PORQUE A UNIVERSIDADE NÃO TE PREPARA PARA O MERCADO | CORTES do EDSON CASTRO

1
Share
Copy the link

E vamos falar um pouquinho de faculdade. Eu quero reagir aqui um vídeo da Rafa Ark, que eu não tenho a menor ideia qual que é o nome dela aqui. Deixa eu ver o nome dela. Rafaela Simonato Citron. Esse vídeo daqui, ó, da Rafaela. Vamos falar um pouquinho sobre faculdades e universidades, que ela tem uma pil boa aqui para falar sobre o tema. Então, bora lá. A universidade não prepara pro mercado de trabalho. É isso que eu sempre ouvia dos meus alunos. E o que eu sempre respondia era: “Não é essa a função da universidade está aqui para aprender a pensar”. Bom, pelo menos era para ser assim. A universidade clássica tinha o papel de formar pensadores, críticos e produzir conhecimento. Notem que eu falei em produzir, não apenas repassar. O saber acadêmico tinha valor por si só, sem a necessidade de um retorno econômico imediato, mas ao longo do tempo essa função foi sendo distorcida. No Brasil, essa universidade que criava pensadores críticos, foi transformada durante a ditadura militar, ditadura empresarial militar, com a reforma universitária de 1968. Com a ascensão da classe média que apoiava o regime e queria o prestígio do diploma universitário, o acesso à universidade foi ampliado, não necessariamente democratizado. O ensino superior passou a atender uma nova lógica de formar mão de obra paraa economia, de treinar profissionais que fossem qualificados o suficiente para serem úteis ao mercado, mas não críticos o suficiente para questioná-lo. Nos anos 80 e 90, com o avanço do neoliberalismo, essa lógica se intensificou. Diciplinas como filosofia, história, ciências sociais são constantemente atacadas por não serem lucrativas e por não formarem mão de obra específica para o mercado. Mas a universidade não deve se limitar a ser um braço do mercado. Ela deve existir para muito mais do que apenas treinar profissionais. Afinal, de que adianta formar um arquiteto que sabe aprovar um projeto na prefeitura, mas não entende o impacto social da arquitetura na cidade? Em um mês de estágio, qualquer pessoa aprende a usar os softwares, aprovar um projeto na prefeitura. A gente aprende a fazer maquete, não porque a gente vai precisar disso depois, quando for empregado, mas para desenvolver a nossa visão espacial. A gente aprende história para compreender como a gente chegou até aqui e para ter um basamento crítico para questionar o presente. A gente aprende projeto para criar espaços que impactam a sociedade não apenas para cumprir demandas do mercado. Prende o planejamento urbano para entender a cidade, não apenas para seguir normas que são altamente locais mutáveis. Imagina se eu tivesse estudado arquitetura para aprender a aprovar um projeto na prefeitura de Florianópolis ou se eu tivesse dedicado meus estudos a abrir meu próprio escritório, coisa que eu nunca quis fazer. Universidade é, antes de tudo, uma instituição social. Se ela for reduzida a um treinamento técnico, ela perde a sua essência. E se perdemos isso, perdemos o espaço do pensamento crítico, do saber livre, do questionamento. Por isso, é essencial defender a universidade como um espaço autônomo, independente das pressões do mercado. Um lugar onde não apenas se aprende a trabalhar, mas onde se aprende a pensar. Isso, mais do que qualquer diploma, é o que realmente transforma a sociedade. Eu acho esse papo muito legal e acho que esse papo ele é muito descolado do que é a realidade também, né? Então são dois pontos muito contraditórios. Mas acho que minha opinião vai ser um pouco contraditória nesse assunto. Então eu peço um pouco da atenção de vocês para falar o que eu acho. Primeiro de tudo, não tem como a gente falar disso se a gente não pensar que existem diversos cursos de exatas, de biológicas, de saúde e de alguns outros cursos, amigo, que eles são basicamente e obrigatórios para você exercer uma profissão. Então assim, existem profissões que você não pode exercer elas, por exemplo, direito, sem ter passado por uma universidade. Então assim, ah, pô, beleza. Então, eu queria ter uma uma formação um pouco mais técnica, não queria ter esse essa formação acadêmica, mas eu sou obrigado a passar pela universidade. É muito romantizado você falar isso, a universidade é para você ser, só que você obriga a pessoa a ter que estudar uma parada para poder entrar pro mercado de trabalho. [ __ ] que que eu faço? Vocês entendem? É, é, é uma visão muito, ah, a faculdade tem que ser um lugar onde é pra gente estudar e a gente produzir conhecimento, tudo mais, tá bom? Ó, mas para você fazer tal profissão, você tem que ter formação na faculdade. [ __ ] como é que eu vou ser engenheiro se eu vou precisar tirar um [ __ ] de um cadastro que eu preciso passar pela faculdade? Então, como é que você quer que eu faça? Entendeu? Então, assim, a gente não consegue separar o que é uma formação técnica do que uma formação acadêmica. Eu, papo reto, eu acho que não precisava ter faculdade de jornalismo. Só podia ter um ensino técnico de jornalismo, podia ter cursos mais livres. Por quê? Porque não existe diploma. Muitas pessoas que eu vi conhecerem no jornalismo, eles não eram jornalistas e exerciam muito bem a sua profissão. Então, por que que eu preciso ser um professor de jornalismo? Eu preciso fazer o jornalismo para exercer jornalismo? Não preciso, pô. Às vezes eu fizesse um curso técnico, aprendesse português, uma boa redação, alguns princípios básicos, pô, tava ótimo, não precisava nem passar pela faculdade, economizava 4 anos. Bom, outro ponto, as faculdades, assim, é muito romantizado falar isso, nossa, faculdade, ambiente e tal, mas as faculdades lucraram muito, mas muito nesse movimento. A gente fala como se as faculdades fossem vítimas, mas muitas faculdades se beneficiaram demais disso. Então, excluindo as faculdades públicas, a gente pode falar de como Mackenzie, PUC, Casper Libero, GV, isso que a gente não tá entrando nem nas unisquinas da vida, tá? Como essas faculdades que são grandes e que elas fazem um ensino acadêmico de alta qualidade, reconhecido, elas usaram muito dessa dessa questão de da classe média, da classe baixa, querer fazer faculdade para expandir o nome delas, para expandir os cursos delas. para ter curso de curso livre, pós-graduação, mestrado. Então, as universidades elas se aproveitaram muito disso, mas muito dessa cobrança que as pessoas tiveram de preciso ter uma faculdade para ser bem-sucedido, preciso ter eh faculdade com isso. E a gente tem um problema muito grande que a faculdade, as universidades, elas produziram profissionais com currículo, porém a indústria não cresceu. Então, a indústria, o mercado de trabalho no qual iria receber essas pessoas não cresceu junto com as faculdades. Então, a gente tem pessoas muito, mas muito, mas muito formadas com currículos, pessoas que estão atrás e um mercado que não recebe isso. E a gente vê agora umas profissões entrando em crise com excesso de profissionais formados e poucas vagas e muitas vezes um ensino de baixa qualidade. E aí o que que a gente faz com isso? Não faz. Então assim, o o Brasil e tem uma coisa muito fato, um fato assim, a gente a gente não tem um ensino técnico de qualidade aqui no Brasil. a gente menospreza o ensino técnico. O ensino técnico aqui no Brasil ele é tido como uma coisa pior. Fala para um cara de classe alta, pergunta aí pra moça, não sei se a moça veio de uma família rica, não, não, não faço ideia, mas pergunta, chega para ela, fala para um cara de classe média alta, para um cara de classe alta, fala: “Pai, eu vou fazer um curso aqui de elétrica, de eletrônica, de alvenaria, vou fazer uma coisa de hidráulica, vou fazer um curso no Senai”. Galera, fica louca, fica louca, né? fica maluca, os caras ficam doido. Não, filho meu não vai fazer isso. Filho meu faz medicina, filho meu faz direito, filho meu faz administração, faz economia. Então isso é uma parada muito, muito importante de entender que assim, a gente não tem esse ensino técnico, a gente não consegue separar mesmo, a gente não consegue separar. Então o cara que às vezes não quisesse passar por esse ensino acadêmico que ela falou, ele não tem opção. Para onde ele vai? Como é que ele entra no mercado de trabalho se o mercado obriga ele a passar pela faculdade? Pô, vocês não querem trabalhar com a academia, eu quero só trabalhar com o que eu gosto. Ah, mas você tem que passar pela academia, você vai lá sustentar a faculdade, você vai lá pagar o que vai, então é obrigatório. Então, pô, então separasse. É importante a gente falar nisso porque assim, é muito romântico você falar que a faculdade ela não tem que servir ao mercado de trabalho se você não privilegia ou você não dá um um um outra oportunidade pro cara de não passar por isso. Vocês estão entendendo o meu ponto? Porque agora eu vou entrar no outro ponto que eu concordo com ela, porque eu concordo, porque eu fiz faculdade e assim, boa parte das coisas que eu aprendi na faculdade foram muito poucos úteis para mim no meu dia a dia de trabalho. Muito poucos úteis, muito poucos. Assim, é um bagulho que é, eu não penso muito, tipo, na minha faculdade não teve como escrever, como pensar, como ser criativo, como editar, como mexer no Word, não teve nada disso. Mas o que teve na minha faculdade, que foi muito importante, foi justamente essa formação intelectual, essa formação crítica, essa formação eh ampla, essa discussão que você tem de diversas áreas, diversas áreas do conhecimento, o acesso a professores, o acesso a disciplinas, o acesso a outras visões. Então assim, o que formou o profissional que eu sou hoje não foi justamente e me ajudou porque assim, essa parte técnica da faculdade, mas foi um pensamento crítico que ele veio da faculdade, um olhar pras coisas que veio da faculdade, porque eu tinha um olhar muito limitado de, pô, de menino de classe média baixa que morou com uma família que não tinha muito dinheiro, que [ __ ] que não tinha muito acesso à cultura, que não tinha muito acesso à educação, cujos pais eh eh cujo de pouca formação, de pouco conhecimento, de uma família de pouca formação, de pouco conhecimento. Ao entrar numa universidade, eu tive acesso a livros, a filmes, a séries, a conhecimentos, a matérias. E eu entendi, tipo assim, uau, eu tive uma formação intelectual muito forte que ninguém na minha família teve até então e que foi muito importante. Isso é muito louco, porque isso me ajudou a ter, principalmente que eu sou num área de humanas, num área de que eu a gente fala muito sobre cultura, a gente fala muito sobre eh sociologia. O que a gente faz aqui, gente, é sociologia, tá? Não sei se reparam um canal muito sobre sociologia, muito sobre antropologia, muito sobre comunicação. O canal é um pouco sobre isso. Isso me ajudou muito. Só que não é todo mundo que vai ter isso, assim. Então a gente tem, olha que doideira, a gente obriga as pessoas a terem que passar pela faculdade para entrar no mercado de trabalho. A gente tem pouca industrialização, pouquíssima industrialização no país. A gente não tem uma indústria, não tem a formação de cargos. Quem fez boa parte disso aí que a gente falou, é importante a gente dar os nomes aos bois, foi no governo Lula. No governo Lula que a gente teve essa ampla, esse amplo incentivo ao fiéis, ao ensino superior. Ah, corre lá onde as unisquinas fizeram fortuna. As unisquinas fizeram, mano, uma uma uma fortuna por causa do Lula. fizeram mesmo e cresceram muito com isso, só que assim, sem qualidade, mano, eh, jogando ali no limite do teto que dá para jogar do MEC, jogando um monte de profissional no mercado de trabalho e a nossa indústria não crescia, né? Tanto que hoje a gente tem engenheiro de Uber. É importante a gente falar, foi no governo Lula, a gente pensou em uma ponta ou não pensou na outra ponta? Ah, vocês querem entrar na na no ensino superior? Vai lá, entra, entra, entra, entra, entra, entra, entra, entra. Ah, mas para onde eu vou depois que eu me formar? Não, você queria entrar na universidade, você não pediu emprego, você pediu faculdade, você não pediu emprego. Então, calma lá, você escolhe o que que você quer. É importante a gente botar isso daí. E a gente também tem essa cobrança, né, de você chegar num mercado hoje com ensino eh só acadêmico também. o mercado ele te expulsa. Ponto, né? Ele, mano, ele vai embora, vai embora. Eu concordo com ela assim que essa formação de profissionais que sejam com que sejam criteriosas, que sejam eh críticos ao que tá acontecendo, é importante você ter um um profissional de de arquitetura que seja crítico ao mercado. É importante você ter um engenheiro que seja crítico, você ter você ter jornalistas, você ter médicos. É importante. Isso é importante mesmo. É parte da formação mesmo. Real, a gente precisa de ter pessoas mais críticas, porque essas pessoas quando tiverem cargos de poder, elas precisam ter isso. Assim, quando a gente é uma máquina, tipo assim, ah, estou aqui só para ganhar dinheiro, é o que acontece. Acho que todo mundo aqui já aconteceu com isso daqui, ó. Vocês já lidaram com isso de você entrar num consultório médico e o médico mal olhar pra sua cara, mal falar com você? E mano, você você sai falando assim: “Caraca, mano, eu vim aqui para ter ajuda do médico, meu, parece que eu não, [ __ ] o cara nem olhou para mim, nem falou comigo, nem nem prestou atenção em nada. Que [ __ ] é essa?” Sabe por quê? Porque o nosso mano médico tá lá para ganhar dinheiro e ele sabe que quanto mais pacientes ele atender, mais ele ganha ali do plano de saúde depois. Então ele precisa atender 20 caras ali, ele quer se livrar da fila que ele tem. Ele não tá nem aí para você. Não tem nem daí que você é uma pessoa, você é só mais um número. Ele tá lá só para ganhar dinheiro. [ __ ] Ah, pô, ninguém trabalha para por ONG, ninguém é uma ONG, eu concordo. Mas a gente ainda tem relações humanas. Medicina ainda lidar com paciente. Pacientes são pessoas, né? Então assim, esse papo de universidade não serve ao mercado, ele é muito real. Só que assim, a gente precisa entender que ele tem muitas camadas. Ela tem muitas camadas, porque assim, é o mesmo passo que sim, a universidade não foi feita só para isso. Eu concordo, tá beleza, mas a gente tem professores que exigem isso e aí que que a gente faz e a gente tem muito pouco ensino técnico, beleza? Ensino técnico não é valorizado, beleza? As profissões técnicas não são valorizadas. Beleza, pô. Fala aí, pergunta aí se qualquer, pô, papo reto, pergunta aí se qualquer comunicador da USP que mama as bolas do Caetano Veloso no Lemblon, se ele gostaria de ver o filho eletricista, se ele gostaria de ver o filho faz torneiro mecânico trabalhando com hidráulica. pergunta se pega a galerinha da FFELT, pega num casal da Fefelest, fala se eles vão ser feliz com o médico o filho dele escolhendo ser encanador, escolhendo instalar ar condicionado. O cara expulsa o filho de casa. O cara expulsa. Tanto que você vê essa elite intelectual do Brasil, né, pô, que é uma desgraça essa elite, uma das elites que é a elite, a elite Caetano Veloso Leblon, né, das famílias do Vivier, essa galerinha que passa lá para dar uma cariciada nas bolas do Caetano, todo mundo a a o fruto nunca cai muito longe da árvore, né? N nunca cai longe da árvore. Todo mundo tá sempre na mesma área, tá sempre fazendo é o mesmo coiso. Mas quem escolhe isso? Exatamente o que eu tô falando, porque assim essa parada a profissão técnica no Brasil, ela não é valorizada, bicho. [ __ ] exatamente. Provou meu ponto que a gente não é valorizado. A gente acha que é uma merda. Você acha que seu próprio comentário mostra o que é isso? Fala uma merda trabalhar com isso. Sin técnico. Pergunta aí quanto desses caras daí que é o filho trabalhando no chão de de fábrica. Elite rastaquera. Só seguir carreira de esporte. Pô, carreira de esporte então loucura. Não, pesadelo da minha mãe que eu fosse fazer esporte. Pesadelo. Minha mãe ficava louca. Fal não, filho meu, fazendo esporte não. Tá louco? Imagina. Então assim, são muitos problemas, cara. É muito problema que a gente vive assim. Então hoje a gente foi condicionado que assim, a única chance de ascensão que a gente tem, que a gente tinha durante muito tempo é a faculdade. E nem isso mais é garantia de nada, né? Eu não acho que eu falei nada que merecia um processo, tá? Então vou vou parar por aqui. Ó, tem chegou até Vittor mandou uma mensagem pelo Pix. Boa noite, Ed. Isso é verdade. Fiz técnico no Senai em administrativo e agora estou cursando técnico em contabilidade. Enquanto faço faculdade de ti, sou servidor público de nível médio. Os cursos do Senais são excelentes, muito completos e reconhecidos no mercado. Infelizmente muitos não conhecem essa ferramenta ainda ou possuem certa resistência. Meu pai mesmo, riu muito queê disse que faria Senai. Mano, o Senai é uma ferramenta absurda que a gente não, pô, o cara ri quando ouve o que o cara faz Senai, mas bate palma quando o cara faz USP. Mostra muito qual que é a realidade, entendeu? Você acha que o cara vai fazer o quê? Vai fazer faculdade? Vamos, porque vai. Senai [ __ ] que, pô, então uma coisa que a gente valoriza aqui nesse canal é Senai. Aqui, ó. Esse canal aqui eu preciso fazer assim, ó, um um um banner um dia, uma faixa aqui que eu que eu aperte um botão aqui, né? Você sistema S é [ __ ] Ó, sistema S é [ __ ] Senai, Sesi, é SESC, Senac, Etec. [ __ ] a gente precisa fazer um aqui um um pentagrama aqui, ó, para invocar assim, ó. Sistema S é [ __ ] Bota ETEC junto, bota as PEC juntas aí. [ __ ] tá? [ __ ] aqui, Ó, aqui é somos fãs dessa rapaziada daí, tá? Aqui no meu canal ninguém fala mal. Getec não fala mal, de Fatec não fala mal de Senai não fala mal de Senak não fala mal de de Sesc. Aqui não. Aqui não. Esse que você acabou de desistir é um corte das lives que acontecem todas as terças e quintas às 10 da manhã e todos os domingos às 9 horas da noite no canal Edson Castro Oficial. Curte, compartilha, se inscreve e é nós.

Comments

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *