Slice of Life: A CURA para sua Ansiedade.
0Notificações, prazos e informações bombardeando nossos cérebros a cada segundo. E quando finalmente temos o tempo livre, acabamos consumindo conteúdos tão intensos e agitados quanto o nosso dia a dia. É como se estivéssemos viciados nessa adrenalina constante. Séries com reviravoltas a cada episódio, filmes de ação explosivos, até mesmo as notícias parecem competir porque consegue deixar a gente mais ansioso. Aí no meio de tudo isso, existe um estilo de anime que vai na contramão dessa loucura toda. Um tipo de história que nada de extraordinário acontece, mas é exatamente isso que o torna extraordinário. Imagine voltar para casa após um dia exaustivo e em vez de mais caos, encontrar um cantinho tranquilo onde o tempo parece desacelerar. É como respiro profundo em meio à correria da vida. Eu tenho notado que enquanto o mundo fica cada vez mais acelerado, com todos hiper focados em produtividade e consumo rápido de conteúdo, existe uma comunidade crescente de pessoas buscando exatamente o oposto. No Brasil e no mundo, o gênero mais popular de anime continua sendo ação e fantasia. Faz sentido, afinal, quem não gosta de ver poderes incríveis e batalhas épicas? Mas existe um fenômeno curioso acontecendo em paralelo. O crescimento dos animes Slice of Life. Se formos traduzir literalmente, vai ficar algo parecido como Pedaço da Vida, mas esse gênero se refere ao naturalismo, um estilo cinematográfico que cria ilusões da realidade por meio de séries e teatros. Então, podemos interpretar Slice of Life como vida cotidiana. Pessoalmente, eu percebo que nos dias em que minha cabeça tá a 1000 por hora, quando eu me sinto sobrecarregado, são justamente esses animes onde nada acontece que consegue me trazer de volta ao equilíbrio. É como se esses animes nos dessem permissão para desacelerar, para respirar, para simplesmente existir, sem a pressão constante de estar sempre fazendo algo produtivo. Quando muita gente pensa em Slice of Life, a primeira imagem que vem à cabeça é no subgênero clássico garotas fofas fazendo coisas fofas. Ele é bem autoexlicativo. Como o nome é muito grande, é mais provável que você encontre ele na forma abreviada. Não só ele, mas também existem outros subgêneros de L of Life que vamos abordar ao longo do vídeo. Animes como Keon e Luke Star ajudaram a popularizar o gênero com suas protagonistas adoráveis, vivendo situações do cotidiano escolar. Mas o SL of Life evoluiu muito além disso. Hoje temos obras como Violet Vergado, em que mesmo sendo tecnicamente um drama usa abordagens L of Life para explorar temas profundos como o trauma e recuperação emocional através de pequenos momentos do dia a dia. Ouixe que nos transporta para o mundo do Japão rural místico, onde cada episódio é como a meditação visual sobre a coexistência entre humanos e a natureza. O que eu acho fascinante é como o gênero conseguiu se expandir sem perder a sua essência, a valorização dos pequenos momentos que compõem uma vida. Existe um conceito japonês que explica perfeitamente o motivo desses animes nos afetarem tanto. Y asi, que pode ser traduzido como tipo curativo ou tipo terapêutico, são obras criadas com propósito específico de acalmar o espectador, oferecendo um espaço seguro onde podemos simplesmente relaxar. É desse subgênero que muitos fãs de SL of Life dizem que é a verdadeira essência da categoria em si. E Urukemp é talvez um exemplo perfeito. Quem diria que vê garotas acampando em paisagens tranquilas poderia ser tão revigorante? Mas quando Arin prepara seu carry instantâneo enquanto observa o monte fugi ao pô do sol, eu sinto como se eu mesmo estivesse lá, longe de todas as preocupações. Nonori faz algo semelhante, nos levando para o interior do Japão, onde o ritmo da vida é ditado pelas estações do ano e não pelos ponteiros do relógio. Eu percebo que depois de assistir um episódio desses animes, meus ombros estão menos tensos e minha respiração tá mais profunda. É como se eles nos ensinassem a desligar o cérebro, não no sentido de parar de pensar, mas de silenciar aquela voz ansiosa que tá sempre nos lembrando do próximo compromisso. Uma coisa que sempre me intrigou, como esses animes conseguem ser tão cativantes sem grandes ameaças ou antagonistas? Penso nos animes populares. Geralmente há um vilão para derrotar, um torneio para vencer ou um mistério para solucionar. Em Baracamon, acompanhamos um calígrafo tentando se reconectar com sua arte em uma ilha rural. Os ditos conflitos são coisas como ele tentando capturar insetos com as crianças locais ou se adaptando ao ritmo de vida mais lento. Eu acredito que isso nos mostra algo importante. Nem toda a história precisa ter grandes batalhas para ser grandiosa. De fato, às vezes os desafios mais importantes da vida são aqueles pequenos obstáculos do dia a dia, aquelas pequenas vitórias pessoais que só você consegue ver, mas que se você contar para alguém vai parecer besteira. Se existe algo que todos esses animes têm em comum é a celebração do momento presente. Em Musiche, o protagonista Gink caminha sem pressa por florestas antigas, observando atentamente os seres místicos que habitam entre o visível e o invisível. Cada episódio é como uma sessão de mindfulness. Se ainda não entendeu o que isso significa, só vai ouvindo. Natsume e um Jin Show seguem um caminho similar com seu protagonista aprendendo a conviver com sua habilidade de veriocais. E através dele somos convidados a perceber as pequenas maravilhas que nos cercam e que geralmente ignoramos na correria do dia a dia. Eu tenho refletido sobre como essas obras são quase contraculturais nos dias de hoje. Enquanto tudo nos empurra para pensar no futuro, na próxima conquista, no próximo objetivo, esses animes nos convidam a simplesmente estar aqui e agora. E é isso que é mindfulness. Quando eu falo de Slice of Life como uma forma de cura, inevitavelmente surge a questão. Isso não seria apenas escapismo? E sim, existe um elemento de escape, mas acredito que é uma diferença fundamental entre o escapismo que nos aliena da realidade e o tipo de imersão que esses animes proporcionam. Sora, Yorimoto e Baixo, por exemplo, é tecnicamente Lice of Life, mas longe de nos alienar. Ele nos inspira a enfrentar nossos medos e a sair da zona de conforto. No anime Shirobacoo é mostrado os bastidores da criação de anime. Vemos todos os desafios e frustrações dos funcionários, mas também suas recompensas. Não é uma fuga da realidade, mas uma celebração dela. Na minha experiência, esses animes não me fazem querer escapar da vida. Pelo contrário, eles me devolvem a ela com olhos mais atentos, mais presentes. É como se eles limpassem a poeira do vidro através do qual enxergamos o mundo. Vocês podem ter notado que eu não coloquei Slice of Life na descrição dos últimos animes citados. Isso porque, assim como Violet, o real foco não é a vida cotidiana em si. Esses animes utilizam esse gênero para fisgar e depois mostrar para que eles realmente vieram. É uma coisa bem comum de acontecer em dramas também, que alguns costumam utilizar elementos de comédia no começo da história com Slice of Life é mais raro de acontecer, mas acontece. Outro aspecto que me atrai profundamente nesse gênero é como ele celebra conexões humanas autênticas. Em o Sag Drop, acompamos aprendendo a ser um pai adotivo da Pequenar. Não há nada de espetacular nessa história, apenas momentos cotidianos de cuidado e crescimento mútuo. E ainda assim é uma das narrativas mais poderosas que eu já vi. Sangatsu no Lion nos mostra como pequenos gestos de bondade podem literalmente salvar alguém da escuridão da depressão. Como a refeição caseira compartilhada pode significar mais do que 1000 palavras de conforto. Em um momento em que nossas interações estão cada vez mais mediadas por telas, esses animes nos lembram do valor insubstituível de estarmos verdadeiramente presentes uns para os outros. Então, o que esses animes aparentemente simples tem de tão especial? Porque histórias onde nada acontece estão conquistando cada vez mais fãs em um mundo obsecado por estímulos constantes. Talvez seja porque, no fundo, todos estamos buscando um pouco de paz em meio a essa bagunça, um lembrete de que não precisamos estar constantemente fazendo algo incrível para que nossa existência tenha valor. Slice of life não é apenas um gênero de anime, é uma cura pra ansiedade do mundo moderno. Esses animes nos convidam a redescobrir a beleza do ordinário, a magia escondida nos pequenos momentos do dia a dia e talvez seja exatamente disso que precisamos em tempos tão turbulentos. Se você ainda não explorou esse universo, espero ter despertado sua curiosidade. Eu tenho uma playlist onde eu falo sobre outros gêneros que talvez seja o seu favorito e você nem sabia que tinha um nome. Vou deixar destacado para você dar uma olhada. Deixa nos comentários qual anime L of Life marcou você ou qual você gostaria de conhecer. Não se esquece de deixar o like e se inscrever para mais conteúdos como esse. Obrigado por assistir. Eu vou ficando por aqui. Eu sou da Nuk e até o próximo vídeo. [Música]