“POR CAUSA DELE EU QUIS TIRAR MINHA VIDA” – VIVENDO COM O PAI MONSTRO Q MATOU MEUS 3 FILHOS
0queria tudo. Acontece naquele 17 de fevereiro. Nós vamos chegar até ele, mas eu queria ir um pouco para trás para te conhecer, para saber como é sua história, para saber como é a história de sua com o Ricardo, seu agora ex-marido. Ex-marido, agora exmarido. Exmarido. Eu queria entender um pouco como é que que quantos anos você tem hoje? 39 que você falou para mim. Ah, você conhece o Ricardo quanto tempo antes disso? Como é a história de vocês? Como é que vocês se conheceram? Por que que vocês resolveram constituir uma família? Me conta antes do dia 17 de fevereiro de 2021, por favor. Eu vivi com Ricardo por volta de nós completamos 15 anos juntos. Eh, nós imos para 16 anos na época. Eu conheci em 2005. Você tinha o quê? Eu tava com meus Nossa, se hoje você é jovem, hoje 24 2024. Você viu até o quê? 19 anos. Não, tava com meus 22 anos por aí. 22. Super jovem. Seu primeiro relacionamento sério? Meu primeiro relacionamento homo afetivo em todos os primeiros relacionamentos. Isso. Na verdade é, eu tinha ficado com uma pessoa antes, mas namorar mesmo foi um primeiro relacionamento uma afetivo. Então eu conheci em 2005, nós nós participamos de um de um projeto teatral na época na cidade. Eu sou da cidade de Poá, São Paulo, ele também. E nós lá tem um projeto por uma ONG, por um instituto que é Opereta. Eles fazem um teatro religioso na época, hoje é mais social. E eu conheci lá. Ele tinha quantos anos? Era a mesma idade de você. Ele tava com 18 anos. Eu conheci com 17 anos, verdade, e ele ia completar 18 anos na naquele ano. E eu tava com Ah, agora você fala 17, tava é com 20 anos mesmo, 21 anos mesmo. E nós participamos, eu participava da igreja de uma de uma de uma paróquia, ele participava de uma outra paróquia. Nós conhecíamos, eu conhecia apenas de vista na época. Eu conheci pessoalmente nesse projeto, como era religioso esse projeto, nós fos fazer um teatro, então a gente passa uma oficina de uns três meses e foi ali que eu conheci. Na época eu namorava, ele também namorava e enfim, conversa vem, conversa vai, acabou o projeto e começamos um relacionamento, né? Foi bem conturbado, foi bem difícil numa cidade pequena como Poá e eu de uma igreja, ele de uma outra igreja, as igrejas que na época, né? Hoje a gente sabe que existe uma uma prolidade aí, mas antes a Igreja Católica era bem bem forte. Vocês eram, vamos dizer, dentro do armário ainda? Nossa, é sim. Hoje eu falo que é cristaleira, né? Cristaleira, eu acho. Não é porque vocês são de uma geração muito bem, eu sou uma geração bem na sua frente e eu me surpreendo ainda pessoas jovens como vocês que ainda viveram que viver essa fase do armário. Mas você, então, você e o Ricardo saíram do armário juntos. É isso. Exato. Porque, pô, é uma cidade pequena e bem bem bem pequena mesmo. Então, tudo ali 100.000 habitantes, mas tudo regional. Então, e a igreja aceitou numa boa? Vocês não imagina. A igreja foi foi realmente um inferno em terra, né? Nós éramos bem ativos na igreja, então membros eh coordenador, líder de várias pastorais. Então ele era na época coroinha, eu era coordenador de comunidade. Então foi muito difícil, foi muito difícil, foi preconceito, tivemos que sair da igreja, aí teve também a família também que foi bem complicado, muito complicado. E foi quando nós exigimos depois por volta de um ano, sem contar que nós namorávamos na época, então até terminamos, namorava mulheres. Isso. Ah, tá. Então terminamos e começamos relacionamentos. você teve todo esse esse embate entre você namorar mulher e namorar um outro homem. Então foi bem complicado. Então depois, por volta de um ano, depois de uma briga inclusive com a minha família na época e também tinha unos problemas com a família dele, nós decidimos morar juntos. Foi daí que começamos um relacionamento de morar juntos, na verdade. Como era a relação de vocês? Olha, eh, eu falo que é engraçado como que a gente é jovem, a gente visualiza muitas coisas que depois na prática não é. Sempre foi bem conturbado, sempre foi bem complicado, né? Durante todos esses anos que eu vivi com o Ricardo, eh, teve bastante infidelidade, traição, brigas, era muito, muito complicado. Pelos dois lados. Não, não, eu era bem, Ricardo tinha um, tinha um problema que depois com um tempo, né, ele se assume hoje uma pessoa poliamorosa, né, o que ele justifica todas as traições anteriores. Então, foi sempre complicado. Então, mentiras eh que eu descobria, mentiras no trabalho, mentiras, enfim, que tipo de mentiras no trabalho? Ah, por exemplo, o Ricardo eh já falou para mim, por exemplo, uma vez, eu lembro que ele alegou ter sido sequestrado um sequestro relâmpago, por exemplo, porque ele tinha saído da minha casa e ele não tinha chegado em casa de madrugada. Ah, porque vocês não moravam mais juntos nessa época. Nessa época a gente não tava, foi um pouquinho antes de morarmos juntos. E depois, na verdade, até hoje não é mentira, porque até hoje a gente não se sabe, né? só falou que fugiu do cativeiro e e é isso. Mas ele ainda tirou dinheiro ou alguma coisa assim? Não, não. Só foi realmente para passar a madrugada fora. E para isso criou uma história do risco que ficou com risco de morrer. Exatamente. Exatamente. Até hoje o Ricardo ele alega ter tido câncer, né? Ter tido, eh, el e falava para mim que ia fazer que ia fazer químio químio que ia que eu trabalhava na época, ele não tava trabalhando, né? O Ricardo sempre teve um problema com o trabalho, né? Então ele nunca parou em trabalho. Depois de um tempo a gente começou a ter um negócio juntos, né? Mas nas suas dependências como CLT sempre teve mais dificuldade, né? Então eu trabalhei Mas ele inventou que tinha câncer. Que teve câncer. Mas espera, inventar que teve câncer é uma coisa muito complicada, porque você precisa de exames, precisa de tratamento. Vocês estavam juntos há quanto tempo já? Já estávamos juntos nessa época, acho que uns 5 anos. Bastante tempo. Então você já conhecia ele? já já conhecia, mas eu trabalhava na época, passava literalmente de dia fora. Então eu fui no médico, tá aqui, eu fui no médico. Ah, mas você não quer mostrar cadê os exames, não quer. Mas você não ia junto com ele. Eu não ia junto porque ele não queria, ele não queria, ele queria passar por isso sozinho e ele achava que era importante isso para ele. Depois de um depois de um tempo, ele falou que não ia mais fazer tratamento, que ele ia largar de mão, mas ele chegou a cair cabelo. Como é que foi essa quimioterapia? Então, [Música] passava mal. Como ele é sozinho, ele voltava. Mas ninguém ia junto com ele, nenhum amigo, nem família, nada. Ele queria resolver isso, ele queria fazer isso sozinho. Como que ele conseguia te tirar? Porque eu entendo que você eu entendo que se ele tá mentindo, eu entendo que ele vai te manipular para você cair na mentira. Como que ele conseguia fazer você não? Porque é muito estranho também falar: “Pô, mas você não acompanhou o seu companheiro num num tratamento de câncer.” Exatamente. Eh, Beto, hoje, né, depois de muita terapia, a gente percebe o quanto a gente acaba sendo idiota e manipulado por certas situações. Eh, eu não quero que você vá, você não me faz bem, você me pressiona, você eu você você quer ver minha morte. É, são essas situações que acabam acontecendo. E você sente por um tempo. Claro que assim, essa manipulação durou alguns meses, né? Porque depois não tem mais, né? Eu decidi que decidiu que não queria mais fazer tratamento, que ele vai pedir a Deus, que ele é muito religioso, que vai curar. E a gente ficava nessa briga inclusive, né, que não achava justo, achava, não tem que ir, eu vou com você e tudo mais, eu dou um jeito. Inclusive, cheguei a pedir conta, pedi, cheguei a pedir a pedi saída do serviço na época para ajudá-lo no tratamento, porque ele não conseguia mais trabalhar. Ele tava com dificuldades para trabalhar, né, por causa do câncer. Exatamente. Até hoje ele, por exemplo, o Ricardo, ele tem, mas ele ainda fala que teve, ele fala que teve, ele fala que teve. O Ricardo, ele diz inclusive até hoje, e ele já presenciei vários outros amigos já presenciáriam cenas de eh de convulsão, mas não existe nada, nenhum documento, não existe absolutamente nada médico relato, relatório, nada que comprove que ele tem alguma dificuldade, alguma, algum problema eh mental sobre isso, né? Mas ele desmaia no chão, se confusiona, inclusive na é no dia do corrido ele fez e tudo mais. Os médicos foram lá, tudo. Já teve situações em uma vez que eu descobri uma traição dele na praia, a gente brigou tudo, deixei ele lá na praia, ele teve convulsão com os amigos dele, vieram médico, tudo e fala: “Mas não tem nada, eu já tirei exame, já fiz cárdio, não tem nada”. Mas tá lá desmaiado. Então assim, Ricardo, ele tem um problema grave com questão de doença e até mesmo de interpretação para isso. Ele realmente é, mas naquele momento que você tava vivendo o o câncer dele, você não desconfiava que ele tava mentindo depois de alguns meses? Sim. E você confrontou ele? Cheguei a confrontar várias vezes. Cheguei a confrontar e foi quando eu decidi que ah, você não quer mais fazer. Porque eu já descobri, já desconfiei que não tinha mais mentiras, que era minto. Já descobri ali naquele momento. Tá mentindo. Em algum ponto ele tá mentindo para mim. Ele tá querendo alguma desculpa para essas saídas que ele alega ter feito, né? E como eu só eu trabalhava, eu não podia me dar o luxo de sair para ficar, né? E eu cheguei perguntar, mas cadê os exames? Como que faz? Ah, os exames eu eu pedi para é tudo online agora, né? Tudo bem. Então, dá login sem entra. Mas ele não dava. Ele não dava. Ele se acha que ele mentia por quê? São 5 anos de relação já. Já é um tempo bem estabelecido. O Ricardo, ele mentia para justic de ser descoberto. Problema do Ricardo, ele não gosta de ele tem uma, ele é perfeito, ele não pode ser imperfeito. Então assim, mentir para ele, por exemplo, ele não pode mentir. Eu descobri que ele tá me traindo, ele tem que mentir. Ele as saídas dele, principalmente era principalmente por causa de traição, era principalmente para encontros amorosos. Exatamente. Mas ele não pode, ele nunca vai me trair, ele nunca vai fazer algo assim. Então eu preciso, tudo tem que ser justificado, né? Então a mentiras dele sempre era para justificar alguma coisa, para que ele continuasse perfeito. Então você tá desconfiando de mim, eu estou doente. Você tá desconfiando de mim por isso? Ah, você eu deix Nossa, Ricardo, mas você não foi trabalhar porque nós chegamos numa época que a gente fazia evento juntos. Mas você falou que foi no exame, você foi fazer exame. Eu fui. Então, cadê os exames? Você vai chegar daqui 5 dias. Mas e cadê? Você tá me desconfiando de mim? Eu estou ex Não, eu sempre fui, eu sempre fui o monstro. Se você perguntar para qualquer pessoa, qualquer amigo dele, eu sou descontrolado, eu sou louco, possessivo, eh, sou sou carrasco de tudo isso. Eu só vou pedir pras pessoas uma uma coisa. Ele está contando com a visão de hoje o que aconteceu lá atrás. Não adianta vocês falarem: “Ah, mas então como é que ele foi ter filho com ele?” Porque hoje ele percebe isso lá atrás é diferente. Você tem hoje uma visão sobre a sua própria vida antes que as pessoas já comecem: “Bom, mas com tudo isso, como é que ele ficou mais um ano com ele?” Até para ser e eh para te fazer uma terapia em grupo aqui, eu convivi com uma pessoa que foi um amigo muito próximo, que conviveu com a minha na dentro da minha casa durante uns 4 anos e que ele inventou que tinha câncer. Ele inventou que tinha convulsão, ele se jogava no chão, ele quebrava coisa, ele é muito parecido. Então o que você viu, a diferença é que eu não tinha uma relação amorosa com ele. Ele era um amigo e eu via ele vai duas, três vezes por semana, porque até porque ele ficava muito próximo da da meio que chupinha ali. Então eu e eu desconfiava, mas quando eu desconfiava virava um monstro aos olhos dos outros. Todo mundo falava que eu era muito mal porque eu não tava ajudando meu amigo que tinha câncer. Ele não deixava ninguém ir com ele nas na na nosva, eu vou na sua casa, vou te pegar às 9 horas para ir fazer a quimioterapia. Quando eu chegava lá, ele falava: “Não, eu fui mais cedo porque eu acordei, já fui, tô passando mal”. Então ele conseguia. Então para você entender que você não foi o único enganado nesse tipo de de é o mesmo teatro, gente. Eu tô até impressionado. Essa coisa de cair, fazer convulsão, de desmaiar, de fazer jogar. ele jogava uma coisa ali, caía aqui. Então, esse tipo de pessoas, realmente, esse tipo de pessoa existe. E e a gente às vezes não percebe que tá sendo enganado, porque o prazer dele também, não tô dizendo do Ricardo, tô dizendo do do do desse meu amigo que não é mais meu amigo, óbvio, até que todo mundo descobriu tudo e aí ele teve que apagar um passado e já tá refazendo hoje um novo presente com as mesmas mentiras no outro grupo de pessoas, mas daí é o problema de cada um que vai descobrir um pouco o passado dos outros. Vocês se conheceram muito jovem? Sim. Ah, então só fiz aqui só essa empatia para você saber que você não foi o único enganado. Ah, vocês conheceram muito jovem, vocês fizeram faculdade, vocês tinham plano de carreira, você falou que chegou a abrir um negócio com ele, como que era a história entre vocês? Eh, e obrigado pela sua empatia. Eu acho que é importante isso. Hoje eu vejo essa, eu tenho essa visualização, né, principalmente depois do que ocorreu, depois do crime. Foram três anos de terapia até agora, né? Então é bastante coisa que você sugestão é que fique Exato. Não dá para sair. Eu terapia vira filosofia depois. Exato. Então realmente real eu não tinha esse olhar mesmo para o Ricardo. Ele era meu príncipe encantado. Eu fui saí da era preconceito de uma cidade, é o que me ama. Eu sou o feio da relação. Eu sou isso que eu era sempre tá achado. E eu não vou ter outra. Mas ele fazia você acreditar nisso? Sim. Várias vezes. Várias vezes. Eu sou burro. Eu sou o que ah, ele destruiu essa autoestima aí. Nossa, tem vários amigos que presenciam, ah, eu não sou esquecido, eu não tenho memória, enfim, várias outras coisas. Então, sim, eu acreditei em várias coisas porque eu era o homem que eu sonhei pra minha vida, o príncipe encantado que cavalgou e aquele sonho, né, de adolescente, nossa, vou encontrar alguém que vai se apaixonar, vou namorar, eu não quero sair para ficar com as pessoas, eu não quero sair, não, quero me apaixonar, casar, ter uma família. E isso foi o que eu concluí e hoje em terapia a gente vai coloco isso como meta na vida e você aceita qualquer coisa. E é o que acontecia depois disso, né? Você vem com flores e pede desculpa e você é, você não pediu para ser feliz. Sua meta não era ser feliz, sua meta era construir a família perfeita para foto de Instagram, pramente. Exatamente. A família Margarina. E na época, quando eu conheci, eu estava fazendo faculdade de design de interiores na época fiquei um ano e meio e ele tava fazendo direito. Ficou um ano mais ou menos nessa nessa faculdade. Tava mesmo? Não tava porque a gente era vizinho de faculdade. É, nesse caso era, mas ele ficava mais na minha, ficou seis meses na indo na minha sala do que na dele. Ele desistiu mesmo da faculdade. Eu desisti por falta financeira mesmo, que nós fomos morar juntos e nem, né, enfim. a pessoa trabalhava, tinha que manter o resto, né? Então sim, depois disso eu comecei a trabalhar em contabilidade, que era uma coisa que eu já fazia e conciliava com o projeto de fazer um buffet, que nós tínhamos um buffet, fazer eventos e tudo mais. E ficamos nesse período de eventos por volta de uns 11 anos. Mas antes eu trabalhava durante a semana na contabilidade e aos finais de semana trabalhava com realizando o evento, enquanto ele deveria ficar em casa atendendo os clientes, fazendo toda essa parte de de coisa para concluir no final de semana. Depois disso, eu tive que sair do trabalho, né, porque ele tava doente e tudo mais, do trabalho para eu poder sair e fazer essa parte também. Então, depois de um tempo, nós ficamos trabalhando com bif, tocou tudo sozinho, na verdade. É, diz ele que não, né? Mas assim, ele ia, não posso falar que ele não ia, mas se comparado a a função e tudo mais, é óbvio que eu trabalhava mais, né? Mas ele tinha lá as funções dele, né? Não posso falar que ele não fazia. Você fala para mim que quando vocês tinham 5 anos de relação, você descobre, ele inventa essa história do câncer, mas você vai chegar até os quase 15 anos. É isso. 15 anos juntos. Tem mais 10 anos. Que que te fez ficar mais 10 anos? Primeiro, depois de um tempo, a gente terminou várias vezes. Era algo, inclusive isso é, eu falo que é uma, nós sempre brigávamos, brigávamos bastante em época de quaresma. O Ricardo sempre foi muito religioso e coincidentemente, seja o que for, inclusive o crime aconteceu na Quaresma, né? Todas as nossas brigas foram Quaresma. Todos os nossos términos da vida chegava quaresma. Quaresma entre o carnaval e a Páscoa. Isso. Exato. Sempre tem um sempre tinha um problema ali. Então, terminávamos muitas vezes. Teve términos entre Ricardo durante esse período de ficar dois meses, três meses afastados, mas voltávamos. Eu voltava e voltava a morar junto e voltava a morar junto. Já teve aconteceu de a gente ficar um ano separado assim, um ano não, alguns meses e um voltou pra casa dos pais. Eu lembro uma época que foi em 2000 e 8, 2000 não, 2008 mais ou menos. em que eu larguei meu trabalho. É, foi, larguei meu trabalho e decidi morar em outra cidade. Foi até para Bertioga e tudo mais, nós tínhamos terminado. Assim que eu pisei em Bertioga, porque era isso, quando o Ricardo percebia que eu estava indo, que eu estava mudando, que eu estava virando a chave, ele voltava a me procurar. E foi o que aconteceu. Aluguei uma casa inclusive em Berchoga, quando estava mudando procura. E eu voltava e eu voltava. Eu tinha uma dependência muito grande. Por você chegou até alguma relação no meio entre as idas e vindas para até se testar? Não, não. Só nada nenhuma, nada sério. Nada sério. Então era muito comum. Então era muito dependente do que você vivia uma relação, você vivia uma relação, abo que você está me contando, você vivia uma relação abusiva, onde ele te controlava e muito financeiramente, que você trabalhava, era, você era o único que mantinha a casa. Então, dentro desse desse parâmetro, sim. Por um tempo trabalhei fora, ele ficava no bffet, depois acabei vindo para cá e sim, nós trabalhamos juntos e depois a renda acabou virando. Mas é você que você que liderava, pelo que você tá me falando todo. Então ele tinha, nós tínhamos certas funções do bifet, cada um fazia sua função, mas não posso. Quantas vezes já fui trabalhar sozinho, ele ficou em casa porque ele não tava bem, tava com dor de cabeça, ele vivia de enxaqueca, muitas enxaqueca. Quantas pessoas foram na minha casa? Ah, o Ricardo não pode descer agora porque ele tá com enxaqueca. Eu sabia que não. Só não queria mesmo descer. Filhos, vocês conversavam sobre isso, o desejo de estar em paz? Olha, eu não queria ter filho e para mim isso é uma lembrança muito boa, na verdade. Eu não queria ter filhos e eu lembro que nós viajamos pra praia, eh, uma das viagens pra praia, inclusive, eu tinha viajado para descansar. O Ricardo foi atrás de mim, inclusive porque nós tínhamos terminado, prometeu mil fundos, me deixou na praia e fui viajar para outro estado atrás de outra pessoa. Você ter uma ideia que fiz numa semana só. Ricardo fazia muito isso. Então se Ricardo foi atrás de um outra pessoa de um cara em outro estado. Enquanto tinha pedido, a gente tinha acabado de voltar. Ele ah você vai ficar mais um tempo na praia, né? É porque eu tava mal na época. Tinha sofrido de tal com depressão, tinha várias. Na época foi um caos. Que ano isso? Mais ou menos. 2008 mais ou menos. que foi quando eh o Ricardo ele me traiu e eu descobri, passei muito mal porque eu já não falava com ninguém, não falava com familiares, não tinha mais ninguém. E teve tentativa de suicídio por minha parte na época. Você tentou há várias vezes nesse período. Por quê? Porque o que que mais? Qual era a dor da alma? A dor era de tudo que eu conquo. O Ricardo vai terminar comigo. Eu não tenho mais ninguém. A minha família não não não não não não não não não não não me quer. Eu sou gay e eu tô infeliz e eu não tenho por dar continuidade porque por um tempo eu coloquei o Ricardo como como meu porto. Como meu porto, como sua única rede de proteção. Na época era isso. Mas ele se fez. Hoje você consegue, hoje que você tá mais distante em terapia, parabéns que você tá. Pena que você não foi lá atrás, mas que bom que você já tá agora. Ah, você percebe que ele, como que você é, você entra nesse enredo, ele é a única pessoa que existe para mim. Se ele for embora, nada mais me resta. Ele que cria isso em você ou você é só uma dependência, é uma codependência. Como você se vou? Não, eu acho que foi uma criação. Ricardo ali, por exemplo, teve várias situações que hoje você vai descobrindo, as pessoas vão falando, amigos que se afastaram. Nossa, Léo, mas é porque ele falava tal coisa, ele tava te traindo e a gente foi confrontar ele. Ah, mas seu amigo é falso, Léo. A sua amiga é falsa. A sua mãe, a sua mãe me tratou mal no telefone. Eu liguei para ela, quantas vezes eu liguei para ela, ela me tratou super mal, falou que eu sou um monstro. Ela liga pra minha casa, ela manda eh carta anônima pra minha mãe. Então assim, sempre teve essas cartas anônimas existiam? existiam, mas eram, você acha que quem mandava? Então hoje, né, conhecendo todo esse contexto, eu não não tenho dúvidas hoje que possa ter sido ele, mas eram cartas de de escrita, de computador, de revista, eram coisas como grudada por letra, mais gente. Mas isso é desse jeito. E você confrontava sua mãe? chegava a confrontar e minha mãe falava que não. Mas, né, a minha mãe, hoje eu olho para minha mãe mesmã guerreira, mas minha mãe nunca foi mentirosa, mas eu achava que ela tava sendo injusta com Ricardo, né? Ricardo ia mentir. Por que que o Ricardo mentiria para mim? Demorou anos para eu entender que Mas ele já tinha mentido do câncer. É, não, nessa época não. Essa época foi na foi na mesma assim, na mesma no mesmo tempo. No mesmo tempo né? Foi na mesma época assim que foi quando a gente começou depois disso, meus familiares começaram a se aproximar, então fui diferente. Hoje você percebe que na verdade o Ricardo que minava você poder ter outras pessoas próprias. Ah, sim. Sim, muito. Ou meus amigos eh eram falso, meus amigos não gostavam dele, eram pessoas ruins. Eh, só os amigos deles que era importante. Até que um tempo os amigos deles acabaram virando mais meus amigos. Porque era isso, o Ricardo Comicou um tempo, depois de uns 8 anos, eu acho, de convivência, o Ricardo Com ficou muito antissocial. Então era prazo validade as pessoas, né? Ou era amante dele, né? Então 880, né? Então conta trazia alguém, ou era tempo de validade ou era amante. E só hoje você percebe isso? Ah, os amantes eu descobri, eu perdio muita, muita traição do Ricardo. Perdeu em muitas, muitas, muitas. Eu tenho curiosidade de saber isso. O que faz uma pessoa ser tão traída, ser tão perdoada, perdoar tanto, na verdade, o que que que que ele te movimentava? É a dependência mesmo, Beto. É a dependência emocional você achar que você não vai encontrar outra pessoa, que você não vai ser feliz. Por mais que você hoje entenda que aquilo não era felicidade, hoje você sabe, mas naquela época aquilo era sua felicidade. Era o amor que você esperava anos. Não, ele realmente era, ele realmente me ama, ele tá me escolhendo de novo. Porque é essa a questão, né? A escolha. Não, eu vou deixar a pessoa para ficar com você. Você sente o quê? Hoje eu entendo muitas traídas, não. Você sente porque a pessoa, Beto, a pessoa que é traída, ela perdoa a pessoa se a pessoa pede para voltar. Se a pessoa decide viver com a outra pessoa, vai ficar o inferno astral. Ele me traiu, vai ficar, acabou. Mas se a pessoa pede, a pessoa perdoa porque ela sente que tá superior à aquilo. Ser trocada é difícil. Entendi. Não. E tem uma coisa assim, você tem vários pontos que você tá colocando aqui. Você conheceu ele muito jovem, você não tinha experiência nenhuma. Não tem. Ausência de referência faz com que até o ruim pareça bom. Sim. Então, até o ruim é confortável, porque este ambiente que o ruim, que eu nem sei que é, ele me permite, eu conheço largar isto e ir para um outro, como vai ser o outro? Como que eu vou, se existe outro? Você não sabe nem tem a possibilidade de um outro tipo de vida. Você acredita que seja muito parecido sempre daquele jeito. Não existia outro, Beto, para mim. Então, você não tinha referência. É. É. Como que você vai largar tudo? Alguém vai me amar mesmo? Eu não sou, eu não sou, eu não sou bonito. Que é essa na minha cabeça, eu não sou bonito. Você acredita nisso? Oi? Você acredita nessa frase que você falou? Hoje não, hoje, hoje, hoje não, Beto, mas por muitos anos eu me achava. Por muitos anos, Beto. Era uma coisa assim que era muito, muito tácido para mim. Era muito claro. Eu não era o bonito da relação, eu era pessoa feia, então ninguém me amava. Ninguém vai me querer. Então você fica nessa dependência de pô, não vou ter outro relacionamento, não vou ter outra pessoa. Mas você acreditava mesmo nisso? Porque você é um homem bonito. Mas Beto, obrigado, mas não achava. Eu não me achava. Era algum Não me achava. Ele construiu. Ele construiu. Você se se construiu também? Se permite, né? Não existe. Não existe permissão. A construção dos dois. Dos dois. A pessoa impõe você. Você, claro que existe uma construção social em tudo, né, Bert? Você eh eu você você vem o confronto de racismo próprio, você vem várias coisas e você namora alguém, ele é branco, ele é branco na época ele é ele era, eu falava que que ele era um príncipe encantado do Shrek, né, que ele ele era o padrão na época e era isso, né? Era o popular e era todo um encanto social mesmo. E eu me achava feio, então vai me querer. Ele me ama, ele larga tudo por mim, tá vendo? Eh, era essa, era essa a visão que eu tinha do Ricardo. O Ricardo era o meu herói. Ricardo era meu herói. Ah, mas ele te traía. Me traía. Eu perdoava. Ah, é quase como se você merecesse. É, eu acho que era isso, porque era isso que falava, né? Porque, por exemplo, se você, ah, você não, você é você é um grosso, você é estúpido. Que afinal de contas você quer o quê? Você já tem ele, mas é difícil ficar com você. Ele precisa. É mais ou menos isso que vem. Porque você é um monstro, você é nervoso, você é descontrolado.