Por que os egípcios não falam egípcio?
0deixa eu agradecer a Insider, né, por apoiar esse vídeo. Eu já recomendei várias vezes a Insider aqui, né, pela praticidade, pela qualidade das peças que não precisam ser passadas, não desbotam, tem tecnologia antiodor. Então, hoje eu vou só reforçar a recomendação e deixar o cupom do canal aqui, que é o cupom estranho para vocês conseguirem descontos adicionais lá no site. O QR Code também vai est aparecendo em algum lugar aí na tela com o cupom e também com o link direto pro site. Então, valeu, Insider e vamos pro vídeo. Bom, a primeira coisa que a gente precisa falar sobre o egípcio antigo é que ele foi usado por mais de 3.000 anos em um território bem extenso e foi registrado em diferentes sistemas de escrita. Então existem muitas variações e transformações na história dessa língua, né? Mas basicamente a gente pode falar de quatro formas principais da escrita egípcia antiga. Primeiro a gente tem os famosos hieróglifos, né, que já aparecem no registro arqueológico por volta de 3.200 anes de. Cristo. E são uma das formas de escrita mais antigas da história, né? Perdendo só pro cuneiforme sumério, que é um pouco mais antigo do que ele. E só uma curiosidade, né? A palavra hierogli foi um termo criado pelos gregos para fazer referência a essa escrita e significa literalmente escrita sagrada, porque ela aparecia principalmente no contexto de templos, tumbas e outros monumentos ou objetos considerados sagrados. Existem câmaras no interior de pirâmides, por exemplo, com inscrições hieroglíficas. Tem obeliscos com inscrições hieroglíficas. E esse era um sistema de escrita extremamente complexo, que é algo que a gente vai ver mais paraa frente aqui no vídeo, quando a gente for falar da decifração dos hierógrafos lá no século XIX. Mas por enquanto o que importa é que tinha outra forma também de escrita egípcia que conviveu desde o início com os hieróglifos, que era uma escrita mais simplificada e cursiva, mais adequada para escrever em papiros, por exemplo, né, com cálamo e tinta, em vez de cinzel e martelo, que era como se fazia as inscrições hieroglíficas em pedra. E esse outro sistema simplificado ficou conhecido como hierático, né? Também uma palavra em grego que remete aos sacerdotes e faz referência ao fato de que esse tipo de escrita era muito utilizado por escribas sacerdotais. Mais paraa frente, na história do Egito, o hierático vai ser bastante utilizado para preparar o livro dos mortos, né? Para escrever o livro dos mortos, que é um tema que a gente já falou aqui no canal, inclusive. Mas vale dizer aqui que esse tipo de escrita, né, tanto os hieróglifos quanto o hierático, apesar do nome que remete ao sagrado, eles também eram utilizados em outros contextos também, como contextos do palácio, né, administrativos e coisas do tipo. Bom, e aí bem depois disso, né, cerca de 600 anos antes de Cristo, começou uma nova fase de simplificação da escrita egípcia a partir desse hierático que resultou no chamado demótico, que significa literalmente do povo, né, popular. E era uma escrita ainda mais cursiva, mais abreviada, simplificada e utilizada em documentos legais, em contratos, correspondência e em contextos menos solenes, por assim dizer. Só que esse nome também pode ser um pouco enganoso, porque ele pode dar a ideia de que todo mundo no Egito dessa época sabia ler e escrever e que tinha o domínio, né, do demótico e que o demótico era super acessível ou coisa assim, né, mas nada mais longe da realidade. A maioria esmagadora da população nesse contexto, como na antiguidade em geral, era analfabeta. E a escrita do egípcio antigo, inclusive na forma do demótico, era uma habilidade bem especializada, né, apreendida só por poucas pessoas, que eram os chamados escribas. Os escribas tinham que memorizar centenas ou até milhares, no caso dos hieróglifos mais mais paraa frente na história do Egito, né, chegaram a ser talvez 7.000 hieróglifos diferentes. Então, eram muitos sinais específicos que você tinha que memorizar e saber o contexto exato de como utilizar. Era uma gramática, de novo, a gente vai ver isso mais para frente, mas uma gramática super complexa também. Então, demandava uma formação de anos de dedicação praticamente exclusiva. Então, realmente era uma coisa que poucos podiam se dar o luxo, né, ser colocados essa posição para aprender esse ofício. Consequentemente, se você sabia escrever no antigo Egito, né, se você era um escriba, você tinha acesso praticamente garantido a posições muito importantes ali em templos, palácios, cargos de administração. Essa classe dos escribas era realmente muito valorizada. Tem um texto inclusive conhecido como instruções de Duaquet, né, do segundo milênio antes de Cristo, em que o autor diz o seguinte: “Veja, não há nenhuma profissão livre de supervisores, exceto a do escriba. Ele é o supervisor.” E o texto ainda diz, né? Nenhum escriba jamais ficará sem comida ou sem as coisas da casa do rei. Que ele viva, prospere e esteja bem. Claro que quem escreveu isso também foi um escriba, né? Mas de fato era um ofício realmente muito valorizado e pretendia até ter uma origem sagrada, né? Uma origem divina. Segundo algumas tradições, o deus Tot, que é o escriba dos deuses, teria revelado essa arte divina aos humanos lá nos primórdios da formação do Egito. Mas enfim, então essas são as três primeiras formas principais da língua egípcia, né? Uma desenvolvida a partir da outra, mas tem uma quarta forma muito importante também do egípcio antigo, que é bem diferente dessas três primeiras, porque ela vem de outra matriz, né, mais tarde na história, que é a escrita grega. O que acontece é que em 322 anes de. Cristo, Alexandre Grande conquistou o Egito e depois dele uma dinastia iniciada por um dos seus generais, que era o Ptolomeu I, governou essa região por muitos séculos. E durante esse período, a cultura helenística, né, a cultura grega passou a compor a paisagem cultural ali do Vale do Nilo cada vez mais. E o grego foi se consolidando na corte, na administração, no comércio e entre a elite intelectual. E o resultado disso foi que essas línguas escritas, né, tanto o as formas de escrita egípcia quanto a escrita grega passaram a coexistir e influenciar uma outra na região. A gente tem, por exemplo, a famosa pedra de roseta do segundo século antes de Cristo, que traz um mesmo texto escrito em hieróglifos, demótico e grego. Já já a gente vai voltar nessa pedra porque ela é muito importante. E além dela tem também registro de que governantes ali locais como a Cleópatra VI, que é a Cleópatra famosa, dominava tanto o grego quanto o egípcio. Essa Cleópatra, particularmente, né, segundo um biógrafo antigo, que é o Plutarco, pelo menos um biógrafo grego, ela dominava nove línguas ao todo, incluindo também o siríaco, o etíope e outras que eu não me lembro agora. Mas enfim, o importante aqui para nós é que com o tempo essa convivência entre o egípcio e o grego resultou em algo novo que a gente poderia dizer que é a quarta forma importante da escrita egípcia que é o copta. O copta era basicamente a língua egípcia antiga, só que usando a escrita grega, né? Essa mesma língua escrita no alfabeto, no sistema alfabético grego, com algumas letras adicionadas adaptadas a partir do demótico para representar sons que não existiam no grego e existiam no egípcio, né? Então você precisava de caracteres adicionais ali para representar esses sons. Mas aqui então é importante deixar clara essa diferença entre língua e escrita. A língua portuguesa que eu tô falando nesse momento, por exemplo, se eu fosse escrever isso num papel, eu usaria o alfabeto latino, que tem as letras A, B, C, D, etc. Então, a palavra casa geralmente é escrita com um C, um A, um S e um A. Mas dá para escrever essa mesma palavra também da língua portuguesa em vários outros sistemas de escrita. Você pode usar, por exemplo, o Braile, pode usar o alfabeto fonético internacional, pode usar código Morse, tem uma infinidade de possibilidades. Você pode até usar outros alfabetos aleatórios para registrar palavras em português, desde que esses alfabetos tenham as os caracteres que representem os sons que a gente precisa. E da mesma forma, a gente também poderia usar o alfabeto latino para escrever salam do árabe ou shalom do hebraico ou eirene do grego, mesmo que essas palavras, que todas significam paz, né, só de curiosidade, eh, sejam originalmente registradas, né, no sistema de escrita da sua própria língua. Então, seriam o alfabeto árabe, o alfabeto hebraico e o alfabeto grego. Mas você pode usar o alfabeto latino para registrar essas palavras, como eu coloquei aí na tela. Então, de novo, né, o copta não é que ele é necessariamente uma língua diferente, ele é basicamente a mesma língua que era registrada usando os hieróglifos, ou o hierático ou o demótico, só que usando um sistema de escrita diferente que é baseado no grego. E eu digo que é basicamente a mesma língua porque na verdade são 3.000 anos de história de uso ininterrupto da língua egípcia antiga. Então, claro que quando o copta se desenvolve lá em 200 anes decoisto pra frente, a língua já tinha mudado bastante por processos internos que acontecem a qualquer língua. Então, se a gente pudesse pegar uma máquina do tempo e trazer um construtor de pirâmides lá da quarta dinastia egípcia para ouvir alguém falando copta no segundo século, no terceiro século depois de Cristo, eles teriam um pouco de dificuldade, imagino, de se compreender. Mas é basicamente a mesma língua. tem muito mais continuidade do que ruptura nesse processo. Tanto é que o conhecimento do copta foi fundamental para decifrar os hierógrafos, que a gente de novo vai ver mais pra frente no vídeo. Mas antes de chegar lá, é importante falar mais algumas coisas, né? A primeira é que todos esses sistemas de escrita do egípcio antigo conviveram, coexistiram. O surgimento de um não significa necessariamente substituição total do outro, né? A gente tem inscrições em hieróglifos depois que o copta já tinha sido inventado. No quarto século depois de Cristo tem a última inscrição em hieróglifo que a gente conhece. Outra coisa é que o copto, apesar de ser muito menos famoso do que os hierógrafos, ele é igualmente importante também pro campo da história da arqueologia, porque o clima do Egito é bem mais favorável à preservação de papiros antigos do que a maioria dos outros lugares. Então, muitas vezes, os manuscritos mais antigos que a gente tem de alguma obra é de origem egípcia, né? Mesmo que o texto originalmente não fosse egípcio, geralmente o manuscrito, a a o registro preservado materialmente desses textos são de origem egípcia. Por exemplo, os manuscritos mais antigos que a gente tem do Novo Testamento, que são os fragmentos de Rylands, de Bodmer e de Oxy Rinco, por exemplo, todos eles foram encontrados no Egito. E alguns desses manuscritos estão em copa, né? Muitos estão em grego, mas também há traduções em copa. Isso sem falar em outros textos muito importantes também para entender o cristianismo antigo, que são os chamados textos apócrifos ou extracanônicos, né, que não entraram na Bíblia, mas que eram muito valorizados por algumas comunidades cristãs antigas. E entre esses textos a gente tem a chamada biblioteca de Nagramad, né, que contém o evangelho de Tomé, o evangelho de Felipe e até um fragmento da República de Platão. E todos esses textos estão escritos em copa. Então, sem o conhecimento do copta, a gente perderia não só acesso a muitas pistas sobre a história do Egito em si, mas também sobre a história em geral, né, principalmente do mundo mediterrâneo ali, mas muita coisa importante pra história do judaísmo, do cristianismo e outras expressões que não se originaram propriamente no Egito. E outra coisa importante sobre o copta é que desde o início ele foi usado pelos cristãos no Egito e até hoje ele é usado como língua litúrgica da igreja ortodoxa copta, né? Mais ou menos como o latim era utilizado nas missas da Igreja Católica Romana até poucas décadas atrás. Só que esse uso do copta atual, ele basicamente tá restrito realmente a esse ambiente da igreja. As pessoas na rua no Egito, mesmo os cristãos copta não falam copta, na verdade não falam nenhum tipo de egípcio que derive lá da língua dos faraós, dos escribas antigos ou coisa do tipo. O os egípcios hoje em geral falam outra língua de outro ramo que é o árabe. E isso claro porque em 641 depois de Cristo, os árabes conquistaram o Egito, que na época era dominado pelo império bizantino, né, que tinha o grego como língua principal. E a partir daí, a influência cultural, religiosa e linguística árabe e muçulmana começou a mudar a paisagem egípcia. Só que isso foi um processo que não foi imediato, né, nem uniforme. Foram vários séculos até que o o árabe substituísse o copta nas principais esferas da sociedade. Por muito tempo, o copta continuou sendo falado, especialmente nas áreas mais afastadas dos grandes centros urbanos, entre os cristãos coptas. E mesmo alguns documentos administrativos ali do período árabe, dos califados e tal, ainda utilizavam o copta em algumas regiões, adaptando, né, a circunstâncias locais. Importante dizer também que o cópta tem vários dialetos, várias diferentes variantes, mas a gente não vai entrar nisso aqui porque, enfim, esse não é um vídeo sobre o cop, né, é um panorama longo, então a gente precisa passar por algumas coisas mais rápido. Foi só por volta do 10º século que o árabe realmente se tornou totalmente dominante, né, até entre os cristãos coptas. E nesse período, claro, o egípcio também acabou deixando marcas no árabe local ali. Foi a partir dessa dinâmica que se desenvolveu o que hoje é conhecido como árabe egípcio, que é uma variante específica do árabe, que depois receberia também influências turcas, inglesas mais para frente, né, francesas. E esse é o árabe que se fala hoje, por exemplo, no Cairo. E uma consequência dramática disso tudo, né, desde a época da dominação grega, depois, principalmente, a dominação árabe, foi que os egípcios foram perdendo gradualmente ao longo dos séculos, a capacidade de entender os sistemas de escrita mais antigos do egípcio como os hieróglifos. Como eu já antecipei, né, a última inscrição hieroglífica que a gente tem notícia é de 394 depois de Cristo, né, num templo de Isesis em Filas ou Filai. Então, depois disso, depois do quto século, a gente não tem nenhum novo texto em hierógrifos que a gente tem notícia. A partir daí, o conhecimento tanto da escrita quanto da leitura dos hierógrafos, que era muito complexa, demandava muita dedicação e essa dedicação não fazia tanto mais sentido naquela realidade social, política, cultural. Esse conhecimento então foi se perdendo e por volta do 10º século, mais ou menos, praticamente ninguém mais conseguia ler o que estava escrito nessas paredes, obeliscos ou pergaminhos. Então, a gente tem muita notícia, por exemplo, de viajantes europeus medievais que iam pro Egito e mesmo conversando com os locais não faziam a menor ideia do que tava escrito nas paredes. Muitas vezes nem sabiam sequer que aquilo era um sistema de escrita, né? Pensavam que eram desenhos decorativos ou que eram emblemas mágicos. Alguns autores europeus, como Atanásios Kirker, por exemplo, até tentaram decifrar alguma coisa ali, mas sem muito sucesso, praticamente nenhum sucesso. E a gente teria realmente que aguardar até o século XIX para que esse universo de textos milenares se abrisse novamente à nossa compreensão. E por que o século XIX, né? O ponto de virada nessa história foi quando os soldados franceses de Napoleão invadiram o Egito, que na época fazia parte do império otomano. E no meio de uma expedição, eles encontraram uma pedra negra perto da cidade de Roseta, no Delta do Nilo, que tinha um decreto do faraó Ptolomeu V, do segundo século antes de Cristo. E esse decreto afirmava ali a divindade desse faraó, concedia alguns benefícios para templos, sacerdotes. Mas a mensagem em si dessa pedra de roseta, né, como ela ficou conhecida, era o que menos importava. O que mais importava nela é que ela trazia essa mesma mensagem em três versões, né, em hieróglifos, em demótico e em grego. E o grego antigo era uma língua muito conhecida, né? Então podia funcionar como uma referência segura ali no esforço de comparação do texto grego com as versões ah em egípcio. Então assim que o texto da pedra de Roseta foi divulgado, muitos estudiosos começaram a tentar decifrar esses temas de escrita e o principal deles, tem vários, tá? Mas o principal deles foi um francês chamado Jean François Champolon, que nesse processo de decifrar os hieróglifos, primeiro aprendeu o copta para entender a língua egípcia propriamente e depois aplicou esse conhecimento para decifrar os sistemas de escrita mais antigos dessa mesma língua, que eram o, no caso ali da pedra de roseta, o hieróglifo e o demótico. E depois de vários e vários anos tentando várias abordagens, o champolon percebeu que os hieróglifos misturavam sinais ao mesmo tempo fonéticos e pictográficos ou ideográficos. Ou seja, alguns símbolos representavam sozinhos uma ideia, né? Outros representavam sons. Ou às vezes num dado contexto, um símbolo poderia expressar uma palavra inteira e em outros poderia ser só uma sílaba. Por exemplo, o desenho de um sol, que é um círculo com ponto no centro, podia significar sol ra em egípcio ou poderia representar o som ra dentro de outras palavras. E além disso tinha outro tipo de sinal também interessante que são os chamados determinativos que eles apontavam, eles não deveriam ser lidos, né, vocalizados, mas eles apontavam o que que a palavra na sequência era, se era, por exemplo, um deus, se era uma ação, se era um lugar. Então, esse tipo de sinal, né, esses determinativos, você não encontraria nenhum correspondente na escrita grega que não usa esse tipo de estrutura, de sinal, né? Enfim. Então, depois de resolvendo aos poucos esse quebra-cabeça extremamente complexa, o Champolon começou a compartilhar os resultados dele. Em 1822, ele escreveu uma carta para um colega chamado Dacier, que ficou conhecido como um dos marcos fundacionais, é um dos marcos mais importantes da egiptologia moderna, porque a partir daí os egiptólogos, né, os estudiosos de Egito antigo, podiam contar não só com os testemunhos materiais arqueológicos, né, com monumentos, com vasos de cerâmica e coisa desse tipo, mas poderiam contar também com um universo gigantesco de textos que tinham perdido a voz por mais de 1000 anos e que são alguns dos textos mais antigos da história da humanidade, né? Então assim, tem um valor inestimável. E diga-se de passagem, alguns anos depois disso, né, algumas décadas depois, o coneiforme mesopotâmico, que é a escrita mais antiga, a escrita dos textos mais antigos da humanidade mesmo, que a gente conhece, seria decifrada também, né? Mas a gente deixa isso para outro vídeo. Por enquanto vamos ficar só nos hieróglifos mesmo, né? Mas então, resumindo, né? Os egípcios não falam egípcio hoje porque o árabe começou a dominar a região ali a partir do so. Mas antes disso, o egípcio já tinha perdido certo espaço pro grego e já tinha se modificado bastante internamente também desde suas primeiras formas ali nas inscrições do quarto milênio antes de Cristo. E se você se deixar as referências na descrição para quem quiser se aprofundar. E é isso, muito obrigado por assistir e até o próximo vídeo. Falou.