PARTE 2 – ESPANCADA PELO MARIDO E DEIXADA PARA MORRER, MÉDICA TEVE PALAVRA “LIXO” TATUADA NA TESTA
08 de março de 2025, Maringá, Paraná. No dia da mulher, a médica Laí Rebeca ganharia o maior presente da sua trajetória. Uma segunda chance para viver e para poder contar ela mesma a sua própria história. Continue assistindo a segunda e última parte da entrevista que fiz com Laí, que relembra seu dia quase fatal e fala ainda de coragem e fala mais ainda de justiça. Nesse dia, depois de ter cuidado dele, que ele passou por alguns processos, né, e eu estava em alguns cuidados, eh eu jáia sabia da de outros relacionamentos, fórum o meu, né, para não ficar citando claramente todas as coisas. E nesse dia eu eu tive a confirmação, né? E ainda mais que todos do sítio deles tavam da convivência deles estavam sabendo. E aí a [Música] diretamente de um dos endereços mais famosos do Brasil, de um dos principais cartões postais da cidade de São Paulo e com as transmissões feitas dos nossos estúdios na Avenida Paulista. Eu sou Beto Ribeiro e eu pergunto: “Que crime é esse?” Travou, mas voltamos. Você tava falando que aí você travou falando o seguinte, que você descobriu já que tinham outros relacionamentos, que inclusive já estava nas nos relacionamentos dele. E aí então aí eu descobri, né, isso. Eh, o que que aconteceu? A gente nesse dia foi estopim, né, dessa situação e aí a gente teve uma discussão e tal e nessa discussão eh primeiramente eu fui para casa, ainda falei que não queria eh encerrar a a nossa relação e tal, mesmo com ele tendo outros relacionamentos, você não queria? É, eu não queria. Eh, porque eu ainda me sentia meio culpabilizada, parecia que aquilo foi era uma culpa minha, que eu tinha feito alguma coisa para chegar naquilo, né? E aí, eh, o que que acontece? Eu fui paraa minha paraa minha casa, ainda pensei sobre isso, fiquei extremamente triste, extremamente chateada, só que eu parei assim, falei, pensei, né? Falei: “Poxa, mas assim, que que acontece? Eh, se tá acontecendo tudo isso, eu não preciso disso. Não dá, eu não vou querer mais. Eu vou cuidar de mim. Bateu um talo, né? Eu acho que era o que tava faltando. Falei: “Mas eu vou, mas vai ouvir tudo que eu preciso dizer, porque se até hoje eu não disse, eu vou dizer, eu quero conversar. Vai ser a primeira vez que eu vou conversar”. E aí o que que acontece? fui, vou retornei para poder conversar de uma forma eh bem tranquila e falei que ia conversar. Aí foi uma hora que irritou bastante, que eu não iria conversar, que que ele não iria não queria, não queria falar, não ia ouvir nada, que está tudo certo daquela forma e que ia ser daquele jeito e tal e que poderíamos ser amigos. Mas não me interessava. Tudo bem, cada um segue sua vida precisando de mim, tava ali. Só que eu acabei caindo dentro de casa. Eu caí mesmo, né? Tropecei numa cadeira que eu botei uma cadeira próxima para conversar na hora que eu fui levantar, eu caí. Porque assim, eh, o povo acha que eu brinco quando eu falo que eu tenho TDAH, mas não é verdade, sou diagnosticada com sid e trato. Então, eu tenho um descúrbio de percepção muito ruim. Eu me machuco muito fácil, né? Eu caio, eu derrubo coisa. E aí na hora eu não vi a cadeira e caí. Nisso, quando eu caí, eh, foi um uma zoada. Foi como se eu tivesse me vitimizando, que já me conhecia, que não era a primeira vez que eu fazia aquilo, que eu era, gostava de de ser dramática, porque eu reclamava demais e começou a gritar tanto que eu acho que eu fiquei tão impactada com aquilo, porque eu sempre tentei mostrar a pessoa que eu sou, não sou santa, nenhum de nós somos, mas eu sempre tentei fazer o meu melhor, principalmente o meu melhor para o outro. E não era, não é da minha índole nem da minha postura me fazer de coitada. Não me fiz nem diante dessas situações que aconteceram. Não fico me fazendo de coitada diante de nada. E aquilo da me deixou extremamente assustada. Nisso que deixou extremamente assustada. Eu eu eh teve uma pessoa que interveio entre nós, porque a aquilo que tudo cresceu muito e aí eu vi um lado completamente, vamos dizer assim, sem sem máscara, sem nada do que a pessoa era e fiquei com medo inclusive naquele momento. E mas alguém ficou entre a gente, né, se interviu entre entre nós e aí eu fui embora, né? Tanto é que até a chave extra do meu carro acabou ficando. Algumas coisas claram, medicação, tudo ficou. E aí saí com algumas coisas que eram que ainda estavam ali, que eram minhas, que da do familiar que a gente sempre costumava ficar mais junto lá, né, pelo conforto dele também. Eh, e aí saí, peguei minhas coisas e saí, fui para casa, né, de uma torre para outra. Eh, eisso quando eu fui paraa outra torre, eu fui conversei com com a minha amiga, eu contei a situação, falei que eu queria sair de casa para me ajudar a procurar um apartamento, né, que ela conhecia, liguei para ela, falei que eu tava triste, pedi para ela até ir me ver, essa minha amiga que me encontrou, falei, pedi para ela, falei: “Lu, me vê depois, vem conversar comigo, ver como é que eu tô. Eu não tô legal, vamos procurar uma casa, eu quero sair nisso”. Aí eu fui, conversei com minha mãe também, liguei para ela, falei o que tinha acontecido. Ela perguntou se eu tava bem, eu tava meio chorosa, mas falei: “Eu tô bem e tô bem”. E aí eu fui assistir, tava até passando casamento à cegas, eu me lembro disso, né? Tava assistindo e fui deitar e fui dormir. Eu queria dormir, queria descansar, queria que aquilo passasse. No outro dia ser um novo dia, ia correr atrás. Segunda-feira eu precisava ir trabalhar. Então, nisso eu fui descansar. Aí depois de tudo isso aconteceu tudo. Quando você falou aí da, você falou agora da sua amiga e você me contou inclusive que é uma amiga que você conhece através de um amigo dele, né? Um isso. Nesse período, o que que seus amigos, o que que a sua família, a sua família chegou a conhecer? Não chegou a conhecer porque não era uma pessoa que queria, eu tentava desmistificar isso também, que queria conhecer o Nordeste, que não me doía muito, porque ele falou essa bobagem, falou que não queria conhecer porque só por isso já devia uma pessoa que não quer conhecer o Nordeste do Brasil, bom sujeito, não é? Só isso. Bom, essa foi a a maior característica de uma pessoa que você devia ter se afastado imediatamente. Ainda mais falar para uma nordestina. Isso, isso é, isso é quase um, um preconceito, uns uma quase um crime. É, não é, é um crime de mau gosto, com certeza. Agora, além de tudo, se torna uma coisa eu aqui, eu daqui do sul não preciso. Isso é, ah, meu Deus do céu, somos todos um país. Falava que aqui é são pessoas aí tinha muita brincadeira de mau gosto também que eu prefiro nem citar. famosa piada que Não, só tô brincando, mas eu tô falando a verdade, tudo que eu sinto. É isso. Aliás, eu era a pessoa mais morena, né, do dos relacionamentos, mais escurinha, né? Eu falei assim, eu não sou escura, eu sou filha de preto, neta de preto, né? Então não é questão de ser escurinha, é da de onde eu sou e o que eu sou, né? defendi muito isso, inclusive com ele. Era da quando a gente bate de frente muito muito em relação mais discussões. E aí ele dizia que não queria vir por causa disso, devido a isso, eh, a gente, ele não vem, eu não queria quando minha família fosse que conheceria, mas ele também não queria ter muita relação familiares, porque, vamos dizer assim, eh, como já tinha tido problema com a família antes, não queria de novo. Você percebe que aí ele te afasta da família? Ele não fala para você não falar com a sua mãe, mas ele fala: “Eu não quero ir, não quero conhecer”. Aí você tá com ele, como que você vai encontrar sua mãe se ele não vai? Aí você vira na cara de cotomia e você fica com ele. Então ele não te obriga a te afastar, mas ele te afasta. Afasta, ele me afasta. forma que assim eu não poderia agregar a minha família, não poderia, não estaria presente, sendo que eu sou uma pessoa que sempre está ali junto. Exatamente. Agora, seu seus familiares, sua mãe, suas suas acho que irmãos ou irmãs, eles chegaram a perceber você triste, percebiam, falavam alguma coisa, chegaram a te apontar alguma coisa? os amigos dele, essa principalmente essas amigas que já o conheciam, falou alguma coisa sobre ele, quem era ele? Olha agora que cuidado, algum eles tem, alguém tentou te alertar? Não, assim, minha família ela achava estranha um pouco, né? Mas assim, eu tentava naturalizar algumas coisas, é, para não ser mais um fator de estresse, né? E também porque eu vivia muito, como volto a dizer, na correria, então não era uma coisa que eu queria discutir muito. Minha mãe disse que minha mãe falava às vezes, falava que achava estranho e aquilo aquele sempre incomodou muito ela, né? Eu ouvia, catava e tentava contornar eles. Eles estavam inclusive no mês seguinte eles iam ficar comigo, né? Eles iriam pro Paraná para passar um tempinho comigo. Eles sempre faziam isso. Então assim, uma vez ao ano. Então eu já tava me preparando emocionalmente para como seria, porque eu não deixaria meus pais e queria agregar, né? E mas minhas amizades não, as pessoas que conheciam ele conheciam de uma forma, né? Conheciam quem era a pessoa eh o empresário daquela área, a pessoa como se portava, elegante, que mostrava que era bem-sucedido, etc, etc. E as amizades que eram mais próximas, eu não chegava a comentar. Eu comentei eh algumas vezes quando a gente brigava, as tristezas, um uma amiga que era de Guarapva que eu sempre ligava e aí comentava, mostrava ela o que que tava acontecendo. Falava assim: “Ai, mas eu devo estar eh sem paciência para entender isso, eu devo estar correndo demais, vai dar certo, deixa para lá”. Então assim, eu também não compartilhava muito, eu vivia muito quieta, porque assim, o que ele fez é tão bárbaro, é tão desumano, é tão nada e é tão tudo que um, eu fico pensando um homem de 40 anos, o que que ele já pode ter feito com outras pessoas depois de tudo que aconteceu? Eh, alguma ex-namorada dele, alguma alguma ficante, alguma coisa. Ele chegou a entrar em contato com você falando: “Eu sei o que você passou ou comigo poderia ter sido igual para confirmar que o que ele é em na sua totalidade. Não, pessoas que eram assim, que tiveram relacionamento, não. Algumas pessoas que conviviam, né, na época de faculdade, eu conheci o dia antes, começaram a me dar algumas características, né? vieram falar comigo, falaram pro Instagram e tudo mais, mas aí pedia, ai pelo amor de Deus, não comenta porque eu não quero eh que isso recaia sobre e tal. Eu falava: “Não, gente, não tem nada a ver. Vocês não fazem parte do processo das investigações, então mas eu digo que confirma a personalidade dele, uma personalidade bruta, inclusive familiares assim que que algumas histórias que aconteciam que eram contadas para mim que eram uma versão, eu descobri que eram outras, né? É que era outra versão, outras versões, então assim de várias coisas. Então assim, eu fui percebendo só depois. Ele tinha muitos amigos? Não, não tinha muitos amigos. Aa, você me fala até que ele queria ficar no outro condomínio por causa do conforto da família dele. É, a família dele e ele tinha uma boa relação? Não, não todo mundo. Tá. Então, tinha uma relação muito de domínio também dentro de casa, dentro de casa, né? São pontos importantes. Vamos pro dia 8 de março. Você tá me contando que você foi conversado. Ele não quis, você caiu. Você vai para outra torre, você chama uma amiga. Ah, o que que acontece nesse 8 de março? Acontece que eu fui, deitei, tava assistindo, acabei dormindo e aí nisso que dormi, eu lembro da primeira pancada na cabeça. Como assim? Vocês estavam na mesma casa ou ele chega? Ele chega, ele chega na casa. Eu não vi chegar. Eh, ele tinha a chave. Sim, eu ouvi a zoada da porta abrindo, né, devagar. E aí, eh, eu lembro da primeira pancada assim com flash, né? E aí a primeira pancada na cabeça. Fora isso, eu fui me recordando isso tudo porque você foi lá conversar com ele, você cai da cadeira, ele fala que você é dramática, tem uma pessoa no meio ali, não vou entrar nem nesse mérito, você pega essas coisas, vai para outro lugar, você liga para uma amiga e fala: “Vem me ver.” Essa amiga não vai te ver nessa hora? Não, ela não vai. Ela me encontrou no outro dia porque eu sumi, né, que foi a Lu, ela tava trabalhando, inclusive ela falou assim: “Amiga, vou tentar ir mais tarde, eu tô na cidade anexa, né, trabalhando e aí depois eu eu vou tentar ir sim”. Eu falei: “Tá bom, então depois vai me ver”. E você daí você, como sua amiga não foi, você tava triste porque tinha te dado até o estalo que você realmente seria a melhor coisa para você era se afastar dele. E você tá vendo, tá vendo televisão, ele chega em casa, como vocês tinham ainda uma relação no vai e volta, tantas coisas, por que que o o Não sei se ele chega e te dá uma porrada na cabeça. Eu levei a porrada na cabeça. A primeira por você chegou a olhar para ele, você viu? Tá, eu ouvi a voz. Ouvi a voz e veio o volto assim da da dele, né? A das características dele. E aí eu levei a primeira pancada na cabeça. E aí após essa primeira pancada que aí eu apaguei nisso, apaguei. Consigo ouvir a voz, ver o o vulto, a toda a situação, né? E ai é bem difícil eh relembrar quando a gente relembra da do fato, né? Mas se você não quiser voltar para esse momento, a gente não volta, não. Eu consigo dar alguns detalhes, né? Eh, eu prefiro não dar todos para não não me expressar, mas assim, lembro disso. E aí, resumindo a o a ópera, eh, eu me lembro de da Lando, eu lembro das palavras proferidas também. Você gritou? Não, não consegui. Você pediu se Não, não consegui. Eu não tinha posto. Ele revirou coisa de te bater porque você ficou muito machucada. No quarto. Ele quebrou seu nariz. Eu vi as fotos do seu Z matô. Não sei como você conseguia enxergar se conseguia. Uma pancada na cabeça dessa maneira. A parte daqu ele chutou alguma coisa em você? Chutou. Eu tinha chutes nos quadris, principalmente, né? virilha, quadrizes, eh, nos braços, eh eh ombros, ã, tinha nos joelhos muito também, eh, mãos, ã, dentes quebrados, ã, foi dentes, olhos, crânio, eh, nariz, ombros, tórax, quadris, joelhos, calcanhares, Você só lembra da primeira pancada, você não lembra do do porque o corpo desliga nessa hora até com proteção. Você não tentou nem se defender. Você não teve nem tempo de se defesa. Eu não tive força. Eu acredito que pela porque eu sinto eu senti os braços enrijecerem eh eu me fechar, fazer assim normal você ficar em ficar em em posição fetal é da natureza do corpo. Ele vai fazer isso mesmo. Mas não é que você tava tentando pegar coisa, jogar nele, não. O seu corpo vai se retesando porque é o do exercício mental do corpo. Ele é muito maior que você. É, é maior. É maior dimensão também. Você, você tem quanto de altura? E uma pessoa que praticou, eu tenho 1,65, é uma pessoa que praticava esportes, né? Então ass dentre outras coisas. E ele tem o quê? 1,80 1,90. Ou seja, só para mostrar o tamanho da disparidade de absolutamente tudo. Então você simplesmente tem todos esses esse ah assim e ainda tem um detalhe terrível. Ele escreveu o quê na sua testa? Então, a gente quando a gente chegou no hospital, a gente tava um pouco difícil porque foi, pelo que se entende, eh, pelos laudos, foi feito com algo perfurante, né, para poder marcar, mas não foi, não era caneta nem nada. Pode ser ter sido alguma até das minhas grafites, né? Eu tinha várias, porque minha minha mesa, meu escritório era dentro do quarto e tava tudo caído e o a gente viu depois foi formando, né? Se quando foi cicatrizando a palavra lixo. Então ele quis te tatuar ainda, não é? Nem que ele escreveu, ele quis te marcar. É, era para marcar porque assim que se a cicatriz, a cicatrização ia deixar mar. E você conseguiu não ter isso. É, ainda tem um pouquinho aqui que a maquiagem cobra um pouco, né? Mas ainda tem um pouquinho, mas eu fiz muito laser. Teve uma uma amiga de trabalho que ela me ajudou muito, né? E ela fez muito laser para poder não para cicatrizar. Usei muito creme também. Eu ainda tenho muito muita no olho esquerdo. Tô fazendo um tratamento para poder sair porque ele oxidou bastante, né? Devido a a ao hematoma que tinha, né? O meu olho ele extravazou. Eu tive sorte para não ficar cega também. E eu te até te perguntei se ele te jogou para um lado pro outro ou foi tudo na cama. No chão. Tava no chão. Eu tô na área entre a cama e o escritóiozinho que eu tinha. Ele chegou aqui derrubar coisa. Derrubou muita coisa, tinha muita coisa derruba. Então além de tudo ainda fez. Então ele fez barulho. Nenhum vizinho ouviu nada? Nenhum vizinho. Não tive ajuda de vizinho. Não vi os vizinhos entrando, não vi. Porque eu vou te falar uma coisa, bater numa pessoa faz barulho e o nível de de machucado que você tinha e que você ainda tem faz muito barulho. E se ele derrubou coisa, eu imagino a barulheira que não era. Faz barulho. Exatamente. E ninguém fez nada. É o único, o único barulho que eu não consegui fazer foi pedir socorro, né? Mas todos os outros barulhos com certeza tiveram. Porque eu eu ouvia os barulhos, eu ouvia a tudo, entende? Eu eu só não estava, vamos dizer assim, com com, vamos dizer, com ação em relação a tendo, podendo ter ação. Eu não conseguia ter ação diante do meu corpo, né? Eu não conseguia comandar meu corpo, sendo bem claro, mas que dava para se ouvir, eu acredito que desse sim, né? Lógico. Quebrou algum osso, quebrou algum algum dedo, alguma coisa? Não, eu tive sorte de não quebrar osso. Eu tive fratura na um fratura no Zigo Mágico dessa região aqui, né, que a gente chama de periorbital. Você podia ter ficado, você podia ter perdido, você podia ter ficado cega, você podia ter ficado um vegetal e você podia ter morrido. Eu tava saturando muito pouco, muito baixo. Eu já eu vou fazer uma pergunta agora que eu faria que eu já puxando lá pra frente. Ele tá sendo investigado hoje pelo quê? tentativa de homicídio ou ou agressão, tentativa de feminicid. Meu caso foi colocado como tentativa de É, meu caso foi colocado como tentativa de feminicídio isso. Porque o fato de você não ter morrido não significa que ele não tenha querido te matar. Talvez ele tenha achado até que você já tava morrendo. Se essa se a sua saturação tava tão baixa, talvez ele nem percebesse que você já para ele você podia ter tá morta. É, tava jolado, o ar condicionado tava ligado inclusive, entendeu? Então assim, eh, para morrer faltou, sendo muito sincera, faltou muito pouco. Todo mundo eh depois quando minha mãe chegou na conseguiu chegar lá no hospital e aí a gente foi andar um pouquinho, né? Eu tinha muita dificuldade de andar. Aí minha amiga tava inclusive levando essa que me encontrou a filha dela, porque ela tava gripada e aí eu fui no PS encontrar ela porque ela não tava conseguindo entrar para assim seu horário de visita. Falei: “Ah, a gente vai andando devagarzinho”. E aí eu nem sabia daí quem era que tinha me tratado e tal. E aí as pessoas apareciam e me viam. Eu falam assim: “Gente, você foi um milagre”. Eu achava engraçado que eles falavam assim que eu eu mesmo toda quebrada eu era fui muito educada, né? Que todo eles falavam: “Ah, vou tirar sua roupa”. Aí eu, ai obrigada, eu vou te fazer isso. Obrigada, por favor, tá doendo se aí eles falavam que eu ficava só assim falando e agradecendo. Aí eu falei: “Gente, eu não sei, me desculpa, não sei quem são vocês, mas obrigada mesmo assim”. Que horas que ele bate em você no dia 8 de março, dia da mulher? Dia da mulher. As datas não são escolhidas à toa. Nada é à toa. Ah, ele nada para casa. Ele que horas ele ele te ele ele tenta te matar? Exatamente. Para mim foi não consigo precisar porque como eu tava dormindo, mas era noite, era noite, já tava tudo escuro. Quero, quero só ter uma noção de quanto tempo você ficou jogada e largada ali. E quanto tempo ele ficou E quanto tempo ele ficou no prazer dele imaginando o seu fim solitário sozinha? Mal sabendo ele que ele você tem noção, o que a gente tem noção que foram mais de 18 horas que eu fiquei desacordada lá sozinha. Sozinha sozinha. A sua amiga chega na sua casa e ela consegue entrar na sua casa como? Então foi foi muita sorte e e e e reza então de provavelmente da minha mãe, né? Porque assim, eh, lá é um condomínio muito seguro, né? Então, era, é, eu fico imaginando isso porque se eu contasse aqui em São Paulo na casa de um amigo, eu não consigo, tenho que chamar nem a polícia, é uma coisa impressionante. Então, como é que ela conseguiu ali? Então, e aí quando ela chegou, ela falou que não conseguiu falar comigo o dia todo. E eu sou uma pessoa assim, eu demoro de responder, mas eu sempre respondo. E aí ela chegou lá, achou tudo muito estranho, a gente se falava exatamente todos os dias e falou com o porteiro que eu tinha assumido e com certeza não tinha saído de casa e que ela quer desculpa só te cortar só para só para uma coisa. A sua amiga percebe que alguma coisa aconteceu com você, porque é por isso que ela vai até sua casa. Mas você tava triste, que você tinha pedido para ela ir na sua casa, ela te manda mensagem, você não responde, ela começa a perceber que tem algo e é por isso que ela vai até lá. Percebeu? Percebeu? Porque assim, quando acontecia uma coisa com uma ou com a outra, a gente ou uma ia na casa da outra, a gente saía para conversar nos intervalos que a gente conseguisse. Então assim, eh, ela não foi, aí ela tentou falar comigo para saber como é que eu tava, porque aí qual coisa a gente se encontrava até no domingo, né? nada de responder. Nada de responder. Ligava e não atendia. E aí ela foi e chegou lá no, ela foi até o meu condomínio e aí chegou, falou com o porteiro e falou que eu não estava respondendo, não tinha atendido e que ela queria entrar no apartamento para me ver, não permitiram. Aí nisso ela teve que, ela falou que ia chamar a polícia e que se alguma coisa acontecesse comigo eles seriam culpabilizados porque não deixaram ela entrada. Tanto é que ela teve que deixar os o nome e tudo. Eles eh ligou pro síndico, né, permitiu, mas teve que deixar todas as informações, logicamente. E aí eh dentro do meu bloco tem a o reconhecimento facial, né? Eh e aí não não liberar, não facilitaram isso para ela também na hora e ela não sabia que tinha que apertar para poder liberarem. A sorte foi que uma pessoa abriu, até ela me referiu que abriu a porta, ela conseguiu entrar. Quando ela entrou, ela foi até meu andar e aí o a porta do apartamento tava aberta e só que já era pura, era noite, ela chamou, né? Ela me chama por me trato com Rebeca, meu segundo nome. E aí nada de responder. Eh, a televisão, ela viu que do quarto que tava ligada. A s a minha sorte foi porque eu torci, porque eu tava engasgando, né, ainda. E aí ela foi até o quarto. Quando ela foi até o quarto, ela ligou a luz e me viu no chão. E aí foi o desespero dela, que ela começou a chorar desesperada. Eh, fala, ela começou a me puxar, ela me que que que aconteceu com você? E ela falava assim: “Você tá toda roxa, você tá roxa”. Só que na minha cabeça, quando eu fui voltando, eu falei assim: “Eu tô roxa porque eu pensei, eu tava com frio, eu sentia muito frio.” Falei: “Será que era era as minhas extremidades que tavam frias, eu não tava fazendo troca, mas vi, eu tô arruchando e eu sem entender.” Aí eu sentia muita dor e e ela falava: “Amiga, seu dente, Lu, meu dente, eu caí”. A minha primeira noção foi, eu caí e bati o dente. Eu não e eu não consegui abrir o olho, eu não tava entendendo o que que tava acontecendo. E aí nisso ela ela me me resgatou, me tirou, né, do do chão. E aí nisso, quando ela me resgatou do chão, eu eh chamou uma outra amiga nossa, essa outra amiga, para poder me poder chamar a polícia, chamar tudo para poder me salvar. Daí que ela chamou SAMU e tudo. Isso, chamou SAMU e tudo. Você ficou quanto tempo no hospital? Eu fiquei no hospital cerca de uma semana. Que momento que você percebe que você não caiu. Você, na verdade, tentaram te matar e quem tentou te matar foi o seu companheiro. Que momento que você vai tendo esse esse essa essa volta? da memória, de entender o que aconteceu com você. Então, nas primeiras 36 horas e meu não tava entendendo exatamente nada, porque e principalmente foi um momento muito difícil, porque eu tinha amigas, poucas amigas, né? Mas eu acabei ficando sozinha. Fiquei sozinha esses esses dias lá e não tinha a luta tentava aí da forma que que dava, porque ela também tinha o trabalho dela e e a filha. E eu eu fiquei perdida. Eu falei: “Meu Deus do céu, o que que aconteceu? Por que que eu tô aqui? Como eu me machuquei e não tinha como falar com ninguém. A sorte é que estavam com o meu celular, né? As meninas pegaram meu celular e aí conseguiram falar com os meus pais. Aí eu consegui lembrar do celular do meu pai de cabeça. Eu pedi a uma moça que tava do meu lado, né, minha caiira de quarto para ligar. Eu falei se eu podia falar com o meu pai na mensagem, porque eles iam ficar preocupados. Minha minha maior preocupação é que como eu falo todo Ai, travou. Você me falou assim que como você tava preocupada para falar com seus pais porque você falava com eles todos os dias. Aí eu já não sei mais. Daí você pediu para uma companheira do lado ligar pro seu pai. É isso. Isso. Aí eu pedi para falar no WhatsApp, né? Eu falei, “Posso falar com ele e fazer este vídeo?” Eh, não, ligar pro WhatsApp? Ela falou assim: “Pode.” Aí adicionou e liguei. Quando liguei, meus pais já tavam sabendo, não sabia, né? Meu pai pediu assim: “Filha, deixa eu te ver”. Aí eu falei: “Ah, não, eu tô machucada, mas eu tô bem”. Aí quando eu fiz a videochamada, minha mãe só fez assim: “Ô, mãe, a gente tá indo”. Falei: “Não precisa não, meninas, meninas vão me ajudar aqui. Pode ficar aí, minha mãe, a gente já tá saindo.” Nisso. Eu sei que meus pais viajaram, nem lembraram de avião, viajaram de carro. Meu pai disse que foi dois dias, duas noites, eles não nem pararam para dormir. E que geralmente a gente para e dorme, né, quando tá vindo. E aí eles vieram direto e aí chegaram para cuidar de mim. Nesse momento é que você lembra que você ficou 36 horas ali meio sem saber o que aconteceu. O seu companheiro, você tentou falar com ele, alguém tentou falar com ele para avisar que você tinha sido encontrada praticamente morta. Ele tentou saber de alguma coisa de sua, tentou te visitar? Meninas, nós meninas falam inclusive que eu na hora que eles estavam, na hora que eu que me resgataram, eu pedia para não chamar ninguém. Eu gritava para não chamar ninguém, né? Eu na forma que eu ainda conseguia me expressar, eu falava que não chamasse a sua, você travou o vídeo, mas o áudio tá continuando. Você, a sua, as suas amigas entenderam o que tinha acontecido com você? Entenderam na hora? Elas entenderam na mesma hora, só que aí Laíse, travou. Ah, então as suas amigas já perceberam que tinha acontecido. Alguma delas tentou falar com ele? Não, nenhuma delas tentou. Elas ficaram meio assustadas inclusive, né? E não tentaram, só falaram mesmo com meus pais. E aí ninguém falou nada do que tinha acontecido comigo. Eu ficava muito daquela coisa. Sempre tive uma preocupação muito grande com a minha imagem em questão da da minha exposição, porque querendo ou não, eu sou uma médica que é pública, né? Então, eh, eu também não queria que as pessoas soubessem naquele momento que tinha acontecido comigo. Eu ficava com muito medo eh da situação. Então, todas elas ficaram muito, foram muito respeitosas até no no pós disso. E aí você me perguntou quando eu me dei conta, né? Eu me dei conta quando eu tomei banho pela primeira vez direito com minha mãe, porque as enfermeiras estavam me ajudando a tomar banho, eu não conseguia nem ficar em pé. Nos primeiros dias eu não conseguia. E elas me ajudavam da forma que podia. No dia que minha mãe eh me trocaram de quarto, no dia que eu fui tomar banho e tinha um espelho e aí eu vi, eu vi os machucados, aí eu me dei aí a foi caindo, foi lembrando é tanto é que foi aí que eu recebi todo o apoio psicológico de lá do hospital. Fiquei na Santa Casa de Maringá, foi um um atendimento. Eu fui viaç porque não acharam meus documentos, não acharam nada. Mas se eu te disser que eu tive um atendimento de primeira linha, eu tive ali, eu tive todos os exames, de todos os cuidados, vi a maior atenção e não sabia o que eu era médica. Então assim, foi essa. Nossa, impressão que interessante. Nem médico, eh, você vê que o cuidado é bom de fato, né? Não porque você é médico por causa disso. Quando você realizou tomando banho, se viu no espelho, como foi você entrar em contato com aquele passado tão recente? E com um futuro que não deveria ser aquele, uma vez que você não deveria estar tomando banho, você deveria estar sendo ou cremada ou enterrado. Eu não tive percepção, não consegui absorver nem ter percepção naquele exato momento, não, sabe? Eu só ficava, eu tava sentindo tanta dor em tanto lugar que que eu não conseguia pensar. Eu tive algumas crises de pânico, isso eu posso normal eh te contar que aí eu eu pedi a psicóloga e ela ia de prontidão. Por exemplo, no dia que que eu tava sentindo muita dor de cabeça, eu tive uma crise de pânico, eles foram e aí eu comecei a falar mais. No dia que eu vi o que tava escrito na minha testa, que eu pedi desesperadamente que essa minha outra amiga fosse para me ajudar a tratar, aí eu eu fiquei desesperada e aí eu tive essa crise. Então assim, eu fui tendo crises e crises e crises diante do momento, mas ficar absorvendo a situação, absorvendo que era para tá mor, que eu podia estar morta e tal, eu não ficava eh administrando isso e absorvendo o tempo todo, não. Eu ficava mais pensando em como não ter dor, em como não passar mal, em como ficar na cama. Estava me incomodando que eu ficava bem prostrada, porque eu não conseguia fazer nada, exatamente nada. Minha mãe me ajudava em tudo, me ajudava a comer. Nos primeiros dias foi bem difícil, eu não conseguia morder, né? Até hoje eu não mordo, né? Tô reconstruindo, reconstruindo, desculpa, os dentes. Então assim, e eu não conseguia cortar as coisas e eu sozinha. Então, para comer e não conseguia comer direito. Então, para comer era muito difícil, pegar as coisas e colocar na boca era muito difícil. Então, assim, eu tava tentando lidar o meu mental para conseguir sobreviver naqueles momentos, né? Então, não me sorvia nada. Você ficou com medo de ele aparecer? Fiquei. Eu fiquei com medo de de várias coisas, de várias pessoas aparecerem com medo de todo mundo. Tanto é que eram pessoas respirritas que poderiam me ver. A, inclusive, foi uma coisa que a própria Santa Casa me ofereceu diante do que tinha acontecido, da comprovação da agressão. Eles me protegeram o máximo que puderam. Por que você ficou com medo de várias pessoas e não só dele? Ai, porque na minha cabeça, diante de tudo que eu já vivi, atendi, eh, acompanhei situações de mulheres que foram agredidas, qualquer pessoa poderia fazer e terminar o serviço. Então, assim, eu ficava com muito medo. Ninguém entrava se não fosse pessoas da lista. Você já tinha atendido mulheres agredidas com violência doméstica e tudo? Já já atendi. Inclusive quando eu morava naquela região de Guarapuava, meninas novas que casavam, eu era muito, vamos dizer assim, ativa em combater aquilo de eu tinha uma uma relação muito grande com a promotora da região, que eu passava alguns casos, a gente conversava, entendia os fatos, tentava deixar aquela menina o mais máximo protegida possível, inclusive sexualmente. Por isso que eu nunca pensei que eu seria uma pessoa, né, que que seria que estaria naquele estado. Uau! Eu não sabia disso. Então você se entendia muito mais ainda, porque você se viu naquelas meninas que você ajudava. Sim, me vi. Me vi aqui na na federal onde eu formei. A gente tinha um ambulatório também muito voltado para isso. Na época eu era também muito ativa. Então eu entendia muito daum de algumas distorções de sexualidade de algumas pessoas, de como aquilo fazia também algumas manipulações sobre isso, eh as mulheres que eram agredidas e como elas eram acolhidas. Então assim, eh eh eu eu tinha noção, eu posso dizer que eu tinha noção, eu tenho noção da vivência de um abuso, eu tenho noção do que pode acontecer do fim trágico, principalmente quando não tem não se tem justiça, né, do e como a mulher ela mesmo sendo vítima, as coisas não são dadas importância e as histórias elas deixam de ter veracidade diante dos discursos de outros. Por isso que eu não precisei que minha história ela não morresse. Lógico. Você falou da justiça, você estava meio fora de órbita até você descobrir o que aconteceu com você. Mas a polícia já tinha entrado na história? Tá, já tinha entrado porque a polícia foi acionada no mesmo momento, né? Quando aconteceu essa outra amiga nossa, ela falou com a que eu não sabia o que fazer. Ela chamou a polícia imediatamente, né? E a polícia viu diante do do que tinha acontecido, né, que que tinha sido uma agressão muito violenta. E aí não uma agressão não, mas tentativa de feminicídio. Isso. Exato. Que são leis diferentes e penalidades distintas. Exato. Mas na no momento eles têm eles viram como uma agressão. Exato. Mas viram como uma agressão extremamente violenta em em mim. E aí, eh, depois de todo contexto que aí foram vendo a mudança do caráter criminal, né? Eles conseguiram levantar provas que coloc, mas a polícia precisa provar que ele esteve no apartamento e assim eles pegaram provas de elevador, câmeras, essas coisas. Em relação a isso, que eu posso te dizer é que nem tudo foi feito como deveria ser feito. Tudo sendo bem sincero. Eh, a o que por isso que a gente tem ficado bastante em cima. Eu posso dizer que eu tenho equipe de advogados excelentes, pessoas que, inclusive, eu não tenho vergonha nenhuma de dizer, eu fiquei diante de tudo, de lesões patrimoniais que foram tidas diante disso, eu fiquei sem nada e eu não tinha como ter ninguém para me ajudar, como pagar. nada. E eles se disponibilizaram a a me ajudar e tal. Então assim, a minha advogada, as minhas advogadas e o advogado que estão me representando, eles são pessoas que estão correndo muito atrás disso, né? Para que todas as provas elas sejam colocadas de uma forma muito correta, mas não foi feito como deveria ser feito. Você tinha uma proximidade à família dele? Sim. Alguém te procurou? Alguém te visitou? Alguém te mandou flores? Alguém te mandou um abraço virtual? Nada. Eu tive apoio de uma única pessoa com com quem a qual ele havia tido problema, né? E e foi uma pessoa que me tentou me confortar e me auxilou da forma que pôde, mas também depois eu eu mesmo procurei não ter mais relações nem nada para me proteger. Entendo. É você eh eh aí a polícia a polícia chega e você tentou saber dele alguma coisa. O que que aconteceu com ele? Ele foi, ele fugiu pro Rio Grande do Sul, não é isso? Não, não fugiu no mesmo momento, não. Continuou lá e aí eh, foi vivendo, né? Eh, inclusive uma das falas que eu soube depois é que eu foi eu cometi o meuado que tava ali com todas as pancadas e porradas foi uma tentativa. A mentira de alta uma autoexecução. Você se ficou se batendo o tempo inteiro. Capacidade. Ele falou, ele falou que você tentou tirar a própria vida. É isso. É, foi falado. Foi falado que eu tentei, eu tentei me suicidar. Eu não sei como é que é uma pessoa só deixa eu pedir uma coisa. Eu não posso usar a palavra suicídio, então eu pedi para você falar de novo que eu tentei me autoexecutar ou tirar minha própria vida. Pronto. É. Então, foi falado sim que houve uma tentativa, como diz hoje na internet, de desviver, de desviver, uma auto execução. Bom, mas isso acho que realmente foi feito perícia, foi feito o exame de corpo de delito, tudo com você? Foi, foi feito, foi feito em todos os caráteres, principalmente para ver se eh houve alguma tentativa de violência sexual também, né? Então, foi feito tudo sim, corretamente. E não teve violência sexual, não. Violência sexual não houve. É porque eu ia perguntar isso porque eh da natureza desses covardes muitas vezes é uma delas é isso, né? é ir até o fim dessa história. Ele continua vivendo a vida normal, ele continuou que eh eh andando como o andar dos bons. Que momento que é? Ele foi preso, não foi? Teve uma prisão. Teve uma prisão por não, acredito, pelo que eu me lembro, não comunicação correta de onde estava, né? Porque mudou, mas não pelo caráter da situação, porque ele foi pro Rio Grande do Sul. Sim. foi para outro estado. Exato. E aí não informou corretamente. E aí quando eh você não fala, né, tem como se fosse um fugitivo em relação quando se é suspeito. Não é isso isso? E ele tá solto. É por isso. Sim. Sim. Você falou que você saiu além de lesionadas eh fisicamente, mentalmente, na alma, eh no patrimônio. O por que que você perdeu tudo? Então, eh, tinha valores, né, que que eu acabei eh foram emprestados para poder fazer a aquisição de uma coisa, né, emprestados entre aspas, porque seria para o nosso futuro, né? Então são valores altos, né, eh, que a gente tem a todos os registros, né, além disso, que não houve não houve nem tentativa de evolução, logicamente, então ele retirou todo esse dinheiro. E fora isso também, naquele momento, eu acabei não podendo trabalhar mais na cidade. Então, assim, fiquei sem nada, nenhum apartamento que eu também ajudava a pagar, eh, fiquei sem nada, nada, nada, nada, nada, nada. O contrato foi desfeito, né, entre aspas. E aí eu fiquei sem nada, voltei e naquele momento eu tava entrando a a única reserva que eu teria, que seria uma reserva para sobrevver os próximos meses até voltar a trabalhar. E eu tinha entrado numa sociedade, né, com esses, inclusive com essa minha amiga, a gente teria uma clínica lá em Maringá. Lá em Maringá. Então assim, eu fiquei sem nada. Você volta já? Você já volta com seus pais? Eu volto com meus pais. Eu voltei, fiquei uns dias em em Maringá Recolhida, né? E em outro lugar tive assessoria de uma outra amiga que era da de Guarapuava e a família era de Maringá. E aí fiquei lá, eh, fui acolhida por elas, por eles. E aí depois a gente foi eh voltou, depois de antes de tudo, acabamos indo paraa Bahia. Ele nunca tentou falar com você? Eu sei que nem pode, mas ele tentou. Não faz isso não. Não houve tentativa. A única coisa da da coação que teve foi em relação ao ao apartamento mesmo, que era eh era um contrato, como a gente fala, um contrato de de gaveta, né? E aí a pessoa que que tinha esse contrato começou a tentar distorcer a conversa comigo para poder como se eu tivesse não tivesse vínculo nenhum e eu aquele apartamento eu tivesse alugado com ela, né? Não fosse uma compra nem nada para devolver que ela iria morar lá. Você tinha comprado um apartamento e é por contrato de gaveta e essa pessoa falou que era alugego pra gente, eu ia o ele tinha dado uma parte e aí eu as parcelas eu pagaria. Entendi. Então você tinha, vocês dois tinham comprado um apartamento juntos. Esse apartamento deixou de ser de vocês e passou a ser da do proprietário anterior que é ligado a ele. É isso? Isso. Uma pessoa ligada a ele. Então ele conseguiu que tomar tomar bonito. Uma pessoa consegue fazer tudo isso. Ele está solto, ele está vivendo tranquilo. Ele ele ele confessou não. Ele diz o quê? Ai tantas coisas. especialmente essa tentativa, né, de desviver, né, de auto execução. Fora tentativa de auto execução, que a gente não tinha um compromisso, nunca teve nenhum tipo de relacionamento, apenas uma amizade com eh relações ocasionais, né, relações sexuais ocasionais. Eh, fora isso também que ele já tinha um relacionamento com uma outra pessoa e que eu sabia. Então assim, são várias coisas que são faladas que até eu acho engraçado, quando eu postei minha situação na internet, as pessoas não entendem porque que a gente não fala muito sobre, né? Mas eh que a questão que a gente não, eu não posso expor todas as coisas porque tá numa situação de investigação, não? Você tá em segredo de justiça também, porque como poolência doméstica, isso, aquilo, entra em segredo de justiça, não entra, não. É só, acho que não, acho que é só violência sexual e menor de idade. Eu não sei, mas você não pode falar o nome dele segredo de justiça. Tá em segredo de justiça. Tá, é segredo de justiça. E aí eu não posso ficar, você não pode nem me dar muitos detalhes da investigação por conta do seg justiça. Exato. Exato. E as pessoas não entendem isso, né? Eu posso contar minha história, como eu vivi, com que eu vivi. Só que aí as pessoas começaram a questionar muito, ai o que que ela fez? Ai, deve ter sido alguma traição. Ai, isso e aquilo. E tipo, vamos lá, se você tivesse traído, onde tá o direito de ele matar? Exatamente. Nada de múltip de violência. Se você o o que ele fez se torna absurdo, se torna absurdo. Não existe justificativa. Não se busca justificativa. Exatamente. Se torna acaba se tornando até um tanto quanto absurdo e esses questionamentos, entende? Eh, então e como você lida com isso quando as pessoas ou você nem olha mais isso? Não, não, nem olhava. Eu achava absurdo assim. Mas como eu te disse, como eu já eh a atingi tanto eh sobre mulheres que passavam por isso, eh que aconteceu isso, que eu já sabia o padrão de comportamento que sempre tem, perdão, uma culpabilização por trás, que se fala isso por trás, né? Então assim, eu eu já sei que seria assim que falariam isso, principalmente por não falar. As pessoas ficavam assim: “Ah, porque você não fala? tem que falar o nome, tem que botar isso e aquilo. Falei, gente, não, acima de mim está a justiça, acima de mim está a forma como ela é conduzida. Então, eu tenho que também ter respeito diante disso. Se eu quero uma forma de justiça leal, que é, eu tenho que respeitar. Você tem que respeitar a lei. Eu tenho que respeitar a lei. Então, assim, eu eu quero eu tenho que seguir também a orientação dos meus advogados sempre. Você tem eh hoje tá como? Ainda está em inquérito ou já foi denunciado? Ainda está inquérito. Ainda está inquérito. Estou por ainda inquérito. Você não pode me falar, tá? Porque tá inquérito. É, não posso. Mas ainda está inquérito, que é uma coisa assim que me deixa ainda. Faz mais de 90 dias. Faz mais de 90 dias, que é o que me deixa muito inconformada. Eh, eu pensei que agilizaria muito grande a fase, o inquérito, ele avançou muitas coisas quando o caso ele veio à tona, porque inclusive a Luía Brunet ela veio veio falar comigo e tudo mais, ela é uma pessoa que me apoiou bastante, porque ela é ativista, né, a atensora dela na Europa. Então assim, foi um apoio que eu tive muito grande até para entender o que fazer, né, e aí correr um pouco, mas depois ficou nisso daí, tem estado nisso daí. Fica aqui o meu convite pro Fica o meu convite pro delegado, pro promotor, se já existiu ou promotora. Eh, também sempre eu tenho que abrir o canal para todos os lados. Se o autor quiser trazer a sua versão também eh eh é só mandar pra equipe e-mail pra [email protected] que a gente entrevista. Eu gostaria muito de entender com o delegado o porqu da demória do inquérito. Todos os laudos já saíram, foi, devem ter feito tudo. Eu queria entender porque que ele foi denunciado ainda, porque se ele for tentativa de homicídio, daí, se eu não me engano, ele tem que ser pronunciado, porque ele vai a júma tentativa. Você eh faz muito pouco tempo, então o seu futuro é muito recente. você como mas como está com a com o seu olhar para relacionamentos? Ele mudou isso para sempre ou você ainda acredita que você possa viver um uma história boa? O seu futuro agora é muito recente de uma série de coisas. você ainda tá em reconstrução, em absolutamente tudo, mas você é uma moça jovem, bonita, eh, que tinha um bom olhar pela vida e acredito que volte a ter, porque isso tá dentro de você. Para relacionamentos, você ainda acredita como é que tá agora você ou isso tá completamente congelado e você não quer pensar nisso por um bom tempo? Eu agora meu foco maior é reconstruir a minha vida, né? né, reconstruir minha carreira, reconstruir todas as coisas que eu preciso, principalmente, como eu disse, eh ficaram muitas contas, muito estresse, muito e também eu preciso focar na minha família. Mas até me perguntaram você uma vez, eu não desacredito. Eu, se eu não desacreditei nas pessoas diante de tudo que eu já vi dentro da medicina e eu tive, vamos dizer, essa oportunidade de viver muitas coisas e a crueldade de muitas formas, não tem por eu desacreditar. Eu sou uma pessoa que que sou muito amorosa por si. Meus pacientes sabem disso, minha família, as pessoas com quem eu trato, né? Eu sempre procuro ter muito respeito e amor. Então assim, eu acredito que se tiver de acontecer, quando tiver vai acontecer. E eu posso vir encontrar uma pessoa que que venha somar na minha vida. Eu só não quero mais que ninguém tente me matar. Mas eu não falo nem mais fisicamente. V falei isso com uma amiga ontem. Eu não quero que uma pessoa tente me matar como pessoa. Meu maior medo é esse, que eu tava morrendo como pessoa. Eu acho que isso me levou a quase uma morte física. Eu não quero mais morrer como pessoa. Fantástico. E morrer como pessoa não é só um marido. Você pode ter pai, mãe, amigos que tentem matar você no na sua alma de ser. Isso que você falou é fantástico mesmo. Eu concordo. Exatamente isso. Eu nem vou perguntar se é possível perdoar ele agora, porque eu acho que esse não é o momento de história sobre isso. Eh, se você, o dia que você tivesse vendo essa entrevista daqui 10 anos, como você quer estar? Eu quero estar com novos sonhos, né? Eu eu não parei de sonhar até hoje. Cada dia eu tô com um projeto novo, cada dia eu tô buscando outra coisa. Eu quero estar bem, eu quero estar com a minha família, a família que eu possa construir. Eu quero tá estar com fé que as coisas podem melhorar, porque o meu caso ele foi, houve justiça da forma como a justiça julgar necessária, né? Eh, estabelecer. Eh, e quero que chegue um momento que eu consiga ajudar outras mulheres. Hoje vem muitas mulheres que chegaram até mim. eu consegui conversar, ajudei algumas, eu não preciso ficar expondo, expõe muita coisa na internet, mas eu não preciso ficar expondo eh a a rede que eu consigo de apoio para elas e e até a a assessora da Luía me ajuda muito a gente conseguir fazer essa conexão, mas eu quero talvez conseguir fazer mais. Eu já tentava fazer mais na medida fazer muito na medida do que eu conseguia dentro da minha profissão, mas eu acho que eu posso fazer mais ainda, né? Eu ainda preciso estar um pouco mais estruturada quanto a isso, né? que ainda tem todo um emocional por trás, mas eu quero fazer mais. Eu acho que uma das coisas que eu daqui a 10 anos eu quero ter e não perder a fé. Não quero perder a fé nas pessoas, não. O mundo cada vez ele leva a gente a ficar sem sem esperança diante de muitas coisas. Mas assim, eh, é como eu digo, até quando eu falo para os pacientes, eu não sou contra o remédio nem não sou contra a reza nem o chazinho de ninguém, né? Então, mas toma o remédio junto. É, eu quero que eu tenha essa fé ainda e com remédio junto. Exatamente. Então, eu quero ainda ter essa fé também. Não, eu concordo com você. Eu acho que ninguém tem o direito de tirar da gente a possibilidade de olhar o mundo de uma boa forma. Por pior que aquela pessoa tenha te matado, você tem que perceber que o mundo é maior do que aquela pessoa, porque senão ela ganhou. Senão ela ganhou para sempre. Se se ele conseguir apagar em você esse sorriso tão bonito que você tem, ele ganhou. Então isso que fica não não consegue. Todo dia é um dia vivo ainda. Você você ainda vai chegar nesse ponto. Eu já fiz já entrevistei pessoas que passaram pelo que você passou já um pouco mais avançado. Eu acho que o olhar pela vida deve mudar bastante. Eu entrevistando vocês, eu tento sempre trazer de vocês todos um exercício pra minha vida, de fazer, de perceber o quanto que às vezes a gente fica triste, bravo, irritado com coisas idiotas. E você, pelo que passou pelo limite, tem que ser um bom exemplo pra gente de perceber que a gente não é nada demais isso que tá acontecendo. Então, pode ser continuar. Te agradeço muito pelo seu relato. Eh, assim como você me tocou, meu dia a dia, com certeza vai tocar o dia a dia de todas as pessoas. Fica o meu convite também, se os seus advogados quiserem falar para explicar eh juridicamente tudo como está. Se eles puderem falar, uma vez que tá em secreto de justiça, fica o convite para eles também. E eu quero acompanhar a sua história. Eu quero muito saber, quando você tiver novidades, por favor, avisa a produção e a gente faz uma nova entrevista para ir acompanhando o desenrolar. Espero que a justiça aconteça de fato, porque quando você tem um caso como seu, bem julgado, eh eh eu digo que feminicida ele tem o prazer dos maus, mas alguns deles podem parar, podem olhar falar: “Opa, já estão pegando a gente, então é melhor não fazer”. Então, espero que você seja um bom exemplo futuro. Sim. Eu desejo também desejo que que é isso que seja um exemplo. Minha história ela ela foi colocada eh eu digo que não foi para publicidade marketing. Primeiro, uma das coisas foi para ter segurança, né? Segundo foi para voltar às minhas rotinas e terceiro para para que tivesse justiça. Eu sei que foi uma pessoa que corria atrás das coisas e que corria atrás de que as coisas elas fossem comprovadas por si só, que fizessem o melhor. Então, o do que aconteceu comigo não poderia ser diferente. Então, tem que tem que ter justiça. Eu não posso descansar enquanto não tiver. O resto, talvez um dia eu volte a dormir um pouco melhor, a relaxar, mas eu ainda, vamos dizer assim, eu ainda tô travando essa batalha, mas eu acredito que eu como diz a gente diz aqui, eu não esmoreço não, então a gente consegue. Grande abraço. Você me contou no começo que você tem também consultório em São Paulo. Uma hora a gente se encontra. Estou procurando nutrólogo, então eu sei que você é nutrólogo. Ah, já f convite. Um beijo grande. Tá combinado. Um beijo grande e a gente se vê em breve para te dar um abraço pessoalmente. Parabéns pela sua força e nunca perca esse sorriso que ele é absolutamente iluminador. Um beijo grande. Um beijo grande e muito obrigada por ter ouvido a minha história e pelo acolhimento. Eu que agradeço sempre. Obrigado. Um beijo.