Por Que a Economia Brasileira Nunca Decolou?
0O Brasil é o país do futuro. Quantos de vocês já ouviram essa frase? Eu sei que eu a ouço desde que eu era muito pequeno na escola dos professores. 1,2%. Entre todas as crenças que guiam o imaginário popular brasileiro, a ideia de que o Brasil é um país de potencial inigualável, que só não se realiza devido à corrupção da nossa classe política, é uma das mais repetidas. Todo mundo adora falar sobre o futuro do Brasil. É hora de construir mais futuro. Nós temos tudo, mas tudo para sermos uma grande nação. Geração após geração, governo após governo, o futuro se torna cada vez mais distante e a promessa cada vez mais uma piada de mau gosto. Hoje o rendimento médio do brasileiro é de R$ 3.22 por mês. Se você ganha isso, você pode se considerar sortudo. 80% dos brasileiros ganham menos que você. Mas estar melhor que o resto não significa estar bem. Quer se locomover com conforto? O carro popular mais barato do país custa quase R.000. Não gostou? Compra um usado. Não tem dinheiro, contente-se com Uber ou transporte público, se tiver. Viver com conforto também tá cada vez mais difícil. O preço dos imóveis residenciais subiu no Brasil 9,4% ao ano nos últimos 30 anos e o aluguel soltou mais de 32% acima da inflação só nos últimos três. A inflação acumulada dos alimentos superou 55% nos últimos 5 anos e a carga tributária bateu a máxima histórica dos últimos 15 anos. O país do futuro ficou tão preso e ingessado ao passado que hoje metade do orçamento federal destina ser gastos da previdência. Um gasto que o jovem já paga, mas que ele mesmo não vai usuro. Hoje há pelo menos quatro pessoas ativas para cada idoso. Em 2060, quando o jovem estiver pensando em se aposentar, haverá menos de duas para bancar sua aposentadoria. Como que nós chegamos até aqui? E mais importante, será que realmente já houve algum momento em que o Brasil realmente poderia ter tido um futuro? Nesse vídeo a gente vai te mostrar com dados porque que o Brasil de hoje não é mais o país de oportunidades que foi para algumas gerações atrás. E mais importante, o que que você pode fazer caso seja mais um dos que acredita estar num barco perdido completamente a delivado? crescimento do PIB per capta do Brasil nos últimos 60 anos. Vocês podem pensar nele como uma medida de quanto as condições materiais e a vida do brasileiro médio melhoraram em cada ano. Quanto mais alto, mais o país cresceu, mais a renda da população aumentou e mais oportunidades de emprego e ascensão social foram criadas no país. Quanto mais baixo, pior. Esse gráfico vai nos dar cronologia dos dois principais períodos ou modelos econômicos que o Brasil seguiu até a gente chegar na situação atual. O primeiro desses períodos ficou conhecido como o milagre econômico brasileiro. São os anos 60 no Brasil e depois de duas Copas do Mundo e um golpe de estado, o Brasil vai entrar no maior período contínuo de crescimento econômico da sua história. Entre 1960 e 1980, o Brasil era um dos países que mais crescia no mundo, com uma taxa média de crescimento de 7,5% ao ano. O Brasil era um país em construção, com obras para todos os lados e uma economia que parecia finalmente decolar. Foi nesse período que se deram algumas das maiores e mais complexas obras de infraestrutura do país, incluindo a usina hidroelétrica de Taipu, a rodovia dos Imigrantes, a Ponte Rio Nitroi, a Ferrovia do Aço e Angra 1, a primeira usina nuclear do Brasil. Para você ter uma ideia, a taxa de crescimento do Brasil na época era 1/3 maior do que o crescimento da China e o dobro do crescimento médio dos Estados Unidos. Só que tão importante quanto o tamanho do crescimento também é a qualidade do crescimento. E é aí que a gente começa a ver os primeiros furos no dito milagre econômico. Para começar, o fechamento da economia. A política econômica desse período refletia as crenças da ditadura militar que controlava o país, incluindo a ideia de que o Brasil precisava ser protegido de toda e qualquer competição externa para que a sua indústria nacional pudesse se desenvolver. Foi nesse período, por exemplo, que foi estabelecida a zona franca de Manaus, que afeta a nossa economia até os dias de hoje, que nem a gente já discutiu nesse vídeo aqui. E foi nesse período que a economia do Brasil foi praticamente isolada do resto do mundo para proteger a indústria nacional de competição externa, com altas tarifas e barreiras comerciais que até hoje afetam tanto a qualidade quanto o preço dos produtos que a gente tem à disposição para comprar aqui, que nem a gente já explicou em vários vídeos nesse canal. A segunda parte é que o milagre não foi para todos. Uma das formas de manter o crescimento da inflação controlado, mesmo durante o bom econômico da ditadura, foi através do arroxo salarial. Através desse gráfico aqui, vocês podem ver que desde 1964 tem um processo progressivo de desvalorização do salário mínimo real, que só vai se encerrar 30 anos depois com o Plano Real, levando mais 24 anos para recuperar os níveis de 1964. Uma das consequências disso foi que a concentração de renda durante o período da ditadura cresceu consideravelmente, limitando os ganhos do milagre a certos grupos da população e a aliados do regime. E em terceiro lugar, o milagre foi construído sobre bases podres e estava fadado ao fracasso. Para financiar essas grandes obras de infraestrutura e o desenvolvimento industrial, o governo recorreu ao financiamento externo, buscando dinheiro através de empréstimos com bancos internacionais e organizações multilaterais. Essa estratégia fez com que a dívida externa crescesse mais de 30 vezes durante o período. E esse endividamento cresceu num ritmo muito mais rápido do que a própria economia, fazendo com que a dívida pública subisse de 15,7% do PIB em 64. para 54% em menos de 20 anos. O financiamento também veio através de uma expansão gigante na carga tributária, subindo de 16% em 1964 para 26% em 1970. O que sucedeu esse boom foi o previsível colapso da economia nos anos 80, uma época que foi conhecida como a década perdida, por ser um período marcado por estagnação econômica, hiperinflação e crise da dívida externa. Essa grande crise aliada com crises internacionais dos anos 90, como a crise do México em 94 e 95 e a crise asiática em 97, fizeram com que o Brasil praticamente parasse no tempo. Entre 1980 e 2000, a taxa média de crescimento caiu para apenas 2,1%. Uma taxa extremamente baixa para um país emergente ainda tão pobre. Nesse mesmo período, por exemplo, a China, que era também uma economia em desenvolvimento, cresceu a um ritmo de 9,9% ao ano. No mesmo gráfico, o milagre econômico da ditadura mostra pra gente o funcionamento cíclico da economia brasileira, períodos de euforia alimentados por otimismo externo e políticas expansionistas, os famosos voos de galinha e as suas subsequentes correções. E como vocês já podem imaginar, esse mesmo ciclo vai se repetir no próximo período. Um dos períodos de maior estabilidade e ganho de qualidade de vida do brasileiro veio após a estabilização econômica do plano real. Entre 94 e 2010, depois de finalmente se livrar do dragão da inflação, o Brasil entrou num período de crescimento consistente naquilo que a gente pode chamar de período socialdemocrata. Os maiores ganhos foram na base da pirâmide. A extrema pobreza no Brasil caiu de 18,6% em 1991 para 6,6% em 2010. A desigualdade também caiu e o salário mínimo teve o maior aumento real consecutivo em toda a sua história. Ganhos que foram resultado tanto da estabilização econômica trazida pelo plano real, quanto pelo estabelecimento de programas de assistência social e transferência de renda e programas de combate à pobreza para auxiliar as camadas mais vulneráveis da população. Só que esse crescimento mais estável, inclusivo também foi mais modesto. No governo FHC, o PIB cresceu em média 2,4% ao ano. E no governo Lula 1 e 2, essa taxa subiu para 4,1% ao ano, puxado em grande parte pelo super ciclo das commodities, fruto de uma China que crescia mais de 10% ao ano no período. E enquanto a base da pirâmide teve uma melhora expressiva na sua condição econômica, a classe média ficou engessada. Ela passou a sofrer de uma certa invisibilidade no período social-democrata brasileiro. Ela não era nem tão pobre para ser contemplada com programas sociais e nem tão rica para ser agraciada com isenções tributárias, crédito barato do BNDS ou desfrutar dos super salários da elite do funcionalismo público. Mas olha só que coincidência, ela tinha justamente o tamanho e a quantidade de renda necessário para bancar a conta disso tudo. O crescimento econômico e a redução da desigualdade pós-plano real foi em grande parte patrocinado por mais um aumento expressivo na carga tributária, que saiu de 26% em 1995 para mais de 33% em 2010. Como os muito pobres têm compensações e benefícios e os muito ricos têm isenções ou até mesmo subsídios para suas empresas via crédito barato, quem proporcionalmente mais carrega esse fardo de 33% é justamente a classe média. Mas em 2010 isso ainda não era um problema. A economia crescia a um ritmo de 7,5% ao ano e a classe média, apesar de mais tributada, via sua renda crescer. Os bancos batiam um recorde de lucros e o BNDS, que triplicou de tamanho no governo Lula, distribuía dinheiro generosamente para grandes grupos econômicos conhecidos como campeões nacionais. O resultado: Lula batia recorde de aprovação e a economia brasileira ia finalmente decolar. Eu tô saudando a mandioca. Vento podia ser isso também, mas você não conseguiu ainda tecnologia para estocar vento. Lembra o que a gente falou para você sobre a economia do Brasil ser cíclica? Voinha seguidos de quedas. E não teve queda tão magnífica na história econômica do Brasil quanto a crise deixada pelo governo de Dilma. Furacão. No furacão. Não, furacão não. E Fugima. Essa crise foi a tempestade perfeita, juntando uma pequena piora no cenário externo com uma grave deterioração da gestão econômica do Brasil. No exterior, a desaceleração da economia chinesa a partir de 2012, passando a crescer 7% ao ano em média ante os 10% ao ano que ela cresceu entre 2000 e 2011 e o fim do super ciclo das commodities tiveram um impacto direto sobre a balança comercial e a economia brasileira. Mas o que era para ser um desafio contornável acabou virando uma crise de proporções imensas devido às políticas econômicas adotadas no governo Dilma e implementadas pelo seu ministro da fazenda, Guido Mântega, sobre o nome de nova matriz econômica. A NME se baseava em quatro grandes princípios. em primeiro, a expansão do crédito, ou seja, distribuir dinheiro através de bancos públicos, como famosamente o BNDS fez, com juros abaixo da inflação para setores específicos e aliados do governo, no que ficou conhecido depois como a política de campeões nacionais. O segundo foi forçar uma redução na taxa de juros, mesmo em detrimento do controle da inflação, para tentar induzir empresários e investidores a aumentar os seus investimentos e crescer ainda mais a economia brasileira. O terceiro foram desonerações tributárias para setores específicos e estratégicos, que logo se desvirtuou e todo mundo que batia na porta do governo conseguia uma desoneração. E o quarto foi uma maior intervenção do Estado na economia, incluindo a ínfame intervenção no setor elétrico, além de outras intervenções nas concessões de infraestrutura e na poupança. O resultado foi, em termos simples, a pior recessão da história do Brasil, levando a presidente Dilma ao impeachment em 2016. O saldo da era Dilma foi um crescimento médio de 0,4% ao ano, incluindo uma contração anual média de 3,4% em 2015 e novamente em 2016. o pior resultado desde a redemocratização. O que sucedeu era Dilma foi o governo Temer e o seu plano que ficou conhecido como uma ponte para o futuro. Que gente que gosta de falar do futuro, né? Nossa. O plano consistia em resgatar a credibilidade do Brasil e colocar o país nos trilhos do crescimento de novo. Isso seria atingido através de reformas estruturais, como a reforma trabalhista, da previdência, tributária e administrativa. Todas, inclusive, reformas importantíssimas se feitas da maneira certa. Infelizmente, a ponte para o futuro desmoronou após a delação premiada de José Batista, o que afundou ainda mais o pequeno suporte que o presidente Demer tinha, o que o obrigou a comprar o Congresso inteiro e paralisou a agenda de reformas após uma única aprovação, a da reforma trabalhista. O crescimento econômico durante o período foi pífo, cerca de 1,6% ao ano. O governo Bolsonaro, que deveria dar continuidade à agenda de reformas, conseguiu passar apenas a reforma da presidência e ainda de uma maneira muito mais tímida do que o esperado, poupando aliados como os militares dos cortes mais altos e tendo que lidar com a pandemia no seu mandato, aliado a um fraco desempenho do PIB no seu primeiro ano de governo, o crescimento da economia foi ainda mais lento, meros 1,5% ao ano. E assim encerrou-se mais uma década perdida. E essa inclusive foi ainda pior do que a década perdida dos anos 80. Enquanto que nos anos 80 a média de crescimento econômico ao ano foi de 1,6% do PIB. Na década de 2011 até 2020, esse crescimento médio foi de apenas 0,3%. [Música] Muito obrigado, Dilma. E aqui que vem o grande detalhe. Esses dois períodos da economia brasileira deixaram uma certa herança pra gente lidar. A ditadura deixou uma dívida externa na época quase impagável, além de uma indústria extremamente engessada e improdutiva que afeta o crescimento do país até hoje. Enquanto que o período social democrata nos deixou uma carga tributária bastante elevada, uma dívida ainda maior a ser paga pelas gerações futuras, além dos mesmos problemas de produtividade da indústria herdados da ditadura. E a pior parte é que mesmo esses voos de galinha no passado já não são hoje mais replicáveis que nem a gente vai mostrar para vocês. Existem três componentes que fazem uma economia crescer. O capital físico, que são as fábricas, máquinas e empresas. o capital humano, que são a quantidade de trabalhadores e o seu nível de educação, e, por fim, a produtividade, que a gente pode definir como as ideias e inovações. Se os dois primeiros componentes são as peças da economia, a produtividade é a forma de organizar essas peças. Com a mesma quantidade de peças, a depender da forma que eu as organizo, eu posso obter muito mais produção ou muito menos. Quanto mais eficiente, mais produtivo. Mas um país também pode crescer sem organizar as peças, apenas aumentando e aumentando a quantidade de capital e de trabalhadores, que de forma grosseira foi o que o Brasil fez durante o período do milagre econômico e nos anos pós-plano real. Só que esses investimentos têm o que a gente chama na economia de retorno marginal decrescente, que é um nome bonito para dizer que quanto mais você tem de uma coisa, menos essa coisa rende. O capital deprecia, as pessoas param de ter filho e quanto mais pessoas conseguem um diploma em uma economia estagnada, menos ele vale. A solução dos governos passados pra economia brasileira sempre foi adicionar mais peças. O problema é que agora essas peças estão se acabando. Em 2022, a taxa de fecundidade do Brasil bateu a mínima histórica de 1,6 filhos por mulher. Nós já temos menos filhos por casal em média do que os Estados Unidos, do que a França, do que a Suécia e do que a Noruega. Ou seja, mesmo em comparação com países muito mais desenvolvidos, a gente quase não tá tendo filhos. Mas por que que isso é um problema? Porque uma sociedade que não tem filhos é uma sociedade idosa e sem futuro. Essa estagnação econômica que já dura quase 40 anos e parece ter se aprofundado a partir de 2014 se dá porque o modelo de crescimento econômico adotado pelo Brasil até agora simplesmente não funciona mais, porque o Brasil tá se transformando num país idoso. Na década de 80, só 6,1% da população brasileira tinha mais de 60 anos. Nos anos 2000 eram de 8,6% e hoje esse percentual praticamente dobrou e já tá próximo de 16%. [Música] E em 2070 quase 40% de todos os brasileiros vão ser idosos. Uma sociedade cada vez mais idosa significa, de um lado, cada vez mais recursos sendo utilizados para sustentar a população inativa e do outro, cada vez menos recursos sendo investidos na formação de capital físico e humano tão necessários para o crescimento da economia. Os gastos com previdência social já somam mais de 1 trilhão deais por ano, consumindo cerca de 8% de todo o PIB do país e quase metade do orçamento do governo. Para financiar isso, só nos últimos 10 anos, a dívida bruta do governo brasileiro saltou de 52,6% do PIB em 2014 para mais de 77% do PIB em 2024. E até 2030 é esperado que ela passe dos 90%. E para piorar, a maior parte desses recursos não foi usada para fazer investimentos que beneficiem a economia ou as gerações futuras. Muito pelo contrário, na verdade, desde 2008, o governo federal só conseguiu gastar 1% do PIB em investimentos de longo prazo. Todos os países que passaram por um processo de modernização e se desenvolveram fizeram isso enquanto a população ainda era jovem. China, Coreia do Sul, Singapura, Japão e todos eles, a partir do momento em que a população envelheceu, começaram a estagnar. A janela que o Brasil tinha para se tornar um país desenvolvido já passou. Ela foi aqui atrás, entre 1960 e 2010. Agora, com menos filhos por casal do que a Noruega e sem mais recursos para investir no aumento do capital físico, não é exagero dizer que a porta pro desenvolvimento do Brasil se fechou. E além do país não ter se desenvolvido, a gente ainda hoje carrega o fardo desses modelos de desenvolvimento falidos que não nos deixa ir paraa frente. Agora que acabaram as peças, o único jeito do Brasil continuar crescendo é organizando as que a gente já tem melhor. E bom, como é que a gente se sai nesse departamento de, como a gente já discutiu nesse vídeo aqui, a produtividade do trabalho no Brasil, ou seja, o valor adicionado por trabalhador desde 2011, caiu em completa divergência com o que é esperado de uma economia saudável. Olhando setor por setor, nos últimos 25 anos, a produtividade da indústria caiu e nos serviços ficou completamente estagnado. O único setor em que ela melhorou consistentemente foi na agricultura, crescendo por volta de 6% ao ano. A agricultura, no entanto, é o setor menos produtivo entre os três e também é o setor que menos emprega, fazendo esses ganhos serem concentrados em uma parcela pequena da população. Talvez a pior parte do esgotamento dos modelos passados de desenvolvimento não seja só a oportunidade perdida, mas também as âncoras que a gente ainda carrega como herança desses experimentos frustrados. Grande parte da razão da indústria brasileira não sair do lugar e a produtividade ficar empacada é que ainda hoje a gente é obrigado a arcar com os custos das barreiras comerciais e de arranjos improdutivos como a zona franca de Manaus. A síntese do momento que o Brasil vive agora, que vai se intensificar no futuro, é que o capital simplesmente depreciou e a gente não tem condições de repor muito menos aumentar esse capital. Então, nós não podemos esperar nenhum crescimento vindo daí. E no que diz respeito à produtividade, as ideias novas que poderiam reorganizar a nossa economia, infelizmente nós ainda estamos presos ao passado. Um país que tem tanta gente inteligente, para que precisa de inteligência artificial? E nesse barco, afundando pelo peso das próprias âncoras, a única solução para se salvar é pular fora. Bom, se o futuro do Brasil é estagnar, isso não significa que você precisa sofrer o mesmo destino. Ainda dá tempo de pular fora do barco com um bote ou um colete salva vidas. E isso não necessariamente significa ter que literalmente sair do país. Mesmo em países economicamente estagnados há anos como o Japão, ainda há muitas oportunidades de crescimento, mas não para todos. E é por isso que é muito importante você destacar. O princípio fundamental é a qualificação em primeiro lugar. Em um país que parou, a única saída é individual e ela consiste em melhorar a sua qualificação e expandir o seu conhecimento. E isso nos leva para outro ponto importante, a melhor maneira de você se livrar da estagnação econômica do Brasil e garantir que você vai continuar crescendo, aprendendo, se desenvolvendo e ganhando dinheiro, independente de como as coisas estejam aqui, é sabendo falar inglês. Aprende a falar inglês o quanto antes, seja por conta própria através do YouTube, num cursinho jogandogs. [Música] Tanto faz. Isso vai abrir um mundo de conhecimento completamente novo para você, que simplesmente não é acessível para quem só sabe falar português. Hoje em dia, você tem plataformas excelentes que oferecem cursos de graça para você expandir as suas habilidades, aprender uma nova profissão e aprender a ganhar dinheiro sem depender do Brasil. E que a gente mesmo aprendeu a fazer vídeo através delas. Na verdade, o Corsera, a IDX e a Uudacity, por exemplo, oferecem cursos gratuitos das melhores universidades do mundo de graça. Você também tem a Free Code Camp e a Cour Academy, que oferecem cursos completos de programação totalmente gratuito. E a Skillshare, que apesar de não ser 100% gratuita, tem um preço bem baixo pra assinatura mensal e oferece cursos para você desenvolver novas habilidades em marketing, gestão, edição, áudio e vídeo e várias outras habilidades que vão te tornar alguém mais qualificado e cada vez mais competitivo no mercado internacional. Mas dos milhares de cursos disponíveis nessas plataformas, pouquíssimos vão ser em português. E a tradução e as legendas nem sempre são muito confiáveis. Então o inglês se torna indispensável. Bom, por experiência própria, eu não teria como ter feito o manual da economia sem saber inglês. Dito isso, a partir do momento que você tenha qualificação e domínio o inglês, existem duas opções para você tentar garantir um futuro melhor. A solução mais radical, mas cada vez mais popular, é simplesmente sair do país. Hoje já são mais de 4,5 milhões de brasileiros vivendo no exterior. E a cada ano uma média de 200.000 pessoas decidem ir embora do país. Viver no exterior pode ser maravilhoso. Eu, pessoalmente, vivi a maior parte da minha vida no exterior, na Noruega, nos Estados Unidos e depois no Canadá. E de um ponto de vista de segurança pública e qualidade de vida, é innegável que os países desenvolvidos podem oferecer muito mais do que o nosso país atualmente. Para você que tem interesse emigrar, a minha maior dica é: faça tudo legalmente. Pode ser mais caro, pode ser que demore mais tempo, mas a qualidade de vida que você tem e a segurança que você tem dando no país legalmente é incomparável. E hoje é muito mais fácil achar informação online sobre programas de migração, sobre bolsas de estudo e sobre como a vida do exterior. O YouTube, por exemplo, é refleto de informação cheio de canais bons, de qualidade, onde você pode aprender tudo sobre como imigrar. A segunda alternativa para quem prefere ou precisa ficar no Brasil é dolarizar a sua renda. Tem muito pouca coisa mais importante para você garantir a sua qualidade de vida e poder de compra no longo prazo do que ganhar em uma moeda forte. O importante é que você ache um meio de gerar renda que não esteja atrelado com o futuro do país e que não dependa do crescimento da economia do Brasil. A primeira forma e a mais fácil é começar a investir no exterior. Em finanças tem um conceito que a gente chama de home bias, que é a tendência de investidores em bolsa de concentrarem a maior parte dos seus investimentos em ativos domésticos, só porque a gente tem um pouco mais de familiaridade com as empresas que estão no Brasil. Mas para você que já investe em bolsa, a pergunta que você tem que se fazer é a seguinte: se você tivesse nascido em qualquer outro país, Argentina, Austrália, Estados Unidos, você investia tanto assim no Brasil, sabendo a situação do nosso país, quanto você investe agora? Se a resposta for não, então você provavelmente tá sofrendo de rombias e seria interessante você pensar em pelo menos diversificar um pouquinho mais o seu portfólio. Disclaimer obrigatório, a gente não é consultor de investimento e isso não é uma dica de investimento. Então, estuda bem o que que você vai fazer antes de ouvir o que que dois caras no YouTube estão falando, tá? A maneira mais tradicional e efetiva de você dolarizar sua renda é claro, tendo um trabalho remoto em que você recebe em dólar, mas ainda mora no Brasil, principalmente depois da pandemia, o trabalho remoto para empresas estrangeiras se tornou cada vez mais comum e na área dos programadores, isso tem se tornado a alternativa padrão muitas das vezes, mas ainda existem muitos outros trabalhos que você também pode fazer remoto em outras áreas, como marketing, design e até consultoria de finanças. pro exterior. Caso você tenha interesse, existem várias plataformas onde você pode buscar por empregos remotos especificamente, como é o caso da EU Remote Jobs para empregos na União Europeia, a Flex Jobs, a Job Presso e a Just Remote. Por fim, se você é empreendedor, você pode internacionalizar a receita da sua empresa, como é o meu caso. Eu tenho uma empresa sediada aqui no Brasil que tem 100% da receita vindo do exterior, principalmente dos Estados Unidos e da Ásia, mas cada vez mais a gente tem clientes também na Europa e em países da África. Hoje minha empresa só trabalha com clientes internacionais, não só devido à margens de lucro serem maiores, mas também porque a carga tributária no Brasil é menor para quem exporta do que para quem vende no mercado interno. E isso inclui até a isenção de certos impostos. Dolarizar sua renda te permite ter o melhor de dois mundos. Você ganha em moeda forte e gasta em moeda fraca. O que te permite ter um padrão de vida muito bom aqui no Brasil enquanto você economiza e investe para construir um patrimônio lá fora. O Brasil que prometia ser o país do futuro parece ter perdido o rumo. A combinação de baixo crescimento econômico, mobilidade social reduzida, dívida crescente, envelhecimento populacional e baixa produtividade criaram um cenário que não dá muitas esperanças pro nosso futuro. E isso significa que o Brasil como nação pode realmente não ser o país do futuro, mas isso não significa que você, como indivíduo, não possa construir o seu próprio futuro, mesmo que isso signifique nadar contra a corrente. E na verdade é exatamente isso que a gente aqui no Manual da Economia defende que você faça. E sim, mudar é difícil, mas ficar onde a gente tá esperando por uma melhora, por um político que vai salvar a pátria ou por algum projeto ambicioso que vai mudar os rumos do Brasil e transformar ele num país desenvolvido, simplesmente não vai acontecer. Faça por você e pelos seus. Proteja-se, planeje-se e garanta o futuro daqueles que mais importam para você, porque a verdade é que não tem nenhuma cavalaria vindo para te salvar. [Música] เฮ [Música]