Por que tem tanta Favela no Rio de Janeiro?
0Esse é o Leblon, o bairro mais caro do Brasil. Do lado tem três favelas, o Vidigal, a Rocinha e uma outra bem pequena. No Leblon, a média do met quadrado beira, R$ 28.000. Na Rocinha, cerca de 4.000. Essa diferença e proximidade de mundos tão distintos é algo que intriga qualquer pessoa sobre o Rio de Janeiro. A cidade atualmente tem 813 favelas na sua região metropolitana. O mais interessante é que esse número só cresce porque em 2010 eram 763. Cada ano o número de favelas aumenta na cidade mais visitada do Brasil. E a pergunta que todos nos fazemos é: por que há tantas favelas no Rio de Janeiro? Você pode achar que é comum ter tantas favelas no Brasil, mas não. O Rio de Janeiro é algo peculiar. Na lista dos estados com maior favelização, o Rio de Janeiro é o que mais tem pessoas vivendo em favelas depois do estado de São Paulo. Mas lembre-se, São Paulo é pelo menos seis vezes maior que o Rio de Janeiro e tem o dobro da população. A favela mais populosa do Brasil fica no Rio e é a Rocinha, que também é a mais famosa. São Paulo tem 3.120 favelas, Rio de Janeiro 1720 e Pernambuco quase 850. concentram quase metade das favelas do país. Cerca de 20% dos cariocas que vivem na cidade do Rio, inclusive moram em favelas. Esse gráfico mostra porcentagem de brasileiros vivendo em favelas em cada estado do Brasil. O Rio está acima da média nacional com 13%. Amazonas, Amapá, Pará, Espírito Santo são os com mais pessoas vivendo em favelas. E eu quero que guarde esses nomes porque você vai entender o motivo de ter tanta favela no Rio também por causa desses estados. A escola do zero ao mapa animado tá com uma grande novidade, o lançamento do MAP Gen Plus, um software que gera mapas animados em minutos e você pode criar vídeos a partir deles. Apesar de ainda estar na versão beta, os alunos da escola do zero ao mapa animado já t acesso. 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Foi nesse cenário que surgiu Canudos, uma comunidade fundada por campones pobres e ex-es escravizados. Eles construíram uma cidade autossuficiente no meio do sertão, sem impostos e sem interferência do governo. Mas a imprensa e os políticos da capital começaram a enxergar aquilo como ameaça à nova república. Em pouco tempo, Canudos virou uma cidade paralela com cerca de 25.000 1 habitantes, maior do que muitas capitais da época. Por conta disso, o exército foi enviado para destruir a cidade. Apesar de algumas expedições falhas, em 1897, o governo decidiu acabar com canudos de vez, mandando uma quarta expedição com mais de 10.000 homens, canhões, fuzis modernos e tropas vindas de vários estados. No fim, Canudos foi destruída até o chão. Dos 25.000 moradores, apenas algumas dezenas sobreviveram. Mas o que isso tem a ver com o Rio de Janeiro? Depois da guerra, o exército voltou pro Rio, a capital federal da época, e os soldados esperavam ser recompensados com casas e indenizações prometidas pelo governo. Só que o estado estava falido e não cumpriu a promessa. Esses homens ficaram abandonados na capital sem trabalho e sem moradia. Foi então que eles ocuparam um morro vazio perto do centro e começaram a construir barracos improvisados. Ali nascia então o morro da favela, batizado com o nome da planta que crescia nos campos de Canudos. A primeira favela do Brasil então nascia ali. Isso deu à cidade uma cultura de que as parcelas mais pobres da população conseguiriam ter acesso a pelo menos uma moradia precária. O Rio de Janeiro era a capital do Brasil e, portanto, era uma cidade muito povoada. Em 1900, quando o segundo censo do Brasil era feito, tinha 811.000 pessoas. Para você comparar, a cidade de São Paulo tinha apenas 239.000. Com o tempo, o morro da favela deixou de ser uma exceção. Durante as primeiras décadas do século XX, o rio crescia rápido. Novas avenidas, prédios e bondes tomavam conta da cidade. Mas o crescimento não era para todos. A elite ocupava a zona sul e o centro, enquanto os pobres eram empurrados cada vez mais para os morros e periferias. E aqui entra um ponto interessante. Se lembra que no começo do vídeo eu pedi para você lembrar de alguns estados, no caso Amazonas, o Amapá, Pará e Espírito Santo? E isso ocorre porque todos esses estados têm uma coisa em comum. As suas capitais têm um limite de crescimento geográfico, como é o caso de Manaus, que é cercado pela floresta amazônica. Um caso semelhante ocorre com Amapá e com Pará. E o Espírito Santo tem montanhas que rodeiam seu território, impedem que a cidade cresça. E a mesma coisa ocorre com o Rio de Janeiro. Apenas a costa do estado do Rio de Janeiro tem uma geografia que permite o povoamento, mas logo depois da costa tem a serra que dificultou e muito o crescimento da cidade. Esse foi um dos motivos que aumentou a favelização. Além disso, na década de 1930, o governo começou a demolir cortiços e habitações populares para embelezar o centro do Rio, forçando milhares de pessoas a subir morros em busca de abrigo. Cada remoção criava então uma nova favela. Foi assim que nasceram algumas comunidades como o Morro do Morel, o Morro do Cantagalo e mais tarde a Rossinha. O padrão se repetia, a cidade crescia e as favelas também. Esse foi o modelo que fez as favelas nascerem e crescerem até meados do século XX. quando começa a ir outro movimento que era a migração de pessoas do campo para as grandes cidades. Com avanço da industrialização no Brasil, especialmente a partir da década de 40, o Brasil começou a viver um dos maiores movimentos populacionais da sua história, o êxodo roral. Milhares de famílias deixaram o campo em busca de trabalho nas grandes cidades, acreditando ali que encontrariam uma vida melhor. Mas o que encontraram foi uma realidade mais difícil. As capitais cresciam rápido, mas sem planejamento. Portanto, faltava infraestrutura e, acima de tudo, moradia. E no Rio de Janeiro, esse movimento foi ainda mais intenso, porque a cidade era até então o coração político e econômico do país. Pessoas no Nordeste, de Minas Gerais, no interior fluminense, até do Espírito Santo chegavam todos os meses em busca de oportunidade. Mas o custo de vida e a falta de habitação fizeram com que mais favelas nascessem e mais morros fossem ocupados. Durante as décadas de 1960 e 1970, o problema se agravou. A economia brasileira passou por algumas crises, o desemprego cresceu e a migração do campo não parava. As favelas começaram a se espalhar para regiões mais distantes, como Jacarezinho, Maré, Cidade de Deus e Vila Kennedy. O governo tentou conter o avanço com projeto de remoção e urbanização, mas o efeito foi contrário a cada comunidade demolida, mais eram erguidas, justamente porque o que faltava era infraestrutura e moradia. Foi nesse momento que a favela deixou de ser visto como algo passageiro e se tornou parte da paisagem do Rio de Janeiro. Em termos territoriais, as favelas ocupam cerca de 7%. da áo urbanizada no Rio de Janeiro, mas concentram quase 1/4to da população residente. Existem lugares que ultrapassam 60.000 habitantes por km quad, como o caso da Rocinha, o Vidgal, a maré e o complexo do alemão. Esses números mostram que as favelas deixaram de ser exceções e se tornaram parte estrutural do tecido urbano carioca, mudando a paisagem, a economia e a vida social do Rio de Janeiro. Aproximadamente uma em quatro pessoas da capital vivem assentamentos precários e essa convivência entre o luxo e a carência define hoje a identidade do Rio de Janeiro. Inclusive, as favelas ainda estão em crescimento no Rio. Elas são efeitos de como o próprio Rio de Janeiro se estruturou ao longo da sua história. E esse é o exato motivo porque existem tantas favelas no Rio de Janeiro.









