Por que Putin não pode apertar o botão vermelho?

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Caros amigos, bem-vindos a mais um episódio de hoje no Mundo Militar. Neste vídeo falaremos sobre porque Vladimir Putin, apesar de distribuir frequentemente graves ameaças, sabe muito bem que não pode ordenar o lançamento de armas nucleares contra a Ucrânia. Vladimir Putin e membros de topo do seu regime, como Dimitri Medvedev, não poupam nas palavras quando querem ameaçar a Ucrânia e o mundo com armas nucleares. Ameaças acompanhadas por feitos práticos, como recentemente, quando Putin alterou a doutrina nuclear russa, facilitando muito o emprego dessas armas. Mas apesar de invasões ucranianas limitadas, como en Kurski, e de ataques ucranianos contra alvos bem no interior da Rússia, o botão vermelho permanece intocado. Mas o que efetivamente impede Putin de ordenar o uso de uma arma que tem o potencial de lhe garantir a vitória naquela guerra? Vamos começar pelo contexto. Desde o início da invasão russa em fevereiro de 2022, Putin tem usado a retórica nuclear como arma psicológica. Em discursos, ele menciona a doutrina nuclear russa, que permite o uso de armas atômicas se a existência do Estado russo estiver ameaçada. Dimitri Medvedev, ex-presidente e atual vice do Conselho de Segurança, vai ainda mais longe, ameaçando, em frequentes posts no Telegram um apocalipse nuclear se o Ocidente interferir demais. Em 2024, após avanços ucranianos, Medvedev alertou que o Ocidente está brincando com fogo e que a Rússia poderia responder com armas nucleares estáticas, mas essas ameaças não são novas. E em setembro de 2022, Putin elevou o Tom durante contraofensivas ucranianas, insinuando o emprego tático, com armas nucleares de menor poder de destruição, visando campos de batalha e não cidades inteiras. A Rússia é conhecida por ter um arsenal muito avançado e moderno de armas nucleares, especialmente as táticas, com muitas delas instaladas em mísseis balísticos como Iscander, altamente letais para emprego tático e que já provaram a sua eficiência na Ucrânia. E já que estamos falando em ucraniana em Kursk, que começou em agosto e se arrastou até princípios de 2025, analistas esperavam uma escalada. A Ucrânia capturou territórios russos, incluindo vilarejos próximos à usina nuclear de Kursk. Uma ação que, segundo a doutrina russa, pode ser respondida com o emprego de armas nucleares. No entanto, mais uma vez, a Rússia ficou apenas nas ameaças, deixando no ar uma pergunta importante. Por quê? O motivo principal é que Putin sabe que o uso de armas nucleares, mesmo as táticas e mesmo no campo de batalha traria consequências catastróficas para a Rússia. Em novembro de 2024, Putin assinou uma revisão completa da doutrina nuclear russa intitulada Princípios Básicos da Política de Estado da Federação Russa sobre dissuasão nuclear, baixando perigosamente o limiar para o uso dessas armas, dando à Rússia a liberdade para responder com armas nucleares a ataques convencionais de um estado não nuclear, desde que apoiado por potências nucleares Ou seja, a Ucrânia, mesmo sendo um estado não nuclear, agora pode ser alvo de armas nucleares pelo fato de ser apoiada por potências nucleares. Segundo a nova doutrina, ataques ucranianos com mísseis, como os atacames americanos, são agora vistos como ameaças passíveis de serem respondidas com armas nucleares. A doutrina anterior de 2020 era muito mais restrita, limitando o uso dessas armas apenas contra ameaças existenciais ou o emprego prévio de armas nucleares. Essa mudança de doutrina foi uma consequência das brutais perdas russas no campo de batalha comsk. Em janeiro de 2025, o risco nuclear subiu com ataques ucranianos contra radares russos de alerta precoce, como em Armavir, que poderiam cegar a defesa nuclear de Moscou. Mas apesar disso e de todas as ameaças anteriores, Putin declarou na altura que não precisa de armas nucleares para vencer na Ucrânia. E em maio de 2025, ele disse em uma entrevista que a necessidade de usar armas nucleares não surgiu e que espera que não surja, contradizendo declarações anteriores feitas por ele e por membros de topo do seu regime. Para os especialistas, as profundas mudanças na doutrina nuclear russa e as narrativas de Putin são mais táticas de intimidação do que intenção real, pois Putin sabe que o uso real destruiria a credibilidade da Rússia como potência racional. Em resumo, a doutrina é uma ferramenta de dissuazão, não de ação. E Putin sabe que usar armas nucleares contra uma Ucrânia não nuclear seria visto como fraqueza convencional, uma admissão de que o exército russo falhou e falhou feio com perdas estimadas em centenas de milhares de soldados. Outro fator crucial é a China com Shijinping, principal aliado de Putin, advertindo repetidas vezes que não aceitará o emprego de armas nucleares na Ucrânia. Em julho de 2023, o Financial Times revelou que XI pessoalmente alertou Putin durante uma visita a Moscou, dizendo: “Não use armas nucleares”. Em novembro de 2022, XI declarou publicamente que guerras nucleares não devem ser travadas e condenou ameaças nucleares na Europa e na Ásia. E em maio de 2024, em uma declaração conjunta com Putin, ambos disseram que não há vencedores em uma guerra nuclear. Segundo os analistas, a China teme o isolamento global. Como parceira econômica e material da Rússia, Peekim não quer ser arrastada para sanções ainda mais duras ou a uma guerra maior. A China vem fornecendo praticamente a totalidade das peças e componentes para a Rússia montar drones e atacar a Ucrânia, mas não envia armas letais prontas para uso, justamente para evitar ainda mais sanções e isolamento. Segundo analistas, XinPing vê o conflito como uma guerra por procuração contra o ocidente, mas que se tornará real se armas nucleares forem usadas. Em 2024, o Kremlin negou relatos de advertências chinesas, mas fontes confirmam que Putin ouve Shi, pois depende da China para contornar as sanções. E sabe que sem o apoio chinês, a Rússia estaria ainda mais isolada e em uma situação econômica ainda mais grave. Mas além disso tudo, há também outras razões, com a principal sendo o receio de Putin de transmitir uma imagem de desespero, pois ele sabe que ao usar armas nucleares, estaria admitindo a derrota convencional do exército russo contra o exército ucraniano. Em segundo, há o temor de ainda mais isolamento, pois ele sabe que armas nucleares afastariam aliados como Índia, China e Turquia. E finalmente há também o fator interno com Putin, temendo que o uso de armas nucleares cause desestabilidade interna ou até mesmo o início de motins entre unidades e comandantes militares. Em resumo, Putin ameaça usar armas nucleares apenas para intimidar, pois sabe que usá-las destruiria a imagem da Rússia como potência militar convencional, pois seria a admissão de que no mano a mano o exército russo foi incapaz de vencer o exército ucraniano. Trata-se basicamente de um blef calculado cuidadosamente contido pela China. [Música] [Música] [Aplausos] [Aplausos]

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