Por que NÃO existe uma PONTE entre BRASIL e AMAPÁ?

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Você sabia que não tem como sair de carro do Amapá para o resto do Brasil? Não existe uma estrada, nem uma ponte. Só é possível sair do estado de barco ou de avião e mesmo assim com sorte. Enquanto o Brasil constrói veadutos bilionários em centros urbanos e faz pontes até para fora do país, no Amapá bastariam colocar uma ponte de 406 m para mudar tudo, mas essa conexão simplesmente nunca aconteceu. Uma obra que foi anunciada há mais de 20 anos e continua parada, levando a uma simples travessia fluvial durar quase um dia inteiro. Mas por que o Brasil abandonou o Amapá? O que travou a construção de uma ponte tão curta por tanto tempo e como isso afeta o dia a dia do amapaense? Antes de responder, é preciso entender como um pedaço do Brasil ficou cercado, esquecido e até hoje invisível. Quer aprender a investir seu dinheiro? Confere o primeiro link na descrição. O Amapá é o retrato geográfico de um Brasil que ainda não se conectou consigo mesmo. Com a população de pouco mais de 730.000 habitantes e uma área de cerca de 142.000 1000 km qu. O Amapá está localizado no extremo norte do país. Sua capital é Macapá e concentra mais da metade da população na cidade. O estado só foi oficialmente criado em 1988, quando deixou de ser território federal. É um estado isolado por natureza, cercado por água e florestas por todos os lados. Ao leste fica o gigante rio Amazonas. Ao sul o rio Jari. Ao oeste, o rio Oyapoque, que faz fronteira com a Guiana Francesa. E ao norte, o Oceano Atlântico. Não tem escapatória. O Amapá é literalmente cercado. A floresta cobre 72% de todo o território. Não há espaço aberto e não há estrada fácil. Essa geografia única impôs uma barreira natural, mas o problema real começou quando o Brasil simplesmente decidiu aceitar esse isolamento como normal. A infraestrutura nunca chegou de verdade. A BR156, por exemplo, começou a ser construída em 1932. Mais de 90 anos depois ainda não foi concluída. E isso não é exagero. Dos seus 823 km totais, mais de 100 km seguem sem asfalto. Em tempos de chuva, esses trechos viram lamaçais. A rodovia fica intransitável. A BR156 é a única estrada que corta o Amapá de norte a sul, ligando Laranjal do Jari, no extremo sul, até Oiapoc, lá na fronteira com a Guiana Francesa. Mas mesmo que essa rodovia fosse concluída amanhã, ainda faltaria um detalhe essencial, a ponte sobre o rio Jari. Sem ela, o Amapá continua desconectado do resto do Brasil. Para sair do estado por terra, você precisa de uma balsa. Isso quando o rio deixa, quando a balsa está funcionando e quando o tempo não fecha. Curiosamente, existe sim uma ponte ligando Amapá a outro lugar, mas não ao Brasil. Em 2017, foi inaugurada a ponte binacional, conectando Oiapoc à cidade de São Jorge, na Guiana Francesa. Uma ligação internacional que, na prática não serve para integrar o Estado ao país. O trânsito por lá é limitado, depende de passaporte, inspeção alfandegária e nem sequer conecta a uma rodovia contínua. A Guiana não tem ligação por estrada com o Surinami, muito menos com o restante da América do Sul. Ou seja, o Amapá tem uma ponte com outro país, mas não tem uma ponte com o próprio Brasil. A ironia não poderia ser maior. Você pode dirigir dentro do Amapá, pode até chegar à fronteira com outro país. Mas se quiser sair para o restante do Brasil, só há dois jeitos, avião ou barco. E nenhum deles é simples. Pelo caminho fluvial, a opção mais usada é a travessia de balsa entre Macapá e Belém, no Pará. Uma viagem que dura cerca de 26 horas navegando pelo rio Amazonas. Isso se tudo der certo. Não existe conforto, não existe agilidade, é cansativo, imprevisível e limitado, principalmente para quem transporta cargas ou depende de deslocamento urgente. A alternativa mais rápida seria o avião, só que o acesso aéreo é caro e muitas vezes excludente. Uma passagem de ida e volta para Belém ou Brasília pode facilmente ultrapassar R$ 1.000. Em épocas de alta demanda, voar para fora do Amapá custa mais caro do que ir para outro país da América do Sul. Para quem depende de salário mínimo ou tem renda apertada, o céu vira um teto, não tem saída. E esse isolamento não pesa só no ir e vir das pessoas, ele encarece tudo. Como não existe uma malha terrestre para entrada e saída de mercadorias, o Amapá depende quase que exclusivamente de balças e barcos para receber alimentos, combustíveis e insumos básicos. Isso gera um efeito em cadeia nos preços. O transporte é mais caro, o tempo de entrega é maior e o custo final explode. Produtos simples chegam com valores inflacionados. Comprar alimentos da cesta básica pode consumir uma fatia maior do orçamento familiar. Essa logística cria um paradoxo cruel. O Amapá, mesmo sendo parte do Brasil, vive como se fosse uma ilha, isolado, esquecido e pagando caro para sobreviver. E tudo isso poderia ser drasticamente reduzido com uma simples conexão de 400 m, a ponte sobre o rio Jari, mas ela continua parada literalmente. Mas o que aconteceu para que uma obra tão importante não fosse para a frente? A história da ponte sobre o rio Jari começa com uma promessa. Em 2002, anunciaram o início das obras como o primeiro passo para tirar o Amapá do isolamento. Seriam apenas 406 m de extensão para conectar Laranjal do Jari, no extremo sul do estado, ao distrito de Monte Dourado, no Pará. Uma travessia simples, curta o suficiente para ser feita em 5 minutos se a ponte existisse. Mais de 20 anos se passaram e ela ainda não existe. No início, tudo parecia encaminhado. Um convênio foi firmado com então Ministério das Cidades. Um orçamento de mais de R milhões deais foi liberado e a construtora contratada começou os trabalhos. Até 2004, 39% da obra foi executada. Foram fincados 12 pilares no meio do rio, mas aí tudo parou. A obra foi paralisada pela prefeitura em 2004, devido a esgotamento de recursos e problemas de execução, e nunca mais saiu do lugar. A estrutura ficou abandonada por anos, sem vigas, sem tabuleiros, sem acesso. Só os pilares como fantasmas de concreto no meio da água, símbolos de uma obra pública que começou a se abater antes mesmo de nascer. Mas o problema vai além da obra parada. Em 2009, uma auditoria da Controladoria Geral da União revelou que já se suspeitava. Aproximadamente R 4,5 milhões de reais em recursos públicos foram gastos sem comprovação. Além disso, o processo licitatório teve indícios de fraude, com a mudança no local de abertura das propostas que resultou na participação de uma única empresa, um verdadeiro manual de como desperdiçar dinheiro público sem entregar nada. E o descaso não foi apenas no papel. Na prática, o abandono da ponte criou riscos reais para quem vive ali. As balças, que ainda fazem a travessia entre Laranjal e Monte Dourado, circulam diariamente ao lado dos pilares inacabados. Já houve acidentes com embarcações colidindo nos blocos de concreto, causando danos materiais e colocando vidas em riscos. A ponte que deveria facilitar a vida virou um obstáculo. O governo do estado chegou a declarar que a conclusão da ponte é prioridade absoluta e que o projeto já conta com o apoio do governo federal. Em 2024, o Amapá conseguiu aprovar recursos para a infraestrutura dentro do novo PAC, com o orçamento total de 28 bilhões destinados a seis grandes eixos estruturantes, entre eles a retomada das obras da BR156 e a finalização da ponte do rio Jari. como parte central dessa conexão. Esse valor inclui investimentos para a pavimentação dos trechos ainda inacabados da BR156 e para resolverem traves técnicos e legais que há anos travam a conclusão da ponte. A expectativa oficial é que com o novo financiamento as obras possam finalmente sair do papel de forma definitiva. Mas o problema é que até agora essas promessas seguem no campo das intenções. O canteiro de obras segue sem movimento. A travessia continua sendo feita por balsa. Os maradores continuam esperando e a ponte mais uma vez virou manchete, não por estar pronta, mas por continuar inacabada. Enquanto a ponte não sai do papel, o impacto se espalha por toda a economia do Estado. Porque o isolamento geográfico não é só um problema de mobilidade, é um freio invisível que desacelera o desenvolvimento e encarece a vida. Mas como isso aparece na prática, no bolso e no dia a dia de quem vive no Amapá? [Música] O Amapá não é só isolado geograficamente, ele também foi economicamente desacelerado pelo abandono logístico. Os efeitos dessa desconexão aparecem inúmeros. Hoje o estado representa apenas 0,2% do PIB nacional. É como se a economia do Amapá fosse invisível para o resto do país. Apesar de ser um dos estados mais ricos em biodiversidade, com grande potencial energético, mineral e até turístico, quase nada disso é plenamente explorado, porque não há como escoar a produção, nem atrair investimento de forma estável. Grande parte da economia local gira em torno de atividades como extrativismo vegetal, pesca, mineração de manganês, comércio e serviços públicos. Mas essas atividades sofrem com a dificuldade de acesso e com altos custos logísticos. O resultado disso é uma dependência extrema do setor público. 93% dos municípios amapaenses têm a administração pública como a principal atividade econômica. Isso significa que boa parte da população depende diretamente de salário de servidores, aposentadorias ou programas de assistência para gerar a economia local. Uma situação que trava o crescimento e acentua a chamada economia do contra-cheque, onde quase tudo gira em torno do dinheiro que entra via estado e não da produção real de riqueza. Em 2014, foi criada a zona franca verde, uma tentativa do governo federal de impulsionar o desenvolvimento sustentável na Amazônia Legal. A ideia era simples e promissora. Conceder incentivos fiscais a empresas que produzissem bens com matérias primas da região, priorizando cadeias produtivas sustentáveis e geração de emprego local. O Amapá, por exemplo, tem potencial para atuar em diversas frentes desse modelo: produtos derivados do açaí, castanha, óleos vegetais, madeira de manejo controlado, bioativos da floresta, além de pescados, artesanatos e até cosméticos naturais. O estado tem matériapra de sobra. O que falta é o caminho para escoar. Na teoria, parecia uma política pública perfeita para a realidade do Amapá, mas na prática, a zona franca verde esbarrou no mesmo problema de sempre, a falta de infraestrutura básica. Não adianta oferecer isenção fiscal se o frete custa mais que o lucro. Resultado, a proposta ficou só no papel, com poucas iniciativas realmente implantadas e impacto econômico quase nulo no estado. O contraste é inevitável quando olhamos para os estados vizinhos. O Pará, por exemplo, compartilha muitos dos desafios geográficos do Amapá, florestas densas, rios extensos, áreas remotas, mas conseguiu se integrar ao restante do país com muito mais eficácia. Lá as rodovias federais cortam o território, há ligações terrestres com outros estados e até a logística fluvial é mais estruturada. A cidades se conectam, o transporte de cargas flui e a economia gira com mais autonomia. Que coisa, não? Por que um conseguiu e o outro não? Porque o Amapá ficou para trás? O Amapá é um estado brasileiro, tem bandeira, tem povo, tem cultura e tem riquezas naturais únicas, mas na prática ainda vive como se estivesse ao lado de fora do país. Que país é esse que consegue se conectar com a França antes de se conectar com o próprio povo? Essa não é apenas uma ironia geográfica, é um sintoma de desconexão mais profunda, institucional, econômica e social. O Amapá não quer privilégios, quer apenas o básico, uma estrada que funcione. O caminho não é o segredo. A conclusão da BR156 e da ponte sobre o rio Jari precisa ser tratada como prioridade, não como promessa de palanque, mas como compromisso do Estado. Sem isso, nenhuma política de desenvolvimento sustentável vai sair do papel. E se até hoje isso não foi feito, não é por falta de projeto, nem por falta de dinheiro, é por falta de vontade política. Durante décadas, o que se viu foram governos usando a obra como vitrina eleitoral, enquanto os recursos públicos escorriam pelo ralo da corrupção e da má gestão. Interesses pessoais, alianças políticas e desvios de verba paralisaram uma ponte de 400 m por mais de 20 anos. Não é só negligência, é escolha. escolha de ignorar, de abandonar e de tratar o Amapá como margem, como o resto. Enquanto isso, o povo segue atravessando de balça, segue pagando mais caro, segue esperando por uma conexão que já deveria ter chegado há muito tempo. É hora de transformar esse problema em pauta, de tirar uma mapada da invisibilidade. Isso exige pressão política, visibilidade midiática e engajamento cívico. Quem assiste, comenta e compartilha e cobra também faz parte da mudança. Porque enquanto o Brasil ignora o Amapá, milhões de brasileiros seguem isolados, mesmo vivendo dentro do próprio país. Quer aprender a investir seu dinheiro de forma simples e direta? Escaneia o QRcode que está na tela ou clique no primeiro link da descrição. Um forte abraço e até a próxima. Yeah.

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