Pela primeira vez em 20 anos, esquerda deve ficar de fora da disputa presidencial na Bolívia

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No dia 17 de agosto, os bolivianos vão às urnas escolher o novo presidente do país. E pela primeira vez, nos últimos 20 anos, partidos da esquerda devem ficar de fora da disputa política na Bolívia. Na relação com o Brasil, o desafio está nas exportações de gás e no controle da entrada de traficantes brasileiros em solo boliviano. É a mais extensa fronteira terrestre do Brasil. São mais de 3.000 km que nos separam da vizinha Bolívia. [Música] O país vai às urnas para escolher o novo presidente. É uma eleição que pode alterar as relações comerciais entre a Bolívia e o Brasil. [Música] A Record conversou com exclusividade com o atual presidente Luiz Arce, que não é candidato à reeleição, e os dois candidatos mais bem colocados nas pesquisas eleitorais. O ex-presidente Jorge Tuto Quiroga do partido Aliança Liberdade e Democracia e Samuel Dória Medina do União Nacional, ambos de direita. [Música] O principal desafio do novo presidente será a retomada da estabilidade econômica. O país não tem reserva de dólares causada pela queda da exportação de gás natural. O nível de gás nos poços do país diminuiu muito nos últimos anos e novas áreas não foram exploradas. O gasoduto Brasil Bolívia, com mais de 3.000 km de extensão, ainda é um importante meio de abastecimento de energia para o Brasil. Mas hoje a indústria brasileira não depende mais exclusivamente do gás boliviano. Em 2013, o gás era responsável por mais da metade das exportações da Bolívia. Hoje não chega a 20%. Se acabou o gás. Acabou o gás, retiraram os dólares do Banco Central e hoje não há gás, não há diesel, não há gasolina. E como financiam o gasto que continua? Com a emissão do Banco Central, a máquina de fazer dinheiro emitem bolivianos para cobrir o déficit disparando os preços. Hoje tudo está mais caro. É o colapso de 20 anos do populismo. O governo continua gastando como se estivéssemos exportando muito gás e já não há gás. Não fizeram os investimentos corretos na exploração e o governo não se ajustou a essa realidade. Então, primeiro gastaram as reservas internacionais. Chegamos a ter 15 bilhões de dólares. Hoje as reservas estão praticamente no zero. O atual presidente Luiz Arce contesta a crise nas exportações e revela que já houve novos investimentos, principalmente da China no setor. Nós diversificamos vários setores que geram agora excedentes econômicos. Temos o lítio. Temos dois contratos já firmados com uma empresa da China e uma empresa russa que estão parados na assembleia porque precisam da aprovação da assembleia. Nós fizemos tudo agora sobre combustíveis. Acho que é um exagero dizer que estamos em crise. Nós já temos dado a solução estrutural do problema. Nós fizemos a exploração e descobrimos posses. Eles entrarão em funcionamento em 2027. [Música] O principal líder do país nas últimas duas décadas está fora da disputa. Evo Morales, que está foragido da justiça boliviana, não conseguiu registro do novo partido que criou para se tornar candidato. Evo é acusado de ter estuprado uma adolescente de 16 anos e também de tráfico de pessoas. A justiça boliviana expediu mandado de prisão contra ele. Os dois principais candidatos na disputa não tem o apoio de Evo. [Música] Suelo, é um ex-ditador e ex-candidato ou se quiser ex-candidato a ditador. Acho que seria o termo mais correto para este senhor. Ele não tem mais o apoio que tinha. Seria bom que ele fosse às eleições para derrotá-lo nas urnas. E para que fique claro que ele já não tem apoio na Bolívia. Em maio deste ano, Evo Morales recebeu a Record no lugarejo onde vive escondido e protegido por 3.000 apoiadores. Ele acusou o presidente AS de tentar matá-lo em um atentado em 2024. O presidente é o cabeça. Os ministros não fazem nada sem as instruções do presidente. Sem instruções do presidente. Luiz nega envolvimento no crime e diz que Evo vive em uma realidade distorcida. Evo nos acusado de muitas coisas. Evo nos acusou de muitas coisas, com puras mentiras e com nenhuma prova. Não somente a mim, aos meus ministros colaboradores, até a minha própria família, com calúnias, com mentiras. nunca poôde demonstrar absolutamente nada. [Música] Pela primeira vez nos últimos 20 anos, a Bolívia poderá ser governada por um presidente de direita. É o fim da era que começou com Evo Morales em 2006. Luís Erce, que foi ministro de Evo, explica que os partidos da esquerda no país se dividiram e perderam espaço. Ele ainda culpa Evo de boicotar o governo e com isso ajudar a oposição. Evo Morales ajudou com a sua postura de questionar, de atacar, de boicotar a gestão do governo. Funcionou como o melhor instrumento para a direita. Agora, com esse trabalho, Evo Morales dividiu a esquerda, a direita sai ganhando, foi o melhor instrumento da direita. [Música] Em maio deste ano, uma das principais lideranças da facção criminosa PCC foi presa na Bolívia. Marcos Roberto de Almeida, o tuta, era um dos articuladores da quadrilha no tráfico internacional de drogas e lavagem de dinheiro. Ele foi preso na cidade de Santa Cruz de La Sierra. Segundo as autoridades brasileiras, o lugar virou um refúgio do PCC na Bolívia. Os candidatos à presidência da Bolívia prometem cooperação com autoridades brasileiras para prender esses criminosos. Hoje em dia se exporta mais cocaína ao Brasil do que gás. Não é essa gente brasileira que queremos. Os delinquentes do PCC e do Comando Vermelho que tem o meu país como uma espécie de santuário que produz cocaína, se refugiam e tem segurança. Comigo não. Comigo isso acaba. O narcotráfico tem que ser combatido. Sabemos que há uma presença importante da Polícia Federal Brasileira na Bolívia. E eu acredito que no futuro não somente a polícia brasileira, mas toda a comunidade internacional que está lutando contra o narcotráfico terá maior presença na Bolívia. [Música] O Brasil é o segundo maior parceiro econômico da Bolívia, só perde para a China. A retomada das exportações de gás e minérios, como o lítio, importante na fabricação de baterias no mundo inteiro, é a esperança de crescimento do país. O aumento das exportações leva um tempo, vai levar alguns meses. Para normalizar a situação de início, vamos fazer um fundo de estabilização para poder ter os recursos para importar não somente combustíveis, mas bens imprescindíveis dos países vizinhos. 30% temos 30% do lítio. Você vai ver como a Bolívia vai ser a capital mundial de produção de lítio e de baterias de lítio nos próximos anos. Eu creio firmemente que a relação com o Brasil é a mais importante que temos tido por razões positivas, como o gás oduto, o desenvolvimento do gás. Fizemos um cordão umbilical e nos integramos ao setor energético. [Música] Em busca de emprego, mais de 80.000 bolivianos vivem hoje no Brasil. A maioria aqui no estado de São Paulo trabalhando em oficinas de costura. Na próxima eleição, no dia 17 de agosto, boa parte dessa população poderá votar à distância. Esses eleitores se juntam a 7 milhões e meio de bolivianos que vão às unas apostando na reconstrução do país. [Música] Yeah.

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