Uma visão imparcial sobre o fim da vida

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o que seria uma visão imparcial sobre a morte seria olhar pro nosso fim livre de qualquer explicação narrativa ou ideia pré-concebida Olhar pra morte tendo como base a experiência humana e apenas ela um exercício que eu te garanto que apenas uma minúscula minoria faz em vida E antes de qualquer coisa devo avisar que esse vídeo pode trazer algumas reflexões que podem não ser tão confortáveis para muita gente Afinal esse é um assunto que preferimos muitas vezes ignorar Como bem disse o personagem do falecido Philip Seor Hoffman em uma cena do filme Sinedok aqui estamos por enquanto vivos Cada um de nós sabendo que vai morrer mas secretamente acreditando que não vai Essa frase ilustra exatamente como se dá nossa relação com o fim Ninguém realmente nega a morte em um sentido literal Todo mundo entende que ela faz parte da vida e aceita a ideia conceitualmente Mas ela está sempre distante tão distante a ponto de vivermos como se ela não fizesse parte do roteiro De uma forma estranha sabemos que vamos morrer mas agimos como se não soubéssemos E foi até pensando nisso que os históicos desenvolveram o conceito que hoje vemos muito por aí de Memento Morei Um lembrete de que se esquecermos da morte também esquecemos como viver de verdade Mas então você percebe que não vai viver para sempre É isso que faz a vida ser tão mágica Um dia você vai comer sua última refeição cheirar sua última flor abraçar um amigo pela última vez sem saber que é a última vez Por isso você deve fazer tudo o que ama com paixão entende aproveite os poucos anos que você tem porque só existe isso Psicologicamente falando a ideia de que um dia vou deixar de existir é insuportável pro ego Afinal de contas a morte é a destruição de tudo aquilo que o ego luta para construir ao longo da vida Um nome uma reputação memórias conquistas e histórias E por isso agimos como se não soubéssemos da nossa finitude Procrastinamos nossos desejos desperdiçamos nosso tempo e energia aguardando rancor de outras pessoas Protegemos nossa imagem a qualquer custo Invejamos e temos uma série de outros comportamentos que parecem ignorar o fato de que essa vida tem um fim Não negamos a morte com palavras mas com nossas decisões gestos e comportamentos cotidianos É como se esse fosse um mecanismo inconsciente de autoproteção que desvia a nossa atenção do fim inevitável O escritor Ernest Becker explora bastante essa ideia Ele diz que o ser humano é o único animal que tem consciência da sua morte e isso apavora tanto que ele precisa inventar um mundo simbólico para poder suportar viver com esse peso Quem aqui não se lembra mesmo que vagamente da primeira vez que pensou friamente sobre a morte eu devia ter uns 9 anos quando fui atormentado pela primeira vez por essa ideia Eu lembro que eu estava na cama indo dormir quando me veio de repente o pensamento de que a vida é um intervalo entre dois nadas Entrei em desespero me veio uma sensação horrível de que nada fazia sentido dessa forma E a partir daquele dia toda vez que esse pensamento voltava eu fazia de tudo para me desviar dele Mas com o tempo acabei percebendo o óbvio Enquanto eu evitasse esse tema ele continuaria me perseguindo me atormentando nos momentos mais aleatórios da minha vida Foi então que resolvi encarar a morte de frente não pelos olhos da religião nem da ciência ou de qualquer cultura ou narrativa mas pelos olhos da consciência Nesse vídeo eu te convido a fazer o mesmo a abandonar por um momento os símbolos os dogmas e as distrações para olhar a morte de uma forma direta e honesta Aqui vou compartilhar a viagem maluca que minha curiosidade me levou a percorrer Vou refletir sobre a sensação da morte e até me arriscar em uma hipótese coerente sobre para onde vamos depois disso tudo [Música] Can’t gras my mind around I feel when you die nothing Dentre todas as coisas estranhas misteriosas inexplicáveis e milagrosas dessa vida nada me fascina mais do que o fato de estarmos conscientes Esse por si só é o maior enigma da nossa existência E por um motivo muito simples todos os outros enigmas surgem a partir desse Em outras palavras sem a consciência simplesmente viveríamos sem questionar nem tentar entender Seríamos como um fantoche controlado pelas leis da natureza É a consciência que torna todo o resto estranho que cria o mistério que transforma o universo em experiência E por isso para que a gente possa de fato aprofundar nessa ideia da morte quero antes falar sobre o milagre que é estar consciente quando exatamente isso começou qual foi o momento exato em que ganhamos consciência É impossível determinar ao certo em qual momento nos tornamos conscientes O mais lógico a se fazer é tentar voltar e lembrar da sua primeira memória Mas se você fizer isso vai perceber que tudo é meio confuso incerto e nebuloso O mais razoável a se assumir é que a consciência não surge de uma vez Ela vai tomando forma à medida que o nosso cérebro amadurece O neurocientista Antônio Damáio defende que a consciência é um processo não uma coisa Ele diz que a consciência é construída a partir das interações entre o corpo o ambiente e o cérebro Ou seja você não acorda um dia e é consciente Você vai se tornando consciente Da mesma forma que você pode ir perdendo sua consciência progressivamente seja por velice por uma doença ou o que for E o ponto que quero chegar é algo que poucos param para pensar mas em termos práticos estar vivo é estar consciente Isso significa que um corpo pode respirar ter batimentos cardíacos processar comida eliminar resíduos mas se não houver consciência dentro dele ele não está vivo no único sentido que importa para quem o habita o de poder captar a experiência de se dar conta que está vivo e perceber o que isso significa O que quer te levar a sentir é que a consciência é o que nos torna realmente vivos Portanto quando tememos a morte na verdade estamos temendo a morte da nossa consciência Em outras palavras não tememos deixar de respirar Não tememos a parada dos rins ou do coração Tememos o fim daquilo que permite que a gente saiba que está aqui Vou te falar Eu queria ter sabido quando tinha sua idade Eu sei que já ouviu milhões de vezes a vida é curta Mas deixa eu te dizer uma coisa O que essa essa doença está me ensinando que a vida é curta demais e não se pode perder um minuto dela E seguindo um raciocínio lógico se a consciência é aquilo que sustenta nossa presença no mundo então ela é em termos práticos o que chamamos de vida Nossa vida é esse intervalo de consciência que estamos experienciando agora E se quisermos pensar sobre a morte com alguma honestidade é preciso admitir que tudo o que sabemos se resume a esse intervalo de consciência E portanto ele é tudo o que temos para tentar inferir tanto o que éramos antes quanto o que seremos depois desse intervalo Isso dói morrer mais rápido do que adormecer Se formos usar nossas experiências para tentar determinar como seria a morte provavelmente o mais sensato a se fazer seja pensar no que éramos antes de existir Um nada Nenhuma lembrança nenhuma sensação nenhuma ideia de tempo E a suposição mais razoável é que o que vem depois da morte seja o mesmo que havia antes do nascimento Nesse contexto faz muito sentido o que uma vez escreveu Mark Twin: “Eu não temo a morte Estive morto por bilhões e bilhões de anos antes de nascer e não sofri o menor inconveniente por isso Isso pode soar um pouco confuso mas a morte se for apenas o fim da consciência não será uma experiência ruim porque na verdade não será nenhuma experiência O que quer mostrar com isso é que o medo da morte nada mais é do que a nossa mente consciente projetando um futuro que ela nem sequer vai experimentar [Música] people die [Música] [Música] Se você parar para pensar em quando você dorme você nunca vai conseguir lembrar do momento exato em que você cai no sono [Música] E eu acredito que morrer deve ser um processo semelhante Você não vai nem saber que morreu E a partir daí eu imagino que a sensação seja um adormecer sem sonhar com nada uma ausência absoluta um nada que não pesa um vazio que não dói porque não tem ninguém ali para sentir dor Na minha concepção isso é o mais razoável a se esperar da morte Mas vamos evoluir essa discussão e para isso quero compartilhar a hipótese que hoje me parece ser a mais adequada pro nosso processo pós-me Se continuarmos sendo fiéis à proposta desse vídeo de construir raciocínios minimamente lógicos a partir do pouco que sabemos vamos conseguir inferir algumas coisas interessantes Então se assumirmos que após a nossa morte nós voltaremos ao estado que éramos antes do nascimento ao nada à aquele silêncio que não conseguimos nos recordar de absolutamente nada existe aqui um detalhe fundamental Você já esteve nesse estado antes e de repente você surgiu sem pedir sem saber como sem lembrar porquê E aí chegamos na grande pergunta: se a consciência já emergiu uma vez do nada por que não poderia emergir de novo essa ideia não exige fé ou que você acredite em algo mas simplesmente que você leve em consideração o que já é um fato Afinal de contas você veio do nada e virou alguém Então perceba que se você veio do nada e agora está aqui consciente não podemos nunca afirmar que o nada é um fim absoluto Até pelo contrário ele já se mostrou ser um lugar de onde a consciência pode surgir E se ela surgiu uma vez por que não de novo talvez sem suas memórias sem nome ou sua história mas com a mesma sensação de ser alguém de estar aqui outra vez Esse raciocínio vai muito de acordo com o que defende Alan Wats de que a consciência que você sente agora não é propriedade de um ser isolado Ou seja você não tem uma consciência você é a consciência que está temporariamente focada nesse seu corpo Em o primeiro momento isso pode soar meio maluco eu sei mas isso é o que no momento faz mais sentido para mim Queria aproveitar agora para convidar você que gosta dos meus vídeos e das minhas reflexões a conhecer minha série A chave das três dimensões É uma série reflexiva de 10 episódios que escrevi com o intuito de te desafiar a questionar tudo ao nosso redor para entender a vida de uma forma mais autêntica e sincera Venho recebendo cada vez mais comentários positivos a respeito dessa série e acho que não vou te decepcionar também Se você quiser saber mais disponibilizei esse vídeo aqui mesmo no YouTube com todas as informações E não para por aí ainda estou disponibilizando uma série sobre poder e manipulação como um bônus totalmente gratuito para quem já adquiriu ou adquirir agora Mas voltando pro vídeo independentemente de quais sejam as suas conclusões sobre a morte se você acredita no nada no recomeço ou em alguma outra forma de continuidade o mais importante de tudo é aumentar sua consciência sobre ela Porque quando realmente aceitamos que um dia tudo isso vai acabar algo dentro de você muda Você começa a perceber com mais clareza como o ser humano é facilmente levado por futilidades vaidades e distrações Como desperdiçamos nossas vidas com coisas pequenas e insignificantes quando colocadas diante da grandiosidade de um evento como a morte é como se o simples fato de lembrar da morte nos devolvesse uma visão mais limpa sobre a vida mais direta e mais essencial Eu sempre adiava as coisas e continuava adiando E eu dizia: “Ah eu vou no ano que vem” E o ano que vem chegava eu dizia: “Ano que vem ano que vem.” E eu não quero mais fazer isso Isso me deixa até curioso e queria pedir para quem pudesse deixar aí nos comentários alguma experiência pessoal sobre esse processo de aceitar e entender a morte Mas eu quis tanto escrever esse vídeo porque acredito que talvez o maior presente que a morte possa nos dar não venha no fim mas agora é uma chance de viver com mais verdade com menos medo mais coragem e sinceridade Porque uma vez que isso aqui tem um fim e que não temos garantia de nada a única coisa que realmente importa é como você escolhe estar aqui agora Como escreveu o que poderia ser mais fútil mais insano do que criar resistência interior ao que já é o que poderia ser mais insano do que se opor à própria vida que é agora e sempre agora Renda-se ao que é Diga sim a vida [Música]

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