo pode levar anos e envolver riscos de negativa, no Paraguai a obtenção de
residência segue um ccaminho mais acessível. Inicialmente, o solicitante
recebe a Residência Precária, permitindo que more no país enquanto
aguarda a Residência Temporária, um processo que leva de 1,5 a 4 meses. Após
1 ano e 9 meses de residência temporária, é possível solicitar a Residência Permanente.
Já a cidadania paraguaia só pode ser solicitada após 3 anos na residência permanente e o processo
pode levar mais de um ano para ser concluído. “Quando a gente olha para a história
do Brasil e da Argentina, o Paraguai é, entre todos os países do Mercosul, o
que mais demorou em se desenvolver”, diz o vice-ministro Ruiz Díaz. Agora, o país está
recuperando esse tempo perdido, e os brasileiros estão aproveitando esse momento de ascensão.
Isso tudo não significa que o Paraguai seja perfeito, longe disso. O país enfrenta
problemas, como a pobreza que atinge 27% da população e a desigualdade social. E, claro,
ainda há a questão da corrupção, refletida na 136ª posição no índice de percepção de corrupção
mundial, pior do que o Brasil, que está na 104º. Por décadas, o Brasil foi visto como a “terra das
oportunidades” e o “país do futuro” para muitos paraguaios, que cruzavam a fronteira em busca de
trabalho e melhores condições de vida. Hoje, vemos o movimento contrário: brasileiros de todas as
classes sociais e profissões buscando no Paraguai o que não encontram mais em seu próprio país.
Essa migração não é apenas um fenômeno passageiro, mas um reflexo de transformações profundas
nos dois países. Enquanto o Brasil continua lutando com sua complexidade tributária,
burocracia sufocante e alto custo de vida, o Paraguai emerge como um lugar que oferece o
que muitos brasileiros desejam: simplicidade, liberdade econômica e a possibilidade
de recomeçar com menos obstáculos. Enquanto o Paraguai cortava impostos, atraía
indústrias e virava um polo de investimentos, o Brasil fazia exatamente o contrário: mais
burocracia, mais impostos, mais empresas indo embora. E o resultado tá aí, cada vez mais
brasileiros estão cruzando a fronteira, não para comprar muamba ou cigarro,
mas para morar e trabalhar lá. E o pior é que, em vez de aprender com
isso, o Brasil virou uma grande piada. Aqui, quem ganha fama não é quem constrói ou tenta
mudar a situação, mas quem capota um Monza cheio de cigarro paraguaio e solta uma frase engraçada
na TV. O cara que foi preso por contrabando viralizou e depois tentou virar político.
Enquanto o Paraguai cresce e se fortalece, o Brasil segue nessa festa ridícula onde
tudo vira piada, mas nada melhora de verdade. E agora? A gente vai continuar rindo do Paraguai
ou vai finalmente perceber que a piada somos nós? E você já pensou em viver no país vizinho?
Se sim, já sabe. Clica no link da descrição, ou aponte a câmera do seu celular para o
QR code aqui da tela, pra marcar um bate papo com a Settee e quem sabe viver uma vida
mais livre e com menos impostos no Paraguai. Você conhece alguém que deu esse passo? Deixe
aqui nos comentários sua opinião sobre essa migração que está redesenhando as
relações entre Brasil e Paraguai. E para descobrir como outro fenômeno migratório
está ocorrendo dentro do Brasil, com gaúchos deixando o Rio Grande do Sul em direção a Santa
Catarina, aperte nesse vídeo aqui que está na tela. Eu te vejo lá em alguns segundos. Por
esse vídeo é isso, um grande abraço e até mais.