Por que NORDESTE VIROU o LUGAR mais PERIGOSOS do BRASIL?!

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Porque a violência migrou pro Norte, pro Nordeste, né? Lá tem muito homicídio, tem muito programa. Você chegou aí pro Nordeste para estudar alguma coisa lá? Sim, eu tenho, conheço muita gente, né? Você acaba criando uma rede, né? Eu participo de uma rede que chama rede de observatórios de segurança, que tem gente de Pernambuco, da Bahia, do Maranhão, do Piauí, do Amazonas, eh, de Pernambuco, da Bahia, enfim, de vários. E foi, por que que a criminalidade foi pro Nordeste? E qual que é a característica que tem lá e que São Paulo não tem ou vice-versa? Eh, olha, até os anos 2000 os estados do Nordeste ficavam entre os menos violentos do Brasil. Eu lembro, eu lembro de ter viajado para era tranquilíssimo. É Rio Grande do Norte, não tinha Natal, pô. Mas os lugares de Maceió, lugar de praia que você vai relaxar, né? Sempre foi. E agora são, pelo menos em termos de homicídio, são lugares com as taxas mais altas. se inverteu dos anos 2000 para pra frente. Qual que é no livro que eu escrevi com a minha amiga Camila Nunes Dias, que é sobre esse essa expansão do crime no Brasil, qual que é a nossa história? Qual que é a nossa hipótese, né, de que a gente descreve? Você tem a partir do momento de 2003, quando o PCC se organiza e as prisões começam a superlotar, assim como aconteceu em São Paulo, dos anos 90 até os anos 2020, o Brasil passa de 90.000 presos para 800.000 presos. 800.000 presos, porque você começa a ter o equipamento de rádio de comunicação melhor, a Polícia Militar começa a crescer em vários estados e a prisão em flagrante começa a crescer nos nas biqueiras, no tráfico de drogas. Então, as prisões começam a ficar lotadas e o PCC começa a se organizar e chegar nos demais países produtores de drogas e a vender droga paraos outros estados. Além disso, em 2006 você tem os presídios federais que começam a receber para reduzir a força das facções, eles começam a pegar presos perigosos de vários estados, inclusive de São Paulo e do Rio. Só que nesses federais eles começam a trocar informação sobre as facções e esse modelo de negócio passa a se espalhar pelos demais presídios. Você acha então que não foi uma medida boa essa da das prisões federais? Campanha contra o comunismo com promoção imperdível, frete grátis e três cursos de bônus até o dia 7 de agosto. Aproveite. Eu acho que é um dilema. Não é difícil julgar depois que aconteceu, né? Depois que aconteceu é fácil. Eu acho que até tem a sua justificativa para você isolar uma cadeia de comando de gente que tava no estado mandando, tal, mas teve efeitos colaterais e isso sempre acaba sendo eh muito comum né nessas cenas. você acaba produzindo efeitos que você não contava. E um dos efeitos foi o espraiamento das facções. Hoje são 90 facções no Brasil, então tem todos os estados. PCC tá em 26 estados, Comando Vermelho tá em 26 estados. E conforme as facções vão se estabelecendo nesses presídios, você vai tendo rivalidades regionais. Então, no Rio Grande do Norte, por exemplo, que virou um lugar violento em Natal, nos presídios, você o sindicato do crime começou a falar que é o facção local, falou: “Não, a gente não vai pagar mensalidade para trabalhar no crime”. Que história é essa? Eu sou bicho solto, virei criminoso para não ter que obedecer ninguém. Agora vem esses paulistas aqui, querem que a gente pague mensalidade. Não, não vamos daí que nem uma facção rival. Ah, e aí faz aliança com comando vermelho. E aí no outro estado tem o bonde dos 13 no que faz aliança com PCC. E aí o CV chega, faz um outro tipo de de domínio. Aí você começa a ter conflitos entre esses grupos. E esses ciclos de vingança que eu falei começam a ser feitos a partir de aliados de um ou de outro grupo. Então você tem mercados em conflito, em disputas, produzindo esses ciclos de vingança e os homicídios se espalham para esses lugares. Certo? E por que que o Centro-Oeste não viveu tanto esse aumento? viveu, viveu, viveu também teve. Mas assim, Mato Grosso do Sul, que é fronteira, né, com com Bolívia, Paraguai, e é importante estrategicamente pro PCC, é basicamente dominado pelo PC. Eh, Mato Grosso, Comando Vermelho. Eh, você tem eh Brasília tá no centro da eh da capital federal. Então, muita polícia, muito, você tem nos arredores de Brasília um problema de criminalidade. Ceilâândia, aquela grande Brasília, você tem conflitos, Goiás também tem, não são tão grandes. Eu acho que você tem uma economia mais forte, né? você tem mais emprego, mais mais estrutura, porque até por causa do agronegócio, né, que acaba sendo uma saída econômica pra região, mas tem também lá também tem problema, não tanto quanto no Norte e no Nordeste, que eu acho que tavam mais, pergunta era comparativa, porque não que lá não tem, que lá era um pouco é menos ruim, né? Eu acho que eu acho que tem muito dessa questão meio de econômica, de oportunidade. Você tem a questão material misturada com a questão eh contextual do e além disso, você tem a questão do do Nordeste ter portos eh e do Norte também pelo você tem a possibilidade de comprar drogas a partir dos rios e aí você tem rotas possíveis pro exterior. Então você tem potencial de domínio que vai beneficiar o seu mercado internacional. Tem um, enfim, eu acho que tem uma mercado internacional é a maior fonte do que o interno atualmente. Muito no PCC. Pro PCC, sem dúvida. Pros PCC é é o interno é importante, a presença deles nas prisões é importante, mas eles estão faturando no mercado internacional. Eles conseguiram criar um corredor de drogas da dos Andes para pros outros continentes, né? Porque, enfim, só a cocaína só se produz, a folha de coca só se produz no ambiente, na altitude dos antes, que o Brasil não tem, né? Que o Brasil não tem, mas só num lugar do mundo, né? Então, para, mas para ir chegar na Europa, para chegar na África, para chegar na Ásia, se você passar por aqui, é um corredor que as fronteiras do Brasil são mensas, né? Então, a oportunidade fiscalizar. Quais são, qual é o o roteiro deles? É Santos, é Espírito Santo, principal, é a principal rota. É o Porto de Santos. é a principal, mas conforme vai aumentando o rigor, eles vão mudando os portos, né? Ceará você tem uma saída importante, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, os Mas como é que eles esportam, que obviamente é é proibido, como é que eles fazem para disfarçar contêiner, corrupção, portos, eles começam a se infiltrar e como eles ganham muito dinheiro, a corromper dentro dessas estruturas e conseguem colocar em contêiners, misturar com cargas, eh, às vezes até em casco de navio, às vezes eles fazem submarinos. uma série nos o PCC fez submarino. O PCC não, mas tem algumas facções do do de Cali e do Colômbia e México. Sim, mas que já teve ligação com com o PCC, porque agora o PCC faz parte da rede. PCC tá integrado aon criminosos da da Colômbia. Sim, com com crime, com máfias do mundo todo, porque o grande a grande inteligência da facção é que ele percebeu que ao contrário do Rio de do Comando Vermelho do Rio de Janeiro, que tem essa obsessão com os territórios das cidades e de venda do varejo, o PCC já meio que percebeu que ele precisava criar um um grande networking e uma rede de parceiros que não era o território mais importante. Mas você ter contatos e ser um dos elos dessa rede mundial de desse negócio bilionário que é a droga. E aí ele é muito na diplomacia, né? O PCC tem essa estratégia de que primeira diplomacia se for necessária a guerra em última instância, mas o que dá dinheiro é a diplomacia, né? O que permite a gente faturar é corrupção e diplomacia. É o que que facilita as coisas. Certo? Muito interessante. Uma outra questão, nos anos 90, o Brasil, não só São Paulo, Rio, outros locais, sofreu muito com a questão dos sequestros, né? Como é que você vê que esse esse sequestro diminuíram? Olha, eh, eu acompanhei um pouco mais de perto o Rio de Janeiro, que a DASDAda, que é a divisão antisequestro do Rio, com o delegado, na verdade, na época era o Hélio Luiz, em 96, 97. E ele começou a desenvolver um modelo de inteligência nada, eh, trabalhando com redução de danos. É engraçado isso, que ele falava: “Olha, sequestro é um crime intolerável”. Então, assim, se você tem seus esquemas com o bicho, tem, não quero saber, mas assim, sequestro a gente vai ter que acabar. Então os caras tinham, primeiro ele trouxe um monte de policial que tinha relação com a com a criminalidade, eram bom bons investigadores e muitas vezes ganhavam dinheiro com essa investigação que lá no Rio eles chamam de eles chamam de mineira. Como é? explica aí como é que funciona isso. A mineira é a seguinte, é é uma gíria do Rio de Janeiro, da polícia do Rio de Janeiro, que é uma espécie de Minecraft, é uma espécie de mineração. Você vai ser no meio do da do do das rochas, você acha a pepita de ouro, né? E a partir do momento que você acha pipita de ouro, você vai estorqu essa pessoa até ela te entregar tudo. Então, a polícia era muito bem informada para encontrar o cara que tinha grana e fazer extorção. Era a mineira, né, que eles faziam. Eh, e a polícia era muito inteligente para fazer essas coisas. Daí a L falou: “Ó, beleza, saquei que vocês sabem, mas eu que eu quero aqui é acabar com sequestro. Vou fazer vista grossa com o resto e eu quero acabar com sequestro. É, vamos acabar com sequestro, esse que é o nosso foco. E aí você vai falar com seus informantes todos que vocês têm. Além disso, a polícia vai parar de sequestrar. E isso era importante porque assim, tinha um monte de empresa de seguro, tinha um monte de empresa que acabava ganhando com a indústria de sequestro, mediada por policial, que levava para apresentar parente de vítima. É, você começa a ter um monte de gente que começa a ganhar em torno disso, cara que faz a mediação, cara que faz a negociação, cara que entrega o resgate, casa, porque eram só milionários, né? Era um negócio gente muito rica. Então você cabelo Dinis foi sequestrado lá no Rio, como é que chama aquele? Medina, Medina, Roberto Medina do Rocking Rio. Isso. E aí você começa a ter um monte de gente que começa a faturar e a própria polícia começa a ganhar mediando esses serviços. E ele era muito, o Hélio Luiz era um cara muito sagaz, né, que conhecia os tiras, né, conhecia e falou: “Agora a polícia não sequestra mais e a gente vai acabar com sequestro”. E ele conseguiu e aí também estabeleceu algumas algumas alguns padrões de não pagar resgate, por mais que a família nos família, é muito difícil, mas deu certo. Deu certo. É uma é uma política muito bem sucedida. E aí o crime, ele percebe que o negócio deu água. Ah, tá. Ele percebe que tem outras alternativas de crime mais rentáveis e ele vai abandonando e vai partindo para outras. E isso acontece no crime. O o, por exemplo, o banco sabe muito disso, né? Então você começa a instalar porta automática de banco, então você consegue interromper o assalto a banco por causa de uma nova tecnologia que dificulta. Só que daí eles começam a assaltar caixa eletrônico. Daí você começa a colocar uma tinta que marca o dinheiro quando aí eles vão vão indo para o outro lugar e você aí vão saltar carro forte. Então o o ladrão conforme vão aparecendo as dificuldades, ele vai pesando custo e benefício e vai indo. No caso do sequestro, foi isso que aconteceu. Você colocou uma quantidade de dificuldades que o sequestro deixou de de ser lucrativo e eles começaram a ir para outros outros crimes, né? É interessante. E esse, como é que ele chama? Hélio Luz. É isso? Uhum. foi iniciativa dele ou ou políticos mais poderosos falaram: “Ó, vamos tentar acabar, como é que foi essa lógica?” Foi ele na época era o Marcelo, Marcelo Alencar, se não me engano, era o Marcelo Alencar, que era o governador do Rio, era 86, 87. Eh, e foi mais iniciativa dele. Essa essa essa esperteza era mais uma característica dele, mas que acabou de alguma forma servindo de modelo. E ele teve uma diminui é também em São Paulo também se reproduziu esse conhecimento, né? E é um tipo de crime que de fato a pessoa fica muito vulnerável porque ela sequestra e fica, tem que alugar uma casa. E aí você já tem o risco de alguém testemunhar e ver. E aí você pega as pessoas que estão fazendo a guarda. Daí você chega até o autor, às vezes proibido pagar a o o resgate. Então as pessoas têm dificuldade de receber, tem que estar em contato permanente com a polícia. Às vezes você fica um mês, né? Aí aí vai mudando. Você faz sequestra o relâmpago, sabe? Isso ainda funciona. Mas mesmo assim, hoje em dia, para você ter uma ideia, eh, os roubos de rua diminuíram muito. Tem, a gente vê celular, né, todo mundo hoje em dia, furto do celular, furto de celular tem muito, mas roubo à mão armada em termos gerais de Brasil caiu. Basicamente é roubo de celular que existe na rua. celular é o padrão. É o padrão. Mas o que então caiu assim, mas caiu de 1 milhão e 1.ão 800 para 500.000 no Brasil. Nossa, caiu para caiu 2/3 2/3. E os golpes eletrônicos explodiram. O estelionato foi para foi uma um movimento inverso. Passou de 500.000 1 para 2 milhões. Entendi. Os bandidos trocaram a estratégia porque assim, o dinheiro tá no mundo eletrônico, os caras começam a descobrir formas de dar golpe. A possibilidade de você atuar em escala industrial é imensa. É imensa. Você agora com inteligência artificial, então você vai e aí vai saindo e ao mesmo tempo a pena é menor. O risco de você é perigoso. Aí o cara vai migrando. O cara vai migrando. Tá certo? E o roubo de carga, roubo de carga é muito vinculado também a toda uma indústria específica. Assim, eu não eu não tenho, eu já acompanhei algumas vezes, mas não é algo que eu tenho estudado a fundo, né? Mas o que normalmente acontece, não apenas o de carga, como o de carro, é que você tem quase sempre uma divisão de tarefas. Então assim, é uma espécie de uma indústria que você tem o puxador do carro ou puxador da carga, que é o trabalhador braçal, que vai fazer o assalto à mão armada, mas normalmente essa carga já foi encomendada e você tem o receptador que vai faturar ou você tem o depósito que recebe primeiro. Daí você tem para quem vai comprar a carga roubada e você tem toda uma rede que se beneficia disso. Então, eh, se você compreender o funcionamento dessa rede, você é muito mais efetivo para fragilizar e para não ter mais encomenda de roua. Ah, tá. Não é o cara não vai assaltar uma carga sem saber para quem vai, sem saber para quem vai vender. Mesmo o celular e mesmo os carros. É, vem antes. É, então ele é uma encomenda e ele que vai executar. É. ou não só encomendas. Você sabe quem vai recepcionar e quantos caras estão pagando por celular roubado ou quantos caras estão pagando por carro roubado. Quem que compra carro roubado? Ou às vezes carro tem mais encomenda porque é tal tipo, é um e às vezes é um carro clonado, né? Então você vai Mas eles compram, eles roubam o carro para quê? Desmancha ou para fazer outros crimes? Tem várias possibilidades. Tem para ser clonado e fazer outros crimes. Tem para vender pro Paraguai e trocar no Paraguai. tem para fazer desmanche pro mercado de autopeças. Você tem várias eh várias possibilidades dessa indústria de roubro, da mesma forma que a de carga. Normalmente é para você competir com um produto mais barato e ganhar na concorrência. E é o cara que encomenda, que é uma época que estavam roubando muito remédio, né? Não sei se você lembra. Remédio sim, super. Nossa, foi muito porque eles roubavam e aí distribuiam com preço mais barato, né? Exatamente. Exatamente. Aí o e o celular é mais ou menos a mesma coisa, porque agora você tem roubo celular, não por causa do celular, mas por causa do golpe golpe financeiro, né? E de tudo o que implica você perder o seu celular. Claro que você também tem aqueles celulares que vão ser reutilizados e vão ser usados por outras pessoas, vão ser vendidos em outros países. Você aproveita o máximo que você puder e tem de diferentes canais e e redes, né, para esse tipo de crime. Você acaba de assistir um corte do Canavelas Podcast. Na tela está aparecendo o episódio completo e outro corte. Muito obrigado pela atenção.

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