Por que os bilionários escondem dinheiro na Suíça? | Curioso Explica
0um pequeno país montanhoso sem saída para o mar com poucos recursos naturais limitada à produção industrial e menor que o estado do Espírito Santo como essa improvável nação se tornou o maior centro financeiro offshore do planeta controlando mais de 1/4 da riqueza transicional global em diferentes épocas e culturas a Suíça e seus bancos se tornaram sinônimo de riqueza segurança e inevitavelmente descrição pressione bancos suíços para qualquer pessoa e a primeira coisa que virá à mente será quase certamente o lendário sigilo bancário mas essa história é muito mais complexa e surpreendente quando vamos investigar suas origens segundo o dados da Associação Suíça de Banqueiros os bancos do país atingiram a marca histórica de 10 trilhões de dólares em ativo sob gestão em 2024 um crescimento impressionante que consolida a Suíça com o maior centro mundial de gestão de patrimônio transfronteriço com mais de 2 trilhões de dólares administrados para clientes internacionais no curioso explica de hoje vamos investigar como um país de montanhas e chocolate se transformou no cofre forte mais poderoso e secreto do planeta e principalmente como isso influenciou a economia global de maneiras inimagináveis aliás se a antes por favor não se esqueça já deixa teu like no vídeo se inscreve no canal e ativa as notificações toda semana as curiosidades mais interessantes do mundo dos negócios você encontra aqui no curioso [Música] Mercado para entender o fenômeno dos bancos suíços precisamos voltar no tempo a Suíça nem sempre foi um único país até 1848 era apenas uma confederação solta de cantões o equivalente suíço a estados ou províncias sem um governo federal permanente sem um mercado interno comum e sem uma moeda única diferente de vizinhos como França Alemanha e Itália a Suíça não tinha acesso ao mar o que limitava seu comércio de longa distância o terreno montanhoso também não favorecia a agricultura em larga escala e essas limitações geográficas não fizeram da Suíça um país financeiramente avançado durante a era pré-industrial europeia por isso até o século XVII o sistema bancário suíço era bastante modesto comparado a países como Inglaterra e Holanda em 1713 o grande conselho de Genebra que ainda não fazia parte da Suíça estabeleceu regras que proibíbiam os banqueiros de revelar informações sobre seus clientes ao contrário do que você possa imaginar esse não foi um ato de rebeldia ou uma estratégia para atrair dinheiro sujo era literalmente uma questão de vida ou morte milhares de protestantes franceses os uguenes estavam fugindo da perseguição religiosa católica quando chegavam à Genebra traziam suas economias mas precisavam de uma garantia que seus perseguidores nunca descobririam onde estava o seu dinheiro e aqui temos o primeiro DNA do sigilo bancário suíço proteção aos perseguidos [Música] alguns anos depois em 1789 Paris vive a Revolução Francesa e junto com ela os sonhos de dezenas de banqueiros suíços estavam indo para a guilhotina paradoxalmente por décadas os mesmos bancos privados de Genebra que salvaram os uguenes haviam emprestado fortunas colossais para os reis franceses milhões de libras da época o equivalente a bilhões de dólares hoje quando a monarquia caiu e o governo revolucionário assumiu esses empréstimos viraram um papel sem valor famílias bancárias inteiras que as gerações financiavam a realeza europeia foram a falência da noite para o dia mas aqui acontece algo que moldaria o futuro da Suíça em vez de desistir esses banqueiros sobreviventes tiraram duas lições fundamentais daquela tragédia a primeira nunca mais concentrar tudo em um só país ou governo e a segunda descrição total era questão de sobrevivência durante todo o século XIX enquanto a Europa vivia uma guerra atrás da outra guerras napoleônicas revoluções de 1848 e a unificação alemã a Suíça mantiu uma neutralidade absoluta que se tornaria sua marca registrada e essa neutralidade não era só política era também econômica em 1850 nasce o franco suíço uma moeda que diferente de várias outras moedas da época tornou-se estável conversível e principalmente confiável a força da moeda suíça tornou-se a base técnica sobre a qual o império bancário suíço começou a ser construído mas o verdadeiro divisor de águas na história bancária do país começa durante a Primeira Guerra Mundial e aqui começamos a entender como o sigilo bancário evoluiu de uma proteção religiosa para uma arma geopolítica antes da Primeira Guerra Mundial apenas 0,5% da riqueza financeira europeia estava escondida na Suíça em 1938 esse número havia saltado para 2,5% entre 1914 e 1918 enquanto a Europa se destruía a Suíça se transformava no refúgio financeiro de todo o continente ouro alemão títulos franceses libras esterlinas tudo fluía para os bancos suíços o problema é que os países em guerra começaram a perceber que seus inimigos estavam usando a Suíça para esconder ativos e a solução encontrada pelas nações europeias foi a espionagem bancária agentes franceses subornavam funcionários de bancos suíços espiões alemães invadiam escritórios em busca de informação sobre contas francesas era uma guerra financeira paralela acontecendo em um território neutro além disso quando a guerra acabou a França necessitada de recursos aumentou sua alíquota máxima de imposto de renda para 50% em 1924 essa alíquota chegou a 72% e foi aí que a indústria de evasão fiscal realmente explodiu na Suíça durante os anos de 1930 investigações francesas descobriram listas extensas de seus cidadãos com contas não declaradas no país falamos aqui de políticos de alto escalão generais do exército empresários milionários e até membros do clero todos eles sonando impostos através de bancos suíços a reação francesa foi devastadora prenderam diretores suíços em território francês congelaram todos os ativos dos bancos suíços na França e fizeram uma exigência: acesso total e restrito a todos os registros bancários na Suíça mas essa era uma violação brutal da soberania suíça e foi nesse momento que o parlamento tomou uma das decisões mais consequentes da história econômica mundial em 1934 em uma votação quase unânime 119 votos a favor e apenas um contra aprovou a lei bancária federal incluindo o famoso artigo 47 estava oficialmente nascido o sigilo bancário suíço [Música] moderno a Segunda Guerra Mundial transformou esse sigilo bancário numa das armas geopolíticas mais poderosas do século XX mas também revelou um dos lados mais polêmicos de toda essa história mesmo cercado pelas tropas de ambos os lados a Suíça manteve sua neutralidade e principalmente manteve seus bancos funcionando estima-se que durante a guerra os bancos do país transformaram em francos suíços 75% do ouro saqueado pelos alemães o que fortaleceu a moeda e a posição do sistema financeiro suíço ainda mais ao todo estima-se que cerca de 1,7 bilhão de francos suíços em ouro foram transferidos do terceiro rais para bancos suíços mais tarde descobriu-se que parte desse ouro havia sido roubado de vítimas do holocausto incluindo joias e até obtorações dentárias de ouro removidas os prisioneiros dos campos de concentração por décadas após a guerra os bancos suíços negaram ou minimizaram essas transações somente nos anos 1990 após intensa pressão internacional a Suíça iniciou uma investigação formal sobre os fundos dormentes diversas contas de vítimas da Segunda Guerra que nunca foram devolvidas às famílias em 1998 os maiores bancos suíços concordaram em pagar 1,25 bilhão de dólares como compensação às vítimas do holocausto e seus descendentes mas o fato é que a partir da Segunda Grande Guerra Zurik rapidamente se tornou a terceira maior praça financeira do mundo atrás apenas de Nova York e Londres genebra se especializou em fortunas privadas ultra secretas para se ter uma dimensão estima-se que nos anos 70 a Suíça controlava cerca de 10% de todos os ativos bancários estrangeiros do planeta um país com menos de 7 milhões de habitantes administrava uma grande parcela do dinheiro do mundo além disso o pequeno país europeu controlava quase 1/3 de todas as ações americanas pertencentes a não americanos um país com 0,1% da população mundial controlava 33% dos investimentos estrangeiros na maior economia do planeta o setor bancário chegou a representar quase 9% do PIB suíço eram 110.000 empregos diretos sem contar o efeito multiplicador da economia mas novamente entramos num território controverso além do polêmico benefício aos alemães durante a guerra o sigilo bancário que nasceu para proteger perseguidos políticos e religiosos também começou a atrair um tipo muito diferente de clientela ditadores do mundo inteiro descobriram que a Suíça era o lugar perfeito para esconder fortunas roubadas de seus próprios povos falamos em bilhões de dólares em dinheiro público desviado fortunas construídas sobre corrupção e repressão tudo protegido pelo mesmo sigilo bancário mas não se pode negar que para empresários e executivos especialmente de países com estabilidade política ou econômica os bancos suíços ofereciam mais que o sigilo ofereciam previsibilidade e proteção contra flutuações extremas de moedas locais o influxo de capital se tornou tão grande que começou a desestabilizar a economia suíça o Banco Central precisou impor taxas de juros negativas várias vezes para desencorajar a conversão massiva para francos suíços a Suíça bloqueia quase 7 milhões de dólares depositados em contas de Genebra e Zurique na Suíça né a suspeita é de que o dinheiro esteja ligado ao esquema que ficou conhecido como mensalão do Dem mas é lógico que todo o império tem suas rachaduras e para os bancos suíços essas rachaduras começaram a aparecer frequentemente o primeiro grande escândalo explodiu em 1977 o caso Tiaço uma bomba que abalou toda a credibilidade do sistema bancário suíço uma pequena filial do Credit Suís na fronteira italiana havia perdido 1 bilhão de francos suíços na época uma quantia astronômica mas o pior não era o valor era como isso aconteceu por mais de 10 anos essa filial estava lavando o dinheiro da máfia italiana através de fundos fantasmas em Letinsen investimentos não autorizados documentos forjados uma operação criminosa gigantesca operando dentro de um dos bancos mais respeitados do mundo e o que era mais chocante a matriz do credit em Zurik afirmava não saber de nada durante uma década inteira depois desse vieram outros escândalos um atrás do outro em 1989 descobriu-se que os bancos suíços haviam ajudado o cartel de Medelim a lavar 10 bilhões de dólares do tráfico de drogas a conexão libanesa revelou que os grupos terroristas usavam bancos suíços para financiar operações em todo o Oriente Médio a cada novo escândalo a pressão internacional crescia até a gente chegar na crise de 2008 que quebrou governos pelo mundo inteiro de repente diversos países que sempre tiveram superavit se viram com déficit colossais eles precisavam de dinheiro desesperadamente e onde estava esse dinheiro nos paraísos fiscais o banco suíço e UBS se tornou o exemplo número um em 2009 uma investigação americana revelou que o maior banco suíço tinha ajudado mais de 52.000 cidadãos americanos a esconder cerca de 20 bilhões de dólares do fisco americano a resposta americana foi brutal uma multa de 780 milhões de dólares e a exigência de entregar os dados de 4.450 contas de clientes americanos para um país que havia construído sua reputação sobre o sigilo absoluto entregar dados de clientes era como assinar a sua própria sentença de morte mas ainda era só o começo o Banco Suíço UBS está sob investigação por alegada à evasão fiscal o inquérito é levado a cabo pelo procurador de Nova York e pelo regulador da bolsa de valores em causa está a venda de obrigações ao portador e outros títulos não nominativos ilegais nos Estados Unidos já que permitem aos compradores esconderem rendimentos ao fisco o BSV acumularse os escândalos em França foi acusado de cumplicidade em invasão fiscal na Alemanha está a ser investigado em 2009 tinha já pago nos Estados Unidos 780 milhões de dólares para pôr fim a uma investigação semelhante no quarto trimestre o banco vê os lucros subirem mas os resultados anuais contam com 1000 milhões de dólares de provisões para fazer face aos vários casos judiciais a pressão americana se tornou global o CDE G20 União Europeia todos se uniram numa campanha sem precedente contra os paraísos fiscais em 2012 sob ameaça de boicote econômico total a Suíça cedeu assinou acordos de troca automática de informações fiscais com mais de 100 países o resultado foi o esperado entre 2008 e 2020 os ativos estrangeiros nos bancos suíços caíram de 2,7 trilhões para 2,2 trilhões de dólares meio trilhão de dólares simplesmente desapareceu mas aqui está onde a história fica interessante novamente em vez de morrer a Suíça se reinventou completamente se não podia mais competir no sigilo competiria na sofisticação o atual modelo suíço tem três pilares: expertise centanária estabilidade política e inovação tecnológica o país tornou-se referência na gestão de ativos digitais a Suíça se tornou líder mundial em regulamentação de criptomoedas atraindo fintex de todo o planeta além disso o país é berço de diversos family offices ultra sofisticados mesmo sem esconder dinheiro a gestão de patrimônios multilionários é especialidade a prova disso é que mesmo perdendo o sigilo a Suíça mantém 25% do mercado global de wealth management são 2,3 trilhões de dólares administrados por um país menor que o Espírito Santo mas em 2023 o sistema bancário suíço enfrentou mais um grande terremoto o colapso do Credit Suis um dos bancos mais antigos e respeitados do país fundado em 1856 os números são impressionantes em apenas 2 anos o Credit Siss perdeu mais de 95% do seu valor de mercado caindo de uma avaliação de 30 bilhões de dólares para menos de 3 bilhões de dólares em um único dia de pânico o banco viu 10 bilhões de francos suíços em depósitos serem retirados pelos seus clientes em um fim de semana dramático as autoridades suíças orquestraram a solução o UBS o maior banco do país e rival histórico do credito Siz compraria seu concorrente por 3 bilhões de francos suíços uma fração de seu valor anterior essa foi a maior fusão bancária desde a crise financeira de 2008 com ela nasceu uma gigante de mais de 5 trilhões de dólares em ativos sob gestão para comparação esse valor é equivalente ao PIB do Japão a quarta maior economia do mundo mas é óbvio que diante dessa nova realidade de transparência surgiu concorrência de novos centros financeiros como Singapura e Dubai os números revelam uma mudança gradual no mapa financeiro global enquanto a Suíça viu um crescimento modesto de 20% em seus ativos offshore entre 2018 e 2023 Singapura cresceu 80% e Dubai 60% no mesmo período a tendência de crescimento mais acelerado na Ásia parece irreversível mas apesar de todos os desafios os números do sistema bancário suíço ainda impressionam de 800 bilhões de dólares em ativos sob gestão em 1990 o setor cresceu para quase 9 trilhões em 2023 um crescimento de quase 1000% em três décadas a trajetória desse sistema financeiro é no fundo um espelho da própria evolução do capitalismo global embora o lendário sigilo bancário suíço não seja mais o que era e a imagem de vulnerabilidade tenha sido abalada pela crise do credito suíz os fundamentos que tornaram o sistema admirado permanecem estabilidade política moeda forte e expertise financeira e para os super ricos do mundo ter uma conta na Suíça já não é sobre esconder dinheiro mas talvez uma questão de status você sabia que o curioso mercado agora tem sua própria newsletter enquanto todo mundo lê as mesmas notícias de sempre tem gente descobrindo os bastidores do mercado de um jeito diferente na nossa newsletter você encontra as melhores histórias do mundo dos negócios além de recomendações de conteúdos para você ir ainda mais fundo é gratuito e direto no seu e-mail e sempre tem algo interessante para você ler aponte a câmera do celular para o Qcode que está aí na tela ou acesse no comentário fixado do vídeo te esperamos lá m