Por que esse Lago é o Mais Perigoso do Mundo?
1O mistério do lago. Em agosto de 1984, algo muito estranho aconteceu numa parte bem remota da África. Este é um pequeno lago numa área rural de camarões, longe de qualquer lugar que pessoas do mundo exterior já ouviram falar. Cercado por fazendas, uma pequena vila logo ao nordeste e uma pequena estrada local passando bem ao leste. O lago sempre foi um lugar quieto, rústico e obscuro. Em uma noite de agosto de 1984, moradores locais relataram que ouviram um barulho alto de estrondo, mas quase ninguém pensou muito sobre isso no começo. Logo, uma nuvem de névoa branca disparou para fora do lago e depois se espalhou pela estrada ao leste. Quando o sol começou a nascer, na manhã seguinte a nuvem continuava pela estrada e moradores locais passaram pela nuvem. Pensando que a nuvem era apenas uma névoa comum, quase ninguém pensou muito sobre isso. Simplesmente passaram por ela. Só que lá dentro descobriram que não conseguiam respirar, sufocando imediatamente. Qualquer pessoa que entrou naquela nuvem jamais saiu. Depois de algumas horas, os ventos varreram a nuvem para longe e então foi revelado às pessoas que estavam lá dentro. Assim ficou aparente o número de vítimas que tinham entrado e nunca mais saíram. Um policial e um médico chegaram ao local e descobriram 37 pessoas espalhadas pela estrada. Alguns tentaram fugir a pé, outros asfixiaram dentro dos seus carros. Logo após este incidente, não havia boa explicação para o que tinha acontecido. Alguns moradores locais acreditavam que o lago era amaldiçoado e que espíritos malignos saíam para atacar aquelas vítimas. O governo inicialmente suspeitou que o incidente foi um ataque com armas químicas ou rebeldes, tentando um golpe de estado, mas a explicação de armas químicas não fazia muito sentido. E mesmo se algum grupo de rebeldes em camarões tivesse de alguma forma conseguido adquiri-las, por que teriam desperdiçado atacando uma estrada rural aleatória e no meio do nada em vez de um alvo mais valioso? E por que ninguém assumiu a responsabilidade por isso? A busca, por uma explicação, rapidamente se voltou para a busca por uma causa natural e algumas pessoas rapidamente começaram a apontar paraa existência da linha de camarões. O lago fica diretamente sobre um vulcão que há muito tempo estava dormente, mas talvez houvesse uma chance de que tivesse reativado novamente e causado o desastre. E então a embaixada americana em Camarões convocou um especialista chamado Harolder Sigurtson para o país. Ele seria responsável por investigar o que tinha acontecido no lago Manon. Sigurtson era um vulcanólogo e geoquímico islandês bem respeitado, que na época trabalhava na Universidade de Rod Island, nos Estados Unidos. Ele chegou ao local do incidente muitos meses depois que aconteceu e começou a fazer uma série de testes para tentar descobrir o que tinha atingido 37 pessoas por lá. Mas ele não encontrou evidências de uma erupção vulcânica na área e de forma frustrante ele encontrou poucas evidências de qualquer outra coisa natural que tivesse acontecido também. O leito do lago, abaixo da superfície não mostrava sinais de ter sido perturbado. Ele não descobriu compostos de enxofre que teriam indicado uma erupção vulcânica e ele não encontrou sinais de que a água no lago tivesse aumentado de temperatura. O momento eureca para Sigurson só veio depois que ele levantou uma garrafa com uma amostra de água de dentro do lago. Depois que a garrafa chegou à superfície, a tampa estourou. Assim, ele percebeu que a água das profundezas do lago estava completamente saturada com dióxido de carbono dissolvido, como se fosse uma garrafa gigante de água com gás. E depois disso, ele também percebeu que as 37 vítimas tiveram asfixia por dióxido de carbono. Dióxido de carbono no seu estado gasoso, é incolor, inodoro e mais pesado que o ar. Ele teorizou que era por isso que a nuvem de dióxido de carbono tinha permanecido tão baixa no chão por tanto tempo. Sigordson então começou a expandir essa teoria, tentando explicar como o dióxido de carbono dissolvido nas águas profundas do lago poderia se transformar repentinamente numa nuvem de gás letal. Durante os próximos quase dois anos, ele concluiu que o lago Manon era efetivamente uma anomalia geológica altamente bizarra e teorizou que o magma das profundezas tinha lentamente liberado gases, permitindo que o dióxido de carbono subisse para as camadas inferiores do lago por décadas ou até séculos. Esse gás se dissolve e se mistura com a água inferior, mais pesada e fria, e permanece preso pela água mais leve e quente, superior. Isso não é um problema, porque a água da maioria dos lagos se mistura frequentemente e previne essa acumulação de dióxido de carbono. Durante o inverno, a água da superfície fica mais fria e afunda e se mistura, mas na primavera e no verão, o processo oposto acaba acontecendo. Lago Manon fica perto do Equador, onde o clima permanece quente durante o ano inteiro e nunca muda. Isso significa que esse processo de camadas se misturando dentro dos lagos durante as estações não acontece. Isso significa que as camadas inferiores dos lagos nos trópicos frequentemente permanecem estagnadas por muitos séculos. Sigurson teorizou que no caso específico do lago, o dióxido de carbono subindo provavelmente estava fazendo a camada inferior crescer mais e mais. Ela estava saturada com dióxido de carbono durante um período muito longo e o gás estava contido pela camada mais quente e leve de água acima, que agia como uma rolha numa garrafa de champanhe. No momento que alguma coisa perturbasse aquele equilíbrio ou que a camada inferior de água chegasse à saturação máxima de dióxido de carbono, aconteceria uma erupção de gás fatal. O lago Manon, em outras palavras, tinha potencialmente sido uma bomba relógio por séculos, completamente impossível de detectar pelas pessoas que vivem ao redor dele. Sigurson se referiu à sua teoria do que tinha acontecido no lago Manon em 84 como um perigo natural. até então desconhecido que tinha o potencial de aniquilar cidades inteiras. Em 86, Sigardson tentou publicar sua teoria na revista Science, mas o artigo foi rejeitado como complexo demais. Poucos meses depois, a realidade confirmou suas ideias. Há apenas 100 km do lago Manon, outro lago chamado Nos estava prestes a explodir. Na noite de 21 de agosto, aldeias em volta do News dormiam em silêncio. Por volta das 9 horas, aconteceu um estrondo. Em alguns segundos, uma nuvem saiu do lago, formando uma coluna de 25 m e se espalhando pesada. A nuvem desceu pelos vales, invadiu as aldeias e apagou toda a forma de vida em até 25 km de distância. Apenas quatro pessoas da região sobreviveram por estarem em terreno alto. No total, mais de 1000 pessoas e 3.000 cabeças de gado foram aniquiladas. Nem insetos resistiram. O lago, antes azul amanheceu tingido de vermelho como ferro oxidado. O desastre chocou o mundo. Cientistas de vários países correram até Camarões para investigar. Descobriram que, assim como no lago Manon, o Noss acumulava dióxido de carbono em suas camadas profundas, mantido preso por uma camada de água mais leve. Algo rompeu o equilíbrio, liberando o gás de forma explosiva. Assim nasceu o termo erupção límnica. O mais alarmante foi que nem o NIOS nem o Manon estavam vazios. Ambos continuavam acumulando dióxido de carbono como bombas capazes de explodir novamente a qualquer momento. Depois do desastre no lago News, os cientistas buscaram formas de evitar novas explosões. Algumas ideias eram insanas, como jogar bombas nos lagos ou cavar túneis caríssimos para drenar o gás. Em 2001, veio a solução final. Eles instalaram tubulações que ligavam as camadas profundas à superfície. Assim, o gás era liberado de forma controlada. O lago Manon foi considerado seguro só em 2009 e o Nils só em 2019. Mas havia um terceiro lago muito mais perigoso, o Kivu, que fica na fronteira de Ruanda com a República Democrática do Congo. Diferente do Manon ou do Nos, o Kivu é gigantesco, quase 90 km de comprimento e 475 m de profundidade. E como se não bastasse, suas águas guardam ainda mais metano que é inflamável e pronto para explodir. O lago Kivu ameaça milhões de vidas. Se suas camadas se romperem, não seria apenas uma nuvem tóxica, mas também inflamável, capaz de sufocar e incendiar tudo ao redor. É a maior bomba de gás natural da África e a explosão desse lago seria mais devastadora do que duas bombas atômicas explodindo ao mesmo tempo. Se todo esse gás fosse liberado de uma vez, o desastre poderia afetar milhões de pessoas, muito além do alcance de uma bomba de Hiroshima ou Nagasaki. O risco maior não é a energia liberada, mas o alcance da nuvem sufocante. A nuvem tóxica poderia se espalhar por centenas de quilômetros, cobrindo cidades inteiras. Boa parte do continente africano ficaria devastado e sem vida. Assim como no Nos e no Manon, o Kivul também pode explodir. O acúmulo de dióxido de carbono e metano em suas águas profundas pode atingir o ponto de saturação e escapar de repente para a superfície. Um forte terremoto e eles são bem comuns na região, podem romper as camadas do lago. Até uma seca severa, seguida de chuvas intensas poderia ser suficiente para desencadear a catástrofe. E ao contrário dos lagos isolados de Camarões, o Kivu é cercado por 2 milhões de pessoas, incluindo cidades densas como Bucavu e Goma. Se esse lago explodir, o resultado pode ser o pior desastre natural da história, capaz de eliminar milhões em menos de 24 horas. Os cientistas ainda discordam se o Kivu já entrou em erupção antes. Há quem diga que sim. Há 4000 anos, outros afirmam que não. Mas todos concordam em uma coisa: o risco continua vivo e silencioso sob a superfície. Os cientistas analisaram o lago Kivu e sugeriram que os níveis de metano haviam aumentado 15% em 30 anos. Se essa tendência continuasse, o lago poderia atingir o ponto crítico em breve. O desafio é que o Kivu é imenso, muito maior que Nos e Manon e sua desgazificação seria um trabalho colossal. Para piorar, ele está no coração de uma região instável. O lado congolês do lago é dominado por grupos rebeldes como o M23. apoiados por Ruanda que chegaram a tomar cidades inteiras. Isso torna impossível monitorar os níveis de gás no oeste do lago. Já no lado ruandês existe um sistema de monitoramento mais robusto e o governo local viu no perigo também uma oportunidade: transformar o metano em energia elétrica. Mas enquanto a ciência debate se o risco está crescendo ou não, milhões de pessoas continuavam vivendo à beira da maior bomba natural do planeta. Em 2008, Ruanda iniciou um projeto para transformar o perigo em oportunidade, extrair o metano do lago Kivu e usá-lo como combustível. Logo entrou em operação uma empresa privada britânica que investiu 200 milhões de dólares para bombear a água das profundezas, separar o metano e usá-lo para gerar eletricidade. A água já limpa é devolvida ao lago. O projeto hoje fornece cerca de 9% da energia de Ruanda e a meta é chegar a 1/3 da eletricidade do país. Mas há um problema nesse ritmo, em 25 anos, terão removido apenas 5% do metano acumulado. Alguns pesquisadores temem que a própria extração possa romper as camadas frágeis do lago e liberar os gases, causando justamente a explosão que tentam evitar. Outros garantem que o processo é seguro e essencial para o futuro energético de Ruanda. De qualquer forma, o risco continua. O manon mostrou que erupções límicas são possíveis ou Nios que podem ser catastróficas, mas o Kivu, apesar de calmo na superfície, guarda o potencial de ser o desastre natural mais mortal da história. Você já deve ter reparado como um bom recurso visual faz toda a diferença, seja em um vídeo, numa apresentação ou até numa aula. E se você gosta dos mapas 3D que aparecem aqui no canal Econo Simples, agora pode ter acesso a todos eles em um único lugar. Foi reunido um pack completo com todos os mapas já feitos pelo canal. São mapas do mundo todo, prontos para usarem qualquer projeto. 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