Por Que Santa Catarina Está Sendo Sabotada – E Ninguém Fala Sobre Isso
0Em pleno século XX, um dos estados mais organizados, produtivos e seguros do Brasil parece estar sendo ignorado, ou pior, silenciado. Enquanto o noticiário insiste em repetir que o Sudeste carrega o país nas costas, a realidade mostra outra coisa. Santa Catarina é quem mais cresce em produtividade, qualidade de vida e atratividade para quem quer recomeçar a vida em paz. Famílias do Brasil inteiro estão migrando para lá em busca de segurança, estrutura e estabilidade. Mas o que poderia ser uma boa notícia está virando uma bomba relógio. O estado virou um íã de brasileiros cansados do caos urbano, da violência e da desorganização de outras regiões. Só que em vez de apoio, Santa Catarina está recebendo abandono e o resultado disso são cidades crescendo rápido demais. serviços públicos sobrecarregados e uma pressão social que ameaça justamente o modelo que atraiu tanta gente. Santa Catarina enfrenta um fenômeno silencioso, a negligência estrutural da União, combinada com a sobrecarga demográfica acelerada. A infraestrutura federal não acompanha o ritmo de crescimento. Linhas de crédito emperram. Obras essenciais ficam travadas por anos. Enquanto o estado entrega resultados comparáveis aos de países europeus, o retorno que recebe da União é de um território esquecido. E a pergunta que fica é: por quê? Para começar, é bom entender onde Santa Catarina está geograficamente. O estado fica no coração do Brasil, entre Paraná, Rio Grande do Sul e Oceano Atlântico. Mas o que mais chama atenção nem é a sua posição, sim a sua estrutura. Santa Catarina tem um dos melhores índices de desenvolvimento humano do Brasil, figura entre os cinco maiores PIBs per cápita e lidera o ensino básico nacional. Segundo o IDEB, sua taxa de homicídios está entre as menores do país. O índice de analfabetismo também é o mais baixo. A geração de empregos formais cresce mesmo em anos de retração econômica. Mas apesar de tudo isso, a infraestrutura federal parece não reconhecer esse mérito. Rodovias como a BR470 e a BR280, que são federais, estão sendo duplicadas com dinheiro do próprio estado. Isso mesmo, Santa Catarina está bancando obras que deveriam ser responsabilidade da União e a justificativa oficial é falta verba, o que não é uma grande novidade. Mas talvez o que mais incomode em Brasília nem seja o sucesso econômico. Santa Catarina representa um modelo de organização social que desafia o Brasil tradicional, tendo cidades limpas com baixo índice de violência, escolas funcionais, infraestrutura local eficiente e uma sociedade que valoriza a ordem e cooperação. Tudo isso sem grandes escândalos, sem depender de socorro federal e com o povo que em sua maioria quer trabalhar em paz. E enquanto o Brasil se acostumou com o caos como regra, Santa Catarina mostra que dá para viver de outro jeito. E isso, claro, incomoda o governo federal, porque quando o estado caminha com as próprias pernas, ele mostra que o resto do país está sendo mal administrado. É nesse contexto que surge um fenômeno raramente discutido nos grandes veículos, a nova migração brasileira para Santa Catarina. Famílias inteiras estão abandonando cidades violentas, congestionadas e caóticas de estados como São Paulo, Goiás, Mato Grosso, Pará, Bahia e até mesmo do Rio de Janeiro. E recomeçando a vida em cidades como Joinville, São José, Itapema, Jaraguá do Sul, Palhoça e Balnear Camburiu. Entre 2017 e 2022, Santa Catarina registrou o maior saldo migratório interno do Brasil, com ganho líquido de 354.350 pessoas, um crescimento de 4,66% no período. Pela primeira vez desde 1991, o estado ultrapassou São Paulo como principal destino dos brasileiros. A combinação de baixa criminalidade, taxa de desemprego em torno de 2,7%, ensino de qualidade e um ambiente urbano mais organizado explica esse fenômeno. Além disso, o chamado efeito rede, quando migrantes influenciam novos deslocamentos, consolidou Santa Catarina como o novo polo de recomeço nacional. Cidades como Itapema, Camburiu, Palhoça e Jaraguá do Sul viram sua população explodir nos últimos anos. O número de matrículas nas escolas públicas disparou. O sistema de saúde, antes referência regional passou a registrar filas crescentes. O saneamento básico entrou em colapso em bairros que sequer existiam há 5 anos. E o trânsito, que sempre foi tranquilo em cidades médias, agora em garrafa, como nas grandes metrópoles. A migração desordenada sobrecarrega tudo. Segurança pública, coleta de lixo, distribuição de água, atendimento médico, delegacias, creches e transporte coletivo. E o que o governo federal faz para ajudar? Nada de concreto. Nenhum programa nacional voltado a apoiar os municípios que mais crescem. Nenhum plano para adaptar a infraestrutura urbana à nova realidade, só silêncio. E o resultado é um paradoxo. O estado que oferece qualidade de vida está ameaçado justamente por ser bom demais. E o pior, enfrentando isso quase sozinho. Em Itapema, por exemplo, a população cresceu mais de 100% em menos de 15 anos, mas a infraestrutura de água, esgoto e mobilidade urbana continua a mesma de 2008. Mas a pressão não é apenas sobre infraestrutura, ela também atinge algo mais profundo. E talvez aqui o ponto mais crítico do vídeo, a cultura. A identidade de Santa Catarina foi moldada ao longo dos séculos por uma forte cultura de cooperação, disciplina e zelo pela coletividade. Essa base veio da imigração europeia, especialmente alemã, italiana, polonesa e austríaca, que valoriza o trabalho, a limpeza, a organização urbana e o respeito às regras. Só que com a chegada massiva de novos moradores vindos de contextos sociais, culturais e urbanos totalmente diferentes, faz com que conflitos comecem a aparecer de forma silenciosa, mais visível. Em algumas regiões urbanas, a criminalidade aumentou, ainda que os índices continuem abaixo da média nacional. Condomínios passaram a ficar superlotados e a convivência ficou mais difícil. Faltam regras claras, sobram conflitos e muitos moradores antigos reclamam da perda do senso de comunidade. Regras de trânsito são desrespeitadas. O descarte de lixo se tornou problema em bairros que antes eram organizados e o uso dos espaços públicos deixou de seguir aquele padrão de zelo que sempre marcou o estilo catarinense de viver. Cresce o número de relatos de pessoas que dizem que a cidade perdeu a identidade. E essa sensação não vem do preconceito, mas da percepção de que o crescimento rápido e desordenado está pouco a pouco destruindo o próprio motivo que fez tanta gente querer morar ali. Isso não quer dizer que os novos moradores são o problema, muito pelo contrário, a maioria vem justamente porque quer viver num lugar melhor. Mas o crescimento explosivo e sem planejamento, sem o apoio federal e sem estratégias de integração cultural cria atritos inevitáveis. E o risco é claro, Santa Catarina pode perder exatamente aquilo que a tornou o modelo. [Música] Mesmo com todos esses desafios, o estado continua entregando resultados. O desemprego segue baixo, a indústria nova, a agricultura cresce e o turismo se expande. Com cidades como Balneário Cambuiú, Urubici e São Joaquim, se tornando destinos nacionais. Mas o governo federal segue ausente. Santa Catarina está entre os estados que mais arrecadam proporcionalmente para a União, mas figura entre os que menos recebem em investimentos federais per cápita. Segundo dados da Receita Federal, para cada R$ 1 arrecadado em Santa Catarina, o retorno em repasses da União é de apenas 19 centavos. Em estados como Alagoas ou Maranhão, esse número ultrapassa R$ 2 por real arrecadado, ou seja, eles recebem o dobro do que arrecadam, enquanto Santa Catarina recebe menos de 1/5 do que arrecada. E no Congresso, o peso político é quase irrelevante. Com apenas 16 deputados federais para mais de 7 milhões de habitantes, Santa Catarina tem menos influência do que estados com metade da população e produtividade inferior. Enquanto Brasília decide onde aplicar os recursos, o Estado trabalha e paga. Quem entrega resultado virou caixa eletrônico da União. E é nesse cenário que surgem os primeiros sintomas de fadiga institucional. Não é raro encontrar moradores, empresários e prefeitos dizendo: “Santa Catarina faz sua parte, mas Brasília não faz a dela”. E essa frustração está alimentando debates antes impensáveis, como os movimentos separatistas do Sul, entre eles, o Sul é meu país. E não se trata de um projeto concreto de independência, mas sim de um grito de insatisfação abafado por décadas. Gente que não quer sair do Brasil, mas que quer ser tratada com justiça, que quer o retorno pelos impostos que paga, que quer mais autonomia para seguir fazendo o que funciona. E o mais irônico é que o próprio sucesso de Santa Catarina tem sido usado como desculpa para o abandono. A quem diga, abre aspas, ah, eles estão indo bem, então não precisam de ajuda. Fecha aspas. Mas um estado que cresce, recebe migração e gera riqueza precisa ainda mais de apoio. O corre o risco de quebrar por excesso de carga. Se o país fosse inteligente, olharia para Santa Catarina como um exemplo. Investiria pesado em infraestrutura, logística, expansão do saneamento, duplicação de rodovias e incentivos à produção. Criaria políticas públicas para apoiar cidades que crescem com base em mérito. E não só aquelas que dependem de subsídio. Mas o que vemos é o contrário. Quem se esforça é punido com o esquecimento e quem grita mais alto, mesmo sem produzir, recebe os holofotes. Enquanto o estado atrai talentos, investe em educação e continua inovando, mesmo com orçamento limitado, Brasília prefere alimentar a lógica da dependência. E claro, isso é insustentável. E se nada for feito, os sintomas vão se agravar rapidamente. O trânsito das cidades médias, que hoje ainda flui, tende a entrar em colapso com o avanço desordenado da urbanização. A saúde pública começará a dar sinais de exaustão, com hospitais lotados, filas crescentes e a falta de profissionais. A segurança, que sempre foi um diferencial catarinense, pode começar a se deteriorar com o aumento da pressão social e da desigualdade. E no fim das contas, aquilo que era motivo de orgulho, a identidade organizada, pacífica e eficiente do Estado, pode se transformar em uma revolta silenciosa, alimentada pela sensação de abandono e injustiça. Mas, claro, ainda há tempo. Santa Catarina é um estado resiliente. Tem gente empreendedora, cidades organizadas, vocação para a indústria, o agro, o turismo e a tecnologia, mas não pode seguir bancando o país sozinha. Ignorar Santa Catarina é ignorar a chance de construir um Brasil mais equilibrado, descentralizado e justo, onde a competência é recompensada e não punida. O Brasil precisa parar de ignorar quem está dando certo, precisa aprender com quem está fazendo mais ou menos e precisa decidir, vai apoiar o crescimento sustentável de estados como Santa Catarina ou vai continuar sabotando o futuro do país por medo de encarar a eficiência. E claro, Santa Catarina é apenas um exemplo que nos demonstra a realidade do Brasil. Hoje temos vários estados que são extremamente produtivos, que arrecadam bastante, mas que, infelizmente, não podem revestir o seu dinheiro na sua própria população, porque precisa distribuir pra União e a União distribui de maneira insustentável, mantendo os estados que produzem reféns dos estados que não produzem. Mas bom, esse foi o vídeo de hoje. Eu espero que vocês tenham gostado. Se vocês gostaram, não se esqueça de se inscrever no canal para continuar recebendo mais vídeos de geopolítica e economia. Meu nome é Murilo, vou ficando por aqui e até o próximo vídeo.