Por que 80% Vivem Apenas de um Lado dos Estados Unidos?

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Este é um mapa mund e ele mostra onde você, eu e outros 8.2 2 bilhões de seres humanos vivem no planeta Terra atualmente. Ele revela duas realidades completamente diferentes e separadas que existem no nosso mundo. O mundo habitado, formado por cidades e assentamentos, onde quase todos nós que estamos assistindo a esse vídeo vivemos e onde quase todas as pessoas que você já conheceu e ouviu falar estão. e o mundo rural pouco povoado e as fronteiras ainda amplamente vazias da presença humana. Essa imagem conta um milhão de histórias diferentes, mas a que eu quero destacar nesse vídeo é sobre linhas retas. Existem apenas dois lugares nesse mapa onde o mundo habitado e o mundo vazio são divididos quase perfeitamente por uma fronteira com aparência reta, quase como se estivesse sido desenhada por uma mão humana. A primeira está aqui no continente africano e o motivo da sua existência é óbvio. Ao sul da linha está o sarré africano, uma faixa semiárida que atravessa o continente, onde chove pouco, mas ainda chove. Já ao norte da linha está o deserto do Saara, um dos ambientes mais hostis à vida humana de todo o planeta, onde vários anos seguidos podem passar sem uma única gota de chuva. e onde a temperatura média pode ultrapassar os 40º por meses consecutivos. Não é surpresa que ninguém mora ali, mas a outra linha reta que separa esses dois mundos na Terra é muito mais estranha, porque ela atravessa bem no meio da nação mais poderosa da história humana, os Estados Unidos da América. Se você der um zoom nesse ponto, vai perceber que essa divisão entre a América povoada e a América vazia segue uma linha quase vertical de sul ao norte. Essa diferença fica ainda mais clara quando você troca um mapa de densidade populacional por uma imagem de satélite dos Estados Unidos à noite, ao leste dessas cidades de fronteira, há uma cadeia quase contínua de luzes até o Oceano Atlântico e a costa leste. Já ao há apenas um mar de escuridão. E não é porque as pessoas estão com as luzes das suas casas apagadas, nem porque não pagaram a conta de luz. E sim, porque não tem quase ninguém ali. Se você cruzar essa linha invisível, dirigindo de leste para oeste, você vai perceber imediatamente a diferença na distância entre comunidades, postos de gasolina e até pequenos mercadinhos. De forma geral, essa linha invisível que separa o leste desenvolvido do oeste rural segue o meridiano 98 de longitude e divide drasticamente a população americana. Um número esmagador de 80% de todos os americanos, cerca de 260 milhões de pessoas vivem ao leste dessa linha. Isso significa que 20% dos restantes, ou seja, apenas um em cada cinco americanos vive ao trecho imenso onde vivem tão poucas pessoas representa a maior parte do território dos Estados Unidos, especialmente quando falamos do Alaska. Curiosamente, essa parte vazia do país inclui toda a Califórnia, o estado ironicamente mais populoso da nação, que tem mais habitantes que o Canadá, uma mini região populosa dentro de uma macrorregião vazia. Mas a Califórnia é uma exceção enorme à regra, porque com quase 40 milhões de pessoas, a Califórnia sozinha representa 60% das pessoas que vivem após a linha. A coisa fica ainda mais estranha. A maioria das pessoas da Califórnia vive nas franjas, mais ao estado, perto do Oceano Pacífico. Se você traçar uma linha próxima aoce milhões de americanos vivendo nessa faixa costeira estreita entre o Pacífico, as montanhas Cascades e a Sierra Nevada. Entre essa região e o meridiano 98, existe uma imensa faixa do interior dos Estados Unidos que cobre cerca de 1/3 de toda a terra do país e é apenas um pouco menor do que toda a União Europeia. Ela engloba completamente oito estados americanos e partes significativas de outros nove. E ainda assim, por toda essa vastidão, vivem apenas cerca de 30 milhões de pessoas, o que representa apenas 9% da população dos Estados Unidos. Esse número é comparável à população de toda a região metropolitana de Nova York. E o mais curioso aqui é onde essas pessoas vivem. A maioria desses mais de 30 milhões de habitantes estão concentrados em poucos pontos isolados no meio do nada. 1/3 vive em apenas três cidades: Fênix, Denver e Las Vegas. E mais da metade está espalhada por oito centros urbanos além desses três: Salut Lake City, Tucon, Albuquerque, Eupasso e Bois. Se você tirar essas oito cidades do mapa, o que sobra é uma imensidão praticamente vazia, com menos de 15 milhões de pessoas. Isso é o equivalente à população apenas dos condados de Los Angeles e Orange, no sul da Califórnia. O resto da paisagem gigantesca é quase deserta, como se não houvesse civilização ali. Essa divisão é tão visível que já apareceu em milhares de mapas diferentes, representando coisas que a primeira vista nem parecem ter relação entre si. É muito provável que você já tenha visto um desses mapas e nem tenha notado o que ele estava mostrando. O que está por trás disso? Por uma linha imaginária corta os Estados Unidos ao meio e por ela influencia desde a forma como as pessoas falam até onde elas vivem e até onde as árvores conseguem crescer? Para entender isso, precisamos voltar a 1878, quando um homem descobriu que essa linha existia. John Wesley Pel. Ele era geólogo, explorador do Oeste americano e diretor do Serviço Geológico dos Estados Unidos. Durante suas expedições pelo país, ele notou que a vegetação ia diminuindo à medida que se avançava para a oeste. Cada vez menos variedades de plantas até quase não sobrar nada. A explicação era simples. Chovia muito mais no leste do que no oeste. Então Pvel decidiu desenhar uma linha em um mapa para marcar essa transição. Era o meridiano 100, uma linha de longitude que separava o lado úmido do lado seco e ele estava praticamente certo. Hoje, se você olhar em um mapa os níveis de chuva dos Estados Unidos, dá para ver essa linha com clareza. A diferença é brutal. Dallas, que fica ao leste dessa linha, recebe cerca de 965 mm de chuva por ano. Já Albilen, logo depois da linha, tem só 660 e um pouco mais ao oeste, o número cai para menos de 380. Esse padrão se repete por toda a extensão da linha. Quanto mais a oeste, menos chuva. E quanto menos chuva, mais difícil de sustentar a vida e construir cidades. É por isso que pessoas e árvores são tão escassas nesse lado do país. Povel, lá no século XIX, entendeu o que estava acontecendo e apontou o culpado principal, as montanhas rochosas. Essa cordilheira gigantesca é a terceira maior do mundo. São mais de 4800 km de extensão, indo do norte do Canadá até o sul dos Estados Unidos. Os picos chegam a ultrapassar 4.000 m de altitude. Esses picos, longos e elevados, funcionam na prática como uma muralha colossal. Eles bloqueiam grande parte da humidade que chega carregada pelas nuvens vindas do Oceano Pacífico e com isso impedem que a chuva avance em direção às planícies áridas do interior do continente. Esse fenômeno tem nome sombra de chuva. E a sombra de chuva projetada pelas rochosas planícies da América do Norte é imensa e esse não é o único fator geográfico em jogo. As montanhas rochosas não são a única cadeia de montanhas do continente que impedem a humidade vinda do Pacífico. Há também a cordilheira de Cascades, no noroeste dos Estados Unidos. Ela cria uma divisão clara entre a faixa litorânea estreita e chuvosa ao oeste e ao lado leste, que é muito mais seco e árido, justamente porque a umidade não consegue ultrapassar as montanhas. O estado de Washington, por exemplo, é praticamente dividido ao meio por essas montanhas. Do lado oeste, Seattle, exposta diretamente ao Pacífico, recebe cerca de 940 mm de chuva por ano. Já a pequena cidade Mataua, logo do outro lado da cordilheira, recebe apenas 115 mm de chuva, praticamente o mesmo nível de chuva de Las Vegas, uma das cidades mais secas dos Estados Unidos. Mais ao sul, nos estados de Nevada e Califórnia, existem outras cadeias montanhosas importantes que reforçam esse bloqueio. Ali os picos são tão altos quanto os das próprias montanhas rochosas. Todas essas cadeias montanhosas formam juntas uma barreira natural que impede a humidade do Pacífico de entrar no continente. Como resultado, existe apenas uma faixa estreita entre essas montanhas e o mar, onde a chuva é suficiente para manter grandes centros urbanos. Essa faixa vai desde o norte do estado de Washington até a Bahia de São Francisco. O único motivo pelo qual as regiões como Los Angeles conseguem sustentar tanta gente é por causa de um sistema gigantesco, robusto e complexo de irrigação. São canais aquedutos e dutos que trazem água de outros lugares de onde realmente chove e de rios vem do interior. Sem essa estrutura artificial, o sul da Califórnia jamais teria água suficiente para sustentar tanta gente. E se a umidade do lado oeste é barrada pelas montanhas, o interior do continente tem pouquíssimas fontes alternativas de água doce. O que sobra são alguns rios e o derretimento da neve das montanhas. Já no lado leste, a maior cadeia montanhosa são os apalaches, que em comparação com os gigantes do leste parecem pequenos. O ponto mais alto tem menos de 2.000 m de altura, ou seja, metade das montanhas do oeste. Por isso, os apalxes não barram quase nada da umidade. O resultado é que ventos atlânticos carregam chuvas com facilidade. Isso permite a agricultura em larga escala, sem precisar de irrigação artificial. Essas chuvas do Atlântico não chegam longe o bastante para molhar as planícies do oeste. No verão, o Golfo do México também envia a umidade para dentro do continente, mas os ventos que fazem isso seguem para o norte e depois viram pro leste, o que novamente favorece apenas o outro lado dos Estados Unidos e deixa o vizinho totalmente seco. Ou seja, somando todos esses fatores, o que temos é uma dura realidade. Uma parte dos Estados Unidos tem muito menos água disponível. Menos água é igual a menos vida. Nessa região, as fazendas quase sempre contam com sistemas de irrigação sofisticados. Ali não dá para contar com a chuva. E as propriedades agrícolas nessa região são maiores, porém menos produtivas. Oupam mais espaço e alimentam menos pessoas. E isso explica porque tão pouca gente vive por lá. Mas é claro que isso não é tudo. Até o tipo de plantação muda de um lado pro outro. No lado leste, onde a água é mais abundante, os agricultores costumam plantar milho, uma cultura que exige muita irrigação. Já no lado oeste, onde a água é escassa, eles plantam mais trigo, que é mais resistente a seca e é uma escolha mais comum. Desse lado da linha, por exemplo, as pessoas se inscrevem no canal Econo Simples para acompanhar os melhores vídeos e do outro lado, não. Mas voltando ao nosso tema central, existe algo que ainda não foi totalmente explicado e nem entendido. Essa linha vem se movendo sozinha com o passar dos anos. Nem sempre ela foi assim. E agora os cientistas começaram a monitorar sua movimentação. Lá no século XIX, Pvel marcou essa divisão no Meridiano 100. Hoje os estudos mostram que a linha avançou até o Meridiano 98 e continua migrando. Esse deslocamento ameaça diretamente o clima de várias cidades americanas. Com o passar do tempo, essas regiões vão passar a ter menos chuvas e o impacto econômico disso pode ser devastador. Cada vez mais, fazendas vão precisar de sistemas de irrigação. Algumas, eventualmente podem quebrar, outras terão que se unir a propriedades maiores. Muitas terão que abandonar culturas de milho e adotar o trigo. E o problema se agrava ainda mais quando lembramos que o oeste dos Estados Unidos já enfrenta a pior seca dos últimos milênios. Boa parte da região depende há mais de um século da água do rio Colorado. Só que agora, pela primeira vez na história, esse rio está secando. Este ano, pela primeira vez, o governo federal dos Estados Unidos limitou oficialmente a quantidade de água que pode ser retirada do rio Colorado. E cortes ainda mais severos devem acontecer no futuro. Esse rio abastece cerca de 40 milhões de pessoas, mas hoje ele é tão explorado, tão represado e tão desviado que nem sequer chega mais ao seu destino natural. Toda a água é consumida antes de alcançar o mar. A escassez hídrica, portanto, será a marca registrada de boa parte dos Estados Unidos ao longo do século XX. E o mais impressionante é que tudo isso já havia sido previsto há mais de 150 anos. O próprio Pvel, o geólogo que protagonizou essa história, traçou essa linha no meridiano 100. A intenção dele era alertar o Congresso americano. O oeste não poderia ser colonizado do mesmo jeito que o leste. Era preciso planejamento, cautela e uma nova forma de dividir o território. Ele propôs que, em seguir divisões políticas arbitrárias baseadas em geografia superficial ou em interesses políticos simples, o país deveria reorganizar o oeste em bacias hidrográficas. Ou seja, regiões definidas pelo caminho natural que a água faz, se beneficiando das chuvas e dos rios. Assim, o controle da água seria feito de forma mais eficiente, com cada região cuidando do seu próprio ciclo hídrico. Isso evitaria todo o tipo de problemas entre estados vizinhos. Mas os políticos da época ignoraram esses avisos e hoje o preço começou a ser cobrado. A água está cada vez mais escassa no oeste e com vários estados disputando as mesmas fontes. Povel tentou impedir isso, mas por que ninguém ouviu? Na verdade, o pensamento dele estava séculos à frente do seu tempo e foi ignorado. Ele foi ignorado porque suas conclusões batiam de frente com a ideologia dominante na época. O pensamento dos Estados Unidos no século XIX era guiado pela ideia de que o território deveria ser ocupado rapidamente a qualquer custo. Havia um consenso de que a expansão para o oeste era inevitável e qualquer obstáculo natural deveria ser superado. Essa mentalidade moldou o país inteiro. E para entender não só essa história, mas como os Estados Unidos se moldou e se formou, nós preparamos um documentário completo, em ordem cronológica, com todos os fatos históricos dos Estados Unidos. Clique no próximo vídeo e assista a história completa desse país.

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