Rombos de programação das emissoras
0Televisão demanda planejamento e organização, principalmente no que diz respeito à programação. Tudo precisa estar alinhado, calculado e posicionado para entrar no ar. Contudo, isso não impede que as emissoras de TV passem por imprevistos. rombo, por exemplo, quando precisam cobrir algum horário, sou de uma lacuna na programação. Hoje a gente vai falar de alguns casos de rombo. [Música] Em 21 de dezembro de 2024, no sábado, a Globo programou a exibição da partida pela final da Taça das Favelas. Grande final da Taça das Favelas Nacional. No feminino, Minas Gerais e Rio de Janeiro. No masculino, São Paulo e Espírito Santo. Sábado, a partir das 3 da tarde, bota garra pela taça. A partida foi cancelada e a Globo adiantou a exibição do caldeirão com Mon. Às 5:25 exibiu a sessão de sábado com filme De repente Pai. Essa sessão não estava planejada. Há sempre um filme ali de stand by caso alguma coisa ocorra. Em 2009, uma pan impediu a Band de colocar no ar o jornal da noite apresentado pelo Boris Cazoi. E agora? E agora é que coloca outra coisa no lugar, né? Para substituir o jornal, a TV exibiu uma escolinha muito louca, programa humorístico. Segunda Folha, a substituição deu certo, pois deu mais audiência do que o jornal. Olha só, essa história de não conseguir colocar jornal no ar não é nova. Em um sábado, em 2023, o SBT News na TV entraria no ar logo após notícias impressionantes. Contudo, ocorreu um problema. A emissora não conseguiu colocar o jornal no ar. Vamos fazer um intervalo. A emissora foi pro intervalo na esperança de solucionar o problema. Não conseguiram. Por conta disso, o notícias impressionantes foi exibido no lugar do jornal até que o problema fosse resolvido. No dia da estreia do Domingão do Hulk, em 2021, a partida entre Brasil e Argentina foi suspensa com poucos minutos de transmissão ao vivo. Quando o jogo começou, agentes da Anvisa invadiram o gramado e mandaram parar. O jogo foi interrompido por descumprimento de protocolos sanitários. Problema não. Ó, tem gente entrando no campo, Galvão. Vamos ver. Olha, olha aí. Vamos acompanhar a partir daí. Vamos acompanhar a partir daí. Eu temia que isto viesse acontecer porque existe, vamos tentar ouvir, Polícia Federal, viu? A gente não interessa. Já palavra do senhor. Já t a palavra do senhor intervalo. Nós vamos resolver. Sim, espera, espera intervalo, intervalo. Televisão, televisão. A CBF tentou contornar a questão para que o jogo acontecesse, só que agora as autoridades brasileiras vieram pro campo, como a gente tá mostrando aí. A Globo passou a cobrir o caso, trazendo informações sobre a paralisação. Antônio Barra Torres, então presidente da Anvisa, foi entrevistado. Sem jogo, restou um rombo na programação. O próprio Luciano postou nas redes sociais que estava confuso e nem ele sabiam que a Globo colocaria no ar. Após um bom tempo informando o público, trazendo esclarecimentos, o Galvão Bueno anunciou um filme. Mais quase uma hora praticamente de paralização. Não tivemos nem 5 minutos de jogo. Lamentavelmente não conseguimos mostrar as emoções de Brasil e Argentina. Não sei quando será, nem se será realizado ou se a Argentina, a FIFA com que a Argentina perca os pontos. Por conta do cancelamento da partida. Vocês vão acompanhar agora uma grande aventura, círculo de fogo na sessão campeões de bilateria. E aí eu fujo do texto para dizer que na sequência vem aí meu amigo Luciano Hul. Hulk, com todo carinho, imenso carinho para você. Depois de círculo de fogo, vem aí a grande estreia do domingão com o Hulk. Muito obrigado pela audiência que se manteve, pelo carinho de sempre. Hoje não tivemos jogo. Obrigado a todos. Espero que tenhamos explicado bem tudo aquilo que aconteceu. Futebol na Globo. Aqui é emoção. [Música] E assim a Globo seguiu a programação até que o domingão entrasse no ar. Em janeiro de 2001, a Globo programou a estreia da minissérie Os Maias. Segundo Estadão, o diretorgeral Luís Fernando Carvalho virou a noite na edição tentando editar e sonorizar o material. Contudo, o primeiro capítulo não ficou pronto a tempo. Por volta das 8 horas de terça-feira, segundo Estadão, o diretorgeral da minissérie teria comunicado a direção da emissora que o capítulo estava incompleto. O anunciado capítulo de estreia teria uma duração de 1 hora segunda Folha, sem contar intervalos. O capítulo foi ao ar com 20 minutos a menos que o previsto e com problemas de sonorização. Quase não se ouvia o narrador e os sons dos ambientes segundo a Folha. De acordo com o Estadão, a diretora geral da Globo, Marlúci Dias da Silva, desesperou-se e chegou a perder o controle emocional de um modo nunca antes visto. Desde que chegou a emissora. Ela ordenou: “Ó, põe no ar do jeito que tá. Por conta do atraso, a minissérie foi ao ar assim mesmo. O perfeccionismo do diretor com acabamento foi a justificativa apresentada direção da emissora pelo atraso. Era necessário cobrir o tempo que restou. O Jornal Nacional foi esticado e o jornal da Globo foi antecipado para cobrir a duração que sobrou. O primeiro capítulo registrou boa audiência, um blackout que atingiu alguns bairros da zona sul de São Paulo, cidade onde se concentra a maior fatia do mercado publicitário, na noite de terça veio bem a calhar. Serviu pra Globo como justificativa aos anunciantes sobre a frustrante estreia. A Central Globo de Comunicação rejeitou que a confusão tenha resultado em demissões. Um dia antes, o próprio Estadão havia publicado que três demissões teriam ocorrido pelo erro. Em outubro de 1998, os funcionários da TV Manchete no Rio e em Brasília estavam em greve. O telejornal edição da tarde, que costumava ir ao ar meioia e meia não foi ao ar, sendo substituído por desenhos animados. Em março de 2024, o SBT sofreu uma falha técnica durante o primeiro impacto. A imagem sumiu da tela. Felipe Malta não percebeu a falha e continuou apresentando o noticiário. O jornalista chamou o intervalo. Como não havia meios para retomar o jornal, colocaram notícias impressionantes no lugar. O jornal retornou às 6:38 da manhã e malta não deu explicações. Ocorreu um problema noch da emissora responsável pelo controle do programa. De acordo com notícias da TV, técnicos foram acionados para normalizar a situação. O problema técnico obrigou a emissora a colocar um programa de backup. Imagina ter 45 minutos para cobrir. Imagina só. Essa história é contada no livro Histórias das histórias que contei de Vinicius Donola. A Record transmitiu as Olimpíadas de inverno de 2010. Era sábado, 27 de fevereiro, 16º dia de competições. O pessoal estava muito feliz, a emissora ia bem nos índices. Contudo, um equívoco de um operador da central técnica da emissora provocou um buraco de 45 minutos na programação da tarde, na véspera da cerimônia de encerramento. O que aconteceu? A TV transmitiu Bobsley de um esporte inverno no qual equipes realizam descidas de trenó em uma pista de gelo. Atletas fariam as três últimas descidas na pista de Wizard nas montanhas. A ideia era receber o sinal ao vivo, gravar as três baterias, editar os melhores momentos e exibir os compactos de 45 minutos cada. Até aí beleza. Ao vivo de uma cabine de locução no centro de imprensa em Vancouver, o Maurício Torres faria a narração da prova e da entrega das medalhas. Na sequência, 5 da tarde, no horário de Brasília, 6 horas a mais do que no extremoeste do Canadá, começaria o programa Melhor do Brasil, apresentado pelo Rodrigo Faro, em São Paulo. Os três compactos estavam prontos para serem exibidos a partir de um equipamento conhecido como Playout. Bastava dar play nos arquivos, respeitando a ordem das baterias. Nada muito complicado. Maurício Torres já se encontrava na cabine, ao lado no switcher que comanda transmissão de TV, Ricardo Bulgarelli, o coordenador da transmissão, daria ordem para que o operador rodasse as provas do Bobsle. Eugênio Júnior, o responsável pelo playout, estava postos para exibir os arquivos apenas esperando que o Bulgarelli pedisse para rodar. Mas Júnior, como era chamado pelos colegas, havia cometido um erro minutos antes. Em vez de programar a máquina para mostrar a sequência cronológica das descidas de trenó 1, 2 e 3, o rapaz de 25 anos, que pouco sorria, trocara a ordem dos dois primeiros arquivos, ou seja, o equipamento ficara ajustado para levar ao aras 2, 1 e 3. Quando Bulgarelli e o Buga deu a ordem para rodar a primeira descida, entraram no ar as imagens da segunda. Só depois de 2 minutos de transmissão, a equipe percebeu o problema. Ah, tá acontecendo isso. Não havia por mostrar para o telespectador o primeiro dos três compactos. Vinícius diz: “Seria como levar ao ar quarto de uma partida de basquete após ter exibido o segundo quarto do jogo. Furioso, o Buga preferiu sair do Switcher antes que acabasse fazendo alguma coisa. Abrindo a porta que dava acesso à redação, soltou uma sequência de palavrões. Júnior entrou em pânico. Foi assim que a programação ficou com rombo de 45 minutos. Donola conta que seu erro tivesse ocorrido na metade das Olimpíadas, haveria uma infinidade de opções para exibir, uma vez que vários esportes estavam sendo disputados ao mesmo tempo. Entretanto, aquele era o penúltimo dia do evento. Não havia mais quase nada para mostrar ao vivo. Quase uma única partida acontecia naquele momento de desespero. O Curling, esporte disputado sobre uma pista de gelo entre duas equipes que devem jogar uma pedra. o mais próximo do alvo. O Cin vinha sendo tratado como patinho feio dos jogos. Ninguém se arriscava levá-la ao ar, temendo a rejeição do público. Contudo, havia um problema. O Curen não tinha a hora certa para acabar, o que criava um problema para a programação da emissora. Se o Cin terminasse a gente da cinco, ficaria um buraco na programação de sábado, uma vez que o melhor do Brasil só começaria 5. Por outro lado, se o jogo fosse para o tempo extra, a transmissão teria de ser cortada, independentemente do andamento da partida. Para piorar a situação, aquele dia, Rodrigo Faro não entraria ao vivo dos estúdios de São Paulo. Ele até poderia permitir o avanço da disputa sobre seu horário. Justo o programa daquele sábado havia sido gravado. Só existe então uma forma de a manobra dar certo. O Curlin teria de acabar pouco antes das 5 horas. Enquanto isso, Júnior, o operador pensava obsessivamente: “Eu vou voltar para o Brasil demitido”. Quando a equipe de programação cortou da final do Bobs Lead para o Curling, a audiência estava baixa, apenas três pontos no Ibope. Na época equivalia a 570.000 domicílios no Brasil. Eles pensaram: “Ah, o Sport vai derrubar ainda mais”. Para a surpresa de todos e aí geral da equipe, o público respondeu bem. A audiência começou a subir de forma sólida, desenhando uma curva ascendente que contagiou a redação, a sala de comando e a equipe do locutor em Vancouver. Maurício Torres narrava com emoção de uma final de Copa do Mundo. Mais de 2 milhões de lares brasileiros já estavam sintonizados na partida com audiência saltando de 3 para 11 pontos. A partida terminou às 4:59. Houve tempo apenas de mostrar 20 segundos de festa e chamar o programa seguinte: Júnior ficou com receio de sair do Switcher. Sitcher o lugar onde a transmissão é feita. Ele que havia cometido desastres só dos números do Ibope depois da transmissão. Ainda estava arrasado pelo equívoco e tinha receio da reação dos colegas. Buga, no entanto, abraçou soltando mais um palavrão e pediu desculpas por uma eventual grosseria. A equipe da sala de comando seguiu para a redação, onde foi recebido com palmas. Todo mundo se abraçou. Júnior chegou a ser carregado como herói. O chefe supervisor de operações já não tinha motivos para demitir. Brincou: “Você devia ser promovido a diretor de programação.” A Manchete resolveu fazer uma novela que misturava imagens jornalísticas e ficção sobre o governo color produzida a duras penas para levantar a audiência. Afinal, a manchete estava daquele jeito. Em 26 de julho de 93, a TV de Adolfo Block pretendia levar ao ars 9:30. Color conseguiu uma liminar na justiça, suspendendo a exibição. A Manchete só foi notificada na segunda-feira. Os advogados do departamento jurídico da TV tentaram entrar com mandado de segurança para garantir a estreia de Omarajá. O que colocaram no lugar? Essa é a pergunta. De acordo com o site Notícias da TV, o Jornal da Manchete foi estendido até às 9:50, então resolveram antecipar a estreia de uma minissérie, A Chave para Rebeca, originalmente programada para as 10:15 daquele dia. Segundo o Jornal do Brasil, em 28 de julho de 1993 até o meio da tarde, a emissora pretendia fazer, no horário da novela um debate sobre a proibição de Omarajá, mas a direção da emissora mudou de ideia e resolveu exibir um compacto do programa Bate Boca. Esse foi o nosso vídeo de hoje.