Por que o COBRE é o novo Petróleo? | Curioso Explica

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carros elétricos, baterias, linhas de transmissão, data center e agora a inteligência artificial. Talvez você não tenha se dado conta, mas por trás de todas as grandes transformações da economia global nos próximos anos, existe um metal que é simplesmente indispensável, o cobre. Para você ter ideia, até 2050 o mundo vai precisar de mais cobre do que toda a humanidade consumiu entre 1900 e 2021. Não, você não ouviu errado. Essa projeção é da S&P Global, uma das maiores referências em inteligência de mercado do planeta. Estamos falando de mais de 120 anos de consumo, condensados em apenas 28 anos. Mas um detalhe que deixa essa história ainda mais interessante, estamos entrando na maior revolução tecnológica da história, justamente quando o cobre está ficando cada vez mais escasso e difícil de extrair. E isso pode transformá-lo em algo mais valioso que o ouro, ou tão estratégico quanto o petróleo. Sozinho pode até definir quem vai vencer e quem vai ficar para trás na maior corrida tecnológica dos nossos tempos. No curioso explica de hoje, você vai entender porque o cobre está sendo chamado de um novo petróleo. Mas antes, por favor, não se esqueça, já deixa teu like no vídeo, se inscreve no canal e ativa as notificações. Toda semana as curiosidades mais interessantes do mundo dos negócios você encontra aqui no Curioso Mercado. Antes de entender porque o cobre está se tornando tão estratégico, precisamos entender o que o torna tão especial. Apelidado de metal da eletrificação e conhecido em Wall Street como Dr. Copper por antecipar os ciclos da economia. O cobre ocupa um lugar único em nossa sociedade. Quando se fala em conduzir a energia elétrica em escala, nenhum metal faz isso tão bem quanto ele. Apenas a prata supera sua capacidade, mas o valor a torna inviável para o uso industrial. Essa capacidade de conduzir a eletricidade, aliada a eficiência em transferir calor, faz do cobre indispensável em praticamente tudo que envolve energia: cabos, motores, transformadores, redes de transmissão, baterias, sistemas de resfriamento. Mas o cobre não é apenas eficiente. Ele também é maleável, podendo ser esticado, moldado e transformado em fios ou lâminas sem quebrar, o que reduz os custos e simplifica a fabricação em diversos setores. Além disso, é um metal durável. Quando exposto ao ar, ele cria uma camada protetora que impede a corrosão, garantindo décadas de vida útil. Essa coloração esverdeada que você já deve ter visto em estátuas e telhados ao redor do mundo. E falando em Bom, por tudo isso, não é por acaso que o cobre junto com o ouro e a prata tenha sido um dos primeiros metais utilizados pela humanidade. Por volta de 3300 anes de. Cristo com a invenção da fundição. Nossos antepassados descobriram, provavelmente por acidente, que ao misturar o cobre com estranho, criavam um material muito mais resistente, o bronze. Durante dois milênios, o bronze dominou o mundo. Armas que conquistaram impérios, ferramentas que construíram civilizações e muitas outras aplicações. Com o tempo, o cobre também encontrou novas combinações. Ao ser misturado com zinco, surgiu o Latão, uma liga versátil que se tornou essencial na cunhagem de moedas durante o império romano. Na idade média, o latão passou a ser utilizado em utensílios domésticos, instrumentos musicais e nos primeiros dispositivos mecânicos, mostrando que o cobre, em suas diferentes formas, estava sempre presente em vários aspectos da vida cotidiana. Mas foi a partir de 1830 que o minério avermelhado encontrou sua verdadeira vocação, a eletricidade. Em 1876, Alexander Gran Bell transmitiu a voz pela primeira vez por um fio de cobre em um telefone. Dois anos depois, Thomas Edson criou a lâmpada elétrica incandescente que dependia de fios de cobre para conduzir a eletricidade. Desde então, o cobre passou a ser protagonista nessa aplicação. Para simplificar, é possível dividir essa evolução em três momentos. Primeiro veio a era do ciclo do cobre antes de 2002. [Música] Our cars must also be reliable. Most automobiles today have 30 or more components that use berilliumpero has unbination. Um período em que a demanda seguiu o ritmo das fábricas e das economias dos países desenvolvidos. Os preços do cobre subiam e desciam acompanhando cada ciclo de produção industrial. Foi nessa época que o Dr. Copper consolidou sua fama de prever os rumos da economia. Depois, entre 2002 e 2018, começou a era da China. A economia chinesa disparou. A urbanização avançou em ritmo acelerado e a demanda global por cobre acompanhou essa expansão. Tanto que muitos chamaram esse período de super ciclo das commodities. E agora estamos entrando em uma nova fase. As metas de emissões líquidas zero e os investimentos dos governos para viabilizar a transição energética estão criando o que os especialistas já chamam de nova era da demanda por cobre. Uma era em que a busca por energia limpa e eletrificação vai acelerar de forma inédita o consumo desse metal. As projeções indicam que a demanda por cobre deve quase dobrar, saltando para 49 milhões de toneladas métricas em 2035 e vai seguir crescendo para 53 milhões de toneladas até 2050. Como você pode imaginar, um dos maiores motores dessa transformação é a transição dos veículos com motores à combustão para veículos elétricos. E agora vamos para os números. Um carro a combustão precisa de 24 kg de cobre. Um veículo elétrico, por outro lado, exige de 60 a 83 kg, dependendo do modelo. Ou seja, um EV usa de três a quatro vezes mais cobre do que um carro tradicional. E o impacto é ainda maior quando falamos de veículos pesados. Caminhões classe 8, por exemplo, utilizam pacotes de baterias cerca de 11 vezes maiores do que de um carro de passeio, elevando o consumo de cobre de forma significativa. Ônibus elétricos podem chegar a utilizar até 370 kg de cobre por unidade, mas não para por aí. Eletrificar o transporte global não é apenas sobre os veículos. Para essa frota elétrica funcionar, será preciso construir uma nova infraestrutura global de carregamento, algo que ainda não existe em escala. Cada posto de recarga, cada transformador, cada quilômetro de fio necessário para conectar o mundo elétrico traz consigo a marca silenciosa e indispensável do cobre. Além dos carros elétricos, a mudança para fontes de energia limpa, como a solar fotovoltaica e a eólica também está aumentando a fome por cobre. Essas tecnologias são muito mais intensivas nesse metal do que as formas tradicionais de geração a partir de combustíveis fósseis. A energia eólica offshore, por exemplo, exige cerca de três vezes mais cobre do que a geração a carvão. As estimativas apontam que a demanda relacionada esse tipo de geração deve atingir 1,2 milhão de toneladas até o ano de 2030. Mas calma que tem mais. A expansão tecnológica que estamos vivendo, marcada pelo avanço da inteligência artificial, pela mineração de criptomoedas e pela digitalização global, está gerando uma necessidade massiva de servidores, data centers e redes de transmissão. E tudo isso consome eletricidade e cobre. Estudos da BHP e da Mquire apontam que até 2050 os data centers sozinhos podem consumir entre 6 a 7% da demanda global de cobre, saltando de um consumo anual de cerca de 500.000 toneladas para até 3 milhões de toneladas por ano. Isso faz da inteligência artificial e dos data centers novos protagonistas na corrida global pelo cobre, juntando-se a carros elétricos e a transição para energia renováveis como motores dessa demanda que só tende a crescer. reading you from the conference call. Increasing scarcity and supply at a time when demand is growing so significantly. Limited number of projects which have been under development for some time. But when you look beyond that, you said it’s hard to find actionable projects that are or can be developed within a very short period of time. Are we going to have a shortage ofer? David I think we are heading for shortage for cops copper absence some black swan economic event the uh uses of copper in the world today are are growing. era oferand uses economy in count. Tá, mas talvez você esteja se perguntando se a demanda por cobre vai explodir nos próximos anos, não seria só produzir mais. De fato, cobre não falta no planeta. O serviço geológico dos Estados Unidos estimou que em 2015 os recursos de cobre ainda não descobertos somavam cerca de 3,5 bilhões de toneladas métricas espalhadas pelo mundo. No entanto, apenas uma fração desse recurso geológico é economicamente viável aos preços atuais e utilizando as tecnologias disponíveis. E agora chegamos à parte que explica por estamos numa crise. Extrair cobre hoje é completamente diferente de 150 anos atrás. Quando as primeiras minas comerciais começaram a operar, cada tonelada de rocha chegava a ter 50 a 100 kg de cobre puro. Hoje, a média global é de 6 a 10 kg por tonelada. Nas minas mais pobres, esse número cai para apenas 4 kg. É como se estivéssemos procurando moedas e uma praia que fica 10 vezes maior a cada década, enquanto as moedas ficam 10 vezes menores. Além disso, o ciclo de processo de extração e refino é longo e complexo. Para entender a dimensão do desafio, vamos acompanhar o nascimento de uma única tonelada de cobre, desde a montanha até chegar ao seu celular. Tudo começa com explosivos, literalmente dezenas de toneladas de dinamite para abrir crateras gigantescas na terra. A mina de Shukamata, no Chile, por exemplo, é um buraco de 3 km de largura e quase 1 km de profundidade. Tão grande que pode ser vista do espaço. Caminhões do tamanho de casas sobem e descem por estradas em espiral carregando as rochas. Depois disso vem a britagem. Essas centenas de toneladas de rochas são trituradas até virarem pó fino, usando moinhos gigantescos que consomem uma enorme quantidade de energia. E então acontece um processo fundamental, a flotação. Utilizando uma espuma química especial, os minúsculos grãos de cobre se separam do restante da rocha, grudando nas bolhas e subindo para a superfície. O resultado é um concentrado de cerca de 30% de cobre, ainda longe do produto final. A purificação extrema começa agora. O concentrado vai para as fornalhas que operam em altas temperaturas e ali grande parte das impurezas é removida, gerando cobre com 99% de pureza. Mas ainda não acabou. Para aplicações eletrônicas, precisamos de cobre 99,95% puro. Entra aí então a eletrorrefinação, onde cobre é dissolvido eletricamente e depositado átomo por átomo em placas chamadas cátodos. Todo esse processo, incluindo transporte, moagem, fundição e refinamento, leva tempo, consome muita energia e pode custar entre 3 a 6.000 por tonelada. E aqui está o verdadeiro problema. Com minérios cada vez mais pobres, a tendência é que esse custo aumente mais energia, mais produtos químicos, mais tempo, mais investimento. É por isso que não podemos simplesmente produzir mais cobre quando a demanda explode. A física e a economia da extração impõem limites brutais. E tem mais, abrir uma nova mina é um processo longo. Desde a descoberta até o início da produção, podem se passar de 10 a 23 anos. Isso porque a expansão da produção de cobre enfrenta um obstáculo crescente, os entraves regulatórios e legislativos. Regras ambientais rigorosas, a necessidade de proteger comunidades locais e garantir direitos sociais, além da busca por segurança jurídica para investidores, formam uma tríade que, embora fundamental para sustentabilidade e justiça social, dificulta a rápida implementação de novas minas. Mesmo expandir minas existentes leva tempo, de 2 a 3 anos em média. Paradoxalmente, isso significa que os preços do cobre precisam subir agora para incentivar oferta suficiente que resolva os déficits futuros. Teoricamente, para atender a demanda futura hoje, seriam necessárias três minas tier one, ou seja, de primeira linha e cada uma produzindo 300.000 toneladas métricas por ano de cobre, o que custaria mais de 500 bilhões de dólares. Mas surpreendentemente esse talvez nem seja o maior dos problemas. Talvez o fato mais intrigante sobre o futuro do cobre não tenha apenas a ver com a escassez ou tecnologia, sim com poder. Se você olhar um mapa munde da produção de cobre, vai perceber algo fascinante. Os países que extraem o metal não são necessariamente os mesmos que o controlam. Chile e Peru dominam a mineração, representando quase a metade da produção mundial. O Chile sozinho corresponde por 27% de todo o cobre extraído do planeta. Mas aqui está o plot twist geopolítico. Quem realmente controla o cobre global é a China. A China produz apenas 9% do cobre mundial, mas processa e refina 47% de todo o cobre do planeta. Isso mesmo, quase a metade de todo o cobre processado globalmente passa pelas mãos chinesas. É como se o Chile e o Peru fossem os fazendeiros, mas a China dona de todas as fábricas de processamento. E os números ficam ainda mais impressionantes quando falamos de consumo. A China consume 54% de todo o cobre refinado do mundo. Para você ter uma ideia, os Estados Unidos, que são o segundo no ranking, consumem apenas 7%. Ou seja, a China consume quase oito vezes mais cobre que os Estados Unidos. Essa concentração não aconteceu por acaso. Nas últimas décadas, especialmente após ingressar na OMC em 2002, a China investiu estrategicamente em capacidade de fundição e refinamento. Enquanto outros países focavam na extração, os chineses construíram as fábricas que transformaram o minério bruto em produto final. É uma estratégia que lembra muito o que aconteceu com o petróleo no século XX, quando países como Estados Unidos e Reino Unido controlavam o refino, mesmo não sendo os maiores produtores. Mas a dominação chinesa vai além do processamento. A China também estabeleceu parcerias estratégicas com os principais países mineradores. Suas empresas estatais têm relacionamentos sólidos, especialmente na África sub-saariana e mais recentemente na América Latina. Essas empresas conseguem assumir riscos comerciais de longo prazo, que empresas privadas focadas em maximizar o retorno para acionistas simplesmente não conseguem. E aqui está um dado que deve deixar os estrategistas americanos acordados à noite. Mesmo no cenário mais otimista de transição energética, os Estados Unidos precisarão importar mais da metade do cobre refinado que consomem. Hoje essa dependência é de 44%. Em 2035 pode chegar a 57%. No longo prazo, no cenário mais conservador, os Estados Unidos dependerão de importações para 67% do seu consumo de cobre. Para um país que está tentando reduzir sua dependência da China em materiais estratégicos, isso é problemático. Nos próximos anos, estaremos vivendo o que alguns analistas já chamam de um novo grande jogo, uma competição geopolítica pelos minerais críticos para transição energética e transformação econômica. De um lado, países ocidentais buscam reduzir sua dependência de combustíveis fósseis, muitos vindos de regiões instáveis ou governados por regimes autoritários. Por outro lado, essa corrida para eletrificar tudo pode criar uma nova vulnerabilidade, desta vez em torno de minerais estratégicos como cobre, já que grande parte deles é controlada ou processada na China. Mas o risco não está restrito ao gigante asiático. Países africanos como a República Democrática do Congo e a Zâmbia são responsáveis por boa parte do cobre extraído no mundo. O problema muitos enfrentam estabilidade política, infraestrutura frágil e regulações inconsistentes. A República Democrática do Congo, por exemplo, é um dos maiores produtores globais de cobre, mas também está entre os países mais instáveis do planeta. Uma crise por lá não apenas afeta uma mineradora, mas também pode comprometer o fornecimento global por décadas. Toda essa concentração geográfica e geopolítica tem uma consequência direta, volatilidade de preços e concentração de poder. Quando você tem uma commodity estratégica sendo extraída em poucos países, processada principalmente em um país e uma demanda explosiva vinda principalmente desse mesmo país, bem você tem uma receita para instabilidade de preços e dependência estratégica. E é por isso que muitos analistas afirmam que o cobre está para o século XX, como o petróleo esteve para o século XX. Assim como o petróleo deu poder geopolítico aos países produtores e às vezes foi usado como arma, o cobre pode dar a China uma influência desproporcional sobre a velocidade e o rumo da transição energética global. Porque no final das contas, sem cobre suficiente e a preços acessíveis, a revolução dos veículos elétricos, das energias renováveis e da eletrificação pode simplesmente não acontecer ou acontecer muito mais devagar do que todos gostariam. É por isso que governos e empresas estão em busca de alternativas. A reciclagem do cobre, por exemplo, ganha força. Hoje, cerca de 60% do cobre que chega ao fim da vida útil é reaproveitado. E há quem projete que essa taxa pode atingir 90% até 2040. Um exemplo recente, a Vivo, gigante das telecomunicações, anunciou que pretende vender 120.000 toneladas de cobre de sua antiga rede de telefonia, agora substituída por fibra óptica. Isso pode render a empresa nada menos que R$ 3 bilhões deais. R$ 3 bilhõesais em cobre que já estava lá na infraestrutura. E olha só, a gente volta a qualquer momento. Três homens foram presos após fazerem a limpa em fios de cobre de um canteiro de obras de São Paulo. Segundo a polícia, eles podem ter participado de outros roubos furtos semelhantes. Ó lá, ó. Eles estão deformizados ali. O material avaliado em R$ 350.000. A verdade é que nos últimos anos o cobre tem mostrado uma volatilidade impressionante. Em 2021 ele atingiu as máximas históricas ultrapassando. Por tonelada. Não foi coincidência. Era o mercado antecipando exatamente o que estamos falando hoje, a explosão da demanda pela transição energética. Alguns analistas projetam que o cobre pode chegar a 15.000 por tonelada nos próximos anos. Se vai chegar ou não, não sabemos ainda. Mas uma coisa é certa, ele estará no centro de uma disputa silenciosa envolvendo gigantes. Curioso mercado, conteúdo para quem tem conteúdo. Você sabia que o curioso mercado agora tem sua própria newsletter? Enquanto todo mundo lê as mesmas notícias de sempre, tem gente descobrindo os bastidores do mercado de um jeito diferente. Na nossa newsletter, você encontra as melhores histórias do mundo dos negócios, além de recomendações de conteúdos para você ir ainda mais fundo. É gratuito e direto no seu e-mail e sempre tem algo interessante para você ler. Aponte a câmera do celular para o Qcode que está aí na tela ou acesse no comentário fixado do vídeo. 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